Julio Argentino Roca | |
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Julio Roca com afaixa presidencial,1900. | |
| 7.º e 12.ºPresidente da Argentina | |
| Período | 12 de outubro de1880 a12 de outubro de1886 |
| Vice-presidente | Francisco Bernabé Madero |
| Antecessor(a) | Nicolás Avellaneda |
| Sucessor(a) | Miguel Juárez Celman |
| Período | 12 de outubro de1898 a12 de outubro de1904 |
| Vice-presidente | Norberto Quirno Costa |
| Antecessor(a) | José Evaristo Uriburu |
| Sucessor(a) | Manuel Quintana |
| Senador porTucumã | |
| Período | 1892-1893 1895-1898 |
| Senador pelaCapital Federal | |
| Período | 3 de novembro de1888 a6 de agosto de1890 |
| Ministro do Interior daArgentina | |
| Período | 6 de agosto de1890 a1 de maio de1891 |
| Presidente | Carlos Pellegrini |
| Antecessor(a) | Salustiano J. Zavalía |
| Sucessor(a) | José Vicente Zapata |
| Presidente Provisório do Senado Argentino | |
| Período | 1889-1890 1892 1895-1898 |
| Dados pessoais | |
| Nome completo | Alejo Julio Argentino Roca |
| Alcunha(s) | El Zorro |
| Nascimento | 17 de julho de1843 San Miguel de Tucumán,Argentina |
| Morte | 19 de outubro de1914 (71 anos) Buenos Aires |
| Nacionalidade | Argentino |
| Cônjuge | Clara Funes |
| Partido | Partido Autonomista Nacional |
| Ocupação | Militar |
| Serviço militar | |
| Lealdade | República Argentina |
| Serviço/ramo | Exército |
| Graduação | Tenente-general |
Alejo Julio Argentino Roca Paz (San Miguel de Tucumán,17 de julho de1843 —Buenos Aires,19 de outubro de1914) foi umpolítico emilitarargentino,presidente da Argentina em dois mandatos.
Estudou no Colégio Nacional deConcepción del Uruguay, onde sua família se havia fixado no início da década de 1850. Em1858 ingressou na carreira militar. Veterano da guerra entre aprovíncia de Buenos Aires e a Confederação ocorrida entre1859 e1861, participou também naGuerra do Paraguai contra osparaguaios entre1865 e1870, na qual morreram seu pai e dois de seus irmãos. Participou da política argentina durante mais de 30 anos mediante o Partido Autonomista Nacional, tecendo complexos sistemas de alianças com distintas forças, o que lhe valeu a alcunha deel Zorro.
Depois de sufocar uma rebelião federalista emEntre Ríos, e após a morte de Adolfo Alsina, seu principal rival (e em algumas ocasiões seu aliado) no caminho rumo à sucessão presidencial deAvellaneda em1877, Roca ocupou o cargo de ministro da Guerra. Apresentou um projeto ao Congresso da Nação em14 de agosto de1878, com objetivo de uma guerra ofensiva contra osindígenas que habitavam aPatagónia, para ampliar o território sob soberania efetiva da nação.
Conduziu a denominadaCampanha do deserto, a qual diversas fontes qualificaram degenocídio e de purificaçãoétnica. Roca, comandando um exército moderno e bem preparado, submeteu a Patagónia, vencendo a tenaz resistência dos povos originais de etniamapuche, causando uma grande quantidade de vítimas e expulsando as populações restantes para áreas periféricas. Se estima que a campanha causou diretamente a morte de cerca de 20 000 indígenas. As tribos que sobreviveram foram deslocadas para zonas mais periféricas e estéreis da Patagónia. Cerca de 3 000 índios, homens, mulheres e crianças, foram feitos prisioneiros e enviados a Buenos Aires, onde foram separados por sexo para que não tivessem filhos: as mulheres foram dispersas pelos diferentes bairros da cidade como empregadas domésticas, enquanto parte dos homens foi enviada à ilha de Martín Garcia, onde morreram, em sua maioria, após poucos anos de reclusão.
Milhões de hectares se somaram assim à República Argentina. Estas enormes extensões foram adjudicadas a baixo preço ou diretamente doadas a proprietários de terras ou a políticos influentes. Para justificar esta operação militar argumentou-se que estes territórios iam ser conquistados peloChile, já que a área ao sul do rio Colorado esteve parcialmente em disputa entre as duas nações até o Tratado Argentina-Chile de1881.
