Livros.Exemplar do livro de Georg Büchmann,Geflügelte Worte, edição de1898.Arquitetura em forma de livro de um anexo daBiblioteca Nacional da Alemanha.
Livro (dolatimliber,libri[1]) é umobjeto transportável,que pode falar vários assuntos. Composto porpáginas encadernadas, contendotextomanuscrito ouimpresso e/ouimagens e que forma uma publicação unitária (ou foi concebido como tal) ou a parte principal de um trabalho literário, científico ou outro, formando um volume.
O livro é um produto intelectual e, como tal, encerraconhecimento e expressões individuais oucoletivas. Mas também é nos dias de hoje um produto de consumo, um bem. Portanto, a parte final de sua produção é realizada por meiosindustriais (impressão e distribuição), envolvendo também odesign de livros. A tarefa de criar um conteúdo passível de ser transformado em livro é tarefa doautor. Já a produção dos livros, no que concerne a transformar os originais num produto comercializável, é tarefa doeditor, em geral contratado por umaeditora. A coleta, a organização e a indexação de coleções de livros, por outro lado, é típica dobibliotecário. Finalmente, destaca-se também o livreiro, cuja função principal é disponibilizar os livros editados ao público em geral, vendendo-os nas livrarias generalistas ou de especialidade. Compete também ao livreiro todo o trabalho de pesquisa que vá ao encontro da vontade dos leitores.
A história do livro é uma história de inovações técnicas que permitiram a melhora da conservação dos volumes e do acesso à informação, da facilidade em manuseá-lo e produzi-lo. Esta história está intimamente ligada às contingências político-econômicas e à história de ideias e religiões.
De acordo com a lei federal nº 5 191, de 13 de dezembro de 1966, fica instituído o Dia Nacional do Livro no Brasil, que será comemorado, anualmente, no dia 29 do mês de outubro.
Uma seção original doLivro dos Mortos egípcio, escrito em papiro.
A escrita surgiu na antiguidade, antecedente ao texto e ao livro. A escrita consiste em um de código capaz de transmitir e conservar noções abstratas ou valores concretos, em suma, palavras. É importante destacar que o meio condiciona o signo, ou seja, a escrita foi em alguns momentos orientada por esse tipo de suporte; não é possível esculpir em papel ou escrever emmármore, por exemplo.
Os primeiros suportes utilizados para a escrita foram tabuletas de argila ou de pedra em escrita cuneiforme encontradas na Mesopotâmia. O livro mais antigo conhecido é oInstruções a Xurupaque (c2600-c2500). Considerando as limitações que os suportes materiais possuíam, os livros da Idade do Bronze eram relativamente curtos. AEpopeia de Gilgamesh, por exemplo, é a maior obra literária em tabuletas de argila, e suas traduções ocidentais não chegam a 16 mil palavras.
Mais tarde veio okhartés, (volumen para os romanos, forma pela qual ficou mais conhecido) que consistia em um cilindro de papiro, facilmente transportável. O "volumen" era desenrolado conforme ia sendo lido, e o texto era escrito na maioria das vezes em colunas, e não no sentido do eixo cilíndrico. Algumas vezes, um mesmo cilindro continha várias obras e, por conta disso, era denominadotomo. O comprimento total de um "volumen" era de c. 6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro chegava a seis centímetros.
O papiro consiste em uma parte da planta, que eraliberada,livrada (latimlibere, livre) do restante da planta - daí surge a palavraliber libri, em latim, e posteriormentelivro em português. Os fragmentos de papiros mais "recentes" são datados doséculo II a.C..
Aos poucos o papiro é substituído pelopergaminho, excerto decouro bovino ou de outros animais. A vantagem do pergaminho é que ele se conserva mais ao longo do tempo. O nome pergaminho deriva dePérgamo, cidade daÁsia Menor onde teria sido inventado e onde era muito usado. O "volumen" também foi substituído pelocódex, que era uma compilação de páginas, não mais um rolo. O códex surgiu entre os gregos como forma de codificar as leis, mas foi aperfeiçoado pelos romanos nos primeiros anos daEra Cristã. O uso do formatocódice (ou códice) e do pergaminho era complementar, pois era muito mais fácil costurar códices de pergaminho do que de papiro.
