Ocanarês (emcanarês:ಕನ್ನಡ;romaniz.:kannada),canarim[1][a] oucanará,[2] é umalíngua dravídicameridional daÍndia, atualmente tem status ativo, sendo a principal utilizada para comunicação cotidiana em cidades comoBangalor. Em 2011 havia mais de 58 milhões de falantes da língua ao redor do mundo, sendo aproximadamente 43milhões nativos e 15 milhões como segunda ou terceira língua.[3]
O canarês é parte da família dravídica, que contém aproximadamente 73 línguas faladas principalmente no sul da Índia e nordeste doSri Lanca. Nessa família, as línguas são bastante próximas, sendo altamenteinteligíveis entre si. A maior parte dos linguistas concorda em dividi-las em quatro grupos:Setentrional,Central,Meridional-Central eMeridional, esse último sendo o que abriga o canarês.[5]
Há 5fonemas vocálicos longos e 5 curtos. Osditongos ai e au ocorrem, mas podem ser considerados junções de a+y e a+v, duasconsoantes do canarês, sendo apenasdígrafos.
O canarês tem um inventário de consoantes nativo das línguas dravídicas, com um sistema superimposto de consoantesaspiradas esibilantes (s (ಸ); ʂ (ಷ) e ʃ (ಶ)) suplementares emprestadas doindo-ariano. Há ocorrências das consoantes f e z emprestadas dourdu e reforçadas por empréstimos do inglês, no entanto, essas normalmente são substituídas porfonemas nativos como pʰ e s, respectivamente. São, no total, 34 consoantes.[6]
Aescrita do canarês (ಅಕ್ಷರಮಾಲೆ akṣaramāle ou ವರ್ಣಮಾಲೆ varṇamāle) é umabugida da família dasescritas brâmicas, contendo quarenta e nove letras. As letras consonantais implicam em alguma vogal inerente (a), não sendo feita a representação gráfica dessas. Para representar outras vogais, diacríticos são adicionados às consoantes. Letras representando consoantes são combinadas para formar dígrafos (ಒತ್ತಕ್ಷರ ottakṣara) quando não há vogal intermediária. Caso contrário, cada letra corresponde a uma sílaba. Vogais são independentes quando começam asílaba. Quando consoantes aparecem juntas sem vogal, a segunda é expressa por um símbolo de conjunto, que consiste numa pequena versão da consoante embaixo da original (exemplo: ddha "ದ್ಧ").[7]
Em canarês, como em outras línguas dravídicas,pronomes pessoais têm marcação denúmero, mas não de gênero. Assim como emlínguas latinas como o francês e o português, uma palavra representa cada pessoa na segunda e na primeira pessoa. Além disso, na segunda pessoa, a forma plural também é utilizada de forma honorífica para se referir a apenas um indivíduo em situações formais.[8]
Ospronomes demonstrativos indicam tanto gênero, quanto número. O canarês não possui especificamente pronomes pessoais de terceira pessoa, e em vez disso usa seus dois pronomes demonstrativos (esse e aquele) para essa função, a escolha de qual será utilizado depende unicamente da proximidade do indivíduo a quem se refere. Ou seja, quando se diz “ele (avanu)”, está se dizendo de fato “aquele". Há também uma forma honorífica, referindo-se a uma única pessoa de importância, utilizando o plural.[9][8]
NaShabdamanidarpana,gramática completa de canarês escrita porKesiraja em 1260, nove diferentesgêneros são descritos. No entanto, nos registros modernos da língua, apenas três são perceptíveis: masculino, feminino e neutro. Todos os substantivos possuem gênero,[10] mas apenas pessoas e palavras referentes a humanos podem ser designadas como masculino ou feminino, ou seja, todos os objetos têm gênero neutro: mãe pode ser feminino, e rei, masculino, mas uma árvore, um rio, o mundo e o amor, não, sendo apenas neutros.[11] No entanto, alguns conceitos e objetos inanimados que sãopersonificados em deuses Hindus(que são pessoas), recebem gênero masculino ou feminino, como é o caso desūrya, o sol, que é masculino.
masculino (ಪುಲ್ಲಿಂಗ)
Exemplos:arasa ('rei'),vāyu ('vento')
feminino (ಸ್ತ್ರೀಲಿಂಗ)
Deus Hindu Siva e Deusa Hindu ParvartiExemplos:Parvati,Lakshmi,Saraswati(três deusas Hindus),amma ('mãe')
gênero neutro (ನಪುಂಸಕಲಿಂಗ)
Exemplos: amor (prīti), mundo (lōka), árvore (mara), rio (nadi)
O primeiro caso ou caso nominativo não é marcado: o substantivo ouradical aparece sozinho.
