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Lulismo

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Lulismo
Lulismo
Lula e sua esposa,Janja, “fazendo o L
Princípios
EspectroCentro-esquerda àesquerda
Internacionais políticasOnda rosa
Principais figurasLuiz Inácio Lula da Silva,Dilma Rousseff,Fernando Haddad.
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de uma série sobre

Luiz Inácio Lula da Silva









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Lulismo é um termo cunhado porAndré Singer que se refere ao fenômeno político deesquerda ocorrido noBrasil em torno dopresidenteLuiz Inácio Lula da Silva. Criado durante acampanha presidencial de 2002, representando um novo plano em relação aos ideais deesquerda adotado peloPartido dos Trabalhadores até o final de2001, buscando transformações sem confrontar o capital.[3]

Diversos políticos naAmérica Latina citaram o lulismo como modelo político, quando denominado de "Consenso de Brasília" (emcontraposição aoConsenso de Washington) e "Modelo Brasileiro". É o caso deOllanta Humala,José Mujica,Mauricio Funes,Fernando Lugo[10] e o oposicionistaHenrique Capriles. Ou ainda, conjugam esse modelo com ochavismo, como é o caso daArgentinakirchnerista e doParaguai até adestituição de Fernando Lugo.[carece de fontes?]

Origem do termo

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O termo "lulismo" foi cunhado em artigos e em tese delivre-docência docientista políticoAndré Singer, que também foi porta-voz de Lula napresidência, de2002 a2007.[11]

Nascido durante a campanha presidencial de 2002, o lulismo representou o afastamento em relação a componentes importantes do programa da política esquerdista adotado pelo Partido dos Trabalhadores até o final de 2001[12] e o abandono das ideias de organização e mobilização, ao buscar transformações sem confrontar o capital.[13][3] De acordo com Singer:

"Como o lulismo é um modelo de mudança dentro da ordem, até com um reforço da ordem, ele não é e não pode ser mobilizador. Isso faz com que o conflito não tenha uma expressão política partidária, eleitoral, institucional"

Assim, o lulismo buscou um caminho de conciliação, a partir do carisma de Lula, com amplos setores conservadores brasileiros.[14] E é sob o signo da contradição que o lulismo se constitui como um grande pacto socialconservador, que combina a manutenção dapolítica econômica do governoFernando Henrique Cardoso (1995-2002) com fortes políticasdistributivistas sob ogoverno Lula (2002-2010).[11]

Características

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Conduzido sob a égide da conciliação, o lulismo representa um "apaziguamento dos conflitos sociais, dos quais aburguesia sempre tem muito medo, sobretudo num país de grandedesigualdade como é o caso do Brasil", pois vislumbra uma "agenda da redução da pobreza e da desigualdade, mas sob a égide de umreformismo fraco". Esse modelo de mudança social se explica como uma "variante conservadora demodernização", em que o Estado tem um "papel proeminente na alavancagem dos mais pobres", ao mesmo tempo em que garante que os problemas estruturais sociais brasileiros não serão tocados, ou seja, sem entrar em conflito com setores conservadores daselites rurais e urbanas ligados aos interesses financeiros.[carece de fontes?]

Por essas características, o lulismo "confeccionou nova via ideológica, com a união de bandeiras que não pareciam combinar" (continuidade do governo Lula com ogoverno FHC na políticamacroeconômica baseada em três pilares: metas deinflação,câmbio flutuante esuperávit primário nas contas públicas).[12]

Outra característica que diferencia o lulismo de um movimento político genuíno, que represente um pensamento político, é o fato de que o lulismo não tembandeira partidária. Ao contrário disso, o lulismo se sobrepõe aos partidos, inclusive ao próprio Partido dos Trabalhadores, fundado por Lula. Por fim, embora tenha sido ancorado nocarisma de Lula, o lulismo difere de outros movimentos ocorridos em torno de líderes políticos, como operonismo naArgentina, pois não se formou uma base deculto à personalidade do então presidente brasileiro por forças políticas e populares.[carece de fontes?]

