| Liberdade リベルダーデ | |
|---|---|
| Bairro de São Paulo | |
| Dia Oficial | 2o final de semana de Dezembro[1] |
| Fundação | 18 de junho de1905 (120 anos) |
| Estilo arquitetônico inicial | Arquitetura eclética eart nouveau |
| Estilo arquitetônico predominante | brutalista eorgânica (incluindo a arquitetura oriental) |
| Imigração predominante | |
| Distrito | Liberdade eSé |
| Subprefeitura | Sé |
| Região Administrativa | Centro |
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Liberdade é umbairro situado nazona central domunicípio deSão Paulo, pertencente em parte aodistrito daLiberdade e, em parte, ao distrito daSé, administrado pelaPrefeitura Regional da Sé.
A Liberdade é conhecida como um "bairro japonês", embora a presença nipônica não tenha ocorrido em todo o bairro, mas em ruas específicas. Imigrantes japoneses começaram a se estabelecer na região em 1912, vindos do interior de São Paulo, pois muitos não se adaptaram ao trabalho nas fazendas de café e passaram a buscar por melhores oportunidades na capital. Ainda hoje o bairro é famoso por seus restaurantes e comércio tipicamente japoneses, bem como pelas luminárias orientais e letreiros em japonês.[2]
Atualmente, a maioria dos japoneses e descendentes já não reside no bairro, mantendo apenas seus estabelecimentos comerciais na região. Com a saída dos japoneses, a região passou a receber muitos imigrantes chineses e coreanos.[3]
Noséculo XIX, o bairro era conhecido como Bairro da Pólvora, em referência à Casa da Pólvora, construída em 1754, no largo da Pólvora. Era uma regiãoperiférica da cidade, e ficava no caminho entre oCentro da cidade de São Paulo e oentão município de Santo Amaro (1832-1935). No bairro, se localizava o Largo da Forca, assim nomeado em função da presença de umaforca, que era utilizada para a execução dapena de morte.[4] A forca havia sido transferida da rua Tabatinguera, em 1604, a pedido dos religiosos doConvento do Carmo, e funcionou até 1870. A partir de então, o largo passou a se chamar Largo da Liberdade, e o nome se estendeu a todo o bairro.
Existem duas versões para a adoção do nome "Liberdade"ː uma diz que é uma referência a um levante de soldados que reivindicavam o aumento de seus salários à coroa portuguesa em 1821, e que teria resultado no enforcamento dos soldados Chaguinhas e Cotindiba.[5] O público que acompanhava a execução, ao ver que as cordas que prendiam Chaguinhas arrebentaram várias vezes, teria começado a gritar "liberdade, liberdade".[6] Outra versão diz que o nome Liberdade é uma referência àabolição da escravidão.[7][8][9]
No final do século XIX e início do século XX, a região começou a ser urbanizada e loteada. Inicialmente, o bairro foi ocupado por imigrantes europeus, especialmenteportugueses eitalianos construíramsobrados que, com o tempo, virarampensões erepúblicas que seriam habitadas, nas primeiras décadas do século XX, por imigrantes japoneses.[7][10] No entanto, a partir da década de 1910, a chegada de imigrantes japoneses transformou a Liberdade em um reduto da cultura nipônica. A Rua Conde de Sarzedas, por exemplo, foi um dos primeiros locais a receber essa comunidade, que trouxe consigo suas tradições, comércio e gastronomia.[11]
Em 1908, desembarcou noPorto de Santos o primeiro grupo de japoneses, destinados a trabalhar como colonos nas fazendas de café do interior do estado de São Paulo. Nos anos seguintes, novas levas de japoneses continuaram a chegar. Alguns japoneses, porém, não se adaptaram ao trabalho nas fazendas de café, porque ganhavam mal, já outros porque não eram agricultores.[12] Assim, grupos de japoneses foram saindo do interior do estado e se mudando para a cidade de São Paulo. Em 1912, os primeiros japoneses estabeleceram-se no bairro da Liberdade e foram seguidos por muitos outros.[13] A preferência pela Liberdade ocorreu principalmente porque na região havia moradias a custo relativamente baixo, havendo também a possibilidade de sublocação das casas para terceiros, o que barateava os gastos. A região também era bem localizada, facilitando o acesso rápido à região central da cidade, onde os japoneses podiam procurar emprego, bem como ter acesso a meios de transporte para regiões mais afastadas do centro.[14] Em 1915, moravam na região 300 japoneses e, no mesmo ano, foi fundada a primeira escola nipônica, chamada Taisho Shogakko (Escola Primária Taisho), para educar os filhos dos imigrantes.[15]
