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Jordanes

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Jordanes
Nascimentoséculo VI
OcupaçãoHistoriador
Magnum opusGética

Jordanes (emlatim:Iordanis) foi funcionário e historiador de origemgótica[1] doImpério Bizantino, que viveu noséculo VI.[2] Embora tenha escrito uma obra chamadaRomana, sobre a história deRoma, sua obra de maior interesse éDe origine actibusque Getarum ("A origem e as façanhas dos Godos"), ouGética, escrita em latim (provavelmente a terceira língua de Jordanes), emConstantinopla, por volta de 551. Nesta obra aparece uma referência a uma ilha chamadaEscandza — identificada como representando aEscandinávia — e aos diversos povos aí existentes — entre os quaisos Gautigodos, os Ostrogodas e osSueãs.[3][nota 1]

O ambiente político em Constantinopla

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Império Bizantino à época de Jordanes. A parte mais clara representa as conquistas deJustiniano(r. 527–565)

Justiniano havia chegado ao poder comoimperador associado em 527, tomando pouco mais tarde o controle total após a morte de seu predecessor. Desde 523, estava casado comTeodora. Naquela época, apenínsula Itálica era uma mescla de antigosromanos, povos itálicos egodos. As relações entre estes povos variavam entre períodos de paz e outros de não tanta harmonia. No aspecto religioso, a Itália ficava em território de influência daIgreja Católica , enquanto Justiniano e Teodora pertenciam àIgreja Ortodoxa Oriental.

Justiniano foi conhecido como "o imperador que nunca dormia".[5] Ele e Teodora (que foi uma parceira excelente e de semelhante inteligência à do imperador) dedicaram quase cada momento de seu tempo e recursos a um objetivo: a reunificação e restauração doImpério Romano. Seus métodos foram, às vezes, extremos, bem como impiedosos. Alcançaram êxito parcial nesse objetivo, e dessa maneira, ambos ficaram conhecidos como os últimos imperadores propriamente romanos, no sentido de defenderem um único império unindo Ocidente e Oriente, enquanto seus sucessores foram mais identificados com oImpério Bizantino.

Como astuto estadista que era, compreendeu a necessidade de vencer a seus inimigos fazendo certas concessões. Continuou a política de reconhecer a sede papal como suprema autoridade eclesiástica. Apesar disso, confiava em controlar esse poder graças a sua influência pessoal. Em 536, sua esposa chegou a um acordo com o representante papal,Vigílio, um nativo romano. Noquid pro quo subsequente (expressão que ainda hoje é a base dos acordos legais), oquid era a concessão do papado e 700libras deouro. Oquo era a cooperação de Vigílio com Justiniano.

Por este acordo, o general dos exércitos de Justiniano,Belisário, estabeleceu sua guarnição na cidade deRoma. OPapa Silvério (um guerreiro godo) foi expulso do papado mediante falsas acusações. Belisário se assegurou que a eleição do novoPapa favoreceria a Vigílio. Justiniano, porém, que havia atuado sob a motivação da razão de estado, não contava que Vigílio, mais pendente de sua própria consciência, terminaria atuando contra a política imperial.

A crise do papado

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A controvérsia daTrindade foi um assunto complexo dentro dos círculos das igrejas cristãs. Pediu-se aJustiniano que tomasse parte (como já havia feitoConstantino I ao entrar nos debates sobre temas religiosos), coisa que fez em 543 ou 544, com um édito que condenava a Trindade. Justiniano esperava que o édito facilitasse a reconciliação com osmonofisistas.Patriarcas ebispos foram então coagidos a firmar o édito.

Vigílio negou-se a assinar. Ele foi então retirado à força no meio de um serviço religioso que celebrava a festividade deSanta Cecília e foi escoltado até um barco que, norio Tibre, esperava para transportá-lo aConstantinopla. Depois de uma parada naSicília, chegou a Constantinopla em 547, passando na capital os oito anos seguintes, embora não só por sua decidida negativa a firmar o edito, mas também porque Justiniano preferia mantê-lo afastado dasguerras com os godos e dos violentos conflitos que devoravam a Itália. Em 555, após a derrota dos godos, Vigílio cedeu aos desejos do soberano e pode abandonar a capital, somente para morrer na viagem de regresso a Roma, onde foi enterrado ao chegar.

Jordanes se envolve no conflito

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Como e onde chegou Jordanes a unir-se aVigílio emConstantinopla continua sendo um mistério. Se ele era bispo deCrotona, como afirmam alguns, não devia estar em Roma no momento da prisão de Vigílio. Depois de ter se unido a ele, poderia não ter sido autorizado a partir, já que este compartilhava a política conciliatória de Vigílio no que dizia respeito ao resto doshunos e aosgodos. A última coisa queJustiniano queria era a reconciliação, já que havia enviadoBelisário à Itália para derrotar estes povos.

O livroRomana, sobre a história de Roma, começou como uma forma de aliviar a carga da prisão e para preencher as longas horas da mesma. Esta obra sobreviveu sob vários títulos descritivos:De summa temporum vel origine actibusque gentis romanorum;De regnorum et temporum successione;Liber de origine mundi et actibus romanorum ceterarumque gentium;De gestis romanorum.

Tratava-se de uma apressada compilação, iniciada antes, porém publicada depois da História dos Godos de 551, cobrindo a história do mundo desde a Criação, baseada emJerônimo e outros escritores, porém que tem seu maior valor quando trata dos acontecimentos entre 450 e 550, quando Jordanes aborda a história recente de sua época.

