Após a dissolução da banda no início da década de 1970 o interesse nas músicas dos Doors se manteve elevado, ultrapassando mesmo, por vezes, o que o grupo teve enquanto esteve ativo. Em todo o mundo, os seus discos já venderam mais de 100 milhões de cópias e de seus DVDs 5 milhões, e continuam a vender cerca de 2,5 milhões anualmente.[8]
As origens dos The Doors surgem de um encontro ao acaso entre dois estudantes da escola cinematográfica daUCLA,Jim Morrison eRay Manzarek, emVenice Beach, naCalifórnia em Julho de 1965.[9] Morrison disse, então, a Manzarek, que andava a escrever canções e, a pedido de Manzarek, cantou "Moonlight Drive". Impressionado pelas letras de Morrison, Manzarek sugeriu que formassem uma banda.[10]
O tecladista Ray Manzarek estava numa banda chamadaRick And The Ravens com o seu irmão Rick Manzarek,[11] enquantoRobby Krieger eJohn Densmore tocavam com osThe Psychedelic Rangers[11] e conheciam Manzarek das aulas deioga e meditação. Em agosto, Densmore juntou-se ao grupo e, juntamente com os membros dos Ravens e o baixista Patty Sullivan, gravaram umademo de seis canções em setembro de 1965. A demo foi bastante pirateada e acabou por surgir completa mais tarde, em 1997, em coletânea dos Doors.
Nesse mesmo mês, o grupo recrutou o guitarrista Robby Krieger e o alinhamento final estava formado — Morrison, Manzarek, Krieger e Densmore. A banda retirou o seu nome do título de um livro deAldous Huxley, "The Doors of Perception", que, por seu turno, havia sido "emprestado" do verso de um poema do artista e poeta doséculo XIX,William Blake: "If the doors of perception were cleansed, every thing would appear to man as it is: infinite" (empt: "Se as portas da percepção fossem abertas, tudo apareceria como realmente é: infinito").[12]
Os Doors não tinham uma formação comum à maioria dos grupos derock porque não possuíam qualquerbaixo quando atuavam ao vivo. Deste modo, Manzarek tocava as seções de baixo com a sua mão esquerda no recentemente inventadoFenderRhodes bass keyboard, uma variação do conhecidopiano eléctrico Fender Rhodes, enquanto tocava as partes de teclado com a sua mão direita. Já nos álbuns de estúdio, os Doors usaram diversos baixistas, tais como Jerry Scheff, Doug Lubahn, Harvey Brooks, Kerry Magness, Lonnie Mack, Larry Knechtel, Leroy Vinegar e Ray Neapolitan.
Muitas das canções originais dos Doors eram compostas pelo grupo, com Morrison ou Krieger a contribuírem com a letra e melodia inicial, e os restantes com as sugestões rítmicas e harmônicas ou até seções inteiras (por exemplo, a introdução de Manzarek em "Light My Fire").
Em 1966, o grupo tocava no clube The London Fog, tendo, pouco tempo depois, passado para oWhisky a Go Go.[13] A 10 de agosto, foram vistos pelo presidente daElektra Records, Jac Holzman, que se encontrava presente sob recomendação deArthur Lee, vocalista doLove, que estava ligado à Elektra. Após Holzman e o produtorPaul A. Rothchild verem duas performances da banda no Whisky a Go Go, os Doors assinaram contrato com a Elektra Records a 18 de agosto,[9] tendo iniciado aí a longa e bem-sucedida parceria com Rothchild e oengenheiro de som Bruce Botnick.