O sufixo acusativo ou objetivo é-annu. O sufixo é obrigatório apenas com a maioria dos substantivos humanos. Substantivos que terminam com i e e, comogiri (montanha),tande (pai) recebem umprefixoy-. Os substantivos neutros que terminam com a e u, comomara (árvore), recebem um prefixov-. Os substantivos masculinos e femininos recebem um prefixon-.
O instrumental e ablativo possui sufixo-inda
Os sufixos para o sociativo (que é apenas uma relação sintática, ainda não sendo considerado um caso) são-jate,-jateyalli ou-oḍane que é adicionado ao radical oblíquo (genitivo).
Os sufixos para o dativo são-ge, -ige, -ke e-akke.
O caso genitivo ou possessivo é o radical(normalmente o substantivo) + o sufixo para o genitivo, que é-a.
Os sufixos para o caso locativo são -alli e-oḷage. Eles transmitem o significado da localização.
O caso vocativo é indicado pelo alongamento da vogal curta final, é adicionado ao sufixo plural-lu e outros substantivos com terminação-u.[13]
Os verbos em canarês ocorrem em duas formas: finita e não-finita. Os verbos finitos não podem ter nada adicionado a eles, e como se encontram na última posição na frase (sujeito-objeto-verbo), geralmente terminam a frase. Já os verbos não-finitos necessitam de outra forma acompanhando-os.
A primeira forma verbal não finita é a formainfinitiva (ಭಾವರೂಪ). Existem dois infinitivos, que variam em seus usos e terminações, um consistindo noradical adicionado a +al ou +alu, e o outro, no radical adicionado a +okke.[6]
Exemplo: ಬರಲಬೀಕು"baralbeeku"(deve vir).
Além do infinitivo, o canarês tem dois tipos de particípio — oparticípio adjetivo (ಕೃದ್ವಾಚಿ) e oparticípio adverbial (ಕ್ರಿಯಾನ್ಯೂನ). O particípio adjetivo do canarês é peculiar, pois toma o lugar dopronome relativo que introduz uma oração relativa restritiva, o verbo da oração relativa, e se o pronome relativo é um complemento preposicional, da preposição governante. Há um particípio adjetival presente-futuro, bem como um particípio adjetivo passado. O particípio adverbial tem uma forma de tempo presente e uma forma de pretérito e modifica o verbo da frase. O particípio adverbial pode aceitar seu próprio nominativo, assim como o particípio adjetival em sua oração.
O canarês não tem umgerúndio, mas substantivos que expressam a mesma ideia podem ser formados sufixando o pronome neutro de terceira pessoa ao particípio adjetivo presente.
Para formar o particípio adverbial presente de um verbo, deve-se adicionar o sufixo 'ಉತ್ತ' à forma bruta do verbo. Ocasionalmente, as formas 'ಉತ' ou 'ಉತ್ತಾ' podem aparecer.[7][6]
Para formar o particípio adverbial passado de um verbo que termina em “ಉ”, adiciona-se o sufixo “ಇ” à forma bruta do verbo. Para formar o particípio adverbial passado de um verbo que termina em qualquer vogal, exceto "ಉ", adiciona-se o sufixo "ದು" à forma bruta do verbo.
Para formar o particípio adjetival presente-futuro, adiciona-se o sufixo “ಉವ” à forma bruta do verbo. Adicionando o sufixo ಅದು, pode obter-se uma espécie de gerúndio.
ಮಾಡು (“fazer) → ಮಾಡುವ (“ o que / isso faz, quem / o que / isso faz ”)
ಬರೆ (“escrever”) → ಬರೆಯುವ (“quem / qual / que escreve”)
O particípio passado adjetivo do verbo é formado a partir do particípio adverbial passado. Se o particípio adverbial passado de um verbo termina em 'ಉ', adiciona-se 'ಅ' ao final do particípio adverbial passado para formar o particípio adjetival passado. Se o particípio adverbial passado de um verbo termina em 'ಇ', adiciona-se 'ದ' ao final do particípio adverbial passado.