SegundoGilberto Maringoni (2013), relembrando uma fala de Lula sobre os presidentesGeisel eMédici, na comemoração de 35 anos daEmbrapa (abril de 2008), "A conduta ambígua não indica dúvida, hesitação ou falta de clareza sobre posição a tomar ou rumo a seguir. Trata-se de discurso bem pensado e sofisticado para o tipo de projeto que o assim chamado lulismo vem implantando no país há dez anos", completando que "É sofisticado porque dialoga com os vários interesses em disputa na sociedade. Contenta progressistas e conservadores, direitistas e esquerdistas e... não toca no status quo". Ainda para Maringoni, "a justiça social lulista se faz via mercado, via crédito e aumento da massa salarial que dependem de cenários de crescimento econômico", possuindo "uma fala marcadamente ambígua, sofisticada e, sobretudo, conservadora".[15]

Declínio

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Em seu livroO Lulismo em Crise – Um Quebra-Cabeça do Período Dilma (2011-2016), Singer analisa oGoverno Dilma Rousseff, desde seu início (2011) até oimpeachment de Dilma (2016). Para ele, um dos motivos para oimpeachment foi a tentativa de Dilma de acelerar o lulismo. Dilma buscou fazê-lo por dois meios: um desenvolvimentista e o outro republicano. O primeiro corresponde à política econômica conhecida como anova matriz econômica, que incluía redução dos juros, desvalorização do real e desonerações. O segundo refere-se à relação de Dilma com o Congresso e oPMDB.[16]

Para Singer, asJornadas de Junho (grandes manifestações em 2013) já eram um sinal de alerta de que o lulismo ia mal. Já no ano seguinte, tem início acrise econômica de 2014, que obrigou Dilma a recuar e prejudicou a nova matriz econômica.[16] Mais tarde, com a ascensão dobolsonarismo, o lulismo volta a crescer paralelamente. Ambos fenômenos não têm projetos amplamente antagônicos, tendo em comum por exemplo um projeto deEstado-nação chamado de "desenvolvimento na dependência".[17][18]

Renascimento

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Ascontrovérsias sobre a Operação Lava Jato, incluindo o episódio da "Vaza Jato", a anulação da condenação de Lula (oSupremo Tribunal Federal concluiu ter havido parcialidade do ex-juizSergio Moro e julgou-osuspeito) e as polêmicas referentes à gestão dogoverno Bolsonaro durante aPandemia de COVID-19, dentre outros fatores, levaram ao renascimento do lulismo, o que culminou na vitória de Lula naeleição presidencial de 2022.[19][20][21][22][23][24][25]

Segundo Moysés Pinto Neto, o renascimento do lulismo é uma resposta às forçasfascistas presentes na sociedade brasileira.[26]