A hora foi fortuita, pois, a 21 de agosto, o clube despediu a banda após tocarem a canção "The End". Num incidente que serviu de presságio para a polémica que seguiria o grupo, um Morrison sob o efeito dedrogas recitou a sua própria interpretação do dramagrego "Oedipus Rex", no qual o protagonista Oedipus mata o seu pai e faz sexo com a sua mãe. A versão de Morrison consistia em "Father? Yes son? I want to kill you. Mother? I want to fuck you" (empt: "Pai? Sim, filho? Eu quero matar-te. Mãe? Eu quero foder-te").[14]
The Doors, o álbum de estreia da banda, foi gravado em agosto de 1966 e lançado na primeira semana de janeiro de 1967. Incluía a maioria das principais canções das suas atuações, incluindo odrama musical de 11 minutos "The End". A banda gravou o disco em poucos dias entre finais de agosto e início de setembro, com várias canções a serem capturadas num únicotake.
Morrison e Manzarek dirigiram um filme promocional para o primeirosingle, "Break On Through",[15] o que constituiu um importante avanço para o desenvolvimento dosvídeos musicais.
Em maio do mesmo ano, os Doors fizeram a sua estreia televisiva ao gravarem uma versão de "The End" para aCBC nos estúdios de Yorkville, emToronto. Permaneceu inacessível desde a sua transmissão original até ao lançamento do DVDThe Doors Soundstage Performances em 2002.
Os Doors ganharam reputação de artistas com performances ao vivo polémicas. Com a sua presença em palco e ascalças de ganga justas, Morrison tornou-se umsex symbol, embora depressa se tenha cansado desta condição de estrela. Uma das mais míticas polêmicas ocorreu quando os censores da rede de tevêColumbia Broadcasting System (CBS) exigiram que Morrison mudasse a letra de "Light My Fire" através da alteração do verso "Girl, we couldn't get much higher", antes de a banda tocá-la ao vivo a 17 de setembro de 1967, noEd Sullivan Show. O verso foi trocado para "Girl, we couldn't get much better". Contudo, Morrison cantou o verso original, e, pelo facto de ter sido transmitidoem direto sem atraso, a CBS não pôde fazer nada para o travar. Furioso,Ed Sullivan recusou-se a cumprimentar os membros da banda, e nunca mais voltaram a ser convidados para atuar no programa. De acordo com Manzarek, a banda foi informada que nunca mais tocaria no Ed Sullivan Show novamente. Sobre o assunto, Morrison disse, "E daí? Nós já tocamos no Ed Sullivan Show".[17] Na época, uma aparição nesse programa era considerada um grande impulso para o sucesso. Manzarek afirma que a banda concordou com o produtor de antemão, mas não tinha qualquer intenção em mudar o verso. Nesta altura, também tocaram um novosingle, "People Are Strange", para o "DJ Murray The K's TV show" a 22 de setembro.
Morrison cimentou o seu estatuto derebelde a 10 de dezembro quando foi preso emNew Haven,Connecticut, por insultar a polícia perante a audiência. Morrison afirmou que havia sido atacado comspray por um agente após ter sido apanhado nos bastidores com uma rapariga.
A 24 de dezembro, os Doors gravaram "Light My Fire" e "Moonlight Drive" ao vivo para o "Jonathan Winters". Entre 26 e 28 de dezembro, o grupo atuou no "Winterland Ballroom" emSan Francisco. Num excerto retirado do livro de Stephen Davis sobre Jim Morrison, pode-se ler:[18]
“
Na noite seguinte em Winterland, uma TV foi colocada em palco durante a actuação dos Doors para que estes pudessem ver a sua própria performance no Jonathan Winters Show. Eles pararam de tocar a "Back Door Man" quando a sua canção começou a dar. O público assistiu aos Doors a verem-se na TV. Continuaram o concerto quando a sua parte no programa tinha acabado, tendo Ray desligado a TV. A noite seguinte seria a última de sempre em Winterland.
”
Após isto, atuaram em Denver a 30 e 31 de dezembro, e terminaram quase um ano de constante digressão.
Em Outubro de 1967, foi lançado o segundo trabalho dos Doors, intituladoStrange Days e considerado menos espontâneo que seu antecessor, ainda que tenha também ficado creditado pela sua atmosfera e letras. A faixa final, "When the Music's Over", era, tal como "The End", longa e dramática, e contribuiu para aumentar a reputação de Morrison como figura dorock. O álbum incluiu canções clássicas dos Doors como "People Are Strange" e "Love Me Two Times".
