Magnoliidae é onome botânico de umasubclasse, e «magnoliídeas» é um nome informal que não está em conformidade com oCódigo Internacional de Nomenclatura para Algas, Fungos e Plantas (conhecido pela sua sigla em inglês,ICBN). Acircunscrição taxonómica de uma subclasse varia de acordo com osistema taxonómico utilizado. O único requisito é que inclua a famíliaMagnoliaceae.[5] O nome informal «magnoliídeas» é usado por alguns investigadores para evitar a confusão que recentemente envolveu o nome «Magnoliidae». O grupo foi redefinido sob oPhyloCode como umclado baseado em nodos filogenéticos, compreendendo os gruposCanellales,Laurales,Magnoliales ePiperales. Chase & Reveal propuseram «Magnoliidae» como o nome usado para todo o grupo de plantas com flor, e o nome formal «Magnolianae» para o grupo de quatro ordens aqui discutidas.[6]
Sistema APG IV
Osistema APG III (2009) e os seus sistemas predecessores com origem noAngiosperm Phylogeny Group (APG) não usavam originalmente nomes botânicos formais acima donível taxonómico de ordem.[7][8] Nesses sistemas, osclados maiores eram geralmente referidos por nomes informais, como «magnoliídeas» (plural, sem maiúsculas) ou «complexo magnoliídeo». O nome formal nanomenclatura lineana foi especificado numa publicação separada do APG como o nome existente MagnolianaeTakht. (1967).[6] A classificação contida nosistema APG IV, de 2016, reconhece umclado dentro dasangiospérmicas para as magnoliídeas, com a seguinte circunscrição:[9]
Tanto oSistema Dahlgren quanto oSistema Thorne (1992) classificaram as magnoliídeas (sensuAPG) na superordem Magnolianae, ao invés de uma subclasse.[13] Nestes sistemas, o nome Magnoliidae é usado para um grupo muito maior, incluindo todas asdicotiledóneas. Este é também o caso em alguns dos sistemas derivados dosistema de Cronquist.
Rolf Dahlgren dividiu a superordem Magnolianae em 10ordens, mais do que outros sistemas da época, e ao contrário deArthur John Cronquist e deRobert Folger Thorne, não incluiu asPiperales.[14] Thorne agrupou a maior parte das Magnolianae em duas grandes ordens,Magnoliales eBerberidales, embora as Magnoliales, naquela aceção, tenham sido divididas em subordens ao longo de linhas semelhantes aos agrupamentos ordinais usados por Cronquist e Dahlgren. Thorne reviu o seu sistema em 2000, restringindo o nome Magnoliidae para incluir apenas asMagnolianae,Nymphaeanae eRafflesianae, e removendo as Berberidales e outros grupos anteriormente incluídos na sua subclasseRanunculidae.[15] Este sistema revisto diverge dosistema de Cronquist, mas concorda mais estreitamente com a circunscrição posteriormente publicada a partir dosistema APG II.
A comparação desistemas de classificação é muitas vezes difícil. Dois autores podem aplicar o mesmo nome a grupos com uma composição diferente de membros; por exemplo, Magnoliidae de Dahlgren inclui todas asdicotiledóneas, enquanto Magnoliidae de Cronquist é apenas um dos cinco grupos de dicotiledóneas. Dois autores podem também descrever o mesmo grupo com uma composição quase idêntica, mas cada um pode depois aplicar um nome diferente a esse grupo ou colocar o grupo numnível taxonómico diferente. Por exemplo, a composição dasubclasse Magnoliidae de Cronquist é quase a mesma que a dasuperordem Magnolianae de Thorne (1992), apesar da diferença na classificação taxonómica.
Devido a estas dificuldades, e outras, o quadro sinóptico abaixo compara de forma imprecisa a definição de grupos demagnoliídeas nos sistemas de quatro autores. Para cada sistema, apenas as ordens são nomeadas no quadro. Todas as ordens incluídas por um determinado autor estão listadas e ligadas nessa coluna. Quando um táxon não é incluído por esse autor, mas foi incluído por um autor noutra coluna, esse item aparece em itálico sem ligação e indica uma colocação remota. A sequência de cada sistema foi alterada em relação à sua publicação, de modo a emparelhar os taxa correspondentes entre colunas.