Os japoneses não se estabeleceram em todo o bairro, mas concentraram-se nas porções central e norte, principalmente nas ruas Conde de Sarzedas, Galvão Bueno, Tabatinguera, Conde de Pinhal, Tomás de Lima (2 quarteirões), Conselheiro Furtado (2 quarteirões), Irmã Simpliciana, Estudantes, Glória, Carolina Augusta, OliveiraMonteiro, João Carvalho e São Paulo.[14]
Foi particularmente na rua Conde de Sarzedas que os japoneses mais se concentraram. No início do século XX, nos porões das casas começaram a surgir as primeiras barbearias e restaurantes de comida japonesa.[14] Na mesma época, começaram a surgir atividades comerciais ligadas à cultura japonesa: uma casa que fabricava tofu (queijo de soja), outra que fabricava manju (doce japonês). Assim, a rua Conde de Sarzedas passou a ser conhecida como "rua dos japoneses". Em 1932, cerca de 2 mil japoneses moravam na cidade de São Paulo, dos quais cerca de 600 moravam na rua Conde de Sarzedas.[15]
Durante aII Guerra Mundial, a comunidade japonesa foi perseguida pela ditadura deGetúlio Vargas, sob o pretexto de proteção da "segurança nacional".[16][13][17] Em 1942, Vargas rompeu relações diplomáticas com o Japão.[15]
Na noite de 2 de fevereiro de1942, agentes policiais do DEOPS (Departamento Estadual de Ordem Pública e Social) acordaram os japoneses residentes nas ruas Conde de Sarzedas e dos Estudantes e, sem qualquer ordem judicial, avisaram que teriam que abandonar a área em 12 horas. Sem ter para onde ir, a maioria ficou. Porém, os policiais retornaram na noite de 6 de setembro, quando se deu um prazo de dez dias para que os japoneses saíssem da Liberdade. Somente com o fim da guerra, em 1945, que os japoneses puderam retornar para a Liberdade, onde reabriram seus negócios ou simplesmente voltaram a residir.[13]
Em 1953, foi inaugurado na rua Galvão Bueno um prédio de 5 andares, com salão, restaurante, hotel e uma grande sala de projeção no andar térreo, comportando 1.500 espectadores, chamada de Cine Niterói. Nesse cinema, eram exibidos semanalmente filmes produzidos no Japão, para entreter a comunidade nipônica. Assim, a rua Galvão Bueno passou a ser o centro do bairro da Liberdade, onde as características japoneses se tornaram mais evidentes.[15]
Embora muitos japoneses tenham retornado para a Liberdade com o término da evacuação da II Guerra Mundial, a partir da década de 1950, muitos outros começaram a sair novamente, sobretudo devido à ascensão social da comunidade nipônica, que passou a procurar por melhores bairros para viver. Esse êxodo foi agravado nas décadas de 1960 e 1970, devido às obras que foram realizadas na região, fazendo com que ruas fossem alargadas, bem como a construção dometrô, levando à desativação de muitos pontos comerciais. Em decorrência, muitos japoneses deixaram de morar na região, mantendo apenas seus estabelecimentos comerciais. À medida que saíam os japoneses, a região começou a ser ocupada por imigrantes chineses e coreanos, principalmente após a década de 1970.[15][14][18]
Embora muitos dos japoneses já nem morem no bairro, a Liberdade mantém a fama de ser um "bairro japonês". A região conta com lojas, restaurantes e bares orientais, além de ser utilizada como palco para manifestações culturais, como danças folclóricas japonesas e exibições de filmes nipônicos.[15][14] O bairro é classificado pelo CRECI como "Zona de Valor D", assim como outros bairros da capital:Casa Verde,Carandiru eBrás.[19]