Como resultado do seu sucesso, os Doors deixaram o seu estatuto de heróis dounderground. Permitiram que a revistaSixteen os usasse como ídolos de adolescentes e as suas "espontâneas" performances em palco deixaram de ser tão espontâneas. Um artigo de Jerry Hopkins da edição de 10 de fevereiro de 1968 daRolling Stone tipificou o fim do estado de graça:
“
Uma rotina, ou parte do negócio, não realizada noShrine foi a cuidadosamente executada queda 'acidental' de Morrison do palco para o público. Durante meses, fez parte dos espetáculos e gerava muitos gritos por parte das adolescentes. No entanto, surgiu uma análise num jornal no qual a queda era considerada um dos atos mais falsos de sempre. Morrison, em resposta a uma pergunta sobre se ele tinha lido o artigo, disse 'Sim, e penso que está correto.' Morrison não fez a queda nessa noite em Shrine.
”
Waiting for the Sun e o incidente de Miami (1968-1969)
The Doors realizando performance para a televisãodinamarquesa em 1968
Em abril, a gravação do terceiro álbum ficou marcada pela tensão resultante da crescente dependência de Morrison peloálcool. Em aproximação do seu pico de popularidade, os Doors realizaram uma série de espetáculos ao ar livre que levaram a várias situações descontroladas entre fãs e polícia, particularmente no "Chicago Coliseum" a 10 de maio.[19]
A banda começou a sair do seu som original no terceiro LP,Waiting for the Sun, principalmente pelo facto de terem esgotado o seu reportório original e começado a escrever novo material. Tornou-se o seu primeiro e único LP a chegar ao primeiro lugar daBillboard 200[20] e osingle "Hello, I Love You" foi o seu segundo e último a atingir o primeiro lugar noBillboard Hot 100. Este novo álbum reforçou o afastamento dos Doors do panoramaunderground. Em 1969, na Rock Encyclopedia, Lilian Roxon escreveu que o álbum "fortaleceu as suspeitas de que os The Doors apenas estavam lá pelo dinheiro".[21] O LP incluiu "The Unknown Soldier", que foi banida das rádios pela sua controversa letra. Nesta fase, o grupo realizou outro vídeo musical.[22] "Not to Touch the Earth" foi retirada da peça conceitual de 30 minutos "Celebration of the Lizard", embora não tenham conseguido gravar uma versão satisfatória da peça completa para o LP. Foi eventualmente lançada numa compilação de maiores êxitos, em CD.
Houve uma controvérsia nesta altura por causa do lançamento dosingle "Hello, I Love You", com a imprensa musical a apontar parecenças musicais da canção com o sucesso de 1965 dosThe Kinks, "All Day and All of the Night". Os membros desse grupo concordaram com os críticos e, de forma sarcástica, o guitarristaDave Davies costumava tocar partes de "Hello, I Love You" durante os solos em performance ao vivo de "All Day and All of the Night".[23] Nos concertos, Morrison, por vezes, não cantava a canção, deixando para Manzarek essa tarefa.
Um mês após as tumultuosas cenas de "Singer Bowl" emNova Iorque,o grupo viajou para oReino Unido para as suas primeiras atuações fora daAmérica do Norte. Realizaram uma conferência de imprensa no Instituto de Artes Contemporâneas emLondres e atuaram no The Roundhouse Theatre. Os resultados da digressão foram gravados pela Granada TV com o títuloThe Doors Are Open, que foi mais tarde lançado em vídeo. Também fizeram espetáculos noutros locais da Europa, incluindo um show emAmesterdão sem Morrison, após este ter perdido os sentidos devido a abuso de drogas. Morrison regressou a Londres a 20 de Setembro e permaneceu lá durante um mês.
