Dame Jane Morris GoodallDBE,Ph.D. (pronúncia em inglês: [/ˈɡʊdɔːl/]; nascidaValerie Jane Morris-Goodall em 3 de abril de 1934)[1] anteriormente chamadaBaronesa Jane van Lawick-Goodall, é umaprimatologista,etóloga eantropóloga britânica.[2] Considerada mundialmente a maior estudiosa emchimpanzés, Goodall tem seu trabalho mais reconhecido com o estudo das interações sociais e familiares de chimpanzés selvagens, desde em que ela trabalhou em campo noParque Nacional de Gombe Stream naTanzânia na década de 60, onde ela foi a primeira a testemunhar comportamentos de primatas semelhantes ao de humanos, incluindo oconflito armado.[3]
Valerie Jane Morris-Goodall nasceu em 1934, emHampstead (Londres),[6] filha do negociante Mortimer Herbert Morris-Goodall (1907–2001) e Margaret Myfanwe Joseph (1906–2000), uma romancista deMilford Haven,Pembrokeshire,[7] a qual assinava com o nome de Vanne Morris-Goodall.[1]
A família mais tarde se mudou paraBournemouth, e Goodall ingressou em uma escola independente perto dePoole.[1]
Quando criança, ganhou um chimpanzé de pelúcia em alternativa a um ursinho, chamado Jubilee. Goodall disse que o carinho por animais começou precocemente graças a esta figura, comentando que: "Minha mãe ficava horrorizada com esse brinquedo, pensando que me assustaria e me daria pesadelos." Atualmente, Goodall continua com a posse de Jubilee em Londres.[8]
Goodall sempre nutriu uma paixão por animais africanos, o que levou ela a ir para uma fazenda de um amigo nos planaltos doQuênia em 1957.[9] A partir dai, ela conseguiu o emprego de secretária, e atuando como conselheira de seu amigo, ela telefonou paraLouis Leakey,[10]paleontólogo earqueólogo queniano, sem qualquer outra coisa em mente do que discutir sobre animais. Leakey, acreditando que o estudo dos grandes primatas contemporâneos poderiam indicar como os primeiroshominídeos se comportavam,[11] estava em busca de um pesquisador dechimpanzés mas não tinha se manifestado publicamente por um. Ao invés disso, ele propôs que Goodall trabalhasse para ele como secretária. Após obter a aprovação de sua esposa e também pesquisadora, apaleoantropologistaMary Leakey, Louis mandou Goodall para aGarganta de Olduvai emTanganica (atualTanzânia), onde ele planejava seus estudos.[carece de fontes?]
Em 1958, Leakey mandou Goodall para estudar o comportamento dos primatas comOsman Hill e a anatomia desses animais com o especialistaJohn Napier.[12] Leakey arrecadou fundos e, em 14 de julho de 1960, Goodall foi enviada para oParque Nacional de Gombe Stream, se tornando a primeira do que seria chamada deOs Anjos de Leakey.[13] Ela foi acompanhada de sua mãe, cuja presença era necessária para sua segurança de acordo com os requerimentos.[9] Goodall dá créditos a sua carreira deprimatologia graças aos trabalhos de sua mãe, pois a primatologia era dominada por homens na época. Goodall afirma que as mulheres não eram aceitas nesse campo de atuação quando ela começou a trabalhar no final da década de 50.[14] Hoje, a primatologia é composta tanto por homens e mulheres, em parte por causa dos Anjos de Leakey e os encorajamentos de Goodall para que mulheres entrassem no campo de estudo.[15]
Leakey arrecadou fundos, e em 1962 ele mandou Godall, que não tinha graduação, para aUniversidade de Cambridge, em específico paraNewnham College, e obteve seuPhD emetnologia.[9] Ela se tornou a oitava pessoa a ser permitida a obter um PhD sem antes ter um BA ouBsC.[1] A tese de Goodall ficou completa em 1965 sob a supervisão deRobert Hinde, a qual foi denominadaBehaviour of free-living chimpanzees, detalhando seus cinco anos de trabalho de estudo na reserva de Gombe.[1]
Goodall é melhor conhecida por seus estudos da vida familiar e social doschimpanzés. Ela começou pesquisando os chimpanzés da comunidade Kasakela noParque Nacional de Gombe Stream,Tanzânia, em 1960.[16] Ao invés de numerar os chimpanzés que observava, ela deu nome para cada um deles como Fifi e David Greybeard, e observou que cada um tinha personalidades individuais e únicas, uma ideia não convencional para o período.[17] Ela se deparou que "não são somente seres humanos que tinham personalidade, eram capazes de ter pensamento racional [e] emoções como alegria e tristeza."[17] Ela também percebeu comportamentos como beijos, abraços, tapinha nas costas, laços emocionais e até mesmo fazer cócegas, coisas que consideramos como "atividades humanas".[17] Goodall insistiu que este gestos são evidência de "conexões próximas e de ajuda mútua que se desenvolvem entre membros familiares e outros indivíduos dentro da comunidade, que podem persistir por um ciclo de vida de mais de 50 anos".[17] Estes achados sugerem similaridade entre humanos e chimpanzés além dos genes e podem ser vistos nas emoções, inteligência, família e relações.
