Movatterモバイル変換


[0]ホーム

URL:


Ir para o conteúdo
Wikipédia
Busca

José Guilherme Merquior

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
José Guilherme Merquior
José Guilherme Merquior em 1982.
Nome completoJosé Guilherme Alves Merquior
Nascimento
Morte
7 de janeiro de1991 (49 anos)

Nacionalidadebrasileiro
Alma materLondon School of Economics
OcupaçãoCrítico literário,ensaísta,diplomata, esociólogo
PrêmiosPrémio Nacional de Poesia (1973)
Prémio Paula Brito (1973)
Magnum opusO Liberalismo Antigo e Moderno
Escola/tradiçãoLiberalismo
Parte dasérie sobre
Liberalismo no Brasil
Portal do Brasil

José Guilherme Alves Merquior (Rio de Janeiro,22 de abril de19417 de janeiro de1991) foi umcrítico literário,ensaísta,diplomata,sociólogo ecientista político brasileiro, membro daAcademia Brasileira de Letras.[1] Crítico ao marxismo, Merquior foi o primeiro autor a analisar sistematicamente aEscola de Frankfurt[2] e foi um defensor doliberalismo, não só como um sistema de valorização ao mercado, mas como um estilo de vida.[3]

O ex-ministro da EducaçãoEduardo Portella definiu-o como "a mais fascinante máquina de pensar do Brasil pós-modernista – irreverente, agudo, sábio",[4] ao passo que o antropólogoLévi-Strauss o definiu como "um dos espíritos mais vivos e mais bem informados de nosso tempo".[5] Merquior foi reconhecido por intelectuais de ideologias diversas, sendo considerado “a maior inteligência brasileira da segunda metade do século XX”, pelo poetaBruno Tolentino e um “talentoso porta-voz da direita” pela profa.Marilena Chauí.[6]

Merquior dedicou ainda parte de sua obra àestética, que abrangeu desde acrítica literária com seu livro de estreiaRazão do Poema, até sua última obra publicada em vida,Crítica, uma coletânea sobre arte.[7]

Biografia

[editar |editar código]

Merquior nasceu em abril de 1941, no bairro daTijuca, e desde cedo se destacou pela sua inteligência e empenho para leituras. Ele se casou com sua primeira namorada, Hilda, com quem ficou dos 16 até a data de sua morte, aos 49 anos.[4]

Aos 18 anos, Merquior passou a publicar artigos em sua coluna noJornal do Brasil. Merquior formou-se emFilosofia eDireito, e construiu uma carreira na diplomacia, passando em primeiro lugar para o concurso doInstituto Rio Branco.[4] Como diplomata, serviu em Bonn, Londres, Paris e Montevidéu. Foi embaixador no México e representante permanente do Brasil junto àUNESCO.[8]

Em 1965, iniciou sua profícua carreira de escritor. Neste ano, lança seu primeiro livro,Razão do Poema, e conclui doutorado logo depois, em 1966, pelaSorbonne.[4]

Durante sua carreira, travou contato e amizade com diversos intelectuais de renome.Ernest Gellner foi orientador da tese de doutorado em sociologia pelaLondon School of Economics (o terceiro doutoramento).Polímata humanista, escrevia com erudição sobre muitos temas das Ciências Humanas, tendo iniciado o ofício público de escritor como crítico literário. O alicerce da obra escrita é o que se chamaria deCulturologia ou, mais especificamente,História das Ideias, menos como tributária domonismo deArthur O. Lovejoy, e mais daGeistesgeschichte alemã.

Ao lado deRoberto Campos, que foi um dos seus mentores intelectuais, trabalhou nogoverno Collor. Colaborou na redação do discurso de posse do presidente eleito e escreveu as linhas gerais do que seria a doutrina do "social liberalismo", o nome que Collor deu à suapolítica liberal com fins sociais. Convidado por Collor para ocupar, em 1990, o cargo de Ministro da Cultura, não aceitou.

Merquior escreveu uma vasta obra que vai da crítica literária à filosofia, à sociologia e à ciência política. Escrevia em Inglês e Francês com fluência igual à exibida em Português. Escreveu suamagnum opus a respeito do liberalismo quando ainda era embaixador do México, num curto período de quatro meses.[9]

Merquior morreu em 1991, vitimado por umcâncer de intestino.

