Java (emindonésio,javanês esundanês:Jawa) é uma ilha situada naIndonésia, onde se situa a capital do país,Jacarta.[2] Tem 132 011,65 km² de área e em 2023 tinha 153.391.145 habitantes (densidade: 1 162 hab./km²),[3] que constituem 56,7% da população da Indonésia. É ailha mais populosa do mundo e uma das regiões mais densamente povoadas do planeta.
As três principais línguas de Java são ojavanês, osundanês e omadurês. A primeira é a mais falada, sendo a língua materna de 60 milhões de indonésios, a maior parte deles residentes em Java. Osmadureses no saliente oriental de Java são migrantes daIlha de Madura, enquanto osbetawi na capital, Jacarta, são uma mistura de vários grupos étnicos da Indonésia. Grande parte dos habitantes é bilíngue, usando o indonésio como primeira ou segunda língua. Embora a esmagadora maioria da população seja muçulmana, Java tem uma mistura variada de crenças religiosas, etnias e culturas.[4]
A origem do nomeJava não é clara. Uma possibilidade é que a ilha deva o nome à plantajáwa-wut (painço;Setaria italica), que supostamente seria comum na ilha. Antes da "indianização", a ilha teve vários nomes diferentes.[2] Outra origem possível é a palavrajaú e as suas variantes, que significam "para além" ou "distante".[5] Emsânscrito,yava significacevada, uma planta pela qual Java era famosa.[6] A ilha é mencionada com o nomeYawadvipa no antigoépico hinduRamáiana —Sugriva, o comandante do exército deRama, enviou os seus homens a Yawadvipa para procuraremSita.[7] O nome em sânscrito da ilha éyāvaka dvīpa (dvīpa significa ilha). Java é mencionada no antigo textotâmilManimekalai do poetaChithalai Chathanar, onde se relata que em Java havia um reino cuja capital se chamava Nagapuram.[8][9][10] Segundo outros autores, Java deriva do termoiawa doproto-austronésio, que significa "casa".[4] A grande ilha de Iabadiu ou Jabadiu é mencionada naGeografia dePtolomeu, escrita em meados doséculo II d.C. Segundo ogeógrafogreco-romano,Iabadiu, que significava "ilha da cevada", era rica em ouro e tinha uma cidade de prata chamada Argyra na sua extremidade ocidental. O nome parece ser derivado do nome hinduJava-dvipa[11] (Yawadvipa).
Os anuários de Songshu e Liangshu (século V d.C.) referiam-se a Java como 闍婆 (She-pó ou She-bó). He-ling (640–818), tornou a chamá-la de She-po até adinastia Yuan (1271–1368), quando começaram a mencioná-la como 爪哇 (Zhao-Wa ou Chao-Wa).[12] De acordo com o livro deMa Huan (oYingya Shenlan), os chineses chamavam Java de Chao-Wa, e a ilha era chamada She-po no passado.Sulaiman al-Tajir al-Sirafi mencionou duas ilhas notáveis que separavam aArábia daChina: uma é a Al-Rami, com 800parasangas de comprimento, identificada comoSumatra, e a outra é Zabaj (árabe: الزابج, indonésio: Sabak), com 400parasangas de comprimento, identificada como Java.[13]:30–31
QuandoGiovanni de' Marignolli retornou da China paraAvinhão, ele hospedou-se noReino de Saba por alguns meses, onde disse haver muitos elefantes e que era governado por uma rainha; Saba pode ser a interpretação dele para She-bó.[14](pxii, 192–194)Afanásio Nikitin, um comerciante deTver (naRússia), viajou para a Índia em 1466 e descreveu a terra de Java, que ele chamou de шабайте (shabait/šabajte).[15][16]
Praticamente toda a ilha é de origem vulcânica. O seu eixo central é percorrido por uma cadeia de montanhas com 38 picos principais, os quais foram ou ainda são vulcões ativos. A montanha mais alta é omonte Semeru (3 676 m de altitude) e o vulcão mais ativo é oMerapi (2 930 m). No total, Java possui mais de 150 montanhas.