O grupo realizou mais nove concertos nos Estados Unidos antes de começarem a trabalhar, em Novembro, no seu quarto LP. O ano de 1969 começou com um espetáculo completamente esgotado noMadison Square Garden em Nova Iorque a 24 de Janeiro[24] e com novo single bem sucedido, "Touch Me", lançado em Dezembro de 1968, que chegou ao terceiro lugar nos EUA.
Em Janeiro de 1969, Morrison participou numa produção de teatro que mudou o curso da banda. No auditório da Universidade do Sul daCalifórnia, ele fez uma atuação que apelava à sua busca pela liberdade pessoal. Isto resultou numa "jam" em estúdio a 25 de Fevereiro, que se tornou na lendária sessão "Rock Is Dead", mais tarde lançada no box-set dos Doors de 1997. Serviu também de base para um episódio controverso e muito badalado.
O incidente de Miami ocorreu a 1 de Março de 1969, num concerto no "Dinner Key Auditorium" emMiami,Flórida. Morrison tinha estado a beber desde que tinha falhado o seu voo para o concerto.[25] Os 6 900 lugares do auditório estavam completamente lotados, havendo a estimativa de se encontrarem 13 000 pessoas.[25] Então Morrison vociferou para o microfone: "O que quer que tu queiras, vamos fazê-lo". Dito isto, alegadamente, expôs as suas partes íntimas. Na sua autobiografia, Manzarek afirma que tal nunca aconteceu.
“
Essa é a minha opinião. Havia uma hipnotização geral. Ele [Morrison] disse-lhes que o ia mostrar e, meu Deus, eles acreditaram. Ele estava a segurar a sua camisola à sua frente, puxando-a rapidamente para a frente e para trás, para a frente e para trás, como um toureiro, enquanto dizia, "Vocês viram? Vocês viram? Eu mostrei-vos! Ele saiu. Eu não o vou deixar de fora. Agora vejam, vou fazê-lo novamente." E ele voltaria a mexer para a frente e para trás a camisola. Estava calor e havia demasiada gente no local, e as pessoas estavam a ficar loucas, gritando, rodando e puxando este frágil palco temporário. Pensámos que ia desabar — eventualmente parte dele caiu. Foi a insanidade total.
”
O incidente indignou as autoridades locais e Morrison foi preso por obscenidade. Concertos por todo o país foram cancelados. "Nós tínhamos a nossa primeira grande digressão a vinte cidades programada, e estávamos todos apreensivos por isso," escreveu Manzarek. "Vinte cidades? Meu Deus, nós vamos fazer uma digressão de um mês? Até então, nós não tínhamos estado na estrada por mais de quatro ou cinco dias. Mas todas as cidades cancelaram, por todo o país."
A banda confrontou nesta altura Morrison por causa do seu alcoolismo. O incidente permanece inconclusivo.
Morrison gravou alguma da sua poesia nesse mês e em abril começou as filmagens paraHWY, um filme experimental sobre um viajante à boleia, interpretado por ele próprio. Os Doors transformaram a sessão de poesia em música para o álbum de 1978An American Prayer.
Embora Morrison recebesse grande parte da atenção, tendo uma maior imagem na capa do álbum de estreia do grupo, ele mantinha-se inflexível de que todos os membros da banda deviam ser igualmente reconhecidos. Antes de um concerto, quando o apresentador introduziu o grupo como "Jim Morrison and The Doors", Morrison recusou-se a entrar em palco enquanto o grupo não fosse anunciado novamente como "The Doors".[26]
Nos últimos dois anos da sua vida, Morrison reduziu o seu consumo de drogas e começou a beber bastante, o que afetou as suas performances em palco e no estúdio. Ganhou peso e deixou crescer barba, levando a Elektra a usar fotos mais antigas para a capa do LPAbsolutely Live, lançado em 1970. O álbum inclui atuações gravadas durante a digressão norte-americana dos Doors em 1970 e em 1969, e inclui uma versão completa ao vivo da canção "The Celebration of the Lizard".
