Ostupinambás inicialmente habitavam a região, esses consideravam-se filhos dogrande ancestral e herói "Maíra", assim otopônimo "Mairi", utilizado para representar o território tupinambá (atuais estados brasileiros doAmapá, Pará e, Maranhão), com origem nonheengatu, inicialmente significaria o "território de Maíra" ou "terra dos filhos de Maíra".[20] Mas essa divindade foi associada aos "homensbrancos" e, em especial, aosnavegadores franceses, passando a serem chamados de "Maíras"[21] ou “Mair”, e assim a região de "Mairi" passou a representar o "lugar dos franceses".[20]
Não há uma hipótese consensual para a origem do nome do estado do Maranhão. As teorias mais aceitas são: referência à expressão emlíngua tupi "Mar'Anhan", que significa "O mar que corre";[22] Maranhão era o nome dado aoRio Amazonas pelosnativos da região antes da chegada dos navegantes europeus (nos países Andinos é chamado derio Marañon, ao entrar no Brasil muda para rioSolimões, na confluência com o rio Negro muda para rio Amazonas).[23]
No contexto da história do Brasil, a primeira referência à região como sendo o Maranhão ocorreu na época antes da criação dascapitanias hereditárias, chamada de Conquista do Maranhão,[12] em seguida foram criadas as duas seções daCapitania do Maranhão, em 1534.[25]
Os vestígios mais antigos da presença humana no território maranhense são datados de 9 mil anos atrás. Durante os primeiros milênios de ocupação humana, o interior maranhense era ocupado por grupos de caçadores-coletores, enquanto o litoral era habitado pelossambaquieiros e caçadores-coletores.[26]
Em dezembro de 1498, a expedição portuguesa liderada porDuarte Pacheco Pereira explorou, em segredo, os litorais do Maranhão e doPará, sendo esta a primeira vez em que osportugueses chegaram ao Brasil.[29]
Em 1535, o rei de Portugal,Dom João III, dividiu aAmérica Portuguesa emcapitanias hereditárias, lotes de terras que eram dados a donatários, incumbentes de sua colonização. ACapitania do Maranhão foi dada aJoão de Barros,Fernão Álvares de Andrade eAires da Cunha, que levaram a sério a missão colonizadora. Os colonizadores fundaram, em 1535, na ilha deUpaon-Açu (então denominada Trindade), a povoação de Nazaré. Essa primeira tentativa de colonização portuguesa fracassou, devido ao isolamento geográfico, abandono por parte autoridades portuguesas, falta de conhecimento da terra e hostilidade dos indígenas. Os portugueses tentaram colonizar outras vezes o Maranhão, mas fracassaram, o que permitiu com que outros europeus, sobretudo osfranceses, estabelecessem comércio e contato com os indígenas locais.[30][31][32]
Aesquadra francesa era constituída de três navios. Os comandantes dessa esquadra foram La Ravardiére e Razilly. Ambos foram solidários a Nicolas de Harlay de Sancy. A esquadra deixou o porto deCancale, na atualregião francesa daBretanha e chegou em 26 de julho de 1612 a umaenseada maranhense. Deram o nome de Sant'Ana à ilha de menor porte onde chegaram a encostar o navio. A pequena ilha recebeu esse nome em honra àsanta do dia. Ali levantaram a primeiracruz latina feita de madeira em solo maranhense. Os tripulantes da embarcação ficaram nessa ilha. Enquanto isso, Charles Des Vaux começou a conversar com os indígenas na ilha deUpaon-Açu. O segundo nome da ilha foi ilha do Maranhão e posteriormente ilha de São Luís. Ali, em 12 de agosto, foi celebrada a primeira missa solene. Escolheu-se o lugar da primeira fortificação. Com a cooperação dos indígenas, edificaram a primeira capela. Em 8 de setembro foi levantada a cruz na ilha de Sant'Ana. Abençoou-se o terreno e a fortificação recebeu o nome deForte de São Luís. A origem do nome da cidade é uma homenagem aorei santo da FrançaLuís IX, que compartilhava o nome com o rei da França da época,Luís XIII. Eis o início da cidade deSão Luís.[33][34]
O atualPalácio dos Leões, construído no local onde ficava o forte estabelecido pelos franceses
