Alíngua portuguesa, também designadaportuguês, é umalíngua indo-europeiaromânicaflexiva ocidental originada nogalego-português falado noReino da Galiza e nonorte de Portugal. Com a criação doReino de Portugal em 1139 e a expansão para o sul na sequência daReconquista, deu-se a difusão da língua pelas terras conquistadas e, mais tarde, com asdescobertas portuguesas, para oBrasil,África e outras partes do mundo.[9] O português foi usado, naquela época, não somente nas cidades conquistadas pelos portugueses, mas também por muitos governantes locais nos seus contatos com outros estrangeiros poderosos. Especialmente nessa altura, a língua portuguesa também influenciou várias línguas.[10]
O Dia Internacional da Língua Portuguesa é comemorado em5 de maio.[27] A data foi instituída em 2009, no âmbito daComunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com o propósito de promover o sentido de comunidade e de pluralismo dos falantes do português. A comemoração propicia também a discussão de questões idiomáticas e culturais dalusofonia, promovendo a integração entre os povos desses nove países.[28]
Mapacronológico mostrando o desenvolvimento das línguas do sudoeste daEuropa entre as quais o português.
O português teve origem onde hoje é aGaliza e onorte de Portugal, derivado dolatim vulgar que foi introduzido no oeste daPenínsula Ibérica há cerca de dois mil anos. Tem umsubstratocéltico-lusitano,[29] resultante da língua nativa dospovos ibéricos pré-romanos que habitavam a parte ocidental da Península (Galaicos,Lusitanos,Célticos eCónios). Surgiu no noroeste daPenínsula Ibérica e desenvolveu-se na sua faixa ocidental, incluindo parte da antigaLusitânia e daBética romana. O romancegalaico-português nasce dolatim falado, trazido pelos soldados romanos, colonos e magistrados. O contato com olatim vulgar fez com que, após um período de bilinguismo, as línguas locais desaparecessem, levando ao aparecimento de novos dialetos. Assume-se que a língua iniciou o seu processo de diferenciação das outraslínguas ibéricas através do contato das diferentes línguas nativas locais com olatim vulgar, o que levou ao possível desenvolvimento de diversos traços individuais ainda no período romano.[30][31][32]
A língua iniciou a segunda fase do seu processo de diferenciação das outraslínguas românicas depois da queda doImpério Romano, durante a época das invasões bárbaras noséculo V, quando surgiram as primeiras alterações fonéticas documentadas que se reflectiram no léxico. Começou a ser usada em documentos escritos ao longo doséculo IX e, noséculo XV, tornara-se numa língua amadurecida, com uma literatura bastante rica. Chegando àPenínsula Ibérica em218 a.C., os romanos trouxeram com eles olatim vulgar, de que todas aslínguas românicas (também conhecidas como "línguas novilatinas" ou "neolatinas") descendem. Só no fim doséculo I a.C., os povos que viviam a sul da Lusitânia pré-romana, oscónios e osceltas, começam o seu processo deromanização. Aslínguas paleo-ibéricas, como alíngua lusitana ou asul-lusitana são substituídas pelo latim.[33]
A partir de409 d.C., enquanto oImpério Romano entrava em colapso, a Península Ibérica foi invadida por povos de origemgermânica eiraniana oueslava[34] (suevos,vândalos,búrios,alanos,visigodos), conhecidos pelos romanos comobárbaros, que receberam terras comofederados. Os bárbaros (principalmente os suevos e os visigodos) absorveram em grande escala a cultura e a língua da Península; contudo, desde que as escolas e a administração romana fecharam, a Europa entrou naIdade Média e as comunidades ficaram isoladas, o latim popular continuou a evoluir de forma diferenciada, levando à formação de um proto-ibero-romance "lusitano" (ouproto-galego-português).[35]
Desde 711, com a invasão islâmica da Península, que também introduziu um pequeno contingente desaqalibas, oárabe tornou-se a língua de administração das áreas conquistadas. Contudo, a população continuou a usar as suas falas românicas, omoçárabe nas áreas sob o domínio mouro, de tal forma que, quando osmouros foram expulsos, a influência que exerceram na língua foi relativamente pequena. O seu efeito principal foi noléxico, com a introdução de cerca de oitocentas palavras através domoçárabe-lusitano.[36]