Montanhas e planaltos javaneses contribuem para dividir o interior numa série de regiões relativamente isoladas que são das mais férteis do mundo para o cultivo dearroz.[17] Outra produção agrícola importante é ocafé. A primeira plantação de café da Indonésia foi criada em 1699 em Java. Atualmente, o café é cultivado sobretudo no planalto deIjen, na parte oriental da ilha.
A área de Java é de cerca de 132.011,65 quilômetros quadrados (incluindo 5.408,45 quilômetros quadrados deMadura e ilhas menores ao largo da costa). Java tem aproximadamente 1.000 km de comprimento e até 210 km de largura.[18] O principal e mais longo rio é oBengawan Solo, com 600 km de comprimento.[19] Nasce na parte central da ilha, no vulcãoLawu, corre para norte e leste e desagua no mar de Java perto da cidade deSurabaya. Outros rios importantes são oBrantas,Citarum,Cimanuk e oSerayu.
Obioma predominante em Java é afloresta tropical pluvial, comecossistemas que vão desde osmangais costeiros na costa norte às florestas húmidas de alta altitude das encostas vulcânicas do interior, passando pelas costas escarpadas da costa sul e pelas florestas tropicais das zonas baixas. As condições ambientais e clima mudam gradualmente de oeste para leste, desde as florestas húmidas e densas da parte ocidental até àssavanas relativamente secas da parte oriental, conforme o clima e precipitação nessas regiões.
Desde tempos remotos que os habitantes locais têm limpado as florestas, alterado os ecossistemas e moldado a paisagem, nomeadamente criando socalcos paraplantação de arroz e terraços para suportar a população crescente. Os socalcos de arroz existem há mais de um milénio e foram a base económica de antigos reinos agrícolas. A população crescente coloca uma grande pressão na vida selvagem de Java, com a diminuição das florestas, que estão confinadas a encostas altas e penínsulas isoladas. Algumas das espécies endémicas estão me risco de extinção crítico e algumas já se extinguiram, como otigre-de-java (Panthera tigris sondaica) e o elefante-de-java (Elephas maximussondaicus).
A temperatura média oscila entre 22 e 29 °C e ahumidade relativa média é 75%. As planícies costeiras setentrionais são geralmente mais quentes, com temperaturas médias durante o dia de 34 °C naestação seca. As costas meridionais são geralmente mais frescas do que o norte e o interior montanhoso ainda mais fresco.[23]
Durante aestação das chuvas, que vai de novembro a abril, a chuva cai principalmente à tarde. No resto do ano, a chuva é intermitente. Os meses mais chuvosos são janeiro e fevereiro. Java Ocidental é mais húmida que Java Oriental e a precipitação é maior nas regiões montanhosas. Nos planaltos deParahyangan, em Java Ocidental a precipitação média anual é superior a 4 000 mm, enquanto que na costa norte de Java Oriental é 900 mm.[23]
[¶]^Os números incluem a ilha deMadura, que em 2015 tinha 3 724 545 habitantes.
Tradicionalmente, Java tem sido dominada por classe de elite, enquanto que as classes inferiores se ocupam da agricultura e das pescas. A elite javanesa evoluiu ao longo da história, acompanhando as sucessivas vagas de imigração e ocupação. Há evidências que no passado na elite dominante de Java houve imigrantes do Sul da Ásia e, durante a era islâmica, imigrantesárabes epersas. Mais recentemente, imigranteschineses também passaram a fazer parte da elite económica de Java. Apesar dos habitantes de origem chinesa geralmente se tenham mantido à margem da política, há algumas exceções notáveis, como o governador de Jacarta,Basuki Tjahaja Purnama.
Não obstante Java ter vindo a modernizar-se e a urbanizar-se cada vez mais, apenas 75% da ilha temeletricidade. As aldeias e os seus campos de arroz continuam a ser uma visão frequente por toda a ilha. Ao contrário do resto da ilha, o crescimento demográfico em Java Central é baixo, apesar da percentagem de jovens ser mais alta do que no resto do país.[25] Este crescimento populacional mais baixo pode ser parcialmente atribuído ao facto de muitas pessoas abandonarem as áreas rurais de Java Central para procurarem melhores oportunidades e rendimentos mais altos nas grandes cidades.[26] A população da ilha continua a aumentar rapidamente, apesar de muitos javaneses abandonarem a ilha. Isso deve-se em parte ao facto de Java ser o principal polo económico, académico e cultural da Indonésia, o que atrai milhões de não javaneses às suas cidades.
