Istambul (emturco:İstanbul), a antigaBizâncio eConstantinopla (nome ainda usado em várias línguas, como nogregoΚωνσταντινούπολις,Konstantinúpolis), é a maior cidade daTurquia e rivaliza comLondres como a mais populosa daEuropa, com 15 067 724 habitantes na suaárea metropolitana em 2018. A grande maioria da população émuçulmana, mas também há um grande número de laicos e uma minoria decristãos ejudeus.
É a capital daárea metropolitana (büyükşehir) e daprovíncia deIstambul, a qual faz parte daregião deMármara. No passado foi a capital administrativa da Província de Istambul, na chamadaRumélia ouTrácia Oriental. Foi denominadaBizâncio até330 d.C., e Constantinopla até 1453, nome bastante difundido no Ocidente até 1930. Durante operíodo otomano, osturcos chamavam-na de Istambul, nome oficialmente adotado em 28 de março de 1930.
Foi a capital doImpério Romano do Oriente e do Império Otomano até 1923, cujo governante máximo, osultão, foi durante séculos reconhecido comocalifa, o chefe supremo de todos os muçulmanos, o que fazia da cidade uma das mais importantes de todo o Islão. Atualmente, embora a capital do país sejaAncara, Istambul continua a ser o principal polo industrial, comercial,cultural e universitário (aí estão sediadas mais de uma dezena deuniversidades) do país. É a sede doPatriarcado Ecumênico de Constantinopla, sede daIgreja Ortodoxa.
A cidade ocupa ambas as margens doestreito do Bósforo e do norte domar de Mármara, os quais separam aÁsia da Europa no sentido norte-sul, uma situação que faz de Istambul uma das únicascidades que ocupam dois continentes.[3] A parte central da parte europeia é por sua vez dividida pelo estuário doCorno de Ouro. É usual dizer-se que a cidade tem dois ou trêscentros, conforme se considere ou não que na parte asiática também existe umcentro. No lado europeu há duas zonas com mais destaque em termos de movimento de pessoas e património cultural: o mais antigo, onde se situava o núcleo da antiga Bizâncio e Constantinopla, correspondente ao atual distrito deFatih, fica a sul do Corno de Ouro, enquantoBeyoğlu, a antigaPera e onde se situava o bairro europeu medieval deGálata, fica a norte. O centro da parte asiática tem contornos menos precisos, e ocupa parte dos distritos deUscudar eKadıköy. Algumas zonas históricas da parte europeia de Istambul foram declaradasPatrimónio Mundial pelaUNESCO em 1985. Em 2010, a cidade foi aCapital Europeia da Cultura. Devido à sua dimensão e importância, Istambul é considerada umamegacidade e umacidade global.
O atual nome da cidade,İstanbul em turco (AFI:[is'tambu] ou, coloquialmente,[ɨsˈtambul]) é usado nas suas diversas variações pelo menos desde oséculo X, tendo-se tornado o nome comum em turco desde a sua integração no Império Otomano depois daQueda de Constantinopla, em 1453.[4]Etimologicamente o nome é derivado da expressãogrega medieval "εἰς τὴνΠόλιν"[istimˈbolin] ou, nodialeto egeu, "εἰς τὰν Πόλιν"[istamˈbolin] (emgrego moderno: στην Πόλι[stimˈboli]), que significa "na cidade", "à cidade" ou "centro da cidade".[4][5][6][a]
Noséculo XIX ainda eram usados diversos nomes para a cidade. Os europeus em geral usavam principalmenteStambul eConstantinopla para se referirem a toda a cidade, embora por vezes se distinguissem ambos os nomes — Constantinopla podia designar apenas a parte mais antiga, a sul do Corno de Ouro (atual Fatih), usando-se "Pera" para designar a zona norte, chamada Beyoğlu pelos turcos, o nome que é usado atualmente. Desde os tempos bizantinos que Pera foi a área onde as comunidades de origem europeia ocidental se concentraram, uma situação que perdurou até ao fim do Império Otomano. Entre os turcos era mais frequente que Istambul designasse apenas a parte mais antiga.[7][8][a]
Bizâncio (emgrego clássico:Βυζάντιον; pronúncia emgregodemótico moderno: /vi.za.ⁿdjo/) foi o primeiro nome da cidade quando foi fundada em667 a.C.[b]porcolonosdóricos dacidade-estado deMégara, que a batizaram em homenagem ao seu reiBizas.[14][15] Quando oimperador romanoConstantino, o Grande fez da cidade a nova capital oriental doseu império, em 11 de maio de 330, rebatizou-aNova Roma.[16] No entanto, o nome que acabou por se impor como mais generalizado foiConstantinopla (em grego: Κωνσταντινούπολη ou Κωνσταντινούπολις;Konstantinoupolis; "Cidade de Constantino"), o qual foi usado pela primeira vez de forma oficial durante o reinado do imperadorTeodósio II (408–450).[5] O nome oficial permaneceu Constantinopla durante todoperíodo bizantino e foi o nome comumente usado noOcidente até o início doséculo XX.[7]
