A Skifa Kahla, ou Babe Zuila, uma porta monumental doséculo XVista da entrada da Grande MesquitaO forte otomano Borje Alquibir, construído no final doséculo XVI
Em 2004, a delegação tinha 71 546 habitantes e os dois municípios urbanos que constituem a cidade tinham 13 602 habitantes.[1]
Originalmente construída numa península com 1 400 metros de comprimento e 500 metros de largura, onde atualmente se situa o centro histórico, mais recentemente expandiu-se para o interior. Situa-se 45 km a sudeste deMonastir, 60 km a sudeste deSousse, 100 km a norte deSfax e 205 km a sudeste deTunes.
Alberga um dos principais portos de pesca do país. O turismo tem vindo a ganhar cada vez mais importância na economia local.
Conhecida ao longo da sua longa história sucessivamente por Jemma, Afrodísio (Aphrodisium)[3] e Cabo África, antes de ter o nome atual, a situação geográfica estratégica e as suas fortificações permitiram à cidade ter um papel de primeiro plano nabacia mediterrânica até aoséculo XVI. Mádia começou por ser um entrepostofenício, depoiscartaginês eromano. Cerca de 1907, foi descoberto umnavio afundado doséculo I a.C. a seis quilómetros ao largo de Mádia, carregado de objetos dearte ateniense, o que constitui um dossítios arqueológicos submarinos mais ricos da Tunísia.[4]
No ano 916 o primeirocalifa fatímidaAbedalá Almadi Bilá ordenou a fundação duma nova cidade, cuja construção demorou cinco anos e à qual foi dado o nome de Mádia e que se tornou a capital fatímida em 921.[5] Teria esse estatuto até 973, quando oCairo passou a ser a capital do califado.[6] Em 944-945 foi cercada durante oito meses peloscarijitas liderados pelo chefe rebeldeAbu Iázide, que não logrou conquistá-la.
Em 1057, osZíridas refugiam-se em Mádia face à ameaça dosBanu Hilal.[carece de fontes?] O reinormando daRogério II daSicília ocupa a cidade em 1148 e mantém o seu domínio até 1160, quando é expulso pelosalmóadas.[7] A cidade perde depois importância política a favor deTunes, mas mantém-se como um porto importante. Ao longo da sua história enfrenta várioscercos.
Em 1390,[8] na sequência da perda de posições comerciais na Tunísia para osvenezianos, osgenoveses organizam uma expedição militar a que pretenderam dar o cunho de novacruzada, a pretexto de se vingarem daatividade dos dospiratas da Barbária contra os cristãos. Os genoveses conseguem o apoio de vários nobres franceses e ingleses, entre os quaisLuís II de Bourbon, que toma o comando do ataque. A praça, fortemente defendida porberberes deBugia,Bona,Constantina e outras regiões doMagrebe vindos em socorro dos tunisinos, resiste a todos os assaltos. Os europeus não tardam em desentender-se entre eles e vêm-se obrigados a retornar ao mar e retirar depois de de 61 dias de combates infrutíferos.[9]
Noséculo XVI, Mádia foi tomada pelocorsário ealmiranteotomanoDragute Arrais, que faz dela um dos seus redutos.[10] Em 1550 a cidade é conquistada porCarlos V, mantendo-se nas mãos dos espanhóis até 1554.[11] Ao retirarem, fazem explodir as muralhas, que os otomanos só reconstruíram parcialmente quando voltaram.[12] A cidade retoma a sua calma pouco a pouco e torna-se um dos maiores portos de pesca da Tunísia.
A Skifa Kahla, também conhecida como Babe Zuila é uma notável porta fortificada originalmente construída entre 916 e 921 e restaurada noséculo XIV. Continua a ser um dos pontos de acesso ao centro histórico e um dos raros vestígios das antigasmuralhas. O Borje Alquibir (Borj El Kebir) é uma fortaleza dotada duma passagem abobadada e curva que conduz a um pátio imponente; desde 1595 que guarda a ponta docabo África (Ras Ifríquia).[13]
A Grande Mesquita foi fundada em 916 pelo califa xiita Abedalá Almadi Bilá. Tem a particularidade de não terminarete. Sofreu várias modificações e renovações ao longo do tempo, sendo finalmente reconstruída entre 1961 e 1965 conforme a planta original doséculo X.[14] A Mesquita de Haje Mustafá Hâmeza, construída em 1772 e restaurada noséculo XX é um belo exemplo daarquitetura religiosa do período otomano.[13]
Mádia é ainda conhecida pelo seu cemitério "marítimo", situado à beira mar, na extremidade da península.[13]
A cidade tem um museu, de vocação regional, instalado na antiga sede da municipalidade, a qual foi completamente renovada para acolher as coleções. Inaugurado em 1997, tem em exposição diversas peças, nomeadamente cerâmicas dos períodos púnico e romano, mosaicos, uma coleção de moedas da época bizantina, que incluem 268 em ouro, além de vários objetos do período islâmico.[15]
O principal clube desportivo de Mádia é oEl Makarem, fundado em 1937 e diversas vezes campeão nacional e africano deandebol. A sua equipa de futebol disputava, em 2012-2013 a terceira divisão tunisina, depois de ter estado naprimeira divisão nas décadas de 1960 e 1970.
O porto de pesca é muito animado a certas horas do dia e nele existem várias fábricas deconservas de peixe. Alguns dos navios pesqueiros sãoarrastões equipados para a pesca noturna com luzes que atraem o pescado.
A oeste da cidade situa-se um extensoolival e várioslagares de azeite. Além de produto alimentar, este é também matéria prima para a produção desabão em que 72% da sua composição é azeite.
As praias de areia branca, a história tormentosa da cidade e os numerosos hotéis fazem de Mádia uma estação balnear com alguma popularidade. A chamada zona turística, onde se situam a maior parte dos hotéis turísticos, situa-se a norte da cidade, em frente ao bairro de Hibum. A maior parte dos hotéis situa-se à beira mar e têm uma oferta variada.
Delia, Cortese; Calderini, Simonetta (2006).Women And the Fatimids in the World of Islam (em inglês). Edimburgo: Edinburgh University Press. 269 páginas.ISBN9780748617333. Consultado em 2 de outubro de 2012A referência emprega parâmetros obsoletos|coautor= (ajuda)
Gaultier-Kurhan, Caroline (2001).Le patrimoine culturel africain (em francês). Paris: Maisonneuve et Larose. 408 páginas.ISBN9782706815256
Lopes, Nei Braz; Macedo, José Rivair (2017).Dicionário de História da África: Séculos VII a XVI. Belo Horizonte: AutênticaA referência emprega parâmetros obsoletos|coautor= (ajuda)