Em relação àsMalvinas, defende a soberania argentina sobre as ilhas, mas deseja um acordo pacifico sobre o tema;[36][37] Prioriza alianças com osEstados Unidos eIsrael;[38] Ele é cauteloso em relação às relações com aChina, e apoia a Ucrânia contra a Rússia nainvasão em curso.[39]
Javier Gerardo Milei nasceu no bairro dePalermo na capital argentina,[40] filho de Alicia Luján Lucich,dona de casa,[41] e de Norberto Horacio Milei, motorista de ônibus e depois empresário, supervisionando o setor de condução de ônibus.[42][43] Ambos são deorigemitaliana.[44][45] A mãe também tem ascendênciacroata.[46] Milei cresceu no bairro deVilla Devoto[44] e frequentou escolas católicas e universidades privadas.[40] Estudou no Colégio Cardenal Copello e posteriormente mudou-se para Sáenz Peña, em Buenos Aires. Na escola, ele foi apelidado deEl Loco ("O Louco") devido às suas explosões e à sua retórica agressiva que mais tarde o tornou famoso.[40] No final da adolescência e no início da idade adulta, foi goleiro das categorias de base doChacarita Juniors, até 1989.[47]
Milei afirma que decidiu abandonar o futebol e comprometer-se totalmente com a carreira de economia aos dezoito anos, durante a hiperinflação de 1989, no final do governo deRaúl Alfonsín.[48] Ele estava estudando introdução à economia e àlei da oferta e da procura: quando os preços aumentam, a demanda diminui. Ele pensava que tal lei parecia estar em desacordo com a crise em curso, pois viu pessoas tentarem desesperadamente agarrar mercadorias nos supermercados, enquanto os preços aumentavam, e considerou que tinha de estudar economia mais detalhadamente para a compreender.[49] Sobre sua infância, ele disse que seus pais batiam nele e abusavam verbalmente dele,[50] o que o levou a não falar com eles por uma década.[41] Ele foi apoiado por sua irmã mais nova,Karina Milei e por sua avó materna.[40] Ele cantou na banda coverEverest, que tocava principalmente covers dosRolling Stones.[42]
Formado em Economia, pelaUniversidade de Belgrano (Licenciatura), em 1993, e com dois Mestrados no Instituto de Desarrollo Económico e Social (IDES) e na Universidade Torcuato di Tella,[51] começou sua carreira com um curto estágio noBanco Central da República Argentina, iniciado 22 de dezembro de 1992 e terminado em 22 de junho de 1993. Segundo Milei, ele foi dipensado por "não gostarem dele".[52] Em uma avaliação dos profissionais do banco, feita em 1993 e divulgada recentemente, Milei foi dispensado por não dominar a língua inglesa e por seus conhecimentos sobre economia serem considerados insuficientes naquele momento.[53] Durante a campanha eleitoral, jornalistas especularam se a promessa de Milei em fechar o Banco Central da República Argentina tinha relação com sua demissão em 1993.[54]
Desde 2012, dirigia a divisão de Estudos Econômicos daFundación Acordar, umthink tank de âmbito nacional.[55] Ele também é membro do B20, do Grupo de Política Econômica daCâmara de Comércio Internacional (um consultor doG20) e doFórum Econômico Mundial. É especialista em crescimento econômico e já foi professor de diversas disciplinas econômicas em universidades argentinas e no exterior. Também trabalhou para o magnata argentinoEduardo Eurnekián. É autor de 9 livros.