Vista da parte oriental de Jacarta desde oMonas (Monumento Nacional)
Densidade populacional de Java e Madura em 2022, com destaques às principais aglomerações urbanas
Java é ailha mais populosa do mundo e abriga 56% da população da Indonésia, com uma população total de 156,4 milhões, de acordo com as estimativas oficiais de meados de 2023 (incluindo 4,06 milhões de Madura).[27] Com quase 1.185 pessoas por km² em 2023, também é uma das partes mais densamente povoadas do mundo, comparável aBangladexe. Cada região da ilha tem numerosos vulcões, com as pessoas ocupando as terras mais planas restantes. Por causa disso, muitas áreas costeiras são densamente povoadas e as cidades se formam em torno dos vales cercados por picos vulcânicos.
A taxa de crescimento populacional mais que dobrou em Java Central economicamente deprimida no período de 2010–2020 em comparação com 2000–2010, indicando migração ou outros problemas; houveerupções vulcânicas significativas durante o período anterior. Aproximadamente 45% da população da Indonésia é etnicamente javanesa,[28] enquanto os sudaneses também constituem uma grande parte da população de Java.
O terço ocidental da ilha (Java Ocidental, Banten e DKI Jacarta) tem uma densidade populacional ainda maior, de aproximadamente 1.563 por quilômetro quadrado, e representa a maior parte do crescimento populacional de Java.[29] Esta região abriga três áreas metropolitanas:Grande Jacarta (com as áreas periféricas de GrandeSerang e GrandeSukabumi),Grande Bandung eGrande Cirebon.
Desde a década de 1970 até a queda do regime deSuharto em 1998, o governo indonésio conduziuprogramas de transmigração visando reassentar a população de Java em outras ilhas menos povoadas da Indonésia. Esse programa teve resultados mistos, às vezes causando conflitos entre os locais e os recém-chegados. No entanto, fez com que a participação de Java na população nacional diminuísse progressivamente.
Jacarta e seus arredores, sendo a metrópole dominante, também abrigam pessoas de todo o país. Java Oriental também é lar debalineses, bem como de um grande número demadurenses devido à sua pobreza histórica.
Fotografia de 1913 de um adolescente de etniajavanesa com vestuário tradicional: chapéublangkon, sarongbatique e adagakris
Apesar da numerosa população, ao contrário do que acontece com outras grandes ilhas da Indonésia, Java é comparativamente mais homogénea em termos étnicos. Só há dois grupos étnicos nativos da ilha: osjavaneses e ossundaneses. Um terceiro grupo, osmadureses, originários da ilha deMadura, situada ao largo da costa nordeste de Java, imigraram em grande número para Java Oriental a partir doséculo XVIII.[carece de fontes?]
Osbetawi, constituem umaetnia crioula que se fixaram na região de Jacarta (antigamente chamada Batávia)c.século XVII. Os betawi falam umdialeto malaio e descendem principalmente de vários grupos étnicos de diversas ilhas do arquipélago indonésio (malaios, javaneses,balineses,minangkabau,bugis,makassares,amboineses, etc.) que se misturaram com imigrantes de regiões mais distantes, comoportugueses,neerlandeses,árabes,chineses eindianos que foram levados ou atraídos a Batávia para satisfazerem as necessidades de mão de obra. Têm uma cultura e língua (obetawi, um dialeto domalaio) distinta dos seus vizinhos sundaneses e javaneses.[carece de fontes?]