A pesquisa de Goodall em Gombe Stream é famosa na comunidade científica por ter desafiado o paradigma das ciências na época: que apenas humanos poderiam construir e usar ferramentas, e que chimpanzés são vegetarianos.[17] Enquanto observava um chimpanzé se alimentando de um cupinzeiro, ela observou ele colocar várias hastes de grama em buracos de cupins e, em seguida, removê-los do buraco coberto por cupins que estavam grudados nas hastes, como se estivesse "pescando" os cupins.[18] Os chimpanzés também pegavam galhos de árvores e arrancavam as folhas para torná-los mais eficazes, uma forma de modificação de objeto que não passa do início rudimentar da fabricação de ferramentas.[18] Os seres humanos por muito tempo tinham se distinguido dos restantes dos animais como o "ser que produzia ferramentas". Em resposta aos achados revolucionários de Goodall, Loius Leakey escreveu: "Devemos agora redefinir o ser humano, ou redefinir ferramenta, ou aceitar os chimpanzés como seres humanos!".[18][19][20]
Em contraste com o comportamento pacífico e carinhoso observado, Goodall também encontrou uma natureza agressiva dos chimpanzés em Gombe Stream. Ela descobriu que os chimpanzés sistematicamente caçavam e se alimentavam de primatas menores como os macacosColubus.[17] Goodall assistiu um chimpanzé subindo em uma árvore em que umColobus tinha todas as saídas bloqueadas, para então o Chimpanzé matá-lo.[20] Os outros membros do grupo pegaram parte da carcaça, compartilhando entre si enquanto alguns de hierarquia menores pediam por pedaços.[20] Os chimpanzés de Gombe mataram e se alimentaram de aproximadamente de um terço da população deColobus no parque em cada ano. Esta observação por si só era um grande desafio para a concepção da dieta dos chimpanzés e seu comportamento.
Goodall também observou a tendência para a agressão e violência entre os próprios membros do grupo chimpanzé. Goodall observou fêmeas dominantes matando deliberadamente os filhotes de outras fêmeas no bando para manter sua dominância,[17] algumas vezes indo tão longe que ocanibalismo também foi observado.[18] Ela diz que essa revelação, "Durante os dez primeiros anos que pesquisei […] que os chimpanzés de Gombe eram, na maior parte do tempo, melhores do que seres humanos. […] Então subitamente nos vimos que os chimpanzés poderiam ser brutais consigo próprios—, que eles, como a gente, tem um lado obscuro de sua natureza.".[18] Ela escreveu sobre aGuerra dos Chimpanzés de Gombe em suas memórias,Through a Window: My Thirty Years with the Chimpanzees of Gombe. Seus estudos revolucionaram o nosso conhecimento sobre o comportamento dos chimpanzés, que existiam maiores evidências entre as similaridades entre humanos e chimpanzés, embora de uma maneira algumas vezes obscura.[carece de fontes?]
Goodall também se distanciou da convenção tradicional do período ao nomear os animais ao invés de numera-los. A numeração era uma prática universal daquele tempo e embora importante para distanciar as emoções do pesquisador com o animal estudado, distanciar-se de outros pesquisadores levou Goodall a desenvolver um laço próximo com os chimpanzés e se tornar, naquela época, o único humano a ser aceita na sociedade chimpanzé. Ela foi colocada na parte mais inferior da hierarquia do bando por um período de 22 meses.[carece de fontes?]