Liberalismo social

[editar |editar código]
Ver também:Social liberalismo

A proposta política de Merquior visava tirar o Brasil de velhas amarras, a saber o patrimonialismo e o personalismo que imperavam no cenário político brasileiro. Semelhante àterceira via proposta porAnthony Giddens eTony Blair, Merquior defendia uma atuação do Estado na moderação social e econômica, mas com favorecimento aos ambientes de negócios da livre-iniciativa privada.[10] Defendia a privatização das estatais e o investimento massivo do Estado em educação, saúde e seguranças públicas.

A concepção de liberalismo social de Merquior foi sumarizada por ele em uma aula de formação política noPartido Liberal (PL) nos anos 1980:

O moderno liberalismo social, doutrina do PL, não deve querer dizer apenas menos Estado; quer dizer sobretudo mais liberdade. E o Estado contido pode ser um poderoso instrumento para promover liberdade para todos. Keynes, que tanto transformou o liberalismo econômico, recusou-se a aceitar tanto a opção leninista (sacrificar a democracia para acabar com o capitalismo) quanto a fascista (sacrificar a democracia para salvar o capitalismo). Mas alguns liberais são frios em matéria de fervor democrático. Hayek, por exemplo, chegou a imaginar alternativas que atuassem na base de princípios liberais. Para o neoliberalismo de direita, a liberdade econômica, além de necessária, é suficiente. Nosso melhor liberalismo não deve ter um permanente pavor do Estado; deve sim — e com crescente vigor — buscar a limitação da ação do Estado a seus objetivos reais. Este é o liberalismo social que o PL defende. Liberalismo com preocupações sociais é a única doutrina política atual que leva profundamente a sério o ideal democrático no sentido rigoroso da palavra, de governo do povo. Os socialismos de Estado dizem ser democráticos, mas ninguém se atreveria a dizer que praticaram a democracia como forma de governo. A democracia liberal social é realmente democracia, variando apenas no grau do seu teor democrático. O argumento liberal não precisa fugir à realidade; mas o antiliberalismo socialista só consegue basear-se no idealismo e em promessas sempre refeitas e adiadas de um paraíso de liberdade.[11]

É frequente a confusão do pensamento liberal social de Merquior com umneoliberalismo mascarado por parte de seus críticos. Para Ricardo Antunes o social-liberalismo não passaria de um “eufemismo designado aos socialistas e social-democratas que praticam o neoliberalismo”.[12] Opinião corroborada por Rodrigo Castelo, segundo o qual o social-liberalismo consistiria numa “variante ideológica” do neoliberalismo.[13] Outra crítica seria que o liberalismo social de Merquior era “de conteúdo indefinível e inspiração keynesiana, que parece se querer apossar do governo brasileiro para salvar o Estado patrimonialista falido de uma merecida perda de legitimidade”.[14] Entretanto, conforme salienta Kaio Felipe: "No plano prático, o social-liberalismo de Merquior consiste em uma adesão limitada ao livre mercado, pois julga que certas intervenções do Estado são importantes não só para promover a igualdade de oportunidades, mas também para estimular a liberdade positiva enquanto virtude cívica".[15] Em seus próprios termos, Merquior esclareceu sua postura frente ao neoliberalismo:

O neoliberalismo só confia no jogo do mercado. Mas nós sabemos que o mercado, conquanto seja instrumento indubitavelmente necessário para a criação de riqueza e do desenvolvimento econômico intensivo, nem por isso constitui uma condição suficiente da liberdade moderna, porque não é capaz de gerar, por si só, toda uma série de requisitos e oportunidades para o exercício mais pleno e mais significativo da individualidade de muitos. Se suprimir o mercado é ferir de morte o substrato material das liberdades modernas, deixar tudo entregue a seu império é restringir significativamente o livre gozo dessas mesmas liberdades a minorias – e a minorias compostas de privilegiados pelo berço, e não só pelo mérito.[16]

Em seu livro "O Liberalismo Antigo e Moderno", Merquior distingue entre o “conservadorismo liberal” dos britânicos baseado emEdmund Burke e conservadorismo tradicionalista, baseado no conservadorismo continental europeu expresso porLord Acton,Juan Bautista Alberdi,Herbert Spencer eOrtega y Gasset.[17]

Defensor articulado da democracia, na década de 1980, constatou que surgia, ainda em caráter minoritário, uma “nova direita brasileira, semelhante ao Thatcherismo ou à Reaganomics”.[18]

Crítica ao comunismo

[editar |editar código]

De acordo com Merquior, o socialismo, em suas origens intelectuais, não era umateoria política e sim umateoria econômica que procurava reestruturar a indústria. O socialismo só se politizou comKarl Marx, o qual fundiu a crítica doliberalismo econômico com a tradição revolucionária do comunismo.