Okakawin[a]“Tantu Pagelaran” relata a origem mitológica de Java e da sua natureza vulcânica. A ilha tem quatro regiões culturais principais. No interior e na parte ocidental subsistem as tradições religiosas javanesasKejawen (ou Kebatinan), quesincretizam aspetosanimistas,budistas,hindus eislâmicos (sobretudosufistas). NoPasisir (costa norte), as influências culturais externas foram mais fortes desde mais cedo do que nas outras regiões, devido à economia se ter baseado historicamente no comércio através do mar de Java, e não à agricultura como no resto da ilha. Em Java Ocidental, a cultura tradicional é sobretudo sundanesa. A quarta região cultural é a chamada "saliência oriental de Java" (em indonésio:Ujung Timur) ouTapal Kuda ("ferradura", devido à sua forma no mapa), também chamadaBanyuwangi, que durante grande parte da sua história se manteve independente das principais potências que dominaram o resto de Java. A ilha de Madura tem fortes laços culturais com as regiões costeiras de Java.[30]
Vários tipos deGamelões, um instrumento tradicional de Java
A culturaKejawen é a predominante; a ela pertence o que resta da aristocracia javanesa e grande parte da elite militar, empresarial e política. A sua língua, artes e etiqueta são vistas como as mais refinadas da ilha. Os territórios compreendidos entreBanyumas (no centro-oeste) e Blitar (no centro-leste) são os mais férteis da Indonésia e são as regiões agrícolas mais densamente povoadas do país.[30] Na parte sudoeste de Java Central (Banyumasan) há uma mistura entre as culturas javanesa e sundanesa.[carece de fontes?] As cidades deJogjacarta e deSuracarta têm fortes tradições culturais e são polos da cultura clássica javanesa. As artes clássicas javanesas incluem a música degamelão e os espetáculos defantocheswayang. A literatura javanesa inclui numerosas obras antigas, como oPararaton e traduções dos épicos hindusRamáiana eMaabarata. O primeiro relata sobretudo a história deKen Arok, o fundador da dinastiaSingasari e antepassado da dinastia reinante deMajapait, um um órfão que destronou o seu rei e casou com a rainha viúva,Ken Dedes. Entre os escritores javaneses doséculo XX, destaca-sePramoedya Ananta Toer, autor de várias histórias baseadas nas suas experiências pessoais da juventude em Java e em cujas obras se encontram muitos elementos do folclore javanês e da história lendária da ilha.[carece de fontes?]
As principais línguas faladas em Java são o emjavanês, osundanês e omadurês. Outras línguas usadas na ilha são obetawi (ou malaio batávio), um dialeto domalaio falado na região de Jacarta (antiga Batávia), oosing, obanyumasan (um dialeto do javanês), otenggerês (muito próximo do javanês), obandui (muito próximo do sundanês), okangeano (muito próximo do madurês) e obalinês.[31] A grande maioria da população também falaindonésio, frequentemente como segunda língua.[carece de fontes?]
Ao longo da história, Java foi um cadinho de religiões e culturas, que originou uma grande diversidade de crenças religiosas. As primeiras influências externas vieram da Índia — oxivaísmo e obudismo penetraram profundamente na sociedade, misturando-se com as tradições e cultura indígenas. Para a divulgação dessas duas religiões contribuíram os chamadosresi,ascetas que ensinavam práticas místicas, que viviam rodeados de estudantes que cuidavam das necessidades materiais quotidianas dos seus mestres. A autoridade dosresi eram meramente cerimoniais; nas cortes, os clérigos epudjangga (letrados em textos sagrados)brâmanes legitimavam os governantes e ligavam a cosmologia hindu às necessidades políticas.[32] Na atualidade ainda há pequenos enclaves hindus espalhados por toda a ilha e na costa oriental, mais perto deBali, há numerosos hindus, especialmente em volta da cidade deBanyuwangi.[carece de fontes?]