Em julho de 1615,Francisco Caldeira de Castelo Branco, representando aCapitania de Pernambuco, exigiu que La Ravardière abandonasse a terra que conquistou.Jerônimo de Albuquerque mudou-se para a ilha, construiu oForte de São José de Itapari e passou a lutar. Em 17 de outubro, uma frota pernambucana de nove navios e mais de 900 homens sob o comando deAlexandre de Moura aproximou -se dabaía de São Marcos. Os portugueses desafiavam assim a fortaleza dos franceses. Durante o confronto entre as tropas francesa e portuguesa, Jerônimo de Albuquerque atacou por terra. La Ravardière não resistiu: em 3 de novembro devolveu a colônia, o forte, os navios e as armas.[35]
Em 13 de junho de 1621, foi instituído oEstado do Maranhão, sediado em São Luís e separado do Estado do Brasil, o que se devia à dificuldade de comunicação do Maranhão com o restante da América Portuguesa. A instalação do Estado do Maranhão ocorreu em 1626, com a posse primeiro Governador, o Capitão-GeneralFrancisco Coelho de Carvalho.[10][13][14][31]
Em novembro de 1641 uma frota holandesa penetrou pela barra de São Luís e depois desceu pelo Desterro e destruiu a cidade. A frota neerlandesa foi encabeçada por Pieter Baas. O governadorBento Maciel Parente, veterano do sertão e assassino de indígenas, foi aprisionado irresistivelmente. Em Tapuitapera (atualAlcântara), no continente,Teixeira de Melo recebeu emissários do príncipeMaurício de Nassau. Maurício de Nassau lhe ofereceu o governo dos portugueses do Maranhão. Se a proposta fosse aprovada, o políticoteuto-neerlandês já se teria recolhido a São Luís. Mas, como a proposta foi recusada, a luta continuou até fevereiro de 1644. Nessa data, os neerlandeses retiraram-se depois dum período de 27 meses de ocupação intranquila, dos quais 17 meses foram um longo período de lutas. Sobrou dos neerlandeses a ruína do casarão onde residiu o governadorPieter Baas. A vista do porto e a planta da cidade foram registradas porFrans Post. Os originais desses desenhos hoje são parte integrante da exposição permanente noMuseu Britânico. As gravuras foram reproduzidas no grande livro deGaspar Barlaeus sobre oBrasil holandês. Depois a gravuras foram copiadas depois para a obra de santa Teresa sobre osconflitos militares entre Portugal e os Países Baixos.[34]
Durante a maioria do século XVII, a economia maranhense era baseada na extração das drogas do sertão e o cultivo da cana-de-açúcar, utilizando-se da mão-de-obra do indígena, visto que os maranhenses ainda não tinham condições de adquirir africanos escravizados.[30][31]
ACoroa Portuguesa decidiu criar aCompanhia de Comércio do Maranhão em 1682. Essa era a fórmula daquela época para o desenvolvimento das regiões que oseuropeus colonizaram como estes objetivos: o sistema deestanco a ser monopolizado, que teve o privilégio garantido para ocomércio de produtos primeiramente necessários; a compra exclusiva e obrigatória de toda a produção do estado; e o fornecimento comprometido deescravos vindos daÁfrica, mais adequados para a dureza atarefada daagricultura em terras declima equatorial, como forma de compensação proibitiva da caça aoindígena. Mas a estratégia não surtiu efeito, ou seja, houve a degeneração do sistema: para a compra, o pagamento do indivíduo que representava a companhia era muito barato. Transformou-se indignação em revolta. O mais importante líder do movimento foiManuel Beckman. Beckmann nasceu emLisboa. Seu pai era alemão e sua mãe portuguesa. A profissão de Beckmann era a desenhor de engenho noMearim. Consta que foi assinado pelos conspiradores um papel em círculo. O objetivo desse documento era para que ninguém houvesse o direito de acusação contra algum deles por liderar o motim. Foi confundida por Beckmann a liberdade instintiva do comércio com opreconceito feroz contra o escravo: a vulnerabilidade era do ameríndio vitimado. A prisão doméstica docapitão-morBaltasar Fernandes estava perante a custódia da esposa. Em seu colégio, ficou a incomunicabilidade do jesuítas. O fechamento das entradas doestanco armazenado foi definitivo.[37]