O português é a língua da maioria da população dePortugal,[40]Brasil,[41]São Tomé e Príncipe (98,4%)[42] e, de acordo com ocenso de 2014, é a língua habitual de 71,15% da população deAngola.[43] Entretanto, cerca de 85% dos angolanos são capazes de falar português, segundo oInstituto Nacional de Estatística.[44] Apesar de apenas 10,7% da população deMoçambique ser de falantes nativos do português, o idioma é falado por cerca de 50,4% dos moçambicanos, de acordo com o censo de 2007.[45] A língua também é falada por cerca de 15% da população daGuiné-Bissau,[46][47] e por cerca de 40% da população deTimor-Leste.[48] Não existem dados disponíveis relativos aCabo Verde, mas quase toda a população é bilíngue, sendo os cabo-verdianos monolíngues falantes docrioulo cabo-verdiano. EmMacau, apenas 0,7% da população usa o português como língua nativa e cerca de 4% dos macaenses falam esse idioma.[49][50]
Poderá acrescentar-se a esse número a imensadiáspora de cidadãos de nações lusófonas espalhada pelo mundo, estimando-se que ascenda aos 10 milhões (4,5 milhões deportugueses, 3 milhões debrasileiros, meio milhão decabo-verdianos, etc.) mas sobre a qual é difícil obter números reais oficiais, incluindo-se nisso a obtenção de dados porcentuais dessa diáspora que fala efetivamente a língua deCamões, uma vez que uma porção significativa será de cidadãos de países lusófonos nascidos fora de território lusófono descendentes de imigrantes, os quais não necessariamente falam o português. É necessário ter-se igualmente em conta que boa parte das diásporas nacionais já se encontra contabilizada nas populações dos países lusófonos, como por exemplo o grande número de cidadãos emigrantes dosPaíses Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOPs) e brasileiros em Portugal, ou o grande número de cidadãos emigrantes portugueses no Brasil e nos PALOPs.[61]
A língua portuguesa, segundo dados de 2021, está no cotidiano de quase 293 milhões de pessoas, distribuídos por nove países e umaregião administrativa especial. Os países de língua oficial portuguesa com maior população são oBrasil (215,56 milhões),Angola (32,87 milhões),Moçambique (31,26 milhões) ePortugal (10,2 milhões).[62]
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Guiné Equatorial adotou o português como uma das suas línguas oficiais em 2007, sendo admitida na CPLP em 2014. O uso da língua portuguesa neste país é limitado.
Existe um número crescente de pessoas que falam português, nos média e na Internet, que estão apresentando tal situação àComunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e outras organizações para a realização de um debate na comunidade lusófona, com o objetivo de apresentar uma petição para tornar o português uma das línguas oficiais daOrganização das Nações Unidas (ONU). Em outubro de 2005, durante a convenção internacional do Elos Clube Internacional da Comunidade Lusíada, realizada em Tavira (Portugal), uma petição cujo texto pode ser encontrado na Internet com o título "Petição para tornar o idioma português oficial na ONU" foi redigida e aprovada por unanimidade.[70] Rômulo Alexandre Soares, presidente da Câmara Brasil - Portugal, destaca que o posicionamento do Brasil no cenário internacional como uma das potências emergentes doséculo XXI, pelo tamanho de sua população, e a presença da sua variante do português em todo o mundo, fornece uma justificação legítima para a petição enviada à ONU, e assim tornar o português uma das línguas oficiais da organização.[71] Esta é actualmente uma das causas do Movimento Internacional Lusófono.[72]
EmÁfrica, o português é língua oficial em Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Moçambique e Angola.[73] Finalmente, na Ásia, encontra-seTimor-Leste uma nação lusófona.[14]
Em março de 1994 foi fundado oBosque de Portugal, na cidadesul-brasileira deCuritiba; o parque abriga o Memorial da Língua Portuguesa, que homenageia osimigrantes portugueses e os países que adotam a língua portuguesa; originalmente eram sete as nações que estavam representadas em pilares, mas com a independência deTimor-Leste, este também foi homenageado com um pilar construído em 2007.[74] Em março de 2006, fundou-se emSão Paulo oMuseu da Língua Portuguesa.[75]