Oislão, chegado depois do hinduísmo, fortaleceu o status da estrutura religiosa tradicional. Mais de 90% da população atual de Java é muçulmana, desde os mais tradicionalistas e maissincréticosabangan até aos mais ortodoxossantri. Oskyai (académicos muçulmanos) tornaram-se a nova elite religiosa à medida que a influência hindu declinou. O islão não reconhece qualquer hierarquia de líderes religiosos nem uma clero formal, mas ogoverno colonial holandês criou uma hierarquia elaborada para as mesquitas e outras instituições islâmicas. Naspesantren (escolas islâmicas) javanesas, oskyai deram continuidade aosresi.[32]
As tradições pré-islâmicas contribuíram para que o islão em Java tivesse um cunhomístico e que se criasse uma liderança religiosa vagamente estruturada em volta doskyais, com vários graus de competências nas tradições, crenças e práticas religiosas, misturando elementos pré-islâmicos e funcionando como os principais intermediários entre as populações aldeãs e o sobrenatural. Contudo, a fraca estruturação da liderança doskyais deu origem acismas e é frequente haver acentuadas divisões entrekyais ortodoxos, que se cingem estritamente às leis islâmicas, os que pregam o misticismo e os que defendem um islão reformado com conceitos científicos modernos. A divisão é especialmente marcada entre ossantri, que defendem um islão mais ortodoxo nas crenças e nas práticas, e osabangan, que misturam com uma aceitação formal e superficial do islão com conceitosanimistas e hindus.[32]
Há algumas comunidadescristãs, principalmente nas cidades maiores, embora algumas áreas rurais do centro-sul de Java sejam fortementecatólicas. Nas cidades maiores há comunidades budistas, principalmente entre oschineses indonésios. A constituição indonésia reconhece seis religiões oficiais.
Um dos efeitos da multiplicidade de religiões é o elevado número seitas. Em meados da década de 1956, o Departamento de Assuntos Religiosos em Jogjacarta reportou a existência de 63 seitas religiosas além das religiões oficiais. Destas, 35 estavam presentes em Java Central, 22 em Java Ocidental e 6 e Java Oriental.[32] Entre estas incluem-se a Kejawen, a Sumarah eSubud, entre muitas outras. O número total de fiéis destas seitas é difícil de estimar, pois muitos deles identificam-se com uma das religiões oficiais.[33]
Os restos fossilizados doHomo erectus, popularmente conhecido como "Homem de Java", datados de 1,3 milhão de anos, foram encontrados ao longo das margens dorio Solo.[34][35] OH. erectus chegou à Eurásia há aproximadamente 1,8 milhões de anos, em um evento considerado o primeiro êxodo africano. Há evidências de que a população deH. erectus de Java viveu em um habitat de floresta sempre úmida.[36] Mais especificamente, o ambiente se assemelhava a umasavana, mas provavelmente era regularmente inundado ("savana hidromórfica"). As plantas encontradas no local de escavação deTrinil incluíam gramíneas (Poaceae),samambaias,Ficus eIndigofera, típicas de floresta tropical de planície.
OH. e. soloensis foi a última população de uma longa história de ocupação da ilha de Java peloH. erectus, começando há 1,51 a 0,93 milhões de anos no sítio de Sangiran, continuando há 540 a 430 mil anos no sítio de Trinil e, finalmente, há 117 a 108 mil anos emNgandong. Se a data estiver correta para oHomem de Solo, eles representariam uma população terminal deH. erectus que se abrigava nos últimos refúgios de habitat aberto daÁsia Oriental antes da tomada pela floresta tropical. Antes da imigração dos humanos modernos, o sudeste da Ásia no final doPleistoceno também era lar doH. floresiensis, endêmico dailha de Floreana, Indonésia, e doH. luzonensis, endêmico da ilha deLução, nasFilipinas. A análise genética das populações atuais dosudeste asiático indica a dispersão generalizada dosDenisovanos (uma espécie atualmente reconhecível apenas por sua assinatura genética) pelo sudeste asiático, onde se cruzaram com humanos modernos imigrantes entre 45,7 e 29,8 mil anos atrás. Um estudo genômico de 2021 indica que, além dos Denisovanos, os humanos modernos nunca se cruzaram com nenhuma dessas espécies humanas endêmicas, a menos que a descendência fosse inviável ou as linhagens híbridas tenham se extinguido.
A julgar pelo grande número de espécimes depositados em Ngandong ao mesmo tempo, pode ter havido uma população considerável deH. e. soloensis antes da erupção vulcânica que resultou em seu sepultamento, mas a população é difícil de estimar com certeza. O sítio de Ngandong ficava a alguma distância da costa norte da ilha, mas não está claro onde a linha costeira sul e a foz do rio Solo estariam.
Monte Sumbing cercado por campos de arroz. A topografia vulcânica de Java e suas terras agrícolas férteis são os fatores fundamentais em sua história.