O bairro da Liberdade é celebrado anualmente no segundo final de semana de dezembro, no Toyo Matsuri. A festa segue a tradição com atrações artísticas, entre elas a dança do dragão, shows de taiko e cosplay.[1]
No bairro também está localizada a Capela dos Aflitos, construída em 1779. O local foi parte do Cemitério dos Aflitos, onde eram enterrados escravizados, indigentes e condenados à forca. A capela está deteriorada e uma autorização para sua restauração foi emitida, mas a obra ainda enfrenta desafios financeiros e legais.[20]
Segundo os defensores dessa iniciativa, a restauração daCapela dos Aflitos e a construção de um Memorial visariam resgatar a memória da presença de negros na região.[21][22] Em 2022, a construção do Memorial foi anunciada peloJornal Nacional.[23][24]
O bairro é um dos principais polos culturais de São Paulo.[25] Suas ruas são decoradas com lanternas típicas japonesas, e o bairro abriga eventos tradicionais, como o Festival das Estrelas (Tanabata Matsuri) e o Ano Novo Chinês, que atraem milhares de visitantes todos os anos.[26] A Feira da Liberdade, realizada aos finais de semana, é um dos pontos turísticos mais famosos, oferecendo artesanato, comidas típicas e apresentações culturais. Entre os marcos culturais do bairro estão oMuseu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, localizado no prédio da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, e oTemplo Busshinji, um templo budista que oferece atividades e cerimônias abertas ao público. Além disso, o bairro é conhecido por sua rica gastronomia, com restaurantes que oferecem pratos típicos japoneses, chineses e coreanos.[26]
A Liberdade está bem servida na área da saúde, com hospitais de referência como oHospital Beneficência Portuguesa, oHospital Alemão Oswaldo Cruz e oHospital Santa Catarina, localizados nas proximidades. Além disso, o bairro conta com clínicas, laboratórios e farmácias que atendem às necessidades da população local.[26]
Possui fácil acesso a importantes vias, como a Avenida Liberdade e a Rua Vergueiro. A presença da Estação Liberdade da Linha 1-Azul do Metrô facilita o deslocamento para outras regiões da cidade. O transporte público é complementado por diversas linhas de ônibus que atendem ao bairro e arredores. Localizado no distrito homônimo e na Sé, possui um dos melhores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade de São Paulo.[26] O IDH elevado reflete a qualidade de vida dos moradores, com destaque para a infraestrutura urbana, educação e acesso à saúde.[27]
Em 27 de outubro de 2025, foi eleito um dos 25 melhores destinos turísticos do mundo pelo guia de viagens Lonely Planet.[28]
Em março de 2025, a Prefeitura de São Paulo lançou um projeto de requalificação urbana no bairro. O plano prevê intervenções em vias movimentadas como a Rua dos Estudantes, o Beco dos Aflitos, a Praça da Liberdade-África-Japão e a Rua Galvão Bueno, com o objetivo de ampliar calçadas, melhorar a acessibilidade e reforçar o caráter turístico da região.[29] Entre as principais ações está a requalificação da Rua dos Estudantes, no trecho entre a Avenida da Liberdade e a Rua da Glória, que terá calçadas ampliadas, jardins de chuva, novas árvores, bancos e lixeiras, promovendo mais conforto e segurança para pedestres e visitantes.[30] O projeto também prevê a construção de uma esplanada com teatro, área comercial e memorial étnico-cultural, buscando valorizar a história plural do bairro, que remonta ao século XVIII e inclui a presença de negros, indígenas e imigrantes.[31] A proposta, que está em fase de consulta pública, tem previsão de duração de cinco anos para as obras e busca contemplar a diversidade do bairro, indo além da tradicional arquitetura japonesa para incluir referências a outras comunidades que ajudaram a construir a identidade da Liberdade.[32]
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