Não era desejo daJunta dos Três Estados (clero, nobreza e povo) a independência. Naquela época essa junta já estava constituída. Ogoverno colonial do Brasil enviou Tomás Beckman aoreino de Portugal. Tomás era irmão de Manuel. Foi explicado por ele aomonarca lusitano que não houve revolta contra Tomás. O desejo dos conspiradores foi ser livre para comerciar—o motivo era o fechamento do estanco armazenado—e para a caça ao indígena. Por essa razão, foram expulsos pelos conspiradores os religiosos daCompanhia de Jesus, que embarcaram em doisnavios. Decidiu-se criar uma guarda cívica e foram demitidos funcionários que não tiveram certeza se eram leais. Foi enviado por Beckmann umministro plenipotenciário aBelém. Manuel Beckman dirigiu-se aAlcântara. Entretanto, não foi apoiado em ambos os lugares. Não foi aceita por Beckman uma proposta de corromper o governadorFrancisco de Sá de Meneses. Entretanto, foi iniciado o fracasso da chama do levante. São Luís recebeu o novo governador Gomes Freire de Andrade em 15 de maio de 1685. O militar português era comandante duma tropa formada por 150 soldados, que confraternizaram com os soldados terrestres. Os mais importantes conjurados se foram. O desembarque foi presenciado por Beckmann e apenas no dia posterior serviu como refúgio seu engenho.Nesse ocorreu o aprisionamento do líder da revolta. A explicação ao motivo da prisão de Beckmann era esta: traiu seu afilhado Lázaro de Melo. Concluiu-se pela abertura dadevassa que a introdução e a manutenção do sistema de estanco era sinônimo decalote, engano ehostilidade. Mas Gomes Freire assinou sentença lavrada contraJorge de Sampaio, Francisco Deiró e Manuel Beckman. Foi feita a declaração de culpa destes três homens por seremcriminosos contra a autoridade real. Veio a fuga de Deiró e seu enforcamento em efígie. O padecimento de Sampaio e Beckman foi causada pela coragem dapena de morte. Foi declarada a extinção porGomes Freire do contrato do estanco. Osjesuítas foram devolvidos pela mesma pessoa que extinguiu o estanco e acertado o governo.[37]
Em 1751 o Estado do Maranhão e Grão-Pará passou a se chamar Estado do Grão-Pará e Maranhão, com capital transferida de São Luís a Belém, devido ao crescimento econômico com a produção de açúcar, algodão, tabaco e dasdrogas do sertão (sobretudo na capitania do Pará).[38] Compreendia os atuais estados do Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Maranhão e Piauí.[39][40]
Em 1755, foi criada aCompanhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, a qual deveria garantir a vinda de escravizados africanos para a colônia, com monopólio da navegação e comércio exterior, além de fornecer crédito para os produtores locais e a introdução de melhores técnicas agrícolas. O crescimento econômico intensificou as disputas pela exploração e comércio das drogas, que levaram em 1759 a expulsão dos jesuítas, que controlavam estas atividades.[38]
Durante o governo do primeiro-ministro portuguêsMarquês de Pombal (1750-77), houve uma mudança na economia maranhense, a qual passa a ser baseada sobretudo no cultivo de algodão, produto em demanda por causa daRevolução Industrial, mas também houve o cultivo de arroz. Para trabalhar nessas lavouras, foi trazido um grande número de africanos escravizados.[30][41]
Em 1772, Marquês de Pombal dividiu o Estado em duas unidades administrativas:Estado do Maranhão e Piauí (com sede em São Luís);[38] eEstado do Grão-Pará e Rio Negro (com sede em Belém).[18][19][38] Em 1780, o algodão representava cerca de 24% das exportações brasileira, enquanto o açúcar respondia por cerca de 34%, diante daGuerra de Independência Americana e a crescente demanda por algodão na indústria têxtil inglesa.[42] Em 1818, a economia maranhense atingiu um milhão de libras e movimentou 155 navios, sendo a quarta maior economia brasileira. Nesse período,São Luís era a quarta cidade mais populosa no Brasil. Oapogeu econômico deste período pode ser representado com a construção dos casarões doCentro Histórico de São Luís e deAlcântara. O algodão representava cerca entre 73% e 82% das exportações do Maranhão no final do século XVIII e início do século XIX.[42]
Inicialmente, o Maranhão não aderiu imediatamente à Independência do Brasil, por ter mais relações comerciais comLisboa do que com oRio de Janeiro. A aristocracia rural do interior maranhense aderiu primeiro às ideias independentistas e articulou um movimento para isolar São Luís, que era contrária à Independência. Com a ajuda de tropas mercenárias, lideradas peloLord Cochrane, o Maranhão aderiu à independência do Brasil em 28 de julho de 1823, quase 11 meses após oGrito do Ipiranga.[31]