Para o intelectual, Marx nunca valorizou osdireitos civis e chegou a condená-los, vendo neles mero instrumento de exploração de classe. Omarxismo, em especial regimes comunistas, sempre refletiu esse menosprezo pelos direitos de expressão, profissão, associação, etc.[11]

Apesar da crítica ao marxismo, Merquior fazia questão de distingui-lo da social-democracia. Tinha em mente que “o capitalismo não é um anátema, mas o mercado não é visto como um meio adequado de suprir as necessidades sociais”.[19]

Controvérsias

[editar |editar código]

Na década de 1980 Merquior acusou afilósofaMarilena Chauí por "plágio não-doloso" do filósofo francêsClaude Lefort (1924-2010), o que foi largamente levado a público pelos jornais.[6]

Alguns colegas de Marilena, comoRoberto Romano (professor de Ética daUnicamp) e Maria Sylvia de Carvalho Franco (professora titular daUSP), saíram em sua defesa apesar da filósofa ter exigido que os intelectuais não respondessem as acusações do seu crítico enquanto o próprio Claude Lefort não o desmentisse.[20]

À época, Marilena apenas declarou que era tradutora de Lefort para o Português, além de ter formação comum e intercâmbio intelectual com ele, daí não fazer sentido a ideia de plágio.[6] Décadas mais tarde, Roberto Romano revelou mágoa por conta deste episódio, pois se sentiu abandonado pela autora após fazer sua defesa. Segundo ele, a filósofa não se importou com o que ocorreu com ele e sua colega assim que foi "absolvida" por Lefort.[20]

Documentário

[editar |editar código]

Em 2015, a É Realizações Editora produziu o documentário "José Guilherme Merquior - Paixão pela Razão", com pré-estreia naAcademia Brasileira de Letras.[21] O curta-metragem é estruturado por dois eixos. De um lado, destaca-se o traço biográfico determinante do percurso de Merquior: a precocidade. E isso em vários aspectos: existencial, intelectual e profissional. De outro, assinala-se o motor de sua obra: o investimento decidido na ideia de razão. Ou seja, a aposta de Merquior na capacidade argumentativa e no diálogo intenso com o texto do outro como forma própria da reflexão crítica. O documentário ainda é enriquecido pelos depoimentos de Alberto da Costa e Silva, Bolívar Lamounier, Celso Lafer, José Mario Pereira, Júlia Merquior,Nélida Piñon e João Cezar de Castro Rocha.

Obras

[editar |editar código]

Atualmente, a obra completa de Merquior tem sido publicada pela É Realizações Editora, na coleção Biblioteca José Guilherme Merquior,[22] que além disso mantém o Acervo José Guilherme Merquior, composto por cartas, fotos e anotações pessoais do autor.[23]

Em português

Em inglês

  • 1979:The veil and the mask: Essays on culture and ideology
  • 1980:Rousseau and Weber: Two studies in the theory of legitimacy
  • 1985:Foucault
  • 1986:From Prague to Paris: A Critique of Structuralist and Post-Structuralist Thought
  • 1986:Western Marxism
  • 1991:Liberalism, Old and New

Em castelhano

  • 2005:El Comportamiento de Las Musas: Ensayos sobre literatura brasileña y portuguesa. 1964-1989

Ver também

[editar |editar código]

