| Mário de Pimentel Brandão | |
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| Nascimento | 9 de outubro de1889 Rio de Janeiro |
| Morte | 23 de outubro de1956 (67 anos) Rio de Janeiro |
| Cidadania | Brasil |
| Ocupação | diplomata |
| Distinções |
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Mário de Pimentel Brandão (Rio de Janeiro,9 de outubro de1889 — Rio de Janeiro,23 de outubro de1956) foi umdiplomata eministro de estadobrasileiro.[1]
Graduou-se em 1911 pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. A partir de fevereiro de 1913, foi oficial-de-gabinete do então presidenteHermes da Fonseca. Tornou-se primeiro-secretário em junho de 1914.[1] No fim do mandato presidencial, foi transferido para Bruxelas, na Bélgica,[1] em setembro de 1917, às vésperas da entrada doBrasil na Primeira Guerra Mundial.
Pimentel Brandão foi promovido a conselheiro deembaixada brasileira em Bruxelas em agosto de 1922 e, em 1923, passou a ser encarregado de negócios brasileiros em Paris, onde serviu até junho de 1931. Em 1934, tornou-se ministro de primeira classe.[1] Em julho do mesmo ano, foi nomeado embaixador do Brasil na Bolívia.[1]
Três meses depois, a convite do então Ministro dasRelações Exteriores,José Carlos de Macedo Soares, Pimentel Brandão retornou ao Brasil para ser secretário da pasta. Enquanto estava no cargo, foi ministro interino duas vezes.[1] Na primeira vez, de 17 de maio a 21 de junho de 1935,[1] foi por conta da viagem do titular a Buenos Aires para participar da conferência de paz na qual foi assinado o armistício entre Bolívia e Paraguai, ao fim daGuerra do Chaco. A segunda vez, em dezembro de 1936, foi quando Macedo Soares pediu exoneração do cargo[2] para, posteriormente, assumir oMinistério da Justiça.
Pimentel Brandão foi enfim efetivado na pasta das Relações Exteriores em 31 de agosto de 1937.[1] Em sua gestão, buscou conquistar boas relações com osEstados Unidos, e, para isso, tentou desfazer algumas divergências que havia entre os dois países.[1] Entre os pontos de atrito entre os dois governos estava o acordo sobre comércio de compensação — ou seja, processo de troca de mercadorias sem intermediação de uma moeda forte[3] — com a Alemanha, cuja renovação tinha oposição por parte dos Estados Unidos, principal parceiro comercial do Brasil no período.[4]
Mário de Pimentel Brandão, que defendia a posição estadunidense, discutiu o assunto com o então presidenteGetúlio Vargas e com o principal apoiador do acordo: o ministro da FazendaArtur de Sousa Costa. A partir dessa mediação, Pimentel conseguiu que a vigência do acordo fosse prorrogada por apenas três meses[1] e que, nesse período, fossem elaboradas novas cláusulas para atender aos interesses dos Estados Unidos.[1][4] Entre esses pontos, estava, por exemplo, a exclusão de produtos alemães que concorriam com os norte-americanos. Passados os três meses e renovado o acordo, graças à discussão estabelecida por Pimentel Brandão,[1] o ministro Sousa Costa viajou foi aos Estados Unidos e estabeleceu com o país que não fosse totalmente contra o acordo.[1] Em troca, o Brasil deveria limitar as exportações de certos produtos brasileiros para a Alemanha[1] e estabelecer um entendimento com o governo alemão para suspender os subsídios aos produtos vendidos para o Brasil.[4]
Ainda no comando doItamaraty, Pimentel Brandão apoiou o golpe de Estado de 10 de novembro de 1937,[1] comandado pelo presidente Vargas, tornando-se um dos signatários da Constituição outorgada que instituiu oEstado Novo.