Segundo estimativas daUNESCO, o português é a língua de origem europeia que mais cresce depois do inglês e do espanhol e a que tem, segundo o jornalThe Portugal News que publica dados fornecidos pela UNESCO, o maior potencial de crescimento como língua internacional naÁfrica Austral e na América do Sul.[76] Prevê-se que a população lusófona atinja 318 milhões de habitantes em 2050, sendo 83 milhões só em África, o que manterá a presença do português entre os cinco idiomas mais falados de forma nativa em todo o mundo.[76][77][78] Já para o fim do século 21, de acordo o Instituto Camões, a previsão é para que haja mais de 500 milhões de lusófonos. Nesse período, a América do Sul já terá deixado de ser a região com a maior população de falantes do idioma, baseando-se principalmente nas tendências demográficas, posto que passará a ser ocupado pela África.[79][80]
Em algumas partes do que era aÍndia Portuguesa, comoGoa[110] eDamão eDiu,[111] o português ainda é falado, embora esteja em vias de desaparecimento. Desde 1991, quando oBrasil assinou no mercado econômico doMercosul com outros países sul-americanos, comoArgentina,Uruguai eParaguai, tem havido um aumento no interesse pelo estudo do português nas nações daAmérica do Sul. O peso demográfico do Brasil no continente continuará a reforçar a presença do idioma na região.[112][113] Embora no início doséculo XXI, depois deMacau ter sidocedida àChina, o uso de português estivesse em declínio naÁsia, está novamente se tornando uma língua relativamente popular por lá, principalmente por causa do aumento dos laços diplomáticos e financeiros chineses com os países de língua portuguesa.[114]
Na plataformaDuolingo, o português foi a décima língua mais estudada no mundo em 2023. De acordo com o seu relatório, a plataforma informou que a popularidade do idioma cresceu, conseguindo desbancar orusso, e tornando-se a segunda língua mais popular em 4 países depois do inglês;Bolívia, Venezuela, Paraguai e Uruguai. Os dois últimos são os que demonstram o maior interesse, com cerca de 1 em cada 5paraguaios euruguaios estudando português.[115]
O português é umalíngua indo-europeia, do grupo daslínguas românicas (ou latinas), as quais descendem do latim, pertencente ao ramoitálico da família indo-europeia. Comparado com as outras línguas da Península Ibérica, excluindo o galego e o mirandês, considera-se ter maiores parecenças com o sistema vocálicocatalão, mas também existem algumas similitudes entre o português e os falares pirenaicos centrais. Como factor decisivo para a evolução do português considera-se frequentemente a influência de um marcado substratocelta. Os fonemas vocálicos nasais estabelecem uma similitude com o ramogalo-românico (especialmente com o francês antigo).[117]
Enquanto os falantes de português têm um nível notável de compreensão do castelhano, os falantes castelhanos têm, em geral, maior dificuldade de entendimento. Isto acontece porque o português, apesar de ter sons em comum com o castelhano, também tem sons particulares. No português, por exemplo, há vogais e ditongos nasais (provavelmente herança das línguas célticas).[118][119]
Assim como os outros idiomas, o português sofreu uma evolução histórica, sendo influenciado por vários idiomas edialetos, até chegar ao estágio conhecido atualmente. Deve-se considerar, porém, que o português de hoje compreende vários dialetos e subdialetos, falares e subfalares, muitas vezes bastante distintos, além de dois padrões reconhecidos internacionalmente (oportuguês brasileiro e oportuguês europeu). No momento atual, o português é a única língua domundo ocidental falada por mais de cem milhões de pessoas com duasortografias oficiais (é notado que alíngua inglesa tem diferenças de ortografia pontuais mas não ortografias oficiais divergentes). Esta situação deve ser resolvida peloAcordo Ortográfico de 1990.[121]
Foi, entretanto, concluído pela Professora Maria Regina Rocha, que através das regras do Acordo Ortográfico de 1990, foram unificados 569 vocábulos, 2 691 palavras que apresentavam diferenças entre as ortografias portuguesa/africana/asiática e brasileira assim se mantiveram após a reforma ortográfica, 1 235 passaram a ter uma grafia diferente e, assim, 3 926 vocábulos ficam com diferenças gráficas entre ambos os lados do Atlântico.[122]