Por mais de 21 anos, foi professor universitário demacroeconomia,economia do crescimento,microeconomia ematemática para economistas. Desde 2016 ele tenta fundir os conceitos daeconomia austríaca com os domonetarismo, pois entende queBen Bernanke foi o maior banqueiro central de todos os tempos,[57] ponto de vista rejeitado pelos economistas austríacos. "Além de sua carreira acadêmica, Milei é o anfitrião de seu próprio programa de rádio chamadoDemoliendo mitos (Demolindo mitos), com participações frequentes do economistaalberdiano e empresárioGustavo Lazzari e outras personalidades, como o advogado também alberdianoPablo Torres Barthe e a cientista política libertáriaMaría Zaldívar.[58][59]
Nos últimos anos, Javier Milei teve grande destaque nos meios de comunicação argentinos, especialmente desde 2014, sendo frequentemente convidado para programas de televisão e rádio a fim de apresentar as suas análises económicas sob o prisma daescola austríaca, que rejeita a intervenção do Estado. Segundo a empresa de consultoria Ejes de Communicación, em 2018 foi o economista mais convidado pelos canais argentinos. Em 2019, a revistaNoticias classificou-o entre as pessoas mais influentes da Argentina.[60]
A mídia internacional e os acadêmicos descreveram o pensamento político de Javier Milei como deextrema-direita[61][62][63] e fortementeconservador.[61] Milei é seguidor do presidente brasileiro de 2019 a 2022,Jair Bolsonaro e do presidente dos Estados Unidos de 2017 a 2021, regressado em 2025,Donald Trump.[64] Ele também é próximo do partido de extrema-direita espanholVox[65] e do político extremamente conservador e ex-candidato presidencial chilenoJosé Antonio Kast.[66]
Em 2019, ingressou no Partido Libertário.[4][5] Sob a coalizãoLa Libertad Avanza, surpreendeu nas eleições primárias de setembro de 2021, ficando em terceiro lugar na cidade de Buenos Aires com 13,66% dos votos. Fazendo campanha sob o lema "Não vim aqui para liderar cordeiros, mas para despertar leões", denunciou a "casta política", que disse ser composta de "políticos inúteis e parasitas que nunca trabalharam".[68]
Em matéria de política externa, declarou que gostaria de se alinhar com osEstados Unidos eIsrael, caso fosse eleito Presidente. Anunciou também que fará de Israel o seu primeiro destino como Presidente. Em 2023, denunciou a adesão da Argentina aosBRICS.[69][70]
Durante o seu mandato, limitou suas atividades legislativas à votação, concentrando-se em vez disso na crítica do que descreve como a "elite política da Argentina e a sua propensão para elevados gastos governamentais". Foi candidato presidencial naseleições gerais de 2023,[71] comVictoria Villarruel como sua companheira de chapa à vice-presidência.[72] Avançou para o segundo turno da eleição presidencial, na qual enfrentouSergio Massa. Em 19 de novembro de 2023, venceu o segundo turno com 56% contra 44% de Massa para se tornar presidente eleito.[73]
Javier assume como presidente da ArgentinaMilei e Villarruel durante aposse presidencial
Milei assumiu o cargo de presidente em 10 de dezembro de 2023. Além da falta de apoio no Congresso,[74] o governo recebeu do seu antecessor uma inflação anual de 142,7%, reservas líquidas negativas do Banco Central de 11 mil milhões de dólares e um défice primário de 2,4% e um défice financeiro de 4,4%,[75][76] o aumento da pobreza e uma população polarizada como desafios para a sua presidência. Sua ministra das Relações Exteriores,Diana Mondino, anunciou que o país não se juntará aosBRICS.[77] A nomeação de Rodolfo Barra por Milei como chefe do Ministério Público do Tesouro causou indignação devido ao passadoneonazista de Barra.[78] No seu primeiro discurso como presidente, Milei alertou sobre a necessidade de umchoque económico, o que foi descrito como umaterapia de choque em termos econômicos, a ser usado como um meio para resolver os problemas econômicos da Argentina.[79][80]
O gabinete de Milei inclui ministros filiados aoLa Libertad Avanza e aoJuntos por el Cambio. Em seus primeiros atos como presidente, Milei assinou treze decretos, a maioria relacionados aos membros de seu gabinete. Também baixou o número de ministérios de 18 para 9,[81] e nomeou três secretariados com cargos de pasta, incluindo a sua irmã para o cargo de Secretária-Geral da Presidência, após modificar a lei que proíbe a nomeação de familiares.[82]
Em 22 de dezembro de 2023, Milei emitiu as “Bases para a Reconstrução da Economia Argentina” via umDecreto de Necessidade e Urgência (DNU), contendo 83 páginas e 366 artigos.[83][84] Em um discurso televisionado o presidente listou trinta das principais alterações contidas no decreto. No dia 28 de dezembro, foi encaminhado ao Congresso um projeto de lei abrangente, contendo 132 páginas e 664 artigos, sendo denominado “Lei de Bases e Pontos de Partida para 'A Liberdade dos Argentinos'" que foi apelidada de "Lei Omnibus". Tanto o decreto quanto o projeto de lei incluíram desregulamentações e modificações com o objetivo de reduzir a participação do Estado em setores como trabalho, saúde, aluguel habitacional, turismo, clubes de futebol, judiciário e economia. Algumas destas medidas foram a transformação de empresas estatais em sociedades anónimas para posterior privatização, uma política de “céus abertos”, a eliminação da lei das gôndolas e do INADI, entre outras.
