OQuilimanjaro[2] ouKilimanjaro (Oldoinyo Oibor, que significamontanha branca emmassai, ouKilima Njaro,montanha brilhante emsuaíli) é ummonte localizado no norte daTanzânia, junto à fronteira com oQuénia. O Quilimanjaro é o ponto mais alto daÁfrica, com uma altura de 5 895m no Pico Uhuru.
O complexo do monte Quilimanjaro com as suas florestas tinha sido considerado uma reserva decaça pelo governocolonialalemão nos princípios doséculo XX, mas foi considerado uma reserva florestal em1921, até que, em1973, foi declarado como Parque Nacional.
O nome utilizado para designar a montanha no seu conjunto escreve-se «Quilimanjaro», emportuguês,[4][5] «Kilimanjaro» eminglês e «Kilimandjaro» emfrancês. Também é denominada,Ol Doinyo Oibor emmassai, que significa «montanha branca» ou «montanha brilhante».[6] O seu nome foi adoptado em1860, e provém do termosuaíliKilima Njaro.[7] O nomeKilimanjaro foi objecto de vários estudos toponímicos, e o explorador e linguista alemãoJohann Ludwig Krapf assumia-o como a «montanha do esplendor», sem maiores considerações.[8] Em1884,Gustav Adolf Fischer, explorador e naturalista alemão, afirmava quenjaro era um demónio do frio, ideia compartilhada pelo geógrafoHans Meyer durante a sua escalada em1889, no entanto, o termonjaro era apenas conhecido pelos habitantes da costa e não pelos que viviam nas regiões do interior, que só acreditavam em espíritos benfeitores.[8] O exploradorJoseph Thomson foi o primeiro a assumir, em1885, o significado de «montanha brilhante». Sob o pressuposto de que kilima se refira em suaíli a "montanha", para os próprioschagas a confusão deve-se ao facto de o termo devidamente utilizado para "montanha" em suaíli ser "mlima", e "kilima" um diminutivo que significacolina oumontanha pequena. É possível assumir que o diminutivo seja utilizado para se referir à montanha de um modo afectivo, ainda que seja difícil compreender porque um estrangeiro deveria querer expressar tal afecto.Njaro refere-se a brancura, a brilho em suaíli.[8] Por outro lado, na língua massai,ngaro oungare designa a água ou as fontes,[8] porémjaro também pode significar, emchaga, umacaravana; e uma teoria alternativa propõe como origem os termoskilmanare/kilemanjaare,kilelemanjaare ou mesmokileajao/kilemanyaro, cujo significado é, respectivamente, «que vence ao pássaro» ou «o leopardo» ou «a caravana». Não obstante, este nome não terá sido importado até meados doséculo XIX peloschagas, que tinham por hábito nomear separadamente cada um dos cumes conhecidos que compõem o conjunto do Quilimanjaro, tornando esta explicação anacrónica, pois o monte tem vários nomes.[8]
O Quilimanjaro é constituído por três cimos ou picos principais: oShira, oMawenzi (em chaga,Kimawenze ouMavenge, que significa «cume dividido», cuja aparência deu origem a uma lenda local)[8][9] eKibo (em chaga,Kipoo ouKiboo, que significa «manchado», por causa duma rocha escura que sobressai por entre as neves perenes,[8] também chamadoKyamwi, «luminoso»).[9] Neste último reside o ponto culminante do conjunto, o pico Uhuru (em suaíli, «liberdade»). Anteriormente batizado comoKaiser-Wilhelm-Spitze, de1889 a1918, em homenagem aGuilherme II da Alemanha na sequência da colonização daÁfrica Oriental Alemã através da assinatura de vários tratados entreCarl Peters e os dirigentes locais, até à passagem deTanganica sob administração doReino Unido.[10]
Representação do Quilimanjaro em 3DSenecio gigante, até ca. 4 500 m.Fotografia aérea de dezembro de 2009
Por se encontrar na margem oriental do sul da África, o monte Quilimanjaro, que mostra ter tido grande actividadevulcânica noPleistoceno, não se encontra totalmente isolado na planície africana, mas está acompanhado por três outros cones vulcânicos, orientados num eixo este-sudoeste: o mais antigo, Xira, a oeste, com uma altitude de 4 500 m, Mauenzi a leste, com uma altitude de 5 149 m e, entre eles, Quibo, que é o mais recente e mostra ainda sinais de actividade, na forma defumarolas. Entre o Quibo e o Mauenzi há uma plataforma com cerca de 3 600 hectares.[3]
A existência de neve é consequência de sua altitude. Em setembro de2008, uma equipa liderada pelo português Rui Fernandes, investigador do Centro de Geofísica daUniversidade de Lisboa e professor naUniversidade da Beira Interior (UBI) mediu com a maior precisão de sempre a altura do ponto mais alto da montanha com recurso a GPS. O resultado de 5 891,8 m apresenta uma precisão de centímetros.[11]
Em Malindi,Quênia, nas proximidades do Quilimanjaro, possui temperatura média anual 26,5 °C; já a 750 - 1 000 m. permite-se culturas decafé (coffea arabica),banana (musa spp.),manga (mangifera indica) eabacate (persea americana).
