| Maria Amália | |||||
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| Duquesa Consorte de Parma, Placência e Guastalla | |||||
| Reinado | 19 de julho de1769 a9 de outubro de1802 | ||||
| Predecessora | Luísa Isabel da França | ||||
| Sucessora | Maria Teresa de Saboia | ||||
| Dados pessoais | |||||
| Nascimento | 26 de fevereiro de1746 Palácio Imperial de Hofburg,Viena,Áustria,Sacro Império Romano-Germânico | ||||
| Morte | 18 de junho de1804 (58 anos) Castelo de Praga,Praga,Boêmia, Sacro Império Romano-Germânico | ||||
| Sepultado em | Catedral de São Vito, Praga,República Checa | ||||
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| Marido | Fernando, Duque de Parma | ||||
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| Casa | Habsburgo-Lorena(nascimento) Bourbon-Parma(casamento) | ||||
| Pai | Francisco I do Sacro Império Romano-Germânico | ||||
| Mãe | Maria Teresa da Áustria | ||||
| Religião | Catolicismo | ||||
| Brasão | |||||
Maria Amália (nome pessoal emalemão:Maria Amalia Josepha Johanna Antonia;Viena,26 de fevereiro de1746 –Praga,18 de junho de1804) foi a esposa do duqueFernando eDuquesa Consorte de Parma, Placência e Guastalla de 1769 até 1802. Filha da imperatrizMaria Teresa e do imperadorFrancisco I do Sacro Império Romano-Germânico, ela foi a governantede fato dos ducados.[1]

Maria Amália, conhecida comoAmélia, nasceu em 26 de fevereiro de 1746,[2] noPalácio Imperial de Hofburg, emViena, sendo a oitava filha, a quarta menina, da imperatrizMaria Teresa e do imperadorFrancisco I do Sacro Império Romano-Germânico. Os dezesseis filhos de Maria Teresa foram criados em grupos de mesmo sexo e idade semelhante. Porém, como Maria Amália nasceu entre dois meninos, acabou crescendo praticamente como filha única.[2] Ela foi educada para ser aconsorte ideal de um monarca, aprendendo artes e sendo instruída a ser obediente, dedicada e representativa.[3]
Quando criança, era inteligente, porém reservada e teimosa,[4] sendo considerada de temperamento difícil.[5] Desde cedo demonstrou interesse pela caça, e seu pai começou a levá-la consigo em expedições a partir dos seis anos de idade. Essa atividade tornou-se uma paixão ao longo de toda a vida, juntamente com seu amor pela natureza e pelos animais.[6]
Assim como seus irmãos, era regularmente entrevistada pela mãe, com quem mantinha uma relação tensa. Entre todas as filhas, Maria Teresa parece ter tido o pior relacionamento com Maria Amália.[3] Uma de suas pinturas, intituladaSanta Teresa e o Menino Jesus, ainda existe atualmente em uma coleção privada.[7]

No início da vida adulta, Maria Amália tornou-se uma jovem forte e independente, que pouco se importava com os planos pessoais e políticos de sua mãe.[8] Em 1767, ela se apaixonou pelo príncipeCarlos de Zweibrücken,herdeiro presuntivo doPalatinado-Zweibrücken,Eleitorado do Palatinado e doEleitorado da Baviera. No entanto, Maria Teresa e seu chanceler, o príncipeKaunitz-Rietberg, consideraram o pretendente inadequado e recusaram o pedido de casamento. Maria Amália protestou, mas foi obrigada a aceitar seu destino.[9]
Nesse ínterim, já estavam em andamento negociações com o reiCarlos III da Espanha sobre o casamento de Maria Amália com o primo do rei,Fernando, Duque de Parma. A imperatriz esperava reforçar sua influência na Itália por meio dessa união.[10][5] A união fazia parte de uma série de casamentos entre as filhas de Maria Teresa e membros daCasa de Bourbon.[5]
Fernando era cinco anos mais jovem que Maria Amália e era descrito como grosseiro, obstinado e devasso, embora profundamente fanático em sua fé católica. Seus passatempos preferidos incluíam tocarsinos de igreja e assarcastanhas comcamponeses. Quando Maria Amália soube mais sobre o noivo, ficou arrasada. Maria Teresa prometeu-lhe umdote generoso e uma pensão anual paga pela Corte espanhola, mas a noiva continuou contrária ao casamento.[11] O casamento, inicialmente planejado para o final de 1768, precisou ser adiado várias vezes, pois oPapa Clemente XIII se recusava a conceder a dispensa necessária devido a seus conflitos com a Casa de Bourbon. Quando o papa faleceu em fevereiro de 1769, seu sucessor,Clemente XIV, autorizou imediatamente o matrimônio. Ocasamento por procuração foi celebrado em junho de 1769, em Viena, com o arquiduqueFernando, irmão mais novo de Maria Amália, representando o noivo.[12] Durante as celebrações, a noiva parecia cansada e abatida, o que preocupou Maria Teresa. Maria Amália nunca perdoou a mãe por tê-la forçado a esse casamento.[3]

