Amúsica daEspanha se desenvolveu a partir de influências múltiplas, inclusive árabes, cristãs, romanas, bascas e catalãs. Embora caminhasse junto às evoluções da música no restante daEuropa, a música espanhola conseguia, em maior ou menor grau, incorporar elementos locais em sua produção musical.
A Espanha, bem como aPenínsula Ibérica em geral, possui elevada diversidade étnica, incluindo osbascos e oscatalães. Além disso, sofreu influência das diversas culturas que já a dominaram. O processo deromanização no país foi tão intenso que mesmo os invasoresvisigodos acabaram influenciados pela cultura do Império Romano. Asinvasões árabes noséculo VIII e a posteriorcristianização da península também impactaram na formação cultural da região.[1]
Não há registros musicais em abundância dos primeiros séculos dosegundo milênio na Espanha, mas o material que restou permitiu aos pesquisadores concluírem que a influência árabe foi um fato, embora eles divirjam sobre o tamanho desta influência.[2]
Apolifonia já era adotada na Espanha desde oséculo XII, o que se comprovou num manuscrito deSantiago de Compostela datado dessa época, fazendo do local um dos primeiros da Europa a adotarem a técnica. Registros das cortes deAragão,Castela eNavarra mostram que o país também contribuiu para o desenvolvimento da música polifônica. Noséculo XVI, a Espanha mantinha estreitas relações culturais com sua vizinhaFrança e com a corte papal em Roma.[2]
Entre os séculosséculo VI e VIII, a Espanha desenvolveu uma forma singular deliturgia, ora classificada como visigótica, ora comomoçárabe. Essa liturgia hispânica reunia elementos dos ritossiríaco oriental, milanês egalicano.[1]
O rito hispânico foi abolido oficialmente em 1077 porAfonso VI, mas nunca desapareceu de fato, sendo mantido em locais comoToledo até pelo menos oséculo XX, mesmo durante os períodos de reconquista cristã. EmBraga eCoimbra, hoje pertencentes aPortugal, o rito também persistiu até oséculo XI.[1] A região daCatalunha, sobdomínio carolíngio noséculo IX, foi uma exceção à adoção do rito hispânico.[1]
Alguns manuscritos indicam que o processo de substituição do rito romano pelo hispânico aconteceu antes do que se acreditava, enquanto outros registram que manuscritos não-romanos ainda eram reproduzidos até um período bem tardio.Gonzalo de Berceo, o primeiro poeta castelhano noséculo XIII, adotou o vocabulário do rito hispânico em sua obra.[1] O teatro litúrgico era praticado desde cedo na Espanha e até oséculo XX ainda era realidade na porção oriental do país.[1]
Noséculo XV, músicos nascidos na Espanha estudavam e trabalhavam em outros locais, como Juan Cornago, que atuou noReino de Nápoles. Outro exemplo notório éRamos de Pareja, cujos preceitos desafiavam as teorias então vigentes na academia, embora estivessem harmonizados com a música que era, de fato, praticada. Nessa época, a forma mais comum de composição era ovilancete e alguns músicos notórios deste período, além de Juan, eramJuan de Anchieta eFrancesco de Penalosa.[3] Nessa época, avihuela era um instrumento ostensivamente cultuado na Espanha.[4]
Noséculo seguinte, os músicos espanhóis de alto nível eram muitos e a música produzida no local era considerada sem igual, e essa época foi impulsionada pelas escolas da Castela, Catalunha-Aragão eAndaluzia. Desta última, destacam-se nomes comoPedro Fernández de Castilleja,Juan Navarro,Francisco Guerrero,Cristóbal de Morales eJuan Vásquez.[5]
Já das outras duas, são notóriosJuan Escribano,Bartolomé de Escobedo,Francisco Soto de Langa eLuiz de Victoria (Castela) eMelchor Robledo,Sebastián Aguilera de Herodia,Mateo Flecha eJoan Brudieu (Catalunha-Aragão).[6]
Os compositoresromânticos espanhóis produziam música condizente com o estilo dos demais países do oeste europeu, mas adicionavam notáveis elementos locais ao som. Desta época, destacam-se os compositoresJuan Crisóstomo Arriaga eManuel García.[7]
Foi noséculo XIX também que aguitarra clássica ganhou espaço de destaque na música espanhola, nas mãos principalmente de compositores comoFernando Sor,Dionisio Aguado,Andrés Segovia,Jesus Monasterio,Pablo de Sarasate ePablo Casals.[8] A maior figura da música espanhola no século XIX, segundo alguns, éFelipe Pedrell.[9].
Em termos deópera, os compositores espanhóis eram bastante influenciados pelos colegas daItália e naAlemanha, sendo exemplosRamón Carnicer,Baltasar Saldoni,Mariano Soriano Fuertes eHilarión Eslava.[9] Contudo, outros compositores viram nazarzuela uma possibilidade de desenvolver um estilo mais particular. Seguiu este caminho o compositorAnsenjo Barbieri.[9]
As escolas musicais que atingiram seu ápice no século XVI passaram por um ressurgimento no século XIX, em especial a escola castila, impulsionada porJosé Anselmo Clavé, e a basca, puxada porFrederico Olmeda, sendo as escolas de valenciana, basca e madrilena também relevantes na época.[10]
A virada dos séculos XIX eSéculo XX temIsaac Albéniz eEnrique Granados como expoentes da música espanhola.[10] Embora nascidos no século XIX, alguns músicos fizeram suas carreiras na primeira metade do século seguinte e são associados apenas a este, portanto:Manuel de Falla,Joaquín Turina,Oscar Esplá,Roberto Gerhard.[11]
Manuel de Falla foi talvez o mais influente, afetando trabalhos de compositores comoManuel Blancafort,Frederico Mompou,Joaquín Rodrigo,Mauricio Ohana e os irmãosRodolfo eErnesto Halffter.[12]
Os compositores posteriores a Manuel de Falla mantiveram os elementos espanhóis em segundo plano em favor de uma integração com o que estivesse sendo desenvolvido na Europa, especialmente a música da escola parisiense e deÍgor Stravinski.[13] Esse processo foi mais intenso na cosmopolitaBarcelona do que emMadri, comJosé Cercos,Xavier Berenguel eNarciso Bonet se tornando expoentes da cidade catalã.[13]
Na capital espanhola, surgiu um grupo de compositores que englobava, entre outros,Cristóbal Halffter (tio dos irmãos Rodolfo e Ernesto),Ramon Barce,Luis de Pablo,Alberto Blancafort eManuel Moreno Buendia.[13]