O envolvimento político de Bush começou com o casamento. Ela realizou campanhas para a candidatura malsucedida de seu marido, em 1978, para oCongresso norte-americano e depois, sua bem-sucedida campanha governamental noTexas. Comoprimeira-dama do Texas, Bush implementou várias iniciativas focadas nasaúde,educação, ealfabetização. Em1999, auxiliou seu marido na candidatura para apresidência dos Estados Unidos em uma série de maneiras, mais notavelmente dando um discurso na Convenção Nacional Republicana de 2000; isto a fez ganhar atenção nacional. Tornou-se primeira-dama após seu marido ter derrotado odemocrataAl Gore naseleições presidenciais de 2000.
Eleita pela Gallup como uma dasmais populares primeiras-damas,[2] Laura Bush esteve envolvida em tópicos ambos a níveis nacionais e globais durante seu mandato. Continuou seu interesse emeducação ealfabetização, estabelecendo o anual Festival Nacional do Livro em2001 e encorajando a educação em uma escala mundial. Também progrediu nas causas das mulheres através da campanhaThe Heart Truth eSusan G. Komen for the Cure. Representou osEstados Unidos durante suas viagens ao exterior do país, nas quais tendeu a centrar-se na sensibilização daSIDA e damalária.[3]
Laura Lane Welch nasceu emMidland, cidade de porte médio na zonapetrolífera doTexas, sendo filha única de Harold Bruce Welch (1912—1995), proprietário de uma firma de construção, e de sua esposa Jenna Louise Hawkins (1919—2019).[4] Os seus familiares eram conservadores e aderentes doPartido Democrata, assim como a maioria dos eleitores do estado à época. Ela criou-se em sua cidade natal e frequentou o mesmo ginásio (junior high school) que seu futuro marido sem jamais conhecê-lo, e o mesmo colégio, aRobert E. Lee High School, queTommy Franks, que eventualmente comandaria a invasão doIraque.
A6 de novembro de1963, dois dias após completar os dezessete anos, Bush (à época Laura Welch) estava no volante de seusedanChevrolet, com sua amiga Judy Dyke. Pouco depois das 20 horas, em uma noite de tempo claro, chegou ao cruzamento das rodovias US 349 e Texas Farm Road 868.[5] Bush desobedeceu ao sinal de "PARE" lá presente, consequentemente causando uma colisão com um sedan modelo Chevrolet Corsair, que por uma estranha coincidência, era conduzido por seu colega e reputado ex-namorado, Michael Dutton Douglas, também de dezessete anos. Welch e Dyke sofreram leves ferimentos; Douglas foi pronunciado morto ao chegar ao hospital.[6] Bush não foi multada nem sofreu nenhuma sanção criminal por sua responsabilidade no acidente. Em Maio de2000, umaficha de ocorrência detalhando o acidente foi liberada ao público.
Bush frequentou aUniversidade Metodista Meridional (Southern Methodist University) emDallas, Texas, afiliando-se à sororidade Kappa Alpha Theta. Formou-se em magistério em1968. Após a graduação, lecionou na Longfellow Elementary School, escola pública de ensino fundamental em Dallas até1969, quando transferiu-se à John F. Kennedy Elementary School, outra escola pública, emHouston, Texas, onde permaneceu até1972. Em seguida, havendo decidido trocar sua profissão, cursou omestrado embiblioteconomia naUniversidade do Texas emAustin, formando-se em1973. Depois, iniciou sua nova carreira em Kashmere Gardens, um pequeno ramo da biblioteca pública de Houston. Após um breve período, mudou-se de volta a Austin, onde foi bibliotecária em uma escola pública, a Dawson Elementary School, até1977.
Laura Bush com seu marido e filhas, Barbara e Jenna, Kennebunkport, Maine, 1990
Já com trinta anos, Laura Welch passara por vários namorados sem ter um relacionamento duradouro. Isso mudou quando amigos em comum de Laura Welch e George W. Bush organizaram um churrasco em sua casa com o intento de apresentá-los mutuamente. O plano teve êxito, pois apenas três meses mais tarde, a 5 de Novembro de 1977, o casal viria a contrair matrimônio em uma simples cerimônia em Midland, onde passaram a residir em seguida, mudando-se mais tarde para Dallas.[7]
Em1981, Laura Bush deu à luz filhas gêmeas, Barbara eJenna. O casal optou por não voltar a ter filhos. Após seu casamento, Laura Bush abandonou a carreira educacional, mas serviu como voluntária em certas organizações, tais como as bibliotecas públicas deMidland eDallas, e a escola primária frequentada por suas filhas.[8]
Seguindo uma tradição centenária, o clã dos Bush se reúne várias vezes ao ano emKennebunkport, noMaine, na sua extensa propriedade à beira-mar.
Laura Bush sempre foi útil durante as várias campanhas políticas de George W. Bush pela sua aparência séria e comedida. A história propagada durante essas campanhas relata que foi por seu mérito o suposto amadurecimento emocional de seu marido durante a década de 1980, inclusive o fato de ele ter deixado oficialmente de consumir bebidas alcoólicas. Seja como for, Laura Bush parece ser incapaz de largar o seu próprio vício, que a acompanha desde a juventude, o de fumar cigarros constantemente.
Em janeiro de1995, Laura Bush tornou-se aprimeira-dama doTexas, seu marido havendo sido eleito governador daquele estado no novembro anterior. Ela exerceu essa função até dezembro de2000 quando, após a caótica e controversaeleição presidencial de 2000 ser decidida a seu favor pelaSuprema Corte, George W. Bush renunciou ao cargo de governador para assumir a presidência.