A cidade foi também apelidada de "Cidade das Sete Colinas", pois oCabo do Serralho, apenínsula onde se situa a parte mais antiga da cidade tem sete colinas, comoRoma. Atualmente no cimo de cada uma das colinas há uma grandemesquita imperial otomana.[17][18] As colinas estão representadas no emblema da cidade como sete triângulos, sobre os quais se elevam quatrominaretes. A cidade tem muitas outras alcunhas, como por exemplo,Vasilevousa Polis ("Rainha das Cidades", em grego), que tem origem na importância e riqueza da cidade durante aIdade Média, eDersaâdet (originalmenteDer-i Saadet, "Porta para a Felicidade") que foi usada pela primeira vez no fim doséculo XIX e ainda é utilizada hoje em dia.[7][a] Com a Lei do Serviço Postal Turco, de 28 de março de 1930, as autoridades turcas pediram oficialmente às nações estrangeiras que adotassem Istambul como o único nome nos seus idiomas.[19][a]
Em 2008, durante as obras de construção daestação de Yenikapı, foi descoberto um assentamentoneolítico até então desconhecido, datado de cerca de6 500 a.C.,[20][21] quando o Bósforo ainda não se tinha formado e o mar de Mármara era pouco mais que um lago interior.[22] Entre os séculos XIII eXI a.C., tribostrácias estabeleceram dois assentamentos — Lygos e Semistra — em Sarayburnu (cabo do Serralho), perto do local onde se ergue atualmente oPalácio de Topkapı.[23][24][a]
O primeiro povoamento no ladoanatólio (oriental) foi encontrado no monte Fikirtepe, no que é hoje o distrito deKadıköy. Data daIdade do Cobre e nele foram encontrados artefatos que datam de 5 500 a3 500 a.C.. Não longe dali, foi descoberto um entreposto comercialfenício que existiu no início do1º milénio a.C.[25][a]Calcedónia, a primeiracolóniagrega na área, foi fundada pordóricos da cidade deMégara que se estabeleceram no cabo de Moda, cerca de685 a.C. (675 a.C. ou639 a.C. segundo outras fontes), onde hoje se situa o distrito deKadıköy.[b]
Bizâncio foi igualmente fundada por colonos de Mégara, que se estabeleceram nos antigos povoados trácios de Lygos e Semistra, no lado ocidental (europeu) do Bósforo, na margem sul doCorno de Ouro 17 anos depois de fundarem Calcedónia, ou seja,667 a.C.,659 a.C. ou619 a.C..[24][b] No final doséculo VII a.C. foi fundada umaacrópole no cimo docabo do Serralho, no local onde hoje se encontra oPalácio de Topkapı.[15]
Segundo a lenda, a localização da nova cidade foi indicada ao rei de Mégara,Bizas, de onde provém o nome Bizâncio, peloOráculo de Delfos, quando o rei lhe foi pedir conselho sobre uma nova terra para se estabelecer com a sua família e seguidores. O oráculo aconselhou-o a procurar a "terra dos cegos" e fundar a cidade no lado oposto àquele onde essa se encontrava. Bizas percebeu a importância estratégica do Cabo do Serralho, rodeado de água por três lados (o mar de Mármara a sul e sudoeste, o Bósforo a leste e nordeste e o Corno de Ouro a norte), na importante rota marítima que liga o Mediterrâneo ao mar Negro através do mar de Mármara e do Bósforo, pelo que assumiu que o oráculo se referia aos calcedónios como "cegos" por não terem sido capazes de ver que era ali, e não no lado oriental, o local ideal para construir uma cidade.[26]
Tetradracma deprata cunhado em Bizâncio por volta de150–100 a.C. A cidade cunhou moedas em nome deLisímaco quase 200 anos após sua morte
Apesar da sua situação privilegiada, a cidade não se desenvolveu significativamente durante os primeiros tempos.[24] Foi muito afetada durante asGuerras Médicas, tendo sido ocupada porDario I em512 a.C. Segundo algumas fontes, a cidade esteve sob o domínio doImpério Aqueménida, entre 479 e444 a.C., depois da expulsão do generalespartanoPausânias.[26] Outras fontes referem que nesse período a cidade estava sob domínioateniense, fazendo parte daLiga de Delos a partir de478 a.C., contra a qual se revoltou em 440, para ser submetida pouco depois.[27] Bizâncio viu-se depois envolvida nas guerras entre Atenas e Esparta (verGuerra do Peloponeso) e o seu controle (direto ou através de alianças) foi disputado por ambos os lados durante os dois séculos seguintes.[26]