Uma consequência fundamental do códice é que ele faz com que se comece a pensar no livro como objeto, identificando definitivamente a obra com o livro.
Uma antiga bíblia cristã feita em códex.
A consolidação do códex acontece em Roma, como já citado. Em Roma aleitura ocorria tanto em público (para a plebe), evento chamadorecitatio, como em particular, para os ricos. Além disso, é muito provável que em Roma tenha surgido pela primeira vez a leitura por lazer (voluptas), desvinculada do senso prático que a caracterizara até então. Os livros eram adquiridos em livrarias. Assim aparece também a figura do editor, comAtticus, homem de grande senso mercantil. Algumas obras eram encomendadas pelos governantes, como aEneida, encomendada aVirgílio porAugusto.
Acredita-se que o sucesso da religião cristã se deve em grande parte ao surgimento do códice, pois a partir de então tornou-se mais fácil distribuir informações em forma escrita.
NaIdade Média o livro sofre um pouco, naEuropa, as consequências do excessivo fervor religioso, e passa a ser considerado em si como um objeto de salvação. A característica mais marcante da Idade Média é o surgimento dos monges copistas, homens dedicados em período integral a reproduzir as obras, herdeiros dos escribas egípcios ou doslibraii romanos. Nos mosteiros era conservada a cultura da Antiguidade. Apareceram nessa época os textosdidáticos, destinados à formação dos religiosos.
O livro continua sua evolução com o aparecimento de margens e páginas em branco. Também surge apontuação no texto, bem como o uso de letras maiúsculas. Também aparecem índices, sumários e resumos, e na categoria de gêneros, além do didático, aparecem os florilégios (coletâneas de vários autores), os textos auxiliares e os textos eróticos. Progressivamente aparecem livros em língua vernácula, rompendo com o monopólio dolatim naliteratura. O papel passa a substituir o pergaminho.
Mas a invenção mais importante, já no limite da Idade Média, foi a impressão, no século XIV. Consistia originalmente da gravação em blocos demadeira do conteúdo de cada página do livro; os blocos eram mergulhados em tinta, e o conteúdo transferido para o papel, produzindo várias cópias. Foi em1405 surgia naChina, por meio dePi Sheng, a máquina impressora de tipos móveis, mas a tecnologia que provocaria uma revolução cultural moderna foi desenvolvida porJohannes Gutenberg.[2]
No Ocidente, em1455,Johannes Gutenberg inventa a imprensa comtipos móveis reutilizáveis, o primeiro livro impresso nessa técnica foi a Bíblia em latim.[3][4] Houve certa resistência por parte dos copistas, pois a impressora punha em causa a sua ocupação. Mas com a impressora de tipos móveis, o livro popularizou-se definitivamente, tornando-se mais acessível pela redução enorme dos custos da produção em série.
Com o surgimento daimprensa desenvolveu-se a técnica datipografia, da qual dependia a confiabilidade do texto e a capacidade do mesmo para atingir um grande público. As necessidades do tipo móvel exigiram um novo desenho de letras; caligrafias antigas, como aCarolíngea, estavam destinadas aoostracismo, pois seu excesso de detalhes e fios delgados era impraticável, tecnicamente.
Uma das figuras mais importantes do início da tipografia é o italianoAldus Manutius. Ele foi importante no processo de maturidade do projeto tipográfico, o que hoje chamaríamos dedesign gráfico ou editorial.[5] A maturidade desta nova técnica levou, entretanto, cerca de um século.
A decoração daencadernação é um importante aspecto visual e de atração dos livros. Em bibliotecas e livrarias, a parte lateral é que indica o nome e atraí o leitor no meio de uma estante.