A vida de Jordanes

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Jordanes escreveu sobre si mesmo de passagem:[6]

Os sírios, os sadagaros e e alguns dosalanos, com seu líder, de nomeCandaco, receberam aCítia Menor e aBaixa Mésia. Paria, o pai de meu pai, de nomeAlanoviiamuth (isto é, meu avô), foi secretário desse Candaco durante toda sua vida. Para o filho de sua irmã, grutungos, também chamado Baza, omestre dos soldados (magister militum), que era filho deAndagis e filho de Andela, descendente dadinastia dos Amalos, eu também, Jordanes, embora um homem iletrado antes de minha conversão, fui secretário.

Já no texto da edição de 1882 deMommsen , foi sugerido que o longo nome do pai de Jordanes deveria ser divido em duas partes:Alanovii Amuthis, ambas formas genitivas. O primeiro provavelmente alude ao pertencimento aos alanos, enquanto Amute seria seu verdadeiro nome. A palavra precedente deveria então pertencer a Candaco, significando que ele era um alano. Mommsen, porém, descartou sugestões para emendar um texto corrompido.[7]

Paria era o avô paterno de Jordanes. Jordanes escreveu que ele era secretário de Candaco,duque dos alanos (dux Alanorum), um até então desconhecido líder dos Alanos.

Jordanes era notário (notarius; secretário) de greutungo Baza, um mestre dos soldados, sobrinho de Candaco, do clãostrogodo dos Amalos.

Isto foiante conversionem meam ("antes de minha conversão"). A natureza e detalhes da conversão permanecem obscuros. A conversão foi provavelmente não dopaganismo aocristianismo. Osgodos haviam sido convertidos com a assistência deUlfilas (um godo), feito bispo por conta disso. Porém, os godos haviam adotado oarianismo. A conversão de Jordanes pode ter sido uma conversão aocredo Niceno (Trindade), o que pode expresso em antiarianismo em certas passagens naGetica.[8] Nas cartas aVigílio, ele menciona menciona que ele despertadovestris interrogationibus, ("pelo seu questionamento").

Alternativamente, aconversio de Jordanes pode significar que ele se tornou um monge, ou umreligioso, ou um membro do clero. Alguns manuscritos dizem que ele foi um bispo, alguns dizem mesmo bispo deRavena, mas o nome Jordanes não aparece na lista dos bispos de Ravena.

OPapa Pelágio I menciona umIordanis, defensor Ecclesiae Romanae ("Jordanes, defensor da Igreja Romana"), que poderia referir-se ao historiador bizantino. A ênfase no final "Iglesia Romana", como oposto a alguma outra igreja, parece implicar o conhecido conflito entre o credo niceno e o credo ariano, então ainda em curso. Por volta de 551, ao Papa Vigílio, detido emConstantinopla, uniu-se obispo Jordanes deCrotona (Calábria,Itália), comumente identificado como "Jordanes" o historiador.

Gética

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Muito do que sabemos sobre aBatalha dos Campos Cataláunicos vem daGética, escrita por Jordanes

AGética, de Jordanes, é a única fonte sobrevivente sobre a origem dos povosgodos que ocuparam as margens doMar Báltico, próximo da atualPolônia, e que se estenderam ao sul até omar Negro, formando um império diferenciado com uma língua própria e sobre como os godos foram derrotados peloshunos e gradualmente se dispersaram pelaEuropa até desaparecer por assimilação com outros povos.

Essa obra foi escrita por Jordanes a pedido de um amigo, que lhe pediu para escrever para a igreja, como resumo de uma obra de vários volumes (hoje desaparecida) sobre a história dos godos, compilada pelo político e escritorCassiodoro. Os fatores mais importantes na seleção de Jordanes para esse trabalho foi seu interesse pela história (já estava trabalhando numa história deRoma), sua habilidade para escrever de forma sucinta, e suas próprias relações com os godos. Jordanes havia sido funcionário de alto nível, notário ou secretário, de um pequeno estado cliente de Constantinopla na fronteira daMésia, ao norte da atualBulgária.

Outros escritores comoProcópio de Cesareia escreveram obras ainda existentes sobre a história posterior dos godos. Como único trabalho sobrevivente sobre a origem dos godos, a Gética de Jordanes foi objeto de uma extensa revisão crítica. Jordanes a escreveu emlatim tardio, denegrido pelos clássicos por não respeitar as regras do latim clássico deCícero. Segundo sua própria introdução, teve somente três dias para revisar o trabalho de Cassiodoro, e portanto, devia confiar em seu próprio conhecimento.

Porém, parte dessa consideração de escritor em latim decadente de Jordanes foi recentemente mudada, ao descobrir-se novos manuscritos — oPanornitanus Arch. Stato. cod. Basile — parecendo que os abundantes erros atribuídos à pena de Jordanes correspondem aos copistas nórdicos posteriores, desconhecedores do latim.[9]

Notas

  1. Ele menciona a grandepraga de 546 como tendo ocorrido "nove anos atrás".[4]

Referências

  1. Croke 1987, p. 119.
  2. Miranda 2007, p. 449.
  3. "Constantinopla é "nossa cidade" (Gética, 38).
  4. Gética, 104
  5. WESBSTER, Hutton.«Early European History by Hutton Webster» (em inglês). Consultado em 15 de março de 2008 
  6. JORDANES (551).«Getica 266» (em inglês). Consultado em 15 de março de 2008 
  7. CHRISTENSEN,Arne Søby (2002).«Cassiodorus, Jordanes, and the History of the Goths. Studies in a Migration Myth» (em inglês).ISBN 978-87-7289-710-3. p. 91. Consultado em 15 de março de 2008 
  8. Getica 132, 133, 138, notado por Croke 1987:125
  9. José María Sánchez Martín (Ed.),Origen y gestas de los godos, Cátedra, 2001, (ISBN 84-376-1887-8)

Bibliografia

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Ligações externas

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