Goodall utilizou práticas não convencionais em seus estudos; por exemplo, nomear indivíduos (os chimpanzés) em vez de numerá-los. Na época, a numeração era usada para evitar o apego emocional e perda de objetividade.[21][22]
Goodall escreveu em 1993: "Quando, no início dos anos 60, usei abertamente palavras como 'infância', 'adolescência', 'motivação', 'excitação' e 'humor', fui muito criticada. Pior ainda foi meu "crime" de sugerir que os chimpanzés tinham 'personalidades'. Eu estava atribuindo características humanas a animais não humanos e, portanto, era culpada daquele pior dos pecados etológicos - o antropomorfismo".[23]
Muitos métodos científicos padrões visam evitar a interferência dos observadores e, em particular, alguns acreditam que o uso de estações de alimentação para atrair chimpanzés em Gombe alterou os padrões normais de forragem e alimentação e asrelações sociais deles. Este argumento é o foco de um livro publicado por Margaret Power em 1991.[24] Foi sugerido que níveis mais altos de agressão e conflito com outros grupos de chimpanzés na área foram devidos à alimentação, o que poderia ter criado as "guerras" entre grupos sociais de chimpanzés descritas por Goodall, aspectos dos quais ela não testemunhou nos anos anteriores ao início das estações de alimentação em Gombe. Assim, alguns consideram as observações de Goodall como sendo anomalias do comportamento normal dos chimpanzés.[25]
A própria Goodall reconheceu que as estações contribuíram para a agressão dentro e entre grupos, mas manteve que as consequências se limitaram a alterar a intensidade e não a natureza do conflito entre chimpanzés, e sugeriu ainda que a alimentação por estações era necessária para que o estudo fosse eficaz. Craig Stanford, doJane Goodall Research Institute e daUniversidade do Sul da Califórnia, afirma que os pesquisadores que realizam estudos sem provisões artificiais têm dificuldade em ver qualquer comportamento social dos chimpanzés, especialmente aqueles relacionados a conflitos entre grupos.[26]
Alguns estudos recentes, como os deCrickette Sanz noTriângulo de Goualougo (Congo) eChristophe Boesch noParque nacional de Taï (Costa do Marfim), não mostraram a mesma agressão observada nos estudos de Gombe.[27] No entanto, outros primatologistas discordam que os estudos têm falhas; por exemplo, Jim Moore faz uma crítica às afirmações de Margaret Powers[28] e alguns estudos de outros grupos de chimpanzés mostraram agressões semelhantes às de Gombe, mesmo na ausência de estações de alimentação.[29]
Em 22 de março de 2013, oHachette Book Group USA anunciou que o novo livro de Goodall e da co-autora Gail Hudson,Seeds of Hope, não seria lançado em 2 de abril, como planejado, devido à descoberta de partes plagiadas.[30] Um revisor doThe Washington Post encontrou seções não atribuídas devidamente que foram copiadas de websites sobre chá orgânico, tabaco e um "site amador de astrologia", bem como daWikipedia (em inglês).[31] Goodall pediu desculpas e declarou: "É importante para mim que as fontes apropriadas sejam creditadas, e eu estarei trabalhando zelosamente com minha equipe para abordar todos os pontos preocupantes sobre esse episódio. Meu objetivo é assegurar que quando este livro for lançado não só esteja de acordo com os mais altos padrões editoriais, mas também que o foco esteja nas mensagens cruciais que deseja transmitir".[32] O livro foi lançado em 1 de abril de 2014, após a revisão e a adição de 57 páginas em notas finais.[33]
Goodall já se casou duas vezes. Em 28 de março de 1964, ela casou-se com um nobre holandês, o fotógrafo de vida selvagem e BarãoHugo van Lawick, e ficou conhecido durante seu casamento como Baronesa Jane van Lawick-Goodall.[34] O casal teve um filho, Hugo Eric Louis (nascido em 1967); eles se divorciaram em 1974. No ano seguinte, ela casou-se com Derek Bryceson, membro do Parlamento daTanzânia e diretor dosparques nacionais daquele país. Ele morreu decâncer em outubro de 1980.[35] Devido à sua posição no governo tanzaniano como chefe dos parques nacionais do país, Bryceson pôde proteger o projeto de pesquisa de Goodall e implementar um embargo ao turismo em Gombe.[35]
Goodall declarou que ocão é o seu animal preferido.[36]
Goodall sofre deprosopagnosia, o que dificulta o reconhecimento de rostos que está familiarizada.[37]