Em 1824, pelos chefes daConfederação do Equador que nasceram no Ceará, foram enviados emissários ao povo maranhense, na certeza de que seu liberalismo permitiria a participação revolucionária. Os chefes cearenses da Confederação do Equador estiveram presentes no Maranhão com as forças expedicionárias. As forças expedicionárias tiveram decisão no processo da independência. Em 1829, os revolucionários leram proclamações republicanas na localidade dePastos Bons, à época o centro do movimento republicano e secessionista do estado, que daria origem à efêmeraRepública de Pastos Bons.[34][43]
ABalaiada foi um movimento político que eclodiu no Maranhão em 1838. Inicialmente, era uma luta entre as elites locais, mas logo se tornou um confronto das camadas populares (vaqueiros, escravizados, camponeses, quilombolas, etc.) contra a exploração e abusos das elites. A revolta acabou em 1841, com a sua derrota para as forças imperiais, lideradas porLuís Alves de Lima e Silva, que ficaria conhecido como Duque de Caxias.[44][45]
O cultivo de algodão em Maranhão já estava em decadência na época da Balaiada, devido à concorrência internacional, e esse declínio se acentuou com aabolição do tráfico de escravizados (1850) e a recuperação da produção de algodão estadunidense após o fim daGuerra de Secessão (1861-65). Com a decadência algodoeira, o cultivo do açúcar ganhou destaque na economia maranhense, mas logo entrou em decadência, devido à concorrência com asAntilhas.[31][44]
Omovimento revolucionário de 1930 que entrou no Brasil Meridional tornou-se mais extensa e os revolucionários depuseram o governadorJosé Pires Sexto em 1930. A Assembleia Legislativa aprovou uma nova constituição do estado datada de 16 de outubro de 1934, durante administração de Antônio Martins de Almeida. A Assembleia Legislativa emendou a constituição estadual em 1936 e a administração dePaulo Martins de Sousa Ramos tomou posse. Durante oEstado Novo,Getúlio Vargas nomeou Sousa Ramos como interventor.[34]
Em 1966,José Sarney tomou posse como governador do Maranhão. Nos próximos 50 anos, o Maranhão foi governado por aliados de Sarney ou por sua filha,Roseana Sarney, governadora por quatro mandatos contando após a cassação deJackson Lago.[46] Aeleição deFlávio Dino para o governo estadual, em 2014, pôs fim a quase 50 anos de domínio de Sarney e aliados na administração do Maranhão.[47]
A partir dos anos 1960, há investimentos em agropecuária, extrativismo vegetal e mineração, com os estímulos da Sudene e Sudam, além da construção de infraestrutura. A economia se expandiu, com a cultura de grãos no sul do estado, a pecuária e a transformação do ferro extraído das minas dosCarajás, no vizinho Pará. Nos anos 1970, inaugurou-se aUsina Hidrelétrica de Boa Esperança e a fábrica de celulose e papéis. Na década de 1980, instalou-se em São Luís a fábrica de alumínioAlumar e constrói-se ocentro de lançamentos espaciais em Alcântara.[31][46][48]
Como atopografia dorelevo do Maranhão é plana, são pertencentes ao estado 75% do território inferiores a 200m de altura e somente dez por cento superiores a 300m. As duas unidades geomorfológicas são: abaixada litorânea e oplanalto. A baixada litorânea é dominada por um relevo cujosacidentes geográficos sãocolinas etabuleiros, que se dividem em arenitos que pertencem à série Barreiras. Em algumas partes que se atopam no litoral, a incluir a ilha deUpaon-Açu, que se situa no coração do que se chama deGolfão Maranhense, o alcance desse relevo vai em direção à linha da costa. Nas demais, o mar separa o golfão maranhense através duma faixa de terrenos que são planícies, tendo sujeição à ocorrência de inundações no períodochuvoso. É a planície litorânea propriamente dita, que no fundo do golfão passa a denominar-seCampo de Perizes. Na parte oriental do golfão maranhense, assume-se por esses terrenos o caráter da amplitude dos areais com formações dunares, que por elas é integrada à região litorânea entre a costa dosLençóis e a baía deTutóia.[34]