A excepcional fertilidade e a chuva da ilha permitiram o desenvolvimento da cultura dearroz decampo alagado, que exigia níveis sofisticados de cooperação entre as aldeias. Dessas alianças de aldeias, desenvolveram-se pequenos reinos. A cadeia de montanhas vulcânicas e as terras altas associadas que percorrem o comprimento de Java mantiveram suas regiões interiores e povos separados e relativamente isolados.[37] Antes do advento dos estados islâmicos e do colonialismo europeu, os rios forneciam o principal meio de comunicação, embora muitos rios de Java sejam relativamente curtos. Apenas orio Brantas e orio Solo podiam fornecer comunicação de longa distância e, dessa forma, seus vales sustentaram os centros dos principais reinos. Pensa-se que um sistema de estradas, pontes permanentes e portagens seria apenas estabelecido em Java pelo menos em meados do século XVII. Os poderes locais podiam interromper as rotas, assim como a estação chuvosa, e o uso das estradas dependia muito de manutenção constante. Consequentemente, a comunicação entre a população de Java era difícil.[38]
Estuetas de guerreiros em pé em bronze, Java, cerca de 500 a.C. - 300 d.C.
A emergência da civilização na ilha de Java é frequentemente associada à chegada deAji Saka em 78 d.C. Embora se diga que Aji Saka foi o portador da civilização em Java, a história recebeu várias objeções e refutações de outras fontes históricas. ORamáiana de Valmiki, feito por volta de 500 a.C., registra que Java já tinha uma organização governamental muito antes da história:
"Yawadwipa é decorada com sete reinos, ilhas de ouro e prata, ricas em minas de ouro, e há a Montanha Cicira (fria) que toca o céu com seu pico."[39](p6)
O geógrafo gregoPtolomeu chamou a ilha de Yabadiou ou Sabadiou (Grego Antigo: Ιαβαδίου ou Σαβαδίου).[40][41] De acordo com o registro chinêsMíng Shǐ, oreino javanês foi fundado em 65 a.C., ou 143 anos antes do início da história de Aji Saka.[42](p39) A história de Aji Saka é uma história neo-javanesa. Esta história ainda não foi encontrada como relevante no texto antigo javanês. Esta história conta eventos noreino de Medang Kamulan em Java no passado. Naquela época, o rei,Prabu Dewata Cengkar, foi substituído por Aji Saka. Esta história é considerada uma alegoria da entrada dos indianos em Java. Referindo-se às informações dadinastia Liang, o reino javanês foi dividido em dois: o reino pré-hindu e o reino pós-hindu, que começou em 78 d.C.[43](p5 and 7)
Complexo de templos hindus dePrambanan, construído no (século IX pelos reis deMataram perto deJogjacarta
Os reinos deTaruma e deSunda de Java Ocidental surgiram noséculo IV eVII d.C., respetivamente, e o deKalingga enviou embaixadas àChina a partir de 640.[44] Contudo, o principal reino foi o deMataram, fundado em Java Central no início doséculo VIII d.C. A religião de Medang tinha como divindade central odeus hinduXiva e o reino construiu alguns dos templos hindus mais antigos de Java noplanalto de Dieng. Noséculo VIII, adinastia Sailendra surgiu naplanície de Kedu e tornou-se a patrocinadora dobudismoMaaiana. É à dinastia Sailendra que se devem alguns monumentos religiosos imponentes, como os templos doséculo IX deBorobudur ePrambanan, em Java Central.[carece de fontes?]