A única aparência em público foi numa gravação especial para aPBS feita em finais de Abril e transmitida no mês seguinte. O grupo tocou apenas canções do seu álbum seguinte,Soft Parade.
Os Doors continuaram os espetáculos no auditório deChicago a 14 de Junho e atuaram a 21 e 22 de Julho no "Aquarius Theatre" emHollywood, tendo sido mais tarde lançado em CD. Morrison, com barba, vestiu roupas mais largas e dirigiu o grupo, através de canções como "Build Me A Woman", "I Will Never Be Untrue" e "Who Do You Love".
O seu quarto álbum,The Soft Parade, lançado em julho de 1969, distanciou mais o grupo da sua base de fãs original, contendo arranjos maispop e seções detrompetes. O primeirosingle, "Touch Me", teve colaboração dosaxofonista Curtis Amy.[27]
Enquanto a banda tentava manter o seu ímpeto, as tentativas para expandir o seu som deram, ao álbum, um sentidoexperimental, originando críticas à sua integridade musical. Osproblemas de bebida de Morrison tornavam-no imprevisível, e as sessões de gravação estenderam-se por várias semanas. Os custos de gravação dispararam, o que levou quase à desintegração dos Doors.
Durante a gravação do seu álbum seguinte, em Novembro de 1969, Morrison teve problemas com as autoridades após ter agido com agressividade contra o pessoal do avião enquanto se dirigia paraPhoenix, noArizona, para assistir a um concerto dosThe Rolling Stones. Foi libertado em Abril de 1970 após um guarda ter erradamente identificado Morrison como seu companheiro de viagem, o ator norte-americano Tom Baker.[28]
O grupo iniciou o ano em Nova Iorque com duas bem recebidas noites no "The Felt Forum".
Os Doors regressaram ao sucesso em 1970 com o seu quinto LP,Morrison Hotel. Com um somhard rock consistente, o primeirosingle do álbum foi "Roadhouse Blues", tendo este atingido o 4º lugar nos Estados Unidos.
A banda continuou a atuar em arenas durante o verão. Morrison enfrentou um julgamento em Miami em agosto, mas o grupo ainda conseguiu fazer a sua única participação num grande festival, oFestival da Ilha de Wight, a 29 de Agosto.[29] Atuaram juntamente com artistas comoJimi Hendrix,The Who,Joni Mitchell eMiles Davis. Duas canções desse concerto, "The End" e "When the music is over", foram inseridas no documentário de 1995Message To Love.
Durante a última performance pública dos Doors com o alinhamento original, na "Warehouse" emNova Orleães, naLouisiana, a 12 de Dezembro de 1970, Morrison aparentemente teve um colapso nervoso, tendo deixado cair por várias vezes o microfone ao chão.[31]
De qualquer forma, os Doors recuperaram definitivamente, nesta altura, o estatuto que haviam perdido nos registros anteriores (excetoMorrison Hotel) comL.A. Woman, lançado em Abril de 1971. Apesar da saída de Rothchild da produção, este álbum regressava às origensR&B da banda. Rothchild recusou-se a produzir o novo reportório por o considerar "música cocktail", tendo entregue o trabalho a Botnick.[29] Como resultado desta mudança, os Doors produziram aquele que é considerado um dos seus registros mais históricos. Os singles "Love Her Madly" e "Riders on the Storm" tiveram sucesso nas rádios e nos tops norte-americanos, e ainda hoje em dia passam com regularidade nas programações de rádio.
Em 1971, após a gravação deL.A. Woman, Morrison decidiu parar algum tempo para descansar e partiu paraParis com a namorada, Pamela Courson, a 11 de Março.[32] Ele havia visitado a cidade no Verão anterior e sentia-se confiante em escrever e explorar aquele local.[32]
Em Junho, voltava a ter problemas de álcool. A 16 de Junho, a última gravação conhecida de Morrison foi feita quando ele travou amizade com dois músicos de rua num bar e convidou-os para ir a um estúdio. Os resultados foram lançados em 1994 num "bootleg CD" designadoThe Lost Paris Tapes.