Goodall foi criado em uma família cristãcongregacionalista. Quando jovem, ela teve aulas deTeosofia. Sua família era frequentadora ocasional da igreja, mas Goodall começou a frequentar mais regularmente a religião na adolescência quando a sua igreja nomeou um novo ministro, Trevor Davies. "Ele era bastante inteligente e seus sermões eram poderosos e provocadores. Eu poderia escutar sua voz por horas... Eu me apaixonei loucamente por ele... De repente, ninguém tinha que me encorajar a ir à igreja. De fato, nunca houve um número de cultos suficientes para o meu gosto". De sua posterior descoberta doateísmo e doagnosticismo de muitos de seus colegas científicos, Goodall escreveu que "por sorte, quando cheguei a Cambridge eu tinha vinte e sete anos e minhas crenças já tinham se fixado para que eu não fosse influenciado por essas opiniões".[38]
Em seu livroReason for Hope: A Spiritual Journey, de 1999, Goodall descreve as implicações de umaexperiência mística que ela teve naCatedral de Notre Dame em 1977: "Como não posso acreditar que isso tenha sido resultado do acaso, tenho que admitir sou "anti-acaso". E por isso tenho que acreditar em um poder maior no universo - em outras palavras, tenho que acreditar em Deus".[39] Quando perguntado se ela acredita emDeus, Goodall disse em setembro de 2010: "Eu não tenho nenhuma ideia de quem ou o que Deus é. Mas eu acredito em algum grande poder espiritual. Eu sinto particularmente quando estou na natureza; é apenas algo que é maior e mais forte do que eu. Eu o sinto. E isso é suficiente para mim".[40] Quando perguntado no mesmo ano se ela ainda se considera cristã, Goodall disse aoThe Guardian.: "Suponho que sim; eu fui criada como cristã".[41]
Em seu prefácio ao livro de 2017The Intelligence of the Cosmos de Ervin László, um filósofo da ciência que defende a teoria damente quântica, Goodall escreveu: "devemos aceitar que há uma Inteligência impulsionando o processo [daevolução], que o Universo e a vida na Terra são formados por um Criador desconhecido e incognoscível, um Ser Supremo, um Grande Poder Espiritual".[42]
Em 2010, Dave Matthews e Tim Reynolds realizaram um concerto beneficente noDAR Constitution Hall em Washington DC para comemorar "Gombe 50: uma celebração global da pesquisa pioneira de chimpanzés de Jane Goodall e visão inspiradora para nosso futuro".[47] A revistaTime nomeou Goodall como uma das100 pessoas mais influentes do mundo em 2019.[48] Em 2021, ela recebeu oPrêmio Templeton.[49]
1989The Chimpanzee Family Book Saxonville, MA: Picture Book Studio; Munich: Neugebauer Press; Londres: Picture Book Studio. Traduzido para mais de 15 línguas, incluindo japonês e osuaíli.
1989Jane Goodall's Animal World: Chimps Nova Iorque:Macmillan
1989Animal Family Series: Chimpanzee Family; Lion Family; Elephant Family; Zebra Family; Giraffe Family; Baboon Family; Hyena Family; Wildebeest Family Toronto: Madison Marketing Ltd
1994With Love New York / Londres: North-South Books. Traduzid para o alemão, francês, italiano e japonês
1999Dr. White (illustrated by Julie Litty). New York: North-South Books
2000The Eagle & the Wren (illustrated byAlexander Reichstein). Nova Iorque: North-South Books
2001Chimpanzees I Love: Saving Their World and Ours Nova Iorque:Scholastic Press
↑«2013 is here, and we are ready!».NhRP Website. Nonhuman Rights Project. 16 de janeiro de 2013. Consultado em 3 de setembro de 2013.Cópia arquivada em 14 de outubro de 2013.The following year, I created the Center for the Expansion of Fundamental Rights, Inc. (CEFR), which is now the Nonhuman Rights Project, Inc., with Jane Goodall as a board member.
↑"Morris-Goodall, Valerie J" in Register of Births for Hampstead Registration District, volume 1a (1934), p. 748.
↑England & Wales, Civil Registration Death Index, 1916–2007.
↑Goodall, Jane; Phillip Berman (2000).Reason for Hope: A Spiritual Journey. New York: Warner Books. p. 4.ISBN978-0-446-67613-7
↑Power, Margaret (1991). The Egalitarians – Human and Chimpanzee An Anthropological: View of Social Organization. Cambridge University Press.ISBN0-521-40016-3.[falta página]
↑De Waal, Frans B. M. (2005). «A century of getting to know the chimpanzee».Nature.437 (7055): 56–59.Bibcode:2005Natur.437...56D.PMID16136128.doi:10.1038/nature03999.skeptics attributed chimpanzee 'warfare' to competition over the food that researchers provided
↑Stanford, Craig (1993). «The Egalitarians – Human and Chimpanzee». International Journal of Primatology
↑Washington University Record, Vol 28 No 28, abril de 2004.