Oslagos submarinos (oulagos de salmoura) são depressões existentes no fundo daregião abissal dos oceanos nas quais se acumulasalmoura, água com umasalinidade três a cinco vezes superior àágua salgada média dos oceanos, que devido à sua maiordensidade não se mistura facilmente com as águas circundantes.[1] Apesar de poderem suportar uma diversificadabiocenose específica, caracterizada pela presença deextremófilos,[2] as salmouras presentes nestes lagos sãotóxicas para a generalidade da fauna marinha.
No oceano profundo, a fonte dasalmoura é em geral a dissolução de grandes depósitos desal em resultado de processos tectónicos sobre as estruturas salinas, no caso denominadoshalocinese (outectónica de sal). É frequente a salmoura conter elevadaconcentração demetano em solução, o qual é utilizado como fonte deenergia para organismosquimiossintéticos que se instalam nas imediações do lago submarino, com destaque para as suas margens. Dadas as condições ambientais prevalecentes, os organismos associados a estes lagos sãoextremófilos.[2][3]
São conhecidos lagos submarinos naPlataforma Antárctica nos quais a fonte da salmoura é a acumulação de sal excluído durante o processo de formação dogelo marinho dabanquisa, o qual enriquece as águas subjacentes, aumentando a sua densidade e, subsequentemente, afundando-se.
A designaçãolago submarino resulta da estabilidade da camada de salmoura a qual, devido à sua maior densidade e ao fracohidrodinamismo existente nas regiões profundas do oceano, não se mistura facilmente com as camadas deágua salgada que a recobre. A elevada salinidade eleva adensidade da salmoura, a qual se acumula nas depressões existentes nos fundos marinhos subjacentes criando uma interface bem marcada com a água sobrenadante e margens bem distintas, num enquadramento em tudo semelhante à relação existente entre as águas de um lago, a camada aérea que as recobre e as margens que as contenham.[1] Devido a este enquadramento, quando umsubmarino mergulha sobre um lago de salmoura, tende a flutuar à sua superfície, devido à maior densidade da salmoura, a qual impede a continuação do mergulho. O movimento do submarino cria ondas na interface salmoura/água salgada, em tudo semelhantes às criadas num lago, as quais produzem rebentação nas "margens" do lago.[4]
A presença de lagos de salmoura nos fundos oceânicos frequentemente coincide com a existência deemanações frias a partir dos fundos marinhos. Ometano libertado naexsurgência é assimilado porbactérias especialmente adaptadas a estes ambientes extremos, as quais mantêm umarelação simbiótica comespécies demexilhões dogéneroBathymodiolus (o mesmo que em geral aparece associado afontes hidrotermais) que vivem nas margens do lago. Oecossistema assim criado está dependente daenergia química do metano, razão pela qual, ao contrário do que acontece com quase todas as outras de vida existentes naTerra, apresenta pouca dependência em relação à energia doSol.[5]