Morrison morreu em circunstâncias misteriosas a 3 de Julho de 1971. O seu corpo foi encontrado na banheira do seu apartamento. Foi concluído que morreu de ataque cardíaco, embora tenha sido revelado mais tarde que não foi realizada qualquer autópsia antes de o corpo de Morrison ter sido enterrado no Cemitério dePère Lachaise a 7 de Julho.[33]
Ainda existem rumores persistentes de que Morrison simulou a sua morte para escapar à fama ou que morreu num clube noturno e o seu corpo foi então levado secretamente para o seu apartamento. Contudo, no seu livroWonderland Avenue, Danny Sugerman, antigomanager de Morrison, afirma que, durante o seu último encontro com Courson, que ocorreu pouco tempo antes de ela morrer deoverdose de heroína, esta confessou ter feito Morrison entrar na droga e, por causa dele ter medo de agulhas, foi ela que lhe injetou a dose que o matou.[33]
Os restantes membros dos Doors continuaram durante mais algum tempo a actuar, considerando inicialmente em substituir Morrison com novo vocalista. Chegou-se a afirmar queIggy Pop era um dos cantores considerados para a possível entrada. No entanto, Krieger e Manzarek ficaram com os vocais, lançando mais dois álbuns,Other Voices eFull Circle, e partiram em mais uma digressão. Ambos os álbuns venderam menos que os registros da era Morrison, e por isso os Doors pararam as atuações e as gravações no final de 1972. O último álbum entrou no território dojazz. Os álbuns só foram relançados em CD naAlemanha eRússia, num pacote 2 em 1.
O terceiro álbum lançado após a morte de Morrison,An American Prayer, surgiu em 1978. Este consistiu na adição de música às recentemente descobertas gravações de recitação de poesia por parte de Morrison, constituindo assim os primeiros registros a serem lançados postumamente. O álbum foi um sucesso comercial e foi sucedido pelo lançamento de um mini-álbum com material ao vivo inédito.
Em 1979,Francis Ford Coppola, que estudou com Morrison na UCLA, lançou o filmeApocalypse Now, com "The End" a ter destaque na banda sonora. Quatro anos depois, foi lançada uma apresentação ao vivo sob o título deAlive, She Cried.
Em 1991, o realizadorOliver Stone lançou o filmeThe Doors, comVal Kilmer no papel de Morrison e presenças especiais de Krieger e Densmore. A interpretação de Kilmer e o próprio filme foram bem acolhidos pela crítica, apesar das suas imprecisões. Os membros do grupo, no entanto, criticaram o retrato feito por Stone sobre Morrison, que fazia-o passar por umsociopata descontrolado. O cantorBilly Idol fez uma aparição no filme e gravou umacover de "L.A. Woman". Em Janeiro de 1993, o grupo foi introduzido noRock and Roll Hall of Fame.[34] Durante a apresentação, contaram com a presença deEddie Vedder,vocalista doPearl Jam, para cantar "Light My Fire" e "Break on Through".[35]
Robby Krieger, guitarrista do The Doors, em um dos recentes reencontros da banda
Em 2001, Ray Manzarek, John Densmore e Robby Krieger reuniram-se pela primeira vez em mais de vinte e cinco anos para tocar canções dos The Doors como parte da sérieVH1 Storytellers. A cantar com a banda estiveram vários vocalistas convidados, incluindoIan Astbury doThe Cult,Scott Stapp doCreed,Scott Weiland doStone Temple Pilots,Perry Farrell doJane's Addiction e Travis Meeks doDays of the New. O espetáculo foi mais tarde lançado no DVDVH1 Storytellers - The Doors (A Celebration).