A língua portuguesa tem grande variedade dedialectos, muitos deles com uma acentuada diferença lexical em relação ao português padrão seja no Brasil ou em Portugal. Tais diferenças, entretanto, não prejudicam muito a inteligibilidade entre os locutores de diferentes dialectos.[123]
Os primeiros estudos sobre os dialectos do português europeu começaram a ser registados porLeite de Vasconcelos no começo doséculo XX.[124][125] Mesmo assim, todos os aspectos e sons de todos os dialectos de Portugal podem ser encontrados nalgum dialecto no Brasil. O português africano, em especial o português são-tomense, tem muitas semelhanças com o português do Brasil. Ao mesmo tempo, os dialetos do sul de Portugal (chamados "meridionais") apresentam muitas semelhanças com o falar brasileiro, especialmente, o uso intensivo dogerúndio (e. g. falando, escrevendo, etc.). Na Europa, os dialectos transmontano e alto-minhoto apresentam muitas semelhanças com o galego.[126] Um dialecto já quase desaparecido é oportuguês oliventino ouportuguês alentejano oliventino, falado emOlivença e emTáliga.[127]
Após a independência das antigas colônias africanas, o português padrão de Portugal tem sido o escolhido pelos países africanos de língua portuguesa. Logo, o português tem apenas dois dialetos de aprendizagem, o europeu e o brasileiro. Note-se que na língua portuguesa europeia há uma variedade prestigiada que deu origem à norma-padrão: a variedade deLisboa.[128] No Brasil, a maior quantidade de falantes se encontra na região sudeste do país, essa região foi alvo de intensas migrações internas, graças ao seu poder econômico. ODistrito Federal apresenta um destaque devido ao seu dialeto próprio, pelas várias hordas de migração interna. Os dialectos europeus e americanos do português apresentam problemas de inteligibilidade mútua (dentro dos dois países), devido, sobretudo, a diferenças culturais, fonéticas, lexicais. Nenhum pode, no entanto, ser considerado como intrinsecamente melhor ou perfeito.[129]
Algumas comunidades cristãs falantes de português naÍndia,Sri Lanka,Malásia eIndonésia preservaram a sua língua mesmo depois de terem ficado isoladas de Portugal. A língua foi muito alterada nessas comunidades e, em muitas, nasceramcrioulos de base portuguesa, alguns dos quais ainda persistem, após séculos de isolamento.[130] Também é percebível uma variedade de palavras originadas do português notétum. Palavras de origem portuguesa entraram no léxico de várias outras línguas, como ojaponês, osuaíli, oindonésio e omalaio.[131]
Uma parte fundamental do léxico do português é derivado dolatim, já que o português é uma língua românica, assim grande parte do vocabulário central e das palavras comumente usadas no dia a dia são de origem latina. Além do latim, diversas palavras são compostas a partir de radicaisgregos, sendo chamados de compostos eruditos (palavras como "arqueologia", "cronômetro", "micróbio", "biologia", "antropologia", "zoológico", etc.). No entanto, por causa da origemceltibera dos habitantes pré-romanos de Portugal,[134][135] além das migrações dospovos germânicos,[136] como também a ocupaçãomoura daPenínsula Ibérica durante aIdade Média e levando-se em conta a participação de Portugal naEra dos Descobrimentos, o idiomaadotou palavras de todo o mundo. No século XIII, por exemplo, o léxico do português tinha cerca de 80% das suas palavras com origem latina e 20% com origem pré-romana,celta,germânica eárabe. Atualmente, a língua portuguesa ostenta no seu vocabulário termos provenientes de diferentes idiomas como oinglês, oneerlandês, oalemão, orusso, ohebraico, opersa, ochinês, oturco, ojaponês, oquíchua, otupi, oquicongo, oquimbundo, oumbundo, além de idiomas bem mais próximos, como oprovençal, ofrancês, oespanhol e oitaliano.[137][138]