Laura Bush, talvez por preferência de seu marido, foi uma primeira-dama inconspícua. Ela deu seu apoio a causas beneficentes como o bem-estar de crianças desprivilegiadas e o combate aoanalfabetismo, mas jamais organizou umbaile ou recepção formal.[9]
George W. Bush assumiu o cargo de presidente dos EUA a 20 de janeiro de 2001. A disputa eleitoral dos meses anteriores causara tal rancor que, por questões de segurança, a cerimônia de posse teve de ser abreviada; o casal Bush absteve-se da tradicional caminhada pelaAvenida Pensilvânia, e alimusine presidencial foi alvejada inúmeras vezes com entulho e gelo, que se formara naquele dia frio.
Durante o primeiro mandato de seu marido, Laura Bush foi notavelmente menos proeminente em seu papel de primeira-dama que muitas de suas antecessoras. O contraste se tornou especialmente visível quando ela foi comparada aHillary Clinton, a ocupante prévia da função. Clinton, ao contrário, de Bush, exerceu uma influência significativa sobre as decisões políticas deseu esposo. Simpatizantes políticos de George W. Bush, talvez por aversão aofeminismo, veem positivamente o papel diminuído da primeira-dama. Por outro lado, críticos opinam que Laura Bush haja deixado de avançar a imagem da primeira-dama em uma direção mais moderna.
Ao invés, Laura Bush tem dedicado-se às mesmas causas tradicionais que apoiara no Texas: patrocinou o primeiro Festival Nacional do Livro, e pronunciou-se a favor da melhoria da saúde feminina no país. Após oseventos de 11 de Setembro de 2001, Bush procurou mitigar os efeitos emocionais sobre as crianças, aconselhando os seus pais que não as permitissem assistir repetidamente as imagens chocantes do atentado.
Em novembro do mesmo ano, durante a invasão estadunidense doAfeganistão, ela tornou-se a primeira pessoa além do próprio titular a fazer o discurso presidencial emitido a cada sábado, aproveitando a ocasião para discutir o sofrimento das mulheres daquele país. Em Maio de 2002, ela voltou a dirigir-se ao povo afegão, utilizando-se de uma emissora da Rádio Liberdade emPraga, naRepública Tcheca.
Apesar de sua relativa falta de visibilidade, Laura Bush foi apontada como a segunda mulher mais poderosa dos EUA e a quarta mais poderosa do planeta pela revista "Forbes" em 2004.
Após mais uma eleição problemática, o casal Bush iniciou o seu segundo quadriênio na Casa Branca em 2005. Porém, enquanto os índices de aprovação da Primeira-Dama permaneceram altos (chegando a 85% de acordo com algumas pesquisas), os de seu marido sofreram uma queda vertiginosa no primeiro ano do segundo mandato. Por isso, ela vem assumindo um papel mais ativo, servindo várias vezes como umaporta-voz extraoficial do governo.
Laura Bush e marido com osreis da Noruega, 7 de Março de 2005
Em Abril de 2005, Bush causou um certo espanto durante o jantar anual para os correspondentes jornalísticos daCasa Branca. Ela ironicamente chamou o seu marido de "Sr. Excitação" e sugeriu que ele trabalhe até mais tarde se deseja "acabar com a tirania no mundo", brincou também quanto a inexperiência dochefe de estado em cuidar do famoso sítio emCrawford, Texas, dizendo que ele "[havia tentado] ordenhar um cavalo… e o que é pior, um garanhão." Chegou a comparar sua sogra,Barbara Bush, com o mafioso fictício,Don Corleone.
Em Maio de 2005, durante uma viagem aoOriente Médio Bush foi vaiada nas ruas deJerusalém, uma reflexão da extrema impopularidade do atual governo estadunidense na maior parte do mundo. Ainda durante a mesma viagem, ela apareceu na versão egípcia do programa infantil "Vila Sésamo", e deu seu apoio à reeleição do autoritário presidenteHosni Mubarak daquele país. Na Jordânia proclamou que as mulheres devem ter o direito de "falar e adorar livremente".
Naquele mesmo mês, a esposa do vice-presidente,Lynne Cheney, opinou em uma entrevista que Laura Bush deva concorrer à presidência em 2008, já que George W. Bush será constitucionalmente barrado a disputar um terceiro mandato. O próprioDick Cheney concordou,[10] levando à especulação que ocorrerá um confronto eleitoral entre Hillary Clinton e Laura Bush. Por outro lado, esta última declarou que por sua vez apoia a candidatura potencial deCondoleezza Rice.
Em Agosto do mesmo ano, durante uma visita ao estado daLouisiana, que acabava de sofrer o devastador impacto dofuracão Katrina, Bush mais de uma vez confundiu o nome da tempestade, chamando-a de "Corinna". E ao indagarem-lhe a sua opinião quanto ao fato da maioria dos flagelados deNova Orleans serem pobres e negros, Bush deu a entender que nada pode ser feito a esse respeito. "É isto que acontece quando há um desastre natural deste porte", disse ela. "As pessoas pobres são em geral aquelas que vivem nos bairros de mais baixa elevação ou nos mais vulneráveis. Suas casas são as mais vulneráveis aos desastres naturais. E é isto que sempre acontece".[11]
Montgomery, Leslie.Were It Not For Grace: Stories From Women After God's Own Heart; Featuring Condoleezza Rice, First Lady Laura Bush, Beth Moore & Others. Laura Bush relata a influência da religião sobre sua vida.ISBN 0-8054-3178-0