Em 2002, Manzarek e Krieger voltaram a juntar-se e criaram uma nova versão dos Doors, designada "The Doors of the 21st Century." O alinhamento era liderado por Astbury, com Angelo Barbera daKrieger's Band no baixo. No seu primeiro concerto, o grupo anunciou que o baterista John Densmore não participaria, e mais tarde foi reportado que não podia tocar devido a um problema detinnitus. Densmore foi inicialmente substituído porStewart Copeland doThe Police, mas após Copeland partir o braço numa queda de bicicleta, a parceria acabou por mútuo acordo, e entrou Ty Dennis, daKrieger's Band.
Densmore afirmou mais tarde que não tinha sido afinal convidado para fazer parte da reunião. Em Fevereiro de 2003, ele procede a uma ação judicial contra os seus antigos companheiros de banda, para evitar que estes usassem o nome "The Doors of the 21st Century." A sua moção foi recusada em tribunal em maio. Manzarek afirmou publicamente que o convite para Densmore regressar ao grupo mantinha-se firme. Nesta altura, a família de Morrison juntou-se a Densmore na tentativa de evitar que Manzarek e Krieger usassem o nome "The Doors". Em julho de 2005, Densmore e os representantes de Morrison ganharam uma ação judicial permanente, obrigando a nova banda a mudar o nome para "D21C." Atualmente tocam sob a designaçãoRiders on the Storm, em referência à canção da banda com o mesmo nome. Também foram autorizados a atuarem como "antigos membros do Doors" ou até "membros do The Doors."[36]
Ray Manzarek afirmou uma vez: "Estamos todos a ficar velhos. Nós devíamos, os três, tocar essas canções porque o fim está sempre próximo. Morrison era um poeta e, acima de tudo, um poeta quer que as suas palavras sejam ouvidas". No entanto, em 2007, Densmore afirmou que só entraria no grupo caso o vocalista escolhido fosse "desse nível" de Jim Morrison, comoEddie Vedder doPearl Jam.[37]
Quando Jim Morrison foi questionado pelo que é que ele gostava que fosse mais lembrado, respondeu: "As minhas palavras, meu, as minhas palavras."[38] Morrison disse, ainda: "Eu gosto de qualquer reação que se possa ter com a minha música. Qualquer coisa que ponha as pessoas a pensar. Eu quero dizer que, se conseguires pôr uma sala cheia de gente pedrada e bêbada a refletir e a pensar, então estás a fazer algo."
Em 2004, aRolling Stone colocou o Doors[39] no 41º posto na sua lista dos100 Maiores Artistas de Todos os Tempos.[40] No ano anterior, já havia considerado os álbunsThe Doors,L.A. Woman eStrange Days os 42º, 362º e 407ºmelhores álbuns de sempre, respectivamente.[41] Já as canções "Light My Fire" e "The End", ambas do primeiro álbum do grupo, foram consideradas, respectivamente, as 35ª e 328ªmelhores canções de sempre.[42]
Bastante atividade foi anunciada em 2006 por ocasião do 40º aniversário do álbum homónimo de estreia da banda. Para comemorar a efeméride, saiu mais umbox-set com os seis primeiros álbuns de estúdio, o livro "The Doors by The Doors" e foi anunciado o início da produção de um documentário oficial sobre o grupo.[43]
The Doors lançou nove álbuns de estúdio,[49] sendo três destes após a morte deJim Morrison. Além destes, a banda possui inúmeros singles, compilações e apresentações ao vivo.[49]
Também já protagonizou uma única vez, um comercial, daPirelli naInglaterra, já que é política da banda, particularmente de Densmore, não ceder as canções da banda para campanhas publicitárias, tendo já inclusive recusado ofertas milionárias daApple Inc. eCadillac[50][51] com a justificativa de ser antiético para o legado do grupo e para a memória de Jim Morrison.[50]
“
As pessoas perderam a suavirgindade com esta música, ficaram chapadas pela primeira vez com esta música. Já ouvi pessoas dizerem que morreram miúdos noVietname a ouvirem esta música, outras a afirmarem que conhecem alguém que não cometeu suicídio por causa desta música…. Em palco, quando tocávamos aquelas canções, elas pareciam misteriosas e mágicas. Isso não está à venda.[52]
Além disso, um trecho de "Soul Kitchen" foi adaptado em uma canção de Imani Coppola intitulada "I'm a Tree", presente na trilha sonora deAlguém Como Você eVirtual Sexuality.