A maioria das palavras em português que podem ter sua origem rastreada até aos habitantes pré-romanos de Portugal, que incluíam osiberos,galaicos,lusitanos,célticos,túrdulos velhos,cónios e outros, é de origemcelta,[139] existindo muito pouco léxicoibérico. No século V, a Península Ibérica (aHispânia romana) foi conquistada pelosgermânicossuevos evisigodos. Esses povos contribuíram com algumas palavras ao léxico português, principalmente nas relacionadas à guerra. Entre os séculos IX e XIII, o português adquiriu cerca de 800 palavras doárabe, devido a influênciamoura naIberia. No século XV, as explorações marítimas portuguesas levaram à introdução de estrangeirismos de muitas das línguas asiáticas. Do século XVI ao XIX, por causa do papel de Portugal como intermediário nocomércio de escravos no Atlântico e o estabelecimento de grandes colónias portuguesas emAngola,Moçambique eBrasil, o português sofreu várias influências de idiomas africanos e ameríndios.[137][138]
A língua portuguesa tem duas variantes reconhecidas internacionalmente, faladas em Portugal e nos restantes países do mundo lusófono à exceção do Brasil; e no Brasil. Empregado por cerca de 85% dos falantes do português, a variante brasileira é hoje a mais falada, escrita, lida e estudada do mundo. É, ademais, amplamente estudado nos países daAmérica do Sul, devido à grande importância econômica doBrasil noMercosul. As diferenças entre as variedades do português da Europa e do Brasil estão no vocabulário, na pronúncia e na sintaxe, especialmente nas variedades vernáculas, enquanto nos textos formais essas diferenças diminuem bastante. As diferenças não são maiores que entre oinglês dosEstados Unidos e doReino Unido ou ofrancês daFrança e deQuébec.[140]
Ambas as variedades são, sem dúvida, dialectos da mesma língua e os falantes de ambas as variedades podem entender-se apenas com pequenas dificuldades pontuais. Essas diferenças entre as variantes são comuns a todas as línguas naturais, ocorrendo em maior ou menor grau, dependendo do caso. Com um oceano entre Brasil e Portugal, e ao longo de quinhentos anos, a língua evoluiu de maneira diferente em ambos os países, dando origem a duas variantes delinguagem simplesmente diferentes, não existindo uma norma que seja mais correta. É importante salientar que incluído no que se convencionou chamarportuguês do Brasil eportuguês europeu há um grande número devariações regionais.[141]
Um dos traços mais importantes do português brasileiro é o seu conservadorismo em relação à variante europeia, sobretudo no aspecto fonético. Um português doséculo XVI mais facilmente reconheceria a fala de um brasileiro doséculo XX como sua do que a fala de um português.[142]
Nota: noBrasil mantêm-se quando pronunciadas, como emfacção,compactar,intelectual,aptidão,característica etc. Também ocorriam diferenças de acentuação devido a pronúncias diferentes. No Brasil, em palavras comoacadêmico,anônimo ebidê usa-se o acento circunflexo por tratar-se de vogais fechadas, enquanto nos restantes países lusófonos estas vogais são abertas:académico,anónimo ebidé respectivamente. Nesses casos, oAcordo Ortográfico de 1990, assinado por todos os países membros daComunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), instituiu duplas grafias para o mundo lusófono (Base XI, 3º).
Durante muitos anos, Portugal (até 1975,incluía as suas colónias) e o Brasil tomaram decisões unilateralmente e não chegaram a um acordo comum, legislando sobre a língua.[143]
Os mais significativos foram o Acordo Ortográfico de 1943 que esteve em vigor apenas no Brasil entre 12 de agosto de 1943 e 31 de dezembro de 2008 (com algumas alterações introduzidas pelo Acordo Ortográfico de 1971) e o Acordo Ortográfico de 1945, em vigor em Portugal e todas as colónias portuguesas da época, desde 8 de dezembro de 1945 até à entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990, que ainda não entrou em vigor em todos os países signatários.[143]
OAcordo Ortográfico de 1990 foi proposto para criar uma norma ortográfica única, de que participaram na altura todos os países de língua oficial portuguesa, e em que esteve presente uma delegação não oficial de observadores da Galiza. Os signatários que ratificaram o acordo original foram Portugal (1991), Brasil (1995), Cabo Verde (1998) e São Tomé e Príncipe (2006).[121]
Variedades ortográficas
Países lusófonos à exceção do Brasilantes do OA1990