De acordo com a definição dada no início deste artigo, o livro deve ser composto de um grupo de páginas encadernadas e ser portável. Entretanto, mesmo não obedecendo a essas características, surgiu em fins doséculo XX o livro eletrônico, ou seja, o livro num suporte eletrônico computorizado.[6]
Existem livros eletrônicos disponíveis tanto para computadores de mesa quanto para computadores de mão, ospalmtops outablets. Uma dificuldade que o livro eletrônico encontra é que a leitura num suporte de papel é cerca de 1,2 vez mais rápida do que em um suporte eletrônico, mas pesquisas vêm sendo feitas no sentido de melhorar a visualização dos livros eletrônicos.
A criação do conteúdo de um livro pode ser realizada tanto por um autor sozinho quanto por uma equipe de colaboradores, pesquisadores, coautores e ilustradores. Tendo o manuscrito terminado, inicia a busca de umaeditora que se interesse pela publicação da obra (caso não tenha sido encomendada). O autor oferece ao editor os direitos de reprodução industrial do manuscrito, cabendo a ele a publicação do manuscrito em livro. As suas funções do editor são intelectuais e econômicas: deve selecionar um conteúdo de valor e que seja vendável em quantidade passível de gerar lucros ou mais-valias para a empresa. Modernamente o desinteresse de editores comerciais por obras de valor mas sem garantias de lucros tem sido compensado pela atuação de editoras universitárias (pelo menos no que tange a trabalhos científicos e artísticos).[7]
Cabe ao editor sugerir alterações ao autor, com vista a ajustar o livro ao mercado. Essas alterações podem passar pelaeditoração do texto, ou pelo acréscimo de elementos que possam beneficiar a utilização/comercialização do mesmo peloleitor. Umaeditora é composta pelo Departamentoeditorial, deprodução, comercial, deMarketing, assim como vários outros serviços necessários ao funcionamento de uma empresa, podendo variar consoante as funções e serviços exercidos pela empresa. Na mesma trabalham os editores, revisores, gráficos edesigners, capistas, etc. Uma editora não é necessariamente o produtor do livro, sendo que quase sempre essa função de reprodução mecânica de umoriginal editado é feita por oficinas gráficas em regime de prestação de serviço. Dessa forma, o trabalho industrial principal de uma editora é confeccionar o modelo de livro-objeto, trabalho que se dá através dos processos de edição e composiçãográfica/digital.[8]
Livros.
A fase de produção do livro é composta pela impressão (posterior àimposição e montagem emcaderno - hoje em dia digital), oalceamento e o encapamento. Podendo ainda existir várias outras funções adicionais de acréscimo de valor ao produto, nomeadamente àcapa, com a plastificação, relevos, pigmentação, e outros acabamentos.
Terminada a edição do livro, ele é embalado e distribuído, sendo encaminhado para os diferentes canais de venda, como os livreiros, para daí chegar ao público final.
Pelo exposto acima, talvez devêssemos considerar que acategoria livro seja a concepção de uma coleção de registros em algum suporte capaz de transmitir e conservar noções abstratas ou valores concretos.
No início de 2007, foi noticiada a invenção e fabricação, na Alemanha, de um papel eletrônico, no qual são escritos livros.[9][10]
Os livros atualmente podem ser classificados de acordo com seu conteúdo em duas grandes categorias: livros deleitura sequencial eobras de referência.[12]
Não é raro que se procure uma indicação de clássicos da literatura. Em 1994, o crítico americanoHarold Bloom publicou a obraOCânone Ocidental, em que discutia a influência dos grandes livros na formação do gosto e da mentalidade do ocidente. Bloom considera a tendência de se abandonar o esforço em se criar cânones culturais nas universidades, para evitar problemas ideológicos, problemática para o futuro da educação, existe também uma das maiores obras do tipo no mundo escrita pelo austro-brasileiroOtto Maria Carpeaux no princípio da década de 1940 a chamadaHistória da Literatura Ocidental.