ಮಾಡು (“fazer) → ಮಾಡಿದ (“ quem / o que / isso faz, quem / o que / aquilo fez ”)
ಬರೆ (“escrever”) → ಬರೆದ (“quem / quem / quem escreveu”)[7]
Os três tempos (ಕಾಲಗಳು) incluem opresente (ವರ್ತಮಾನಕಾಲ), opretérito (ಭೂತಕಾಲ) e ofuturo (ಭವಿಷ್ಯತ್ತುಕಾಲ). No entanto, formas distintas para cada um desses tempos existem apenas na forma afirmativa. Oimperativo carece de tempo, e por causa do significado da formafuturo-contingente, também carece de distinções de tempo. A forma negativa é peculiar, pois suas formas podem possuir um significado no tempo presente, no passado ou no futuro, a ser inferido do contexto; no dialeto moderno, outros modos de negação são empregados.
Existem dois aspectos gramaticais (ಸ್ಥಿತಿಗಳು) dos verbos - oaspecto perfeito (ಪೂರ್ಣವಾಚಕ ಸ್ಥಿತಿ), em que a ação já ocorreu no momento expresso pelo tempo verbal do verbo, e oaspecto progressivo (ಗತಿಸೂಚಕ ಸ್ಥಿತಿ), em que a ação está em andamento no momento expresso pelo tempo verbal do verbo. Os verbos finitos em canarês são conjugados para todas essas propriedades, bem como três propriedades do sujeito: pessoa (ಪುರುಷ), número (ವಚನ) e gênero (ಲಿಂಗ).[14][6]
Para conjugar verbos em sua forma afirmativa no pretérito, anexa-se os seguintes sufixos ao particípio adjetivo passado, exceto para o sufixo neutro do singular de terceira pessoa, que é anexado ao particípio adverbial passado:
A forma futuro contingente expressa a ideia de que a ação de um verbo pode talvez ocorrer no futuro. Por exemplo, 'ಮಾಡಿಏನು', que é conjugado na forma futuro-contingente, pode ser traduzido como 'eu faria (isso)'.
Estes são os sufixos para a forma contingente-futura, sufixada para o particípio adverbial passado:
A forma negativa do verbo não tem nenhum tempo. O tempo deve ser inferido a partir do contexto. No entanto, mais comumente usada para negar um verbo é a palavra negativa 'ಇಲ್ಲ'.
ನನಗೆ ಕಾಫಿಇಷ್ಟವಿಲ್ಲ(Nanage kāphi iṣṭavilla) = Eu não gosto de café.
A expressão da voz (ಪ್ರಯೋಗ) no canarês é dividida emvoz ativa (ಕರ್ತರೀ ಪ್ರಯೋಗ) evoz passiva (ಕರ್ಮಣಿ ಪ್ರಯೋಗ), essa última sendo raríssima. O que é descrito como a voz passiva consiste numa forma curta do infinitivo do verbo (não sendo -alu, mas -al), seguido do verbo auxiliar paḍu (experienciar, vivenciar).
ā kelasa māḍalpaḍuttade = o trabalho está sendo feitoPara indicar o agente da oração, utiliza-se o caso instrumental, apesar da construção não ser muito utilizada na prática, visto que o passivo busca o foco máximo no objeto.
idu avaniṃda māḍalpaḍuttade = o trabalho está sendo feito por ele
Uma construção mais comum para atingir o mesmo resultado, também usa o infinitivo em -alu, junto com uma forma neutra e singular do verbo āgu em terceira pessoa. O objeto do verbo continua sendo o objeto (ou seja, substantivos e pronomes indicando que os humanos devem estar no caso acusativo, e substantivos neutros e pronomes facultativamente), e não se torna o sujeito como no caso da construção com paḍu.[8]
A ordem da frase (ಪದವಿನ್ಯಾಸ) em canarês é 'S-O-V', ou 'sujeito-objeto-verbo'. No entanto, em canarês, devido à sua natureza altamente flexional, a ordem das palavras de uma frase pode ser livremente alterada por estilo ou ênfase.