Em julho de 2004 foi aprovado, em São Tomé e Príncipe, o Segundo Protocolo Modificativo, durante a Cúpula dos Chefes de Estado e de governo daCPLP. O Segundo Protocolo vem permitir que o acordo possa vigorar com a ratificação de apenas três países, sem a necessidade de aguardar que todos os demais membros daCPLP adotem o mesmo procedimento, e contemplava também a adesão de Timor-Leste, que ainda não era independente em 1990. Assim, tendo em vista que o Segundo Protocolo Modificativo foi ratificado pelo Brasil (2004), Cabo Verde (2005) e São Tomé e Príncipe (2006), e que o Acordo passaria automaticamente a vigorar um mês após a terceira ratificação necessária, tecnicamente, o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa está em vigor, na ordem jurídica internacional e nos ordenamentos jurídicos dos três Estados acima indicados, desde 1º de Janeiro de 2007.[144]
Depois de muita discussão, no dia 29 de julho de2008, o parlamento português ratificou o Segundo Protocolo Modificativo, aprovado a 25 de julho do mesmo ano,[145] estabelecendo um prazo de até seis anos para que a reforma ortográfica fosse totalmente implantada. A nova e a antiga ortografia coexistiram em Portugal[146] entre 13 de maio de 2009 e 13 de maio de2015, data em que o Acordo Ortográfico de 1990 passou a vigorar obrigatoriamente em Portugal.[147]
No Brasil, houve a vigência desde janeiro de 2009, tendo o presidenteLuiz Inácio Lula da Silva assinado legislação sobre o acordo no segundo semestre de 2008. Porém, até 2012 as duas ortografias estiveram vigentes.[148]
Os verbos são altamente flexionados: existem trêstempos (passado, presente e futuro), trêsmodos (indicativo, subjuntivo, imperativo), duasvozes (ativa e passiva) e uminfinitivo flexionado. Tempos mais que perfeitos e imperfeitos são sintéticos, totalizando 11 paradigmas de conjugação, enquanto todos os tempos progressivos e construções passivas são perifrásticos. Como em outras línguas românicas, existe também uma construção impessoal passiva, onde oagente substituído por umpronome indefinido. O português é basicamente umalíngua SVO, embora a sintaxeSOV possa ocorrer com alguns poucos pronomes e a ordem das palavras geralmente não seja tão rígida quanto noinglês, por exemplo. É uma linguagem de sujeito nulo, com uma tendência dequeda dos objetos de pronomes, bem como das variedades coloquiais. O português tem doisverbos de ligação.[150][151]
A língua portuguesa tem várias características gramaticais que a distinguem da maioria das outras línguas românicas, como umpretérito mais-que-perfeito sintético, verbo no futuro do subjuntivo, infinitivo flexionado e um presente perfeito com um sentido iterativo. Um recurso exclusivo do idioma português é amesóclise, ainfixação depronomesclíticos em algumas formas verbais.[150][151]
A língua portuguesa contém alguns sons únicos para falantes de outras línguas, tornando-se, por isso, necessário que estes lhes prestem especial atenção quando os aprendem. O português tem uma dasfonologias mais ricas daslínguas românicas, comvogais orais e nasais,ditongos nasais e dois ditongos nasais duplos. As vogais semifechadas/e/, /o/ e as vogais semiabertas/ɛ/, /ɔ/ são quatro fonemas separados, ao invés do espanhol, e o contraste entre elas é usado paraapofonia. Oportuguês europeu também possui duas vogais centrais, uma das quais tende a ser omitida na fala como oe caduc dofrancês. Há, no português, um máximo de nove vogais orais e 19 consoantes, embora algumas variedades da língua tenham menosfonemas (oportuguês brasileiro é geralmente analisado como tendo sete vogais orais). Há também cinco vogais nasais, que alguns linguistas consideram comoalofones das vogais orais, dezditongos orais e cinco ditongos nasais. No total, o português do Brasil tem 13 fonemas vogais.[152]
Para as sete vogais dolatim vulgar, oportuguês europeu acrescentou duasvogais centrais próximas, uma das quais tende a serelidida na fala rápida. A carga funcional destas duas vogais adicionais é muito baixa. As vogais altas/e o/ e as vogais baixas/ɛ ɔ/ são quatro fonemas distintos e eles se alternam em várias formas deapofonia. Como ocatalão, o português usa qualidade da vogal para contrastar sílabas estressadas com sílabas átonas: vogais isoladas tendem a ser levantadas, e em alguns casos, centralizadas, quando átonas. Ditongos nasais ocorrem principalmente nas extremidades das palavras.[152] As vogais são fortementenasais no Português Brasileiro.
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