É ocupado peloplanalto a totalidade do interior do estado cujo relevo é de um tabuleiro. Apresenta-se pelo planalto um conjunto feito dechapadões que se dividem emterrenos desedimentação (arenitosxistosos efolhelhos). Perto do golfão maranhense se alcançam pelas elevações somente asaltitudes entre 150 e 200m; na extremidade sul, entre 300 e 400m; e perto do divisor de águas, entre asbacias hidrográficas doParnaíba e doTocantins, atingem-se as cotas altimétricas de 600 m. São delimitados pelostalvegues do planalto os chapadões uns dos outros através da profundidade de entalhes, e por isso são apresentados pelos chapadões asescarpas de difícil subida que contrastam com a regularidade do topo.[34]
Naclassificação climática de Köppen-Geiger, o principal grupo climático do Maranhão é otropical (tipo A em Köppen), que no estado se subdivide em dois tipos climáticos, sendo eles, respectivamente:tropical de monção (Am), que apresenta um mês mais seco (que quase sempre se passa no ou logo após osolstício de inverno) com precipitação menor que 60 mm, mas equivalente a mais de 4% da precipitação anual total;[49] No Maranhão, o clima tropical de monção encontra-se na porção noroeste do estado, na divisa com oPará.[50] etropical de savana (Am/As), que apresenta uma estação mais seca no inverno (Aw) ou no verão (As), onde o mês mais seco tem precipitação inferior a 60 mm e equivale a menos de 4% da precipitação anual total.[49] Esse é o tipo climático predominante no Maranhão, onde no litoral a estação seca é no verão (As) e no restante do estado é no inverno (Aw).[50]
Nalgumas classificações, no Maranhão, existem três tipos distintos de clima: otropical superúmido de monção, o tropical com chuvas de outono e o tropical com chuvas de verão. São apresentados pelos três as semelhanças que há entre os três regimes térmicos, com elevação dastemperaturas médias anuais, que oscilam perto de 26 °C, mas são diferentes quanto ao comportamento das chuvas.[51] Pelo primeiro tipo, que domina nooeste do estado, é apresentada a maior elevação dos totais (mais de 2 000 mm ao ano); é apresentado pelos outros dois chuva entre 1 250 e 1 500 mm ao ano eestação seca com boa marcação, e são diferentes entre si, como é indicado por seu próprio nome, pela época em que caem as chuvas. Os verões são quentes, com máximas ultrapassando os 40 °C com frequência, e, no inverno, que coincide com a estação seca; as temperaturas podem chegar próximo aos 10 °C em cidades do sul maranhense, configurando assim, uma grande amplitude térmica.[51]
Noutra classificação adotada, o clima no estado pode-se assim definir:[52]Equatorial, que ocorre no extremo oeste, sendo quente e chuvoso, regido pelo deslocamento daZona de Convergência Intertropical (ZCIT) e pelaMassa Equatorial Continental (mEc), ambas com marcante atuação no outono e inverno;[52] eTropical semiúmido, na região central e leste, apresenta um período seco entre quatro a seis meses, entre o inverno e a primavera, em razão de uma influência menos expressiva das massas de ar citadas. O regime pluviométrico é de 1 000 a 1 200 mm ao ano.[52]
O Maranhão tem oÍndice de Desenvolvimento Humano igual a 0,676 (2021), sendo o com menor IDH nalista dos estados brasileiros por IDH. O estado também possui a menor expectativa de vida do Brasil, de 70,9 anos (2017).[56] O Maranhão apresenta osétimo maior índice de mortalidade infantil do Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de cada mil nascidos no Maranhão por ano, 16,3 não sobreviverão ao primeiro ano de vida (2019). Vários fatores contribuem para o alto índice de mortalidade infantil no estado: dentre eles, o fato de que menos da metade da população tem acesso à rede de esgoto e o de que quase trinta por cento da população não tem acesso a água tratada.[57][58]
De acordo com um estudo realizado pelaFundação João Pinheiro, Maranhão é um dos estados com o maiordéficit habitacional relativo do país, com referência em dados obtidos em 2019, contudo, houve avanços: em 2007, o Maranhão era o estado com maiordéficit habitacional relativo do país, o que podia à época ser atribuído ao "processo histórico de concentração de renda" no estado.[59]
O Maranhão apresenta um déficit de 15,2 por cento (em relação ao total de domicílios particulares permanentes e improvisados), segundo estudos de 2019, feitos pelaFundação João Pinheiro, sendo que atualmente o maior déficit relativo encontra-se no Amapá (17,8%), seguido por Roraima (15,2%), tendo ficado o Maranhão (15,25%) na terceira posição.[60]