Cerca doséculo X, o centro do poder deslocou-se do centro da ilha para a parte oriental. Os reinos javaneses orientais deKediri,Singasari eMajapait dependiam sobretudo da cultura de arroz, mas mantiveram comércio com o arquipélago indonésio, China e Índia. Majapait foi fundado porRaden Wijaya(r. 1294–1309)[45] e no final do reinado deHayam Wuruk(r. 1350–1389) reclamava-se soberano de todo o arquipélago indonésio, apesar de provavelmente o controlo efetivo se limitar a Java, Bali e Madura. O primeiro-ministro de Hayam Wuruk,Gajah Mada, liderou muitas das conquistas territoriais do rei.[46] Enquanto que os reinos javaneses anteriores baseavam o seu poder na agricultura, Majapait tomou o controlo dos portos e rotas de navegação, tornando-se o primeiro império comercial de Java. Após a morte de Hayam Wuruk e da chegada doislão, Majapait entrou em declínio.[47]
Difusão do islão e florescimento dos sultanatos islâmicos
O islão tornou-se a religião dominante em Java no fim doséculo XVI. Durante esse período, os reinos islâmicos deDemak,Cirebon eBanten surgiram e desenvolveram-se a partir doséculo XV. No final doséculo XVI, oSultanato de Mataram tornou-se a potência dominante nas regiões centrais e orientais de Java. Os reinos deSurabaia e de Cirebon acabaram por ser subjugados por Mataram e quando osholandeses conquistaram a ilha só foram confrontados por dois estados: Mataram e Banten.[carece de fontes?]
Os contactos de Java com as potências coloniais europeias iniciaram-se em 1522, com oTratado de Sunda Kalapa, assinado entre o comandanteportuguês deMalaca e o orei de Sunda. No entanto, as tentativas dos portugueses para se estabelecerem em Java fracassaram e apresença portuguesa na Indonésia foi confinada às ilhas orientais. O primeiro contacto dos holandeses com Java ocorreu em 1596, com uma expedição de quatro navios comandada porCornelis de Houtman.[48]
No final doséculo XVIII, os holandeses tinham estendido a sua influência aos sultanatos do interior através daCompanhia Holandesa das Índias Orientais. Os conflitos internos impediram os javaneses de formarem alianças eficazes contra os holandeses e as únicas entidades políticas que se resistiram algum tempo foram os principados deSuracarta (ou Solo) e deJogjacarta, anteriormente parte de Mataram. Os holandeses apoiaram alguns restos da aristocracia javanesa atribuindo cargos de regentes ou de oficiais distritais na administração colonial.[carece de fontes?]
O principal papel económico de Java durante a primeira parte do período colonial foi o de produtor de arroz. Em ilhas onde se produziamespeciarias, como as deBanda, era regularmente importado arroz de Java, para suprir a insuficiência da produção local para satisfazer a subsistência.[49]
Plantação de tabaco no início doséculo XXJovens sundanesas apanhadoras de chá numa plantação, no início doséculo XX
Em 1815, Java tinha possivelmente cinco milhões de habitantes. Na segunda metade doséculo XVIII, a população começou a aumentar nas áreas ao longo da costa norte central e no século seguinte aumentou rapidamente por toda a ilha. Para tal contribuiu a administração colonial, que acabou com as guerras civis, o aumento da área de cultivo de arroz e a introdução de algumas plantas comestíveis, como amandioca e omilho, que eram acessíveis a populações para quem o arroz era muito caro.[52] Outros autores atribuem o crescimento demográfico aos impostos coloniais e ao crescimento do emprego devido aocultuurstelsel,[b] que levou as famílias a terem mais filhos na esperança de aumentarem a capacidade para pagarem os impostos e comprarem bens.[54] Outro fator foi a diminuição da idade de casamento das mulheres durante oséculo XIX, que aumentou o número de anos em que as mulheres podiam ter filhos.[55] A epidemia decólera de 1820 provocou cerca de 100 000 vítimas mortais.[56]
O uso de camiões e a construção devias férreas em regiões onde até ali o transporte dependia de búfalos e carroças, a implementação desistemas telegráficos e de sistemas de distribuição melhor coordenados contribuíram para a eliminação da fome em Java e, consequentemente, para o aumento da população. Entre o fim da década de 1840 e aocupação japonesa cem anos depois não houve crises alimentares significativas em Java. Contudo, segundo alguns autores, ocultuurstelsel está ligado a crises alimentares e epidemias na década de 1840, primeiro emCirebon e depois em Java Central, devido às culturas agrícolas para exportação, como deindigo ecana-de-açúcar não permitirem a produção suficiente de arroz.[55]
O nacionalismo indonésio surgiu em Java no início doséculo XX e aluta pela independência a seguir àSegunda Guerra Mundial centrou-se em Java. A Indonésia tornou-se independente em 1949 e desde então a ilha tem dominado a vida social, política e económica do país, o que é uma fonte de insatisfação para os residentes de outras ilhas.[carece de fontes?]