Em 15 de março de 1938,[1] Pimentel Brandão deixou o Ministério das Relações Exteriores para assumir a embaixada nos Estados Unidos, trocando de posto comOsvaldo Aranha. Assumindo o antigo cargo de Pimentel Brandão[5], Aranha buscou barrar uma aproximação que acontecia entre o Brasil e asPotências do Eixo e, ainda na linha de Brandão, seguiu com planos de aproximação com os Estados Unidos.[5][1]
Nesse período, os Estados Unidos ainda estavam descontentes em relação ao comércio de compensação,[3] alegando que o Brasil não cumpriu as regras previamente estabelecidas,[1] uma vez que era de interesse do país norte-americano que fossem asseguradas suas posições estratégicas naAmérica Latina devido ao agravamento da crise européia.[1] Diante disso, em novembro de 1938, às vésperas daConferência Pan-Americana de Lima, Peru, Pimentel Brandão avisou ao governo brasileiro acerca do interesse dos Estados Unidos em estreitar os laços entre os dois países. Em carta dirigida a Osvaldo Aranha, Pimentel Brandão sugeriu o estabelecimento de uma colaboração militar em todos os níveis, inclusive sobre a cessão de bases navais no litoral brasileiro.[1]
Ainda nos Estados Unidos, Pimentel Brandão acusou o jornalistaDrew Pearson de estar publicando calúnias a seu respeito. Incomodado com a situação, o embaixador enviou uma carta ao presidente Getúlio Vargas informando sobre o comportamento do comunicador:
"Logo que cheguei a Washington, fui objecto das assiduidades de um jornalista que por aqui anda, o Sr. Drew Pierson."[6]
"Para reforçar, a seu modo, suas pretensões, já mandou elle, mais de uma vez, publicar por terceiros, afiliados à sua clique, allusões totalmente pérfidas contra mim em algumas folhas de menor circulação. Isso determinou-me pô-lo um tanto à margem."[6]
O atrito entre o diplomata e o jornalista culminou na substituição de Pimentel Brandão por Carlos Martins Pereira e Sousa.[1][7]
Após a saída da embaixada dos Estados Unidos, em março de 1939, retornou à Bélgica como embaixador do país.[1] Durante o comando, houve aBatalha da Bélgica, conflito ocorrido em maio de 1940 no qual as tropas alemãs invadiram o país durante aSegunda Guerra Mundial,[1] o que forçou sua saída.
Em 1942, Pimentel Brandão participou, em Montevidéu, no Uruguai, da Conferência Interamericana de Coordenação de Medidas Policiais e Judiciárias,[1] convocada pela III Reunião de Consultas dos Chanceleres Americanos,[8] realizada no Rio de Janeiro, entãoDistrito Federal.
Em janeiro de 1944, o diplomata foi nomeado embaixador na Espanha, cargo no qual permaneceu até fevereiro de 1946.[1] Em 1945, Pimentel Brandão foi transferido para Moscou, tornando-se o primeiro embaixador brasileiro junto ao governo soviético após o estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países no mesmo ano.[1] No período em que assumiu o cargo, já se notavam os primeiros sinais daGuerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética. Por conta disso, em outubro de 1947 o Brasil rompeu asrelações diplomáticas com o país.
Após a saída da União Soviética, em outubro de 1948 passou a servir na Comissão Consultiva para a Defesa Política do Continente, em Montevidéu, no Uruguai. Em dezembro de 1949, se tornou delegado naAlta Comissão Aliada na República Federal da Alemanha e tornando-se embaixador no país em março no ano seguinte.[1]Em abril de 1951, segundo ano do governo Vargas, retornou ao Brasil para reassumir a secretaria do Ministério de Relações Exteriores,[1] então chefiado porJoão Neves da Fontoura. Novamente como secretario, viajou a Paris em novembro do mesmo ano para participar da sexta sessão daAssembléia Geral da Organização das Nações Unidas, e, um ano depois, foi novamente ministro interino durante a viagem do titular aos Estados Unidos.[1]
Em junho de 1953, voltou a ser interino em um momento em que Vargas estabeleceu uma reforma dos ministérios.[9] Em dezembro, deixou a secretaria doItamaraty para ser o presidente da Comissão Mista Brasil-Alemanha,[1] gestão na qual defendeu o estabelecimento da siderúrgicaMannesmann e da fábrica de motoresMercedes-Benz no Brasil.[1]
Mário de Pimentel Brandão faleceu no Rio de Janeiro em 23 de outubro de 1956.[1] Foi casado com Isabel Velarde de Pimentel Brandão, filha do embaixador do Peru no Brasil, Hernan Velarde.[1]Teve um filho — Manuel Antônio Maria de Pimentel Brandão — que também seguiu a carreira diplomática, tornando-se embaixador em 1962.[10]
| Precedido por José Carlos de Macedo Soares | Ministro das Relações Exteriores do Brasil 1936 — 1938 | Sucedido por Osvaldo Aranha |
| Precedido por João Neves da Fontoura | Ministro das Relações Exteriores do Brasil 1953 | Sucedido por Vicente Rao |