Os constituintes da frase (ವಾಕ್ಯದ ಭಾಗಗಳು) em canarês sãosujeito epredicado. O sujeito consiste no tópico central da frase, declinado para o caso nominativo, enquanto o predicado consiste em um verbo, muitas vezes com um objeto, ou pode não ter nenhum verbo e objeto, exceto em vez disso, simplesmente ter outro substantivo declinado no caso nominativo, conhecido como o nominativo predicado, onde se pretende uma declaração de equivalência. O sujeito pode ser oculto e é quase sempre ativo. Em canarês, não pode haver mais de um verbo finito ou conjugado na frase.[14] Por exemplo, a frase 'fui para a escola e voltei para casa'. não poderia ser traduzida literalmente.
ಮನೆಗೆ ಹೋಗುವೆನು,Manege hōguvenu ('Eu vou para casa.' Aqui, podemos omitir o sujeito 'ನಾನು', que significa 'eu' porque fica claro pela terminação do verbo).
ವಿನಯನು ಇವತ್ತು ವಶಾಲೆಗೆ ಹೋಗಲಿಲ್ಲ. ಮನೆಗೆ ಬಂದನು.Vinayanu ivattu vaśālege hōgalilla. Manege bandanu ('Vinay não foi à escola hoje. {Vinay / ele} voltou para casa.' Na segunda frase, o sujeito 'Vinay' é omitido porque está claro na frase anterior que o sujeito é 'Vinay').
ನಾನು ವಿದ್ಯಾಲಯಕ್ಕೆ ಹೋಗಿ ಮನೆಗೆ ಬಂದೆನು.Nānu vidyālayakke hōgi manege bandenu. ('Eu, tendo ido para a escola, voltei para casa.' / 'Fui para a escola e voltei para casa').
ನಾನು ಓಡಿ ಆಡುವೆನು.Nānu ōḍi āḍuvenu('Eu, depois de correr, vou jogar.' / 'Vou correr e jogar.' Observe que se a intenção for dizer que as duas ações acontecerão simultaneamente ('Vou jogar enquanto corro.') Então a frase seria escrita 'ನಾನು ಓಡುತ್ತ ಆಡುವೆನು.'Nānu ōḍutta āḍuvenu).
Em canarês, a construção dativa (ಸಂಪ್ರದಾನಪದ ಕಾರ್ತೃವಾಗಿರುವ ವಾಕ್ಯ) é usada com frequência. A construção dativa ocorre quando o sujeito semântico está no caso dativo e o objeto semântico direto está no caso nominativo. Por exemplo, em canarês, não se diz 'Sinto frio'; em vez disso, diz-se o equivalente a 'frio está acontecendo comigo' ('ನನಗೆ ಚಳಿಯು ಆಗುತ್ತ ಇದೆ,Nanage caḷiyu āgutta ide).
Ainda outro exemplo é o uso com 'ಇಷ್ಟ'. Por exemplo, alguém diz 'ನನಗೆ ಸೇಬುಗಳು ಇಷ್ಟ ಆಗುತ್ತವೆ'Nanage sēbugaḷu iṣṭa āguttave (idiomaticamente — 'Eu gosto de maçãs'; literalmente — 'para mim, maçãs tornam-se prazer').
As construções dativas são usadas para fazer o equivalente aos verbos de ligação, com muitos verbos auxiliares modais. Por exemplo, 'eu o vejo' é traduzido como 'ele me faz ver (ele)', com 'eu' no caso dativo.[7]
ಎಲ್ಲಾ ಮಾನವರೂ ಸ್ವತಂತ್ರರಾಗಿಯೇ ಹುಟ್ಟಿದ್ದಾರೆ. ಹಾಗೂ ಘನತೆ ಮತ್ತು ಅಧಿಕಾರಗಳಲ್ಲಿ ಸಮಾನರಾಗಿದ್ದಾರೆ. ತಿಳಿವು ಮತ್ತು ಅಂತಃಕರಣಗಳನ್ನು ಪಡೆದವರಾದ್ದರಿಂದ, ಅವರು ಒಬ್ಬರಿಗೊಬ್ಬರು ಸಹೋದರ ಭಾವದಿಂದ ನಡೆದುಕೊಳ್ಳಬೇಕು.
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Notas
↑O termo português "canarim" também é usado, depreciativamente para designar osconcanis e a sualíngua.