século XI: o centro do poder passa para o reino deKediri, e depois paraSingasari
1292: desembarque de um corpo expedicionário sino-mongol emJava Oriental, fundação doImpério de Majapait, que controla um território que se estende até ao centro de Java
Séculos XIV e XV: Majapait comercia com o Camboja,Champa, China, Índia,Sião,Vietname ("Yawana"). O almirante chinêsZheng He faz muitas vezes escala nos portos de Java
O neto de Senopati toma o título de Sultan Agung ("grande sultão", reinou de 1613 a 1646) e ataca o resto de Java. Agung cerca Batávia, mas não obtém êxito.
século XVII: guerras de sucessão no reino de Mataram.
1755: tratado de Giyanti. Mataram é dividida em dois reinos :Suracarta eJogjacarta.
1770: os príncipes de Blambangan convertem-se aoIslão
1799: a VOC vai à falência; os seus ativos são tomados pelo governo dos Países Baixos.
1825: o príncipe Diponegoro de Jogjacarta levanta armas contra os neerlandeses; esta "guerra de Java" termina em 1830 (15 000 mortos no exército neerlandês, mais de 200 000 na população javanesa, num total à época de entre 4 e 5 milhões de habitantes).
século XIX: os neerlandeses exploram a ilha do ponto de vista económico; o governador van den Bosch põe em prática um sistema de culturas forçadas (cultuurstelsel)[b]
1870: uma lei agrária de 1870 abre Java à iniciativa privada
Campos de arroz em Kampung Naga, região deTasikmalaya, Java Ocidental
No passado, a economia javanesa baseava-se fortemente na agricultura de arroz. Antigos reinos como os deTaruma,Mataram eMajapait dependiam das receitas do arroz e dos impostos nelas aplicados. A ilha era famosa pelos seus excedentes de arroz e das suas exportações desde tempos remotos e a cultura de arroz contribuiu para o crescimento populacional. O comércio com outras partes da Ásia, como a Índia e a China, floresceu pelo menos desde oséculo IV d.C., o que é atestado por cerâmicas chinesas encontradas em Java datadas desse período. A ilha também participou no comércio global deespeciarias com asilhas Molucas desde o período de Majapait(séculos XIII–XVI) até ao período colonial holandês.[carece de fontes?]
Java é a ilha mais desenvolvida da Indonésia desde o tempo da administração holandesa. Desde tempos remotos que houve redes de estradas, as quais foram aperfeiçoadas com a construçãoGrande Estrada Postal no início doséculo XIX pelogovernador-geralDaendels. A Grande Estrada Postal tornou-se a espinha dorsal do sistema rodoviário de Java e foi a base para a atual Estrada da Costa Norte (ou Estrada Nacional 1; em indonésio:Jalan Pantura, abreviatura deJalan Pantai Utara).[carece de fontes?]
As necessidades de transportar produtos comerciais como café das plantações no interior da ilha para os portos na costa impulsionou a construção delinhas ferroviárias. Atualmente a indústria, negócios e comércio prosperam nas maiores cidades de Java como Jacarta,Surabaia,Semarang eBandungue, ao passo que algumas antigas capitais desultanatos comoJogjacarta,Suracarta eCirebon preservaram o seu legado real e tornaram-se centros de arte, cultura e turismo. As áreas industriais estão também em crescimento em cidades da costa norte, nomeadamente em volta deCilegon,Tangerang,Bekasi,Karawang,Gresik eSidoarjo. Desde o período do presidenteSuharto(1967–1998) que tem vindo a ser construída uma rede deautoestradas comportagens, que liga os principais centros urbano e as suas áreas vizinhas, como Jacarta, Bandungue, Cirebon, Semarang e Surabaia. Além destas autoestradas, há 16 estradas nacionais.[carece de fontes?]
↑abOcultuurstelsel ("sistema de cultivo" emneerlandês) foi uma política da administração colonial holandesa que obrigava a que uma parte das colheitas agrícolas fosse destinado à exportação.[53]
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