Ver também

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Referências

  1. «Escritor lança livro sobre a classe trabalhadora e o populismo em São Paulo».USP. Consultado em 30 de junho de 2021 
  2. «O discurso do lulismo».Valor. Consultado em 30 de junho de 2021 
  3. abcSinger, André (28 de agosto de 2012).Os sentidos do lulismo: Reforma gradual e pacto conservador. [S.l.]: Companhia das Letras.ISBN 9788580863581 
  4. Maestri, Mário (6 de fevereiro de 2018).Abdias Do Nascimento:. [S.l.]: Clube de Autores 
  5. Sluyter-Beltrão, Jeffrey (2010).Rise and Decline of Brazil's New Unionism: The Politics of the Central Única Dos Trabalhadores (em inglês). [S.l.]: Peter Lang 
  6. Peña, Alejandro M. (4 de novembro de 2016).Transnational Governance and South American Politics: The Political Economy of Norms (em inglês). [S.l.]: Springer 
  7. «Lula's Political Economy: Crisis and Continuity».NACLA (em inglês). Consultado em 26 de março de 2022 
  8. Schreiber, Leon Amos (dezembro de 2011).«The third way in Brazil? Lula's presidency examined» (em inglês). Consultado em 16 de outubro de 2022 
  9. Barbosa, Luiz C. (8 de maio de 2015).Guardians of the Brazilian Amazon Rainforest: Environmental Organizations and Development (em inglês). [S.l.]: Routledge 
  10. «Lulismo seduz América Latina mas é difícil de copiar». O Globo. Consultado em 28 de abril de 2012 
  11. ab«Cientista político André Singer explica sua tese sobre o lulismo».Folha de S.Paulo. 19 de agosto de 2012 
  12. abSinger, André (2009).«Raízes sociais e ideológicas do lulismo».Novos estudos CEBRAP (85): 83–102.ISSN 0101-3300.doi:10.1590/S0101-33002009000300004 
  13. KAMRADT, João; DI CARLO, Josnei (2013).«As eleições e "Os Sentidos do Lulismo": entrevista com André Singer».Em Tese.doi:10.5007/1806-5023.2013v10n2p116. Consultado em 7 de agosto de 2017 
  14. «Gustavo Gindre: Dilma e o esgotamento do lulismo».Viomundo. 28 de junho de 2013 
  15. Maringoni, Gilberto (15 de maio de 2013).«Lula, ser E não ser». Carta Maior. Consultado em 17 de março de 2021. Arquivado dooriginal em 7 de março de 2023 
  16. abMartins, William Gonçalves Lima.«André Singer faz diagnóstico do declínio do Lulismo no Brasil».www.ihu.unisinos.br. Consultado em 14 de novembro de 2020 
  17. CORDEIRO, Andrey Ferreira (2020). "Lulismo, bolsonarismo e a crise brasileira: do desenvolvimento dependente a uma política autonômica". Em: BARBOSA, Fabio; etal; O pânico como política: o Brasil no imaginário do Lulismo em crise. Mauad Editora, Rio de Janeiro. Pg 143.
  18. Boito, Armando (1 de janeiro de 2020).«Lulism, Populism, and Bonapartism».Latin American Perspectives (em inglês) (1): 134–151.ISSN 0094-582X.doi:10.1177/0094582X19887910. Consultado em 22 de junho de 2021 
  19. «Brazil ex-President Lula walks free from jail».BBC News (em inglês). 9 de novembro de 2019. Consultado em 22 de junho de 2021 
  20. «Ep. 16: Brazil, Bernie, and the Fight Against Fascism (w/ Michael Brooks & Leandro Demori)».Bernie Sanders Official Website (em inglês). Consultado em 22 de junho de 2021 
  21. «'Brazil is a global pariah': Lula on his plot to end reign of 'psychopath' Bolsonaro».the Guardian (em inglês). 21 de maio de 2021. Consultado em 22 de junho de 2021 
  22. Taylor, Luke (27 de abril de 2021).«'We are being ignored': Brazil's researchers blame anti-science government for devastating COVID surge».Nature (em inglês) (7857): 15–16.doi:10.1038/d41586-021-01031-w. Consultado em 22 de junho de 2021 
  23. Staff, Reuters (17 de março de 2021).«Polls show Brazil's Bolsonaro faces record disapproval, pressure from Lula».Reuters (em inglês). Consultado em 22 de junho de 2021 
  24. Estrada, Gaspard (26 de fevereiro de 2021).«Opinion | Operation Car Wash Was No Magic Bullet».The New York Times (em inglês).ISSN 0362-4331. Consultado em 22 de junho de 2021 
  25. martinc (9 de junho de 2021).«Brazil: Bolsonaro, Lula and the movement below».International Socialist League (em inglês). Consultado em 22 de junho de 2021 
  26. Santos, João Vitor.«"A eleição de Lula foi o maior levante popular do Brasil contemporâneo pela via do voto". Entrevista especial com Moysés Pinto Neto».www.ihu.unisinos.br. Consultado em 6 de janeiro de 2023 

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