Maria Amália deixou a Áustria em 1 de julho de 1769, acompanhada por seu irmão José II, e casou-se com Fernando em 19 de julho, noPalácio Ducal de Colorno. Sua mãe lhe havia dado instruções para que fosse submissa, obediente, se adaptasse aos costumes locais e nunca interferisse na política.
O Ducado de Parma era, na prática, governado como umEstado fantoche da França pelo ministroGuillaume du Tillot,[3] que mantinha Fernando afastado dos assuntos políticos e era protegido de seu avô materno, o reiLuís XV da França. Uma carta de Luís XV a seu neto, datada de maio de 1769, aconselhava-o a não desprezar o ministro que havia servido bem a seus pais, pois não havia ninguém para substituí-lo. O casamento de Maria Amália fora arranjado pela Áustria e pelaEspanha com o objetivo de encerrar a política pró-francesa em Parma e substituí-la por uma aliança pró-Áustria e pró-Espanha. Ao chegar, Maria Amália foi instada a obedecer às ordens de du Tillot, que a via com suspeita, o que causou conflito imediato.[3]
Em 1771, dois anos após sua chegada, Maria Amália conseguiu a demissão de du Tillot e o substituiu pelo espanhol José del Llano, fortemente recomendado pelo tio paterno de Fernando, o reiCarlos III da Espanha.[3][5] No ano seguinte, 1772, ela também demitiu del Llano e o trocou por umprimeiro-ministro italiano e um gabinete composto por parmenses nativos, leais a ela em vez de a uma potência estrangeira.[3]Assim, garantiu que Parma não se tornasse um Estado fantoche da Espanha. O duque Fernando, satisfeito em dedicar-se à religião e aos filhos, deixou os assuntos de Estado inteiramente sob o comando da esposa, tornando Maria Amália a governantede fato do Ducado de Parma.[3]
Em 1773, sua mãe, a imperatriz Maria Teresa, encarregou o conde Franz Xaver Wolfgang von Orsini-Rosenberg, embaixador austríaco em Parma, de agir como conselheiro de Maria Amália. Contudo, ela declarou a Rosenberg que não queria mais receber cartas de Viena nem deMadrid, rompendo assim as relações diplomáticas com a Áustria e a Espanha.[3][5]

Como governante, Maria Amália era chamada pelo povo deLa Mata ouLa Signora ("A Senhora").[13] Ela defendeu a independência de Parma, fortaleceu osentimento nacional, e incentivou as artes, a cultura e a literatura, trabalhando com eficiência junto ao seu gabinete de ministros.[3] Fernando não tinha influência política, e ela frequentemente alterava ou contrariava suas ordens, chegando a assinar decretos em conjunto com o marido, como se fossem co-governantes.[3]
Desde o início, todavia, Maria Amália causou escândalo com seu estilo de vida pessoal.[3] Não escondia o desgosto pelo marido nem pela nova Corte. Usava o dinheiro enviado por sua mãe para luxuosos vestidos, festas e uma Corte extravagante; substituiu a maior parte de suasdamas de companhia por um séquito de homens atraentes da guarda real,vestia-se como homem,[3] passeava à noite disfarçada pelas ruas, apostava em clubes de oficiais, e enquanto Fernando tomava amantes entre camponesas, ela mesma tinha casos com membros da guarda.[3] Esses comportamentos preocuparam profundamente Maria Teresa, que temia que a filha manchasse a reputação de suas irmãs, especialmente a da mais jovem,Maria Antonieta, cuja união com o delfim da França estava sendo planejada.[3]