As letras negras do grupo, compostas na sua maioria porJim Morrison, afastam-se em boa medida das convencionadas pelapop da época. Nos primeiros discos (The Doors eStrange Days), os elementos visionários próprios da música psicodélica surgem expressos em imagens inspiradas na tradiçãoromântica esimbolista, actualizando-a com referências aoexistencialismo e àpsicanálise.[55] De destacar também a influência dos simbolistas franceses, comoArthur Rimbaud ouCharles Baudelaire, na poesia de Morrison.[56] Nos últimos discos, em especialL.A. Woman, as letras de Morrison tornaram-se mais simples e imediatas, evoluindo assim com o som da banda em direcção ao country.[57]
Em 2007, Manzarek descreveu o som da banda como:
“
MúsicaBauhaus. É limpa, é pura. De um lado há o piano, do outro uma guitarra, a bateria no meio, um tom de baixo no fundo e o vocalista à frente e tu consegues ouvir as letras. Essa é uma das razões porque o som dos The Doors continua a ser importante hoje em dia. É claramente moderno. E era isso o que pretendíamos.[58]
Jim Morrison, com a sua atitude e presença em palco, influenciou vocalistas de vários estilos que surgiram depois de si, permanecendo um dos mais populares e influentes vocalistas e compositores da história do rock,[66] enquanto que o catálogo dos Doors tornou-se presença habitual nos programas de rock clássico das rádios.
Hoje em dia, Morrison é apresentado como o protótipo da estrelarock: arrogante,sexy, escandaloso e misterioso. As calças de ganga que usava quer em palco quer fora dele tornaram-se estereotipadas como parte do perfil de umroqueiro. Serviu de inspiração para outros vocalistas derock da época, comoRoger Daltrey (The Who) eRobert Plant (Led Zeppelin).
Instigado pelo jogador Robin Ventura, a equipa estado-unidense debasebolNew York Mets adoptou a canção "L.A. Woman" como tema tocado nos altofalantes durante os jogos, com o público a cantar a letra "Mr. Mojo Risin'" (anagrama de "Jim Morrison").[67] Em 2007, foi anunciado que uma campanha de caridade, aGlobal Cool, com vista a combater oaquecimento global, tinha encomendado uma canção a ser feita com um poema escrito por Morrison, "Woman in the Window", que será lançada no álbum de estreia dos Satellite Party,Ultra Payloaded.[68] Morrison inclusive já foi citado num trabalho preliminar para aComissão Europeia, sobretelecomunicações.[69]
MANZAREK, Ray.Light My Fire. My Life With The Doors. Berkeley: Berkeley Publishing Group.ISBN0-425-17045-4
HOPKINS, Jerry ; SUGERMAN, Danny.No One Here Gets Out Alive. Nova Iorque: Warner Books.ISBN0-446-60228-0 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
DENSMORE, John.Riders on the Storm. My Life With Jim Morrison and the Doors. [S.l.]: Delta Books.ISBN0-385-30447-1
KOLL, Thomas R.Douglas Morrison. A Priest of the Invisible. [S.l.]: edição do autor[72]
↑nome= "allmusic.com">Ruhlmann, William; Unterberger, Richie. [The Doors (em inglês) noAllMusic «The Doors - Biografia»] Verifique valor|url= (ajuda). Allmusic. Consultado em 1 de janeiro de 2010
↑«The Doors». Rolling Stone. 16 de março de 2012. Consultado em 16 de agosto de 2016