Vieira voltou à cena política em meados de 2005, quando venceu a eleição presidencial apenas seis anos depois de ser expulso durante umaguerra civil que pôs fim a 19 anos de poder.
À medida que a guerra se intensificou, ele demonstrou habilidade como líder militar e rapidamente subiu na cadeia de comando. Vieira era conhecido por seus camaradas como "Nino" e esse permaneceu seunome de guerra enquanto durou a luta.
Logo após eleições do conselho regional no fim de 1972, em áreas sob o controle do PAIGC, que levaram à constituição de uma assembleia constituinte, Vieira foi nomeado presidente da Assembleia Nacional Popular. Em 28 de setembro de 1978 foi nomeadoprimeiro-ministro da Guiné-Bissau.
Em 1980 as condições econômicas haviam se deteriorado significativamente, o que levou a uma generalizada insatisfação com o governo. Em 14 de novembro de 1980, Vieira derrubou o governo deLuís Cabral em umgolpe militar sem derramamento de sangue, o que levou à desvinculação do PAIGC deCabo Verde, que preferiu se tornar um partido separado. A constituição foi suspensa e um Conselho Militar da Revolução com nove membros, comandado por Vieira, foi formado. Em 1984 uma nova constituição foi aprovada, fazendo o país retornar a um regime civil.
A Guiné-Bissau, como o resto daÁfrica subsaariana, foi em direção àdemocraciamultipartidária no começo dosanos 90. A proibição de partidos políticos terminou em 1991 e houve eleições em 1994. No primeiro turno das eleições presidenciais, em 3 de julho, Vieira receber 46,20% dos votos, concorrendo com outros sete candidatos. Ele acabou em primeiro lugar, mas não conseguiu ganhar a necessária maioria, o que levou a um segundo turno em 7 de agosto. Recebeu 52,02% dos votos contra 47,98% deKumba Yalá, um ex-palestrante de filosofia e candidato doPartido Renovador Social (PRS). Observadores internacionais da eleição consideraram ambos os turnos livres e justos em geral. Vieira tomou posse com o primeiro presidente democraticamente eleito da Guiné-Bissau em 29 de setembro de 1994.
Logo depois de uma tentativa fracassada de golpe de estado contra o governo em junho de 1998, o país se viu no meio de uma breve mas violenta guerra civil entre forças leais a Vieira e outras leais ao líder rebeldeAnsumane Mané. Rebeldes finalmente depuseram o governo de João Vieira em um novo cessar-fogo em 7 de maio de 1999.[2] Ele se refugiou na embaixada portuguesa e se refugiou emPortugal em junho.[3]
Em 7 de abril de 2005, pouco mais de dois anos depois de outro golpe militar derrubar o governo do presidente Kumba Yalá, Vieira retornou a Bissau depois de 6 anos deexílio em Portugal.[4] Mais tarde, naquele mês, ele anunciou que se candidataria à presidência nas eleições presidenciais de 2005, em junho.[5] Apesar de que muitos consideraram Vieira inelegível por cause de processos contra ele e porque ele estava em exílio, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que ele estava apto a concorrer.[6] Seu antigo partido, o PAIGC, apoiou o ex-presidente interinoMalam Bacai Sanhá como seu candidato.
De acordo com resultados oficiais, Vieira ficou em segundo lugar na eleição de 19 de junho com 28,87% dos votos, atrás de Malam Bacai Sanhá, e portanto participou do segundo turno. Ele oficialmente derrotou Sanhá no segundo turno, em 24 de julho, com 52,35% dos votos, e tomou posse como presidente em primeiro de outubro.[7]
Em 28 de outubro de 2005 Vieira anunciou a dissolução do governo chefiado pelo Primeiro-ministroCarlos Gomes Júnior, seu rival, citando a necessidade de manter a estabilidade; em 2 de novembro, nomeou seu aliado políticoAristides Gomes para o cargo.[8]
Em 23 de novembro de 2008, o Presidente Vieira sofreu uma tentativa de assassinato onde sua residência foi invadida, alguns de seus guardas morreram mas Vieira permaneceu ileso. Em uma entrevista de rádio posterior eu deixo escapar para a nação, que eles podem contar com o apoio incondicional do presidente questionando se o país continuaria assim, e se o estado fará seu trabalho sem interferência, acuso o general Tagme Na-waie de ser o responsável pela tentativa de golpe de estado e por colocar em perigo a estabilidade, a paz e a democracia do país.[9][10]
Em 1 e 2 de março de 2009, após o assassinato no primeiro dia do chefe de Estado Maior das Forças Armadas,[11] morto com uma bomba, no dia 2 o presidente é morto a tiro por militares que mantiveram a sua casa debaixo de fogo. Nino Vieira morre a tentar escapar de casa. Militares retiram os seus bens pessoais do palácio presidencial, no saque que se seguiu.[12] Depois de ferido a tiro, foi retalhado em pedaços à catanada.[13][14]
O exército da Guiné-Bissau afirmou que o assassinato do presidente foi um "ato pessoal" de alguns soldados em retaliação ao assassinato do Chefe do Estado-Maior Vay, e não um golpe. O gabinete anunciou que haverá 7 dias consecutivos de luto nacional.[15]
Reações internacionais ao assassinato de Nino Vieira
Mohamed Ibn Chambas, chefe daComunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), declarou "'A morte de um presidente', de um chefe de gabinete, é uma notícia muito grave", acrescentando "É não só o assassinato de um presidente ou de um chefe de gabinete, é o assassinato da democracia”.
O ex-secretário-geral daONUBan Ki-moon condenou o duplo assassinato e insistiu em uma investigação sobre as mortes, oferecendo condolências à nação.[16][17][18]
AInternacional Socialista, da qual o partido de Vieira faz parte, afirmou que "A Internacional acompanhou com grande preocupação as recentes dificuldades políticas na Guiné-Bissau e reitera a sua opinião firme de que nunca poderá haver qualquer justificação para o uso da força resolver disputas políticas e que o assassinato político é um ato completamente hediondo e criminoso".[20]
O CoronelTcham Na Man, nascido em fevereiro de 1953, foi identificado como um dos autores do assassinato do presidente guineense, e afirmou ter sido torturado de forma selvagem pelo regime anterior do presidente e que nutria profundo ódio por Vieira.[21]
Transferência de restos mortais em novembro de 2020
Em novembro de 2020, por iniciativa do atual PresidenteUmaro Sissoco Embaló, o corpo de vieira foi reenterrado na proa declarando que o falecido presidente é patrimônio nacional da Guiné-Bissau. O cadáver foi novamente enterrado naFortaleza de São José da Amura junto com outros chefes de estado como Malam Bacai Sanhá e Kumba Ialá, na fortaleza onde atua o Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau.[22][23]