Maria Amália nunca teve um bom relacionamento com o marido, embora ambos fossem descritos como pais amorosos. Era detestada pela nobreza de Parma, que a chamava de "vergonhosaMessalina"[3] e a acusava de levar uma vida de luxo imperial inadequado a um pequeno Estado. Em contrapartida, ela considerava a aristocracia inútil e prejudicial aos interesses do ducado.[3] Apesar disso, era popular entre o povo, devido à sua generosidade com os pobres, em suas suntuosas festas em Colorno, ela fazia questão de que nobres e plebeus compartilhassem as mesmas refeições.[3]
Maria Amália permaneceu afastada da mãe, exceto por uma breve reconciliação em 1773, quando nasceu seu primeiro filho. Apesar das tentativas constantes de Maria Teresa de reatar os laços, a duquesa resistia a qualquer forma de controle. Quando sua irmãMaria Cristina, e o maridoAlberto Casimiro, Duque de Teschen a visitaram em 1776, após anos sem se verem, o príncipe Alberto escreveu em seu diário:
A Infanta estava tão mudada que não a reconheci. Nenhum traço restava daquele encanto, daquela beleza outrora admirada; sua bela cintura havia desaparecido, e seu traje e modo de andar contribuíam ainda mais para desfigurá-la.[14]
Maria Amália manteve contato ao longo dos anos com suas irmãsMaria Antonieta, rainha da França, eMaria Carolina, rainha de Nápoles e Sicília; trocavam cartas, retratos e presentes. Uma das últimas cartas de Maria Antonieta, escrita durante seu cativeiro, foi endereçada a Maria Amália. Contudo, os conflitos com a mãe acabaram afetando suas relações com as irmãs.[3]
Em 1778, seu filho mais velho, o príncipeLuís, sofreu um grave acidente ao bater a cabeça em uma mesa demármore enquanto brincava com a irmã. Apesar de se recuperar de uma forteconcussão, passou a tercrises epilépticas e momentos de confusão.[3] Essa tragédia aproximou Maria Amália e Fernando, que, durante a década de 1780, se interessou mais pelos assuntos do Estado, tornando o bem-estar de Parma um ponto comum de união entre o casal.

Em maio de 1796, durante ainvasão francesa da Itália nasGuerras Revolucionárias, sob o comando deNapoleão Bonaparte, oDucado de Parma foi invadido pelas tropas francesas. Maria Amália detestava os franceses desde a execução de sua irmãMaria Antonieta, e nunca se recuperou desse trauma. Ao receber a notícia da morte da irmã, desmaiou, e sua filha Carolina escreveu posteriormente:
Ao saber da morte de sua querida irmã, minha boa tia, minha mãe primeiro riu, depois começou a chorar, gritou que quem tivesse matado sua irmã, uma pessoa boa e sensível, deveria ser queimado vivo. Então seu rosto empalideceu, e seu corpo magro caiu no chão. Foi a única vez que vi minha mãe perder o controle.
Maria Amália jamais se recuperou completamente da morte de Maria Antonieta e passou o resto da vida em luto. Nos anos seguintes, apresentou sinais de depressão, traço que teria transmitido a alguns de seus filhos. Fernando, por sua vez, mostrava-se ambivalente, pois era meio francês por ascendência. Devido aos laços da família com a Espanha, aliada da França, Napoleão ofereceu-se para não conquistar o ducado caso eles permitissem a passagem de tropas francesas. Sem receber resposta, ele propôs a Fernando a troca de Parma pela ilha daSardenha (que Napoleão sequer controlava). Diante da recusa, o generalJean-Baptiste Cervoni ocupou Parma com tropas francesas e forçou Fernando a aceitar as condições impostas pela França.[3] Embora Fernando e Maria Amália tenham mantido seus títulos, ambos foram colocados sob vigilância francesa, enquanto o ducado passou a ser administrado por representantes franceses e explorado em impostos para financiar o exército napoleônico.[3]
PeloTratado de Lunéville, em fevereiro de 1801, o Ducado de Parma foianexado ao recém-criadoReino da Etrúria, um Estado fantoche francês concedido ao filho de Maria Amália, casado com umainfanta da Espanha, filha de um aliado de Napoleão. Fernando e Maria Amália se opuseram ao tratado, e foi acordado que o ducado não seria ocupado até a morte de Fernando.[3] O novo governador francês de Parma,Jean-Andoche Junot, os colocou emprisão domiciliar, e Maria Amália temia pela vida do marido.[3]
Em 9 de outubro de 1802, Maria Amália foi nomeada chefe de um conselho de regência, criado por Fernando já em seu leito de morte. Seu governo oficial durou pouco tempo: em 22 de outubro de 1802, os franceses anexaram definitivamente o ducado e expulsaram-na de Parma. Fernando foi suspeito de ter sidoenvenenado. Circularam rumores de que Maria Amália o teria envenenado para recuperar o poder, mas também de que teria sido vítima deespiões de Napoleão.[3]
Maria Amália participou docortejo fúnebre de seu marido ao lado das filhas. Posteriormente, recebeu permissão de seu sobrinho, o Sacro Imperador RomanoFrancisco II, para viver noCastelo de Praga com suas duas filhas mais novas, as princesasMaria Antônia eMaria Carlota de Parma; acompanhada de um pequeno grupo de criados. Lá, permaneceu abatida e deprimida, ainda profundamente marcada pela execução de sua irmã Maria Antonieta, a quem chorou por toda a vida. Sua saúde começou a se deteriorar: sofria de tosse crônica e repetidos resfriados. A perda de seus dois filhos mais velhos, Carolina e Luís, agravou ainda mais seu estado de depressão. Em 1803, Luís morreu em decorrência de uma crise epiléptica; no ano seguinte, Carolina deu à luz seu oitavo filho, uma menina,Maria Josefa Amália, a futura rainha da Espanha, mas nunca se recuperou do parto e faleceu de febre puerperal três meses depois, em 1804. Maria Amália morreu no Castelo de Praga, em 18 de junho de 1804, vítima decâncer de mama, após uma sequência de doenças respiratórias. Suas irmãs Maria Isabel e Maria Carolina tentaram visitá-la para se despedir, mas não chegaram a tempo. Seu corpo foi sepultado na cripta real daCatedral de São Vito, em Praga – o último funeral real realizado ali —, enquanto seu coração foi levado a Viena e depositado na urna número 33 daCripta Imperial dos Habsburgos.