Floresta subtropical úmida, entre 1 400 m até 3 000 m, máx. 3300 m; líquen debarba (usnea);linha das árvores, 2 700 - 3 000 m, máx. 3 500 m; lobélias-gigantes, até ca. 4 000 m; florestas subalpinas deéricas até 4 100 m;senécias-gigantes até 4 500 m; vulcão Kibo - pico Uhuru, 5 891,8 m com gelo.[1]
Florestas montanhosas de Ocotea são presentes no lado sul, úmido.ocotea usambarensis pode crescer até 45 m (150 pés). Florestas de cassipourea e juniperus (juniperus procera) são presentes no lado norte, seco.[12]
O Quilimanjaro é protegido por um parque designadoParque Nacional do Quilimanjaro, classificado pelaUNESCO comoPatrimónio da Humanidade.[13] O degelo das geleiras (glaciares) no topo do Quilimanjaro é uma realidade. Estimadas em cerca 12 km² de extensão em 1900, recobrem hoje somente 2 km² (ou seja, o monte perdeu 80% de sua neve), e neste ritmo irão desaparecer em 2020. O aquecimento geral daTerra explica este fenômeno, embora outros elementos possam ter influência.[14]
O documentoCase Studies on Climate Change and World Heritage publicado pelaUNESCO em Junho de 2007, estabelece a relação entreaquecimento global e desaparecimento dos glaciares do topo do Quilimanjaro. A esse propósito existe também o livro de viagens de aventura, do escritor/aventureiro José Maria Abecasis Soares, intitulado 'Horizontes em Branco', publicado pela Editorial Presença em Novembro de 2010.
Os dois cones vulcânicos do Quilimanjaro: Quibo (esquerda) e Mauenzi (direita).
Primeirafotografia do Kibo, tirada em 1929Imagem aérea do cume do Quilimanjaro em 1938
Antes doséculo XIX, algumas raras crônicas, como a do geógrafo egípcioPtolomeu, mencionaram a existência de uma "montanha branca" no coração da África. Em1845, o geógrafobritânico William Cooley, certo da sua existência, afirma que a montanha mais conhecida da África oriental é recoberta de rochas vermelhas.
Em maio de1848, o missionário anglicano alemãoJohannes Rebmann explora a região Chagalândia e acaba por se aproximar da montanha: "Ali pelas 10 horas, vi alguma coisa branca no topo de uma montanha, e acreditei que se tratasse de nuvens, mas meu guia me disse que era o frio; então, reconheci com satisfação esta velha companheira dos europeus, que chamamos neve". Sua descoberta, divulgada em abril de1849 noChurch Missionary Intelligencer, é contestada emLondres.[15]
Foi somente em1861 que uma expedição, dirigida pelobarãoalemão Klaus von der Decken e pelo botânicoinglês Richard Thornton, permitiu constatar que se tratava realmente de um pico com neves eternas.
A ascensão é tecnicamente fácil, mas longa e penosa pelo frio e pela altitude. A via mais frequentada é a via Marangu.[16] As outras vias praticadas são as vias Machame, Mweka, Lemosho, Rongai, Umbwe, Northern Circuit e Shira.[17] Aproximadamente 20000 pessoas tentam todos os anos alcançar o topo. Este número é controlado pelas autoridades da Tanzânia.[18]
Em1883, o inglês Joseph Thomson, seguido doconde Teleki, atacam o pico, mas não passam dos 5 300 m. Após dois fracassos,Hans Meyer, em6 de outubro de1889, consegue alcançar o topo do Quilimanjaro, acompanhado de seu amigo Ludwig Purtscheller e do guia chaga Lauwo.[15] Este teria morrido com 127 anos em 1997, mas talvez essa história seja apenas uma lenda, como a história da presença de um cadáver congelado deleopardo, encontrado a 5 500 m.