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Médio platonismo

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Omédio platonismo ouplatonismo eclético,[1] segundo alguns estudiosos dosséculos XIX eXX, refere-se à interpretação dada àfilosofia dePlatão durante os primeiros séculos daera imperial (doséculo I a.C. aoséculo II d.C.). O médio-platonismo seria, assim, a forma deplatonismo surgida depois da morte deAntíoco de Ascalão, filósofo acadêmico eclético doséculo I a.C., e cujos desenvolvimentos seguem até o início doséculo III d.C.

O prefixo "médio" traduzia um certo preconceito em relação ao pensamento filosófico produzido nesse período, considerado, até algumas décadas atrás, como simples fase de transição entre oplatonismocético doperíodo helenístico e oneoplatonismo que floresceria a partir doséculo III. Mais recentemente, entretanto, a filosofia da era imperial foi reavaliada peloshistoriadores da filosofia, que afinal reconheceram a originalidade e especificidade dos pensadores médio platônicos.

O médio platonismo foi a principal fonte a que recorreram osPadres da Igreja para elaborar racionalmente a mensagem religiosa, consubstanciada naPatrística.[2]

Histórico

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A palavramédio encerra um certo preconceito em relação aos pensadores dessa época, que frequentemente foi considerada como simples transição entre oplatonismocético doperíodo helenístico e oneoplatonismo, que se desenvolveu a partir doséculo III. Há também a posição de estudiosos comoMichael Frede,[3] que se recusa a reconhecer a distinção entre médio platonismo e neoplatonismo, que considera artificial - mais ditada pelas vicissitudes da historiografia moderna do que pelos fatos e pela consciência dos filósofos antigos. Frede sugere retomar o uso do antigo termo "acadêmicos" para designar os membros da escola fundada por Platão até o86 a.C., quando foi dissolvida, e designar como "platônicos" os filósofos posteriores a Antíoco, que se reconheceram no pensamento de Platão.

Somente nas últimas décadas oshistoriadores da filosofia começaram a reavaliar a filosofia da era imperial, reconhecendo a originalidade e a especificidade dos pensadoresmédio platônicos.

A noção de médio platonismo remonta aKarl Praechter, que, em1909, ao reeditar o primeiro volume,Die Philosophie des Altertums ("Filosofia Antiga"), dosGrundriß der Geschichte der Philosophie ("Fundamentos de História da Filosofia") deFriedrich Ueberweg,[4] introduziu o termo e a cronologia. Segundo Praechter, o médio platonismo começa em87 a.C., comAntíoco de Ascalão, terminando em244, com o advento do neoplatonismo, comPlotino. Antíoco foi o mais famoso aluno deFilo de Larissa e rompeu totalmente com o ensinamento dos predecessores e com aAcademia de Atenas - à época, liderada por seu mestre - fundando uma nova escola no Egito, e dando ao platonismo uma interpretação que tendia a transformá-lo em um sistema dogmático com muitos pontos de contato com o estoicismo.

Outros, porém, comoJohn M. Dillon,[5][6] consideram que o fundador do médio platonismo tenha sidoEudoro de Alexandria (40 a.C.), um dissidente daMédia Academia, que introduziu na suafilosofia muitos elementos retirados dopitagorismo e doneopitagorismo, sobretudo no que diz respeito à sua concepção docosmometafísico.

Praechter aponta duas características principais do médio platonismo:

  • oecletismo (harmonização e assimilação de doutrinas não platônicas);
  • aortodoxia (defesa da identidade do platonismo).

Outros apontam características diferentes : omonismo doUno, sobretudo, por oposição às tendências dualistas do último Platão ou dos platônicos.

Importante também para o movimento médio-platônico foram os movimentos gnósticos, em especial oValentianismo e oSetianismo, assim comoCorpus Hermeticum.[5]

Filosofia

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Os médio-platônicos tentam acomodar as concepções de Platão à terminologia deAristóteles. Há também uma tendência a pitagorizar Platão, representada por Eudoro de Alexandria,Moderato de Cádis (c.90),Numênio de Apameia,Nicômaco de Gérasa,Anatólio de Laodiceia (c. 270),Jâmblico, o jovemProclo (em seuComentário do Timeu, em439),Simplício de Cilícia, em seuComentário da 'Metafísica de Aristóteles' (c.535).

Segundo Marco Zambon, os estudiosos apontam os seguintes traços característicos das diversas linhas do médio platonismo:[7]

  • ausência de elementos propriamente plotinianos (Plotino distingue oSer doUno, enquanto o jovem Porfírio não o faz )
  • identificação do primeiro princípiotranscendente com o Ser (característica presente em Numênio, Plutarco, Porfírio)
  • distinção de dois intelectos no deusdemiurgo: um paradigmático (Deus pai, voltado à contemplação das coisas inteligíveis) e o outro criador (deus voltado à produção docosmo sensível )
  • definição do filósofo platônico não mais como um discípulo de Platão ou um membro daAcademia de Platão, mas como aderente a uma doutrina exposta por Platão, interpretada como revelação divina.
  • o esforço de harmonizar Aristóteles com Platão
  • finalidade prática da filosofia não é a erudição mas a assimilação a Deus
  • os comentários dos diálogos platônicos, a doxografia, as introduções e breviários da doutrina de Platão são formas literárias típicas do período imperial, ou seja, do médio platonismo.
  • a doutrina dos três princípios doTimeu (27c-29d): o paradigma, o demiurgo (segundo deus), a matéria.
  • numerosas tríades : primeiro Deus (transcendente) / Alma do mundo (Hecate) / segundo deus (demiurgo), ser/intelectot/vida, pai/potência/ intelecto, etc.
  • doutrina da transcendência do primeiro deus, estruturação hierárquica da realidade
  • tendência ao 'enciclopedismo.

Referências

  1. Ferrater-Mora, José.Dicionário de filosofia, v. 1"Academia Platônica"
  2. "Platonismo e Cristianismo: irreconciliabilidade radical ou elementos comuns?", por Bento Silva Santos. Publicado emVeritas - Revista de Filosofia 48 (2003) 323-336.
  3. FREDE, Michael:Essays in Ancient Philosophy. Oxford: Oxford university Press, 1987;p. 1040-1041,]
  4. UEBERWEG, F.,Grundriß der Geschichte der Philosophie. Erster Teil: Die Philosophie des Altertums, revisão de Karl Praechter; Berlim, E. S. Mittler und Sohn, 1926.
  5. abDILLON, J.The Middle Platonists. A Study of Platonism - 80 before Christ to A.D. 220, Londres, Duckworth, 1977.
  6. The Question of "Eclecticism". Studies in Later Greek Philosophy. Edited by John M. Dillon and A. A. Long. UNIVERSITY OF CALIFORNIA PRESS, 1988
  7. ZAMBON, Marco.Porphyre et le moyen-platonisme, Vrin, 2002, p. 27-30, 256.
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