No ponto mais polêmico da "Lei Ômnibus", declara-se a emergência pública nas áreas econômica, financeira, fiscal, de segurança e defesa até Dezembro de 2025, podendo ser prorrogada por mais dois anos, abrangendo todo o mandato do presidente argentino.[85] Críticos e especialistas condenaram as medidas de Milei sendo inconstitucionais e acusaram-no de autoritário.[86][87] Em resposta às críticas e aos protestos, Milei disse que os opositores de seu governo estavam sofrendo deSíndrome de Estocolmo por acreditarem em um modelo econômico que as empobrece e que haveriam mais reformas por vir.[88][89][90]
Na primeira semana de 2024, a Justiça do Trabalho Argentina, atendendo pedidos de centrais sindicais, suspendeu provisoriamente o trecho do DNU que tratava protestos e piquetes como injúria trabalhista grave.[91][92][93]
Tanto o "DNU" e a "Lei Ômnibus" estão sujeitos à aprovação do Congresso, que convocou uma sessão extraordinária a ser realizada entre os primeiros meses de 2024.[94]
Em março de 2024, ele decidiu, por decreto, aumentar seu salário e o de seus ministros em 50%. Essa medida causou polêmica na Argentina, pois os salários e as pensões dos trabalhadores e pensionistas caíram drasticamente em média desde que ele assumiu o cargo devido à crise econômica e ele fez campanha contra os “privilégios” da “casta” política durante as eleições presidenciais.[95]
Economicamente, Milei é influenciada pelaEscola Austríaca e admira as políticas do ex-presidenteCarlos Menem.[117] Ele apoia ocapitalismo, vendo o socialismo como a personificação da inveja e da coerção.[112] Milei propõe reduzir os ministérios do governo e enfrentar os desafios económicos através de cortes de gastos e reformas fiscais, criticando as administrações anteriores por gastos excessivos.[118] Ele elogiou as políticas económicas da ex-primeira-ministra britânicaMargaret Thatcher e chamou-a de "uma grande líder".[119][120][121]
Comoconservador social, Milei acredita na teoria da conspiração domarxismo cultural, e se opõe aoaborto e àeutanásia,[122][123] mesmo nos casos em que uma mulher ou menina tenha sido abusada sexualmente, chamando-o de “homicídio agravado pelo vínculo”.[124] É indiferente aocasamento entre pessoas do mesmo sexo e apoia aprivatização na educação e na saúde. Ele se opõe à vacinação obrigatória e apoia alegalização das drogas e a legalização da prostituição.[125][126] Como defensor do direito de possuir e portar armas, Milei defende a desregulamentação da posse de armas de fogo e propõerestrições à imigração para criminosos.[127] Considera que asdesigualdades sociais são naturais e que o governo não deve procurar reduzi-las, acrescentando que a justiça social é um "conceito aberrante" e um "roubo". Valoriza o espírito empresarial e o sucesso individual.[128] Ele também atacou ofeminismo, chamando-o de "distorção".[129]
Sobre oaquecimento global, Milei nega sua existência, dizendo que é uma invenção do marxismo cultural. Milei também relaciona o marxismo cultural com o Ministério da Mulher e diz que se for eleito presidente encerrará aquele ministério. Ele também mencionou o marxismo cultural para se referir contra omovimento LGBT.[130][131][132]