Em termos absolutos, odéficit no estado chega a 329.495 unidades, o sexto maior do país. Odéficit maranhense representa 5,6 por cento do déficit absoluto total brasileiro, estimado em 5.876.699. A média maranhense é quase duas vezes maior do que a nacional, de 8,0 por cento.[61]
O Maranhão é um dos estados maismiscigenados do Brasil, o que pode ser demonstrado pelo alto número de autodeclaradospardos (68,8%) na população, conforme dados doInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística, resultado da grande concentração deindígenas eafricanos nas lavouras decana-de-açúcar,arroz ealgodão. De acordo com um estudo genético realizado em 177 indivíduos da capital São Luís, a ancestralidade encontrada foi 42% europeia, 39% indígena e 19% africana. Devido ao alto componente indígena, o estudo concluiu que a população de São Luís tem um perfil genético mais próximo dos brasileiros dos estados doNorte do Brasil, como dos habitantes deBelém do Pará, do que dos brasileiros dos demais estados do Nordeste; porém os pesquisadores enfatizaram serem necessários mais estudos para confirmar a análise.[63]
Os grupos indígenas remanescentes e predominantes são dos grupos linguísticosmacro-jê etupi.
A população branca, 24,9 por cento, é quase exclusivamente composta de descendentes deportugueses, dada a pequena migração de outros europeus para a região. Ainda no início do século XX a maior parte dos imigrantes portugueses era oriunda dosAçores e da região deTrás-os-Montes. Também no século XX, vieram contingentes significativos desírios elibaneses, refugiados do desmonte doImpério Otomano e que hoje têm grande e tradicional presença no estado. A proximidade com a culturaportuguesa e o isolamento do estado até à primeira metade do século XX gerou um sotaque local próprio e ainda bastante similar ao português falado em Portugal, praticando os maranhenses uma conjugação verbal e pronominal próxima da portuguesa. A região do Maranhão é considerada a primeira a receber colonos ilhéus (açorianos) de forma organizada. Em 1619, cerca de 300 casais chegaram ao Maranhão, sendo que o número total de pessoas girava em torno de mil pessoas, número significativo para a época. Além dos casais iniciais, vindos comEstácio da Silveira em 1619, outros se seguiram: em 1621 chegaram 40 casais com Antonio Ferreira de Bettencourt e Jorge de Lemos Bettencourt; em 1625 chegaram outros casais com Francisco Coelho de Carvalho; nos navios N. S. da Palma e São Rafael, tendo como capitão Manoel do Vale, chegaram 50 casais em 1676; e nos navios N. S. da Penha de França e São Francisco Xavier vieram mais colonos.[68]
O Maranhão também é um dos estados brasileiros onde otambor de mina, uma religião afro-brasileira derivada das tradições dos povos africanos trazidos durante o período escravocrata, tem forte presença e reconhecimento cultural. Essa manifestação religiosa, que incorpora elementos dovodum africano e práticas católicas, é considerada um patrimônio cultural do estado e está profundamente enraizada nas comunidades locais, especialmente em São Luís e cidades do interior. Além disso, religiões evangélicas vêm crescendo nas últimas décadas, conquistando espaço entre as camadas populares e promovendo uma dinâmica de transformação social e cultural.[72]
De acordo com dados do Censo de 2022, o Maranhão tem 64,36% de católicos, 25,37% de evangélicos, 0,34% seguem religiões de matriz africana, 0,19% de espíritas e 7,1% não tem religião.[73]
As regiões geográficas intermediárias foram apresentadas em 2017, com a atualização da divisão regional do Brasil, e correspondem a uma revisão das antigasmesorregiões, que estavam em vigor desde a divisão de 1989. As regiões geográficas imediatas, por sua vez, substituíram asmicrorregiões.[76] Nadivisão vigente até 2017, os municípios do estado distribuiam-se em 21 microrregiões e cinco mesorregiões, segundo o IBGE.[77]