Em1880 foi eleito presidente, cargo que ocupou até1886.[1] Com 37 anos de idade, foi o mais jovem presidente da Argentina em toda sua história. Seu governo levou a uma grande prosperidade da nação, alimentada por uma maciçaimigração europeia, a construção deferrovias e o desenvolvimento das exportações agrícolas, e assentou as bases do moderno Estado argentino. Separou efetivamente aIgreja doEstado, sancionando asleis de Registro Civil e de Matrimónio Civil, o que levou a romper relações diplomáticas com oVaticano. Deu um extraordinário impulso à educação mediante a Lei 1420 (iniciativa deSarmiento, então diretor do Conselho Nacional de Educação) que estabelecia o ensino primário gratuito, obrigatório e laico para todos os habitantes do país. Entretanto, a especulação financeira e acorrupção grassaram durante seu governo, sustentado mediante fraudeeleitoral. Resolveu a questão pendente do estabelecimento da capital da república, convertendo a cidade deBuenos Aires (e os vizinhos povoados de Flores e Belgrano) em território federal em1881. Foi sucedido por seu cunhado,Juárez Celman, apesar de alguns aspectos da política nacional seguirem em suas mãos.
Juárez Celman acaba renunciando em1890, em meio a uma grave crise económica e financeira.Carlos Pellegrini, que completa seu mandato, conduz habilmente a saída da crise e se estabelece como uma figura opositora a Roca. Ainda que animados pela mesma concepção de "progresso" (criação de infra-estrutura, fomento da imigração, definição de um perfil agro-exportador), Roca, Pellegrini e outros políticos do autonomismo, comoRoque Sáenz Peña, consideraram a necessidade de abandonar ocaudilhismo na política e a fraude eleitoral como mecanismo de acesso ao poder. Ao mesmo tempo, a União Cívica Radical, deAlem, se estabelece como a alternativa revolucionária e com ela se identificam os setores médios urbanos. A União Cívica havia encabeçado sublevações em1890,1892 e1893, derrotadas finalmente pelo exército nacional comandado por Roca e Horacio Foteringham.
Marginalizada a oposição da União Cívica após a derrota de suas intentonas revolucionárias, Roca manobra habilmente para desfazer-se da oposição dentro de seu partido. Contra a potencial candidatura deRoque Sáenz Peña opõe a do pai deste,Luis Sáenz Peña, o qual é eleito para o período 1892-98. Porém, sem o apoio de Roca, Sáenz Peña renuncia em janeiro de1895 e é sucedido pelo seu vice-presidente,José Evaristo Uriburu, muito mais obediente à vontade de "El Zorro".

Roca eliminou todas as chances de todos os seus potenciais opositores e, finalmente, foi eleito para um novo período presidencial (1898 -1904) em meio a uma tensa situação internacional com oChile. Finalmente, Roca conseguiu a paz com o Chile e a solução quase definitiva de todos os problemas de limites com esse país, mediante a assinatura do Tratado Argentina-Chile de1902. O crescimento económico continuou, normalizaram-se os pagamentos dadívida pública e empreenderam-se obras públicas de importância. Do seu gabinete de ministros, destacou-se especialmente Joaquín V. González [no ministério do Interior], que impulsionou um Código de leis do trabalho, o qual não chegou a obter sanção parlamentar, e uma reforma eleitoral.
Terminado o seu mandato, Roca afastou-se da vida pública. Ainda que o autonomismo tenha seguido controlando o governo por mais uma década, os partidos da oposição (em particular, a União Cívica Radical e o Partido Socialista) haviam ganho ampla base social, e os métodos de Roca já não eram efetivos para o novo século. Permaneceu quase à margem da política nacional até sua morte, em1914. Roca é, sem dúvida, uma das figuras mais polêmicas da história argentina. Enquanto alguns o consideram como o arquiteto do moderno estado argentino, outros, recordando o aniquilamento de milhares de indígenas na Patagônia e noChaco, não duvidam em qualificá-lo de genocida.
No dia 25 de julho de 2012 aBanco Central Argentino apresentou a retirada da efígie de Roca da cédula de 100 pesos argentinos e substitui-a pela efígie deEvita Peron, sob alegação de que Roca teria participado de chacinas contra grupos indígenas.[2]

| Precedido por Nicolás Avellaneda | Presidente da Argentina 1880 -1886 | Sucedido por Miguel Juárez Celman |
| Precedido por José Evaristo Uriburu | Presidente da Argentina 1898 -1904 | Sucedido por Manuel Quintana |