| Nome | Pintura | Nascimento | Morte | Observações[15] |
|---|---|---|---|---|
| Carolina de Parma | Palácio Ducal de Colorno, 22 de novembro de 1770 | Castelo de Dresden, 1 de março de 1804 | Casou-se em 1792 comMaximiliano, Príncipe-herdeiro da Saxônia e tiveram oito filhos.[16] | |
| Luís I da Etrúria | Palácio Ducal de Colorno, 5 de julho de 1773 | Palácio Pitti,Florença, 27 de maio de 1803 | Príncipe de Piacenza e o primeiro rei da Etrúria. Casou-se em 1795 com sua primaMaria Luísa de Espanha e tiveram dois filhos.[16] | |
| Maria Antônia de Parma | Palácio Ducal de Colorno, 28 de novembro de 1774 | Convento de Sant'Agata em Trastevere,Roma, 20 de fevereiro de 1841 | Ela estava noiva de um príncipe daCasa de Saboia, mas ele morreu[17] e tornou-se uma freira Ursulina em 1803 com o nome deIrmã Luísa Maria.[17] | |
| Maria Carlota de Parma | Palácio do Jardim Ducal, 1 de setembro de 1777 | Convento dos Santos Domingos e Sisto,Roma 6 de abril de 1813 | Tornou-se freira dominicana em 1797 com o nome deIrmã Jacinta Domenica.[16][18] | |
| Filipe Maria de Parma | Palácio Ducal de Piacenza, 22 de março de 1783 | Palácio Ducal de Colorno, 2 de julho de 1786 | Príncipe de Guastalla, morreu aos três anos devido aoescorbuto.[16] | |
| Maria Antônia Luísa de Parma | Palácio Ducal de Colorno, 21 de outubro de 1784 | Palácio Ducal de Colorno, 22 de outubro de 1785 | Morreu com um ano de idade devido àvaríola.[16][19] | |
| Maria Luísa de Parma | Palácio Ducal de Piacenza, 17 de abril de 1787 | Palácio do Jardim Ducal, 22 de novembro de 1789 | Morreu aos dois anos de idade devido apleurisia.[16] | |
| Filho | 21 de maio de 1789 | 21 de maio de 1789 | Natimorto.[16] | |
| Filha | 21 de maio de 1789 | 21 de maio de 1789 | Gêmea do acima, natimorta.[16] |

| Maria Amália da Áustria Casa de Habsburgo-Lorena Ramo daCasa de Habsburgo 26 de fevereiro de 1746 – 18 de junho de 1804 | ||
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| Precedida por Luísa Isabel da França | Duquesa Consorte de Parma, Placência e Guastalla 19 de julho de 1769 – 9 de outubro de 1802 | Sucedida por Maria Teresa de Saboia |