No último quarto do século XVIII, o Maranhão foi uma das poucas regiões brasileiras que prosperou economicamente. Isto deveu-se em grande parte à política adotada porSebastião José de Carvalho e Melo na luta contra aOrdem dos Jesuítas. Os colonos maranhenses eram adversários tradicionais dos jesuítas na luta pela escravização dos índios. Pombal ajudou-lhes criando uma companhia de comércio altamente capitalizada para auxiliar no desenvolvimento da região. De outra banda, a alteração no mercado mundial de produtos tropicais, provocada pelaGuerra de Independência dos Estados Unidos e pelaRevolução Industrial também contribuíram sobremaneira para o desenvolvimento econômico do Maranhão. Os dirigentes da companhia perceberam que o algodão e o arroz eram os produtos cuja procura crescia com mais intensidade, de modo que concentraram recursos na produção destes dois produtos. No fim da época colonial, o Maranhão recebeu em seu porto de cem a cento e cinquenta navios por ano, chegando a exportar um milhão de libras.[78]
Exportações do Maranhão - (2012)[79]São Luís, o principal polo econômico do estado
São Luís concentra grande parte do produto interno bruto do estado; a capital passa por um processo marcante de crescimento econômico, sediando mais de três universidades (duas públicas e uma privada), além de uma dezena de centros de ensino e faculdades particulares. A expansão imobiliária é visível, mas o custo de vida ainda é bastante elevado e a exclusão social, acentuada. Há grande dependência de empregos públicos. Sua pauta de exportação, em 2012, se baseou principalmente em Soja (25,93%), Oxido de Alumínio (23,99%), Minério de Ferro (17,54%), Ferro Fundido 16,47%) e Alumínio Bruto (5,35%).[79]
Conforme dados da CONAB, o Maranhão é o segundo maior produtor agrícola do Nordeste.[80] O setor agrícola maranhense destaca-se na produção dearroz (5º estado de maior produtividade de arroz do país e o 1º do Nordeste.),[81]cana-de-açúcar (2,5 milhões de toneladas em 2018),[82]mandioca (3º maior produtor do Nordeste e 12º maior produtor do Brasil em 2019, com 464 mil toneladas),[81][83]milho (3º maior produtor do Nordeste, cerca de 1,3 milhão de toneladas em 2018),[84]soja (2º maior produtor da região Nordeste, cerca de 3 milhões de toneladas em 2019),[81][85]algodão (2º maior produtor do Nordeste) eeucalipto.[81]
O sul do estado é um dos maiores polos de produção de grãos do país. A região a cada ano alcança novos recordes de produtividade. O principal produto agrícola é a soja, que chegou a 2 milhões de toneladas na última safra, em 2015.[81] Tal produção coloca o Maranhão como o segundo maior produtor da região, atrás da Bahia. A região sul do Estado concentra a produção de soja, com destaque ao município de Balsas que em 2015 produziu 501 668 toneladas, com 181 764 de área plantada e 181 764 de área colhida, rendimento médio 2 760 kg/ha. Outros municípios que se destacam na produção de soja são: Tasso Fragoso, Sambaíba, Riachão, Alto Paraíba e Carolina.[81] Com a construção doTerminal de Grãos do Maranhão (Tegram) noPorto do Itaqui, ampliou-se a capacidade de armazenamento e exportação de grãos como soja, milho e arroz, utilizando-se da infraestrutura daFerrovia Carajás e daFerrovia Norte Sul para escoamento da produção do sul do estado, bem como dos estados deTocantins,Goiás eMato Grosso.[86]
O Maranhão tinha em 2018 um PIB industrial de R$ 16,1 bilhões, equivalente a 1,2% da indústria nacional e empregando 74.593 trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Energia Elétrica e Água (29,5%), Construção (24,2%), Metalurgia (20,4%), Celulose e papel (10,7%) e Alimentos (3,7%). Estes 5 setores concentram 88,5% da indústria do estado.[87]
O Maranhão tem o privilégio de possuir, devido à exuberante mistura de aspectos da geografia, a maior diversidade de ecossistemas de todo o País. São 640 quilômetros de extensão de praias tropicais, floresta amazônica, cerrados, mangues, delta em mar aberto e o único deserto do mundo com milhares de lagoas de águas cristalinas. Essa diversidade está organizada em cinco polos turísticos, cada um com seus atrativos naturais, culturais e arquitetônicos. São eles: opolo turístico de São Luís, o centro histórico deAlcântara, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, o Parque Nacional da Chapada das Mesas, oDelta do Parnaíba (o terceiro maior delta oceânico do mundo) e o polo daFloresta dos Guarás.[carece de fontes?]