Referências

  1. Perfil de José Guilherme Merquior na ABL[ligação inativa]
  2. «Merquior, o conformista combativo».Folha de S.Paulo 
  3. Castro Rocha, João César.A Visão de Mundo de Merquior, ver no Liberalismo Antigo e moderno. [S.l.: s.n.] p. 318 
  4. abcd«Uma coleção para o polemista maior». estadao 
  5. «JOSÉ GUILHERME MERQUIOR É TEMA DE DEBATE E EXIBIÇÃO NA EDITORA UFPE».Universidade Federal de Pernambuco. Consultado em 1 de setembro de 2017. Arquivado dooriginal em 2 de setembro de 2017 
  6. abc«O enigma Merquior».Folha de S.Paulo. Consultado em 3 de Fevereiro de 2022 
  7. Sérgio Paulo Rouanet - Merquior: obra política, filosófica e literária.
  8. HOMENAGEM - José Guilherme Merquior
  9. Prefácio deRoberto Campos do livroLiberalism, Old and New. [S.l.]: É Realizações. 2014.ISBN 978-85-8033-171-4 
  10. MERQUIOR, José Guilherme. As ideias e as formas. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1981.
  11. ab«SOCIALISMO E LIBERALISMO». Consultado em 25 de dezembro de 2016. Arquivado dooriginal em 26 de dezembro de 2016 
  12. [ANTUNES, Ricardo. A desertificação neoliberal no Brasil (Collor, FHC e Lula). 2ª ed. Campinas: Autores Associados, 2005, p.165
  13. CASTELO, Rodrigo. O social-liberalismo: auge e crise da supremacia burguesa na era neoliberal. São Paulo: Expressão Popular, 2013. p.376
  14. PENNA, José Oswaldo de Meira. O Espírito das Revoluções. Rio de Janeiro: Faculdade da Cidade Ed., 1997. p. 512.
  15. FELIPE, Kaio.Merquior, um Liberista? Uma Comparação entre o Pensamento Liberal de José Guilherme Merquior e Friedrich von Hayek.1o Seminário Internacional de Ciências Políticas - Estado e Democracia em Mudança no Século XXI. UFRGS. Porto Alegre, 9 a 11 de setembro de 2015.
  16. MERQUIOR, José Guilherme.O argumento liberal. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983, p.94-95.
  17. FELIPE, Kaio. Para além do neoliberalismo e da social-democracia: uma análise do liberalismo social de José Guilherme Merquior. EmTese, Florianópolis, v. 15, n. 1, p. 129-151, jun. 2018.
  18. MERQUIOR. Brazil's New Republic: The Social-Liberal Path.Bulletin of Latin American Research, Vol. 6, No. 2, 1987. p. 272.
  19. (MERQUIOR. O Marxismo Ocidental. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987. p. 271
  20. abRomano, Roberto (16 de setembro de 2005).«O silêncio palavroso de Marilena Chaui».Correio Popular. FAPESP na Mídia. Consultado em 3 de Fevereiro de 2022 
  21. «Documentário e reedições mostram a falta que faz Merquior». G1 
  22. «É Realizações: Biblioteca José Guilherme Merquior [Confira!]».www.erealizacoes.com.br. Consultado em 22 de abril de 2021 
  23. «Formalismo & Tradição Moderna - O problema da arte na crise da cultura».www.erealizacoes.com.br. Consultado em 22 de abril de 2021 

Ligações externas

[editar |editar código]

Precedido por
Paulo Carneiro
ABL - quarto acadêmico da cadeira 36
1982 — 1991
Sucedido por
João de Scantimburgo
Cadeiras 1 a 10
1 (Adelino Fontoura)
2 (Álvares de Azevedo)
3 (Artur de Oliveira)
4 (Basílio da Gama)
5 (Bernardo Guimarães)
6 (Casimiro de Abreu)
7 (Castro Alves)
8 (Cláudio Manuel da Costa)
9 (Gonçalves de Magalhães)
10 (Evaristo da Veiga)
Cadeiras 11 a 20
11 (Fagundes Varella)
12 (França Júnior)
13 (Francisco Otaviano)
14 (Franklin Távora)
15 (Gonçalves Dias)
16 (Gregório de Matos)
17 (Hipólito da Costa)
18 (João Francisco Lisboa)
19 (Joaquim Caetano)
20 (Joaquim Manuel de Macedo)
Cadeiras 21 a 30
21 (Joaquim Serra)
22 (José Bonifácio)
23 (José de Alencar)
24 (Júlio Ribeiro)
25 (Junqueira Freire)
26 (Laurindo Rabelo)
27 (Maciel Monteiro)
28 (Manuel Antônio de Almeida)
29 (Martins Pena)
30 (Pardal Mallet)
Cadeiras 31 a 40
31 (Pedro Luís)
32 (Manuel de Araújo Porto-Alegre)
33 (Raul Pompeia)
34 (Sousa Caldas)
35 (Tavares Bastos)
36 (Teófilo Dias)
37 (Tomás António Gonzaga)
38 (Tobias Barreto)
39 (Visconde de Porto Seguro)
40 (Visconde do Rio Branco)
Controle de autoridade
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=José_Guilherme_Merquior&oldid=71190943"
Categorias:
Categorias ocultas:

[8]ページ先頭

©2009-2025 Movatter.jp