Na política externa, Milei critica oFMI,[133] se alinha com figurasantissocialistas como Donald Trump e Jair Bolsonaro,[134][135] e prioriza alianças com os Estados Unidos e Israel.[136][137] Ele é cauteloso sobre as relações com a China,[138] apoia a Ucrânia contra a Rússia,[139] e defende o diálogo sobre aGuerra das Malvinas. Milei assinou a Carta de Madrid, um documento elaborado peloVox que descreve grupos de esquerda como inimigos do Ibero-América, envolvida em um "projeto criminoso" que está "sob o guarda-chuva do regime cubano".[140][141] Ele assinou o documento com outros políticos comoRafael López Aliaga do Peru,José Antonio Kast do Chile eEduardo Bolsonaro do Brasil, filho do ex-presidenteJair Bolsonaro.[140]
Foi apontado[por quem?] que uma questão importante é que Milei faz uso constante de fórmulas matemáticas e de gráficos ao longo de seus escritos para ilustrar seus pontos, o que contradiz claramente as visões austríacas céticas sobre o uso da matemática na economia, considerada por eles como umaciência social. Este é o principal obstáculo para enquadrar Milei como um economista 'austríaco'. Embora sua estrutura conceitual seja decididamente austríaca, sua metodologia em geral não o é.[142]
Ele se destacou por sua maneira às vezes agressiva de debater e pelo uso recorrente de linguagem chula, o que gerou várias polêmicas. Em 25 de agosto de 2021, ele insultou o chefe do governo da cidade de Buenos Aires,Horacio Rodríguez Larreta, chamando-o de "esquerdista de merda" e "careca nojento", e afirmou que poderia "esmagá-lo" politicamente. Ele defendeu suas declarações dizendo que Rodríguez Larreta estava usando "fundos públicos para perseguir oponentes".[143][144]
O seu partido,La Libertad Avanza, é suspeito de ter pedido aos seus candidatos que comprassem o seu lugar nas listas eleitorais por várias dezenas de milhares de dólares, no período que antecedeu as eleições gerais de 2023. Empresários, advogados e políticos anteriormente próximos de Javier Milei testemunharam este facto. Segundo eles, foram exigidos pelo menos 10 mil dólares para uma candidatura e até 250 mil dólares para os lugares mais cobiçados.[145]
Em 2025, o governo de Javier Milei foi envolvido em uma polêmica relacionada ao token Libra, um ativo digital criado por apoiadores do presidente e promovido como "a moeda do futuro da Argentina". A imprensa revelou indícios de que o projeto utilizava a imagem de Milei sem autorização oficial e apresentava sinais de possível esquema fraudulento, com promessas irreais de valorização e ausência de lastro verificável. A falta de transparência sobre os responsáveis pelo token e o uso político da imagem presidencial geraram críticas tanto no setor de criptomoedas quanto entre opositores do governo.[147]
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El retorno al sendero de la Decadencia Argentina (em inglês: The return to the road of the Argentinian Decadence, 2015), ISBN 9789873677182
Maquinita, Infleta y Devaluta (em inglês: Machinita, Infleta e Devaluta, 2016), com Diego Giacomini. ISBN 9789873677441
Otra vez sopa: maquinita, infleta y devaluta: ensayos de economía monetaria para o caso argentino (Em inglês: Mais uma vez sopa: machinita, infleta e devaluta: ensaios de economia monetária para o caso argentino, 2017), com Diego Giacomini. ISBN 9789876278140
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