OParque Nacional dos Lençóis Maranhenses, situado no litoral oriental do Maranhão, envolve os municípios de Humberto de Campos, Primeira Cruz, Santo Amaro e Barreirinhas. Seu maior atrativo é o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, belo e intrigante fenômeno da natureza, um paraíso ecológico com 155 mil hectares de dunas, rios, lagoas e manguezais. OParque Nacional da Chapada das Mesas possui uma área de 160 046 hectares de cerrado localizado no Sudoeste Maranhense. Possui cachoeiras, trilhas ecológicas em cavernas e desfiladeiros,rappel, sítios arqueológicos com inscrições rupestres e rios de águas cristalinas. As principais cidades do polo são Estreito, Carolina e Riachão.[carece de fontes?]
Atualmente, aexploração de gás na Bacia do Parnaíba tem capacidade de produzir até 8,4 milhões de m³ de gás por dia, explorados pela empresa Eneva, utilizados na produção de energia termelétrica, com a implantação de 153 km de gasodutos, ao custo do investimento de R$ 9 bilhões.[89] A concessionária de energia elétrica que cobre o Maranhão é aCompanhia Energética do Maranhão[90] e os serviços de distribuição e comercialização de gás canalizado no Maranhão é feito pelaCompanhia Maranhense de Gás.[91]
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2009, o Maranhão possui o maior número de crianças entre oito e nove anos de idade analfabetas no país. Quase quarenta por cento das crianças do estado nessa faixa etária não sabem ler e escrever, enquanto que a média nacional é de 11,5 por cento. Os dados do instituto, porém, não oferecem um diagnóstico completo da situação, pois baseiam-se somente na informação de pais sobre se seus filhos sabem ler e escrever um bilhete simples.[95][96] Em 2006, os alunos do Maranhão obtiveram a quarta pior nota na prova do Exame Nacional do Ensino Médio de língua portuguesa. Em 2007, obtiveram a sétima pior, que foi mantida na avaliação de 2008. Na redação, os alunos saíram-se um pouco melhor, apresentando a sexta pior nota em 2006 e subindo seis posições em 2007.
Dentre os bolos consumidos pelos maranhenses, podem ser destacados o bolo demacaxeira e o detapioca. As sobremesas típicas da mesa maranhense são os doces portugueses e uma infinidade de doces, pudins e sorvetes feitos de frutas nativas comobacuri,buriti,murici,jenipapo,tamarindo,caju,cupuaçu,jaca etc.[100][101] Ajuçara — nome popular e local de açaí— é muito apreciada pelos maranhenses, consumida com farinha, camarão, peixe, carne-de-sol ou mesmo em forma de suco, sorvete e pudim. Dada a importância da "juçara" na cultura maranhense, realiza-se anualmente aFesta da Juçara. A panelada, um cozido preparado a partir de vísceras da vaca, é popular emImperatriz, segunda maior cidade do estado, e oferece-se em diversos pontos da cidade.[102][103]
Junto com oMoto Club, realizam oSuperclássico, considerado o maior clássico do Estado, com mais de 316 confrontos, com partidas que estão entre as maiores médias de público do nordeste.[110][111]
↑abMcKnight, Tom L; Hess, Darrel (2000). «Climate Zones and Types».Physical Geography: A Landscape Appreciation. Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall.ISBN0-13-020263-0
↑Elizabeth Maria Beserra Coelho; Mônica Ribeiro Moraes de Almeida. «31ª REUNIÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA GT 56. Povos indígenas, afrodescendentes e outros povos tradicionais, conflitos territoriais, e o não reconhecimento pelo Estado nacional.».DINAMICAS DAS LUTAS POR RECONHECIMENTO ÉTNICO NO MARANHÃO
↑Ouro Vermelho, 2007, Editora da Universidade de São Paulo, página 732
↑FURTADO, Celso (1961). «16 - O Maranhão e a falsa euforia do fim da época colonial».Formação Econômica do Brasil 4ª ed. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura. p. 109