Comparação das magnoliídeas em cinco sistemas de classificação
As magnoliídeas são um grande grupo de plantas, incluindo cerca de 10 000 espécies, com muitas espécies que são economicamente importantes como alimentos, medicamentos, perfumes, madeira e como plantas ornamentais, entre muitos outros usos.
Umfruto magnoliídeo amplamente cultivado é oabacate (Persea americana), que se acredita ter sido cultivado noMéxico e naAmérica Central desde há cerca de 10 000 anos.[17] Atualmente cultivado em todos as regiões tropicais e subtropicais, é provavelmente originário da região deChiapas do México ouGuatemala, onde ainda se podem encontrar abacates "selvagens".[18] A polpa macia do fruto é consumida fresca ou transformada em puré deguacamole.
O ingrediente principal responsável pelo sabor doóleo de sassafrás é osafrol, mas já não é utilizado nem nosEstados Unidos nem noCanadá. Ambos os países proibiram a utilização do safrol como aditivo alimentar em 1960, na sequência de estudos que demonstraram que o safrol provocava lesõeshepáticas etumores em ratos.[21] O consumo de mais do que uma pequena quantidade deste óleo provoca náuseas, vómitos, alucinações e respiração rápida e superficial. É muito tóxico e pode afetar gravemente os rins.[22]
Outras magnoliídeas também são conhecidas pelas suas propriedades narcóticas, alucinogénicas ou paralíticas. A bebidakava, dacultura polinésia, é preparada a partir das raízes pulverizadas da espéciePiper methysticum e tem propriedades sedativas e narcóticas.[19] É usada em todo o Pacífico em reuniões sociais ou depois do trabalho para relaxar. Da mesma forma, alguns povos nativos daAmazónia tomam umrapé feito do fluido seco e em pó exsudado da casca das árvores do géneroVirola.[12]
Outro composto alucinogénico, amiristicina, provém da especiarianoz-moscada.[24] Tal como acontece com osafrol, a ingestão de noz-moscada em quantidades elevadas pode provocar alucinações, náuseas e vómitos, com sintomas que duram vários dias.[25]
Uma reação mais grave resulta do envenenamento porrodiasina edesmetilrodiasina, os ingredientes activos do extrato do fruto doChlorocardium venenosum. Essas substâncias químicas paralisam músculos e nervos, resultando em reações semelhantes aotétano em animais. Ospovos Cofán, da Amazónia ocidental naColômbia e noEquador, utilizam o composto como veneno para as suas flechas de caça.[26]
Nem todos os efeitos dos compostos químicos das magnoliídeas são prejudiciais. Em séculos anteriores, os marinheiros usavam a «casca-de-anta» ou «casca-de-winter» (winter's-bark), extraída da espécieDrimys winteri, uma árvore da América do Sul, para evitar acarência de vitaminas que levava aoescorbuto.[19]
Atualmente, obenzoílo é extraído da espécieLindera benzoin para ser utilizado comoaditivo alimentar e medicamento para a pele, devido às suas propriedades antibacterianas e antifúngicas.[27]
Vários membros da famíliaAnnonaceae estão também a ser investigados para utilizações de um grupo de substâncias químicas denominadasacetogeninas. A primeiraacetogenina descoberta foi auvaricina, que tem propriedadesanti-leucémicas quando utilizada em organismos vivos. Foram descobertas outras acetogeninas com propriedadesanti-malariais e anti-tumorais, e algumas até inibem a replicação doVIH em estudos laboratoriais.[30]
↑The Angiosperm Phylogeny Group (2009). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III».Botanical Journal of the Linnean Society.161 (2): 105–121.doi:10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x
↑abThorne, R. F. (1992). «Classification and geography of the flowering plants».Botanical Review.58 (3): 225–348.doi:10.1007/BF02858611
↑abDahlgren, R.M.T. (1980). «A revised system of classification of angiosperms».Botanical Journal of the Linnean Society.80 (2): 91–124.doi:10.1111/j.1095-8339.1980.tb01661.x
↑abThorne, R. F. (2000). «The classification and geography of the flowering plants: Dicotyledons of the class Angiospermae».Botanical Review.66 (4): 441–647.doi:10.1007/BF02869011
↑Angiosperm Phylogeny Group (2003). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II».Botanical Journal of the Linnean Society.141 (4): 399–436.doi:10.1046/j.1095-8339.2003.t01-1-00158.x
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