Em340 a.C.,Filipe II da Macedónia cobiça Bizâncio, entretanto já independente de novo, mas não consegue ocupá-la.[c] O seu filhoAlexandre, o Grande passa junto à cidade quando se dirige para a Ásia, atravessando osDardanelos, mas curiosamente Bizâncio fica de fora do imenso império conquistado por Alexandre, apesar de ser seu vizinho muito próximo. Durante asGuerras dos Diádocos pela partilha do império de Alexandre, a cidade conseguiu manter-se neutral, continuando a ser um mercado importante de bens alimentares provenientes daTrácia,Macedónia, Anatólia e doCáucaso. As alianças que estabelece com outras cidades marítimas, comoRodes, permitem-lhe conservar a sua independência até à chegada dosromanos,[27] apesar de algumas fontes referirem que em179 a.C. foi conquistada por uma aliança entre Rodes e os reinos dePérgamo e daBitínia.[26]
Camafeu representando a coroação deConstantino como general vitorioso por Constantinopla
A partir de191 a.C.[29] ou146 a.C., Bizâncio aliou-se a Roma que a reconheceu como "cidade livre e federada". Noséculo I a.C. foi integrada naRepública, apesar de terem sido mantidas algumas estruturas de governo democrático local[24] e a sua autonomia só ter sido suprimida em73 d.C. porVespasiano. Supõe-se que nesse tempo a cidade não ocupasse muito mais do que é hoje área do Palácio de Topkapı e da Basílica deSanta Sofia.[27]
Em194 d.C., Bizâncio viu-se envolta numa disputa entre oimperador romanoSeptímio Severo e o usurpadorPescênio Níger. Após tomar partido pelo último, a cidade foi sitiada pelas forças leais a Septímio em196 d.C. e sofreu extensos danos, tendo sido arrasadas as muralhas e os monumentos. Cinco anos depois, o mesmoSeptímio Severo ordenou a reconstrução da cidade, que rapidamente alcançou sua antiga prosperidade, chegando a ser rebatizada comoAugusta Antonina pelo imperador, em homenagem a seu filho.[24][30][31] Em262 d.C. Bizâncio foi devastada pelas tropas do imperador romanoGaliano, mas foi rapidamente reconstruída.[24]
Durante a primeira divisão do Império Romano, Bizâncio foi uma cidade fronteiriça, pois os impérios ocidental e oriental tinham como fronteira o Bósforo. Durante a guerra civil entreLicínio eConstantino, o Grande, Bizâncio tomou o partido do primeiro, mas submeteu-se ao último após a sua vitória nabatalha de Crisópolis (24 de setembro de 324), a qual teve lugar no que é atualmenteUscudar. A posição estratégica de Bizâncio atraiu Constantino, que a rebatizou de Nova Roma. Em 330 tornou-se oficialmente a nova capital doImpério Romano, quando também já era conhecida pelo nome que haveria de perdurar — Constantinopla.[24] Segundo uma lenda, Constantino começou por ordenar que a nova capital fosse edificada em Calcedónia, mas um bando de águias levou as ferramentas dos pedreiros para o outro lado do mar de Mármara, o que levou Constantino a decidir que a sua capital ficasse na margem ocidental.[27][a]
A refundação da cidade ficaria na História como um dos feitos mais duradouros de Constantino. O seu novo estatuto de capital imperial deslocou o poder romano para oriente e a cidade tornou-se o centro dacultura grega e doCristianismo durante os séculos seguintes.[16][32]
Mapa daConstantinopla bizantina, a qualgrosso modo ocupava o que é atualmente o distrito deFatihVista aérea de Constantinopla bizantina e do Propontis (mar de Mármara)
Em 395 o império tornou a ser dividido e Constantinopla passou a ser a capital do Império Romano do Oriente, que ficaria conhecido comoImpério Bizantino.[16][32] Foram construídas numerosas igrejas em toda a cidade, incluindo aquela que durante praticamente mil anos foi a maiorcatedral do mundo, aBasílica de Santa Sofia.[33]
OPatriarcado Ecuménico de Constantinopla desenvolveu-se na cidade e ainda hoje o seu líder é uma das figuras mais destacadas naIgreja Ortodoxa Grega. A localização de Constantinopla ajudou a assegurar que a sua existência resistiria ao teste do tempo — durante muitos séculos as suaslendárias muralhas protegeram a Europa de invasores vindos de leste e do avanço doIslão.[16]
O estatuto de capital imperial e a posição estratégica, na encruzilhada entre aEuropa e aÁsia e entre oMediterrâneo e omar Negro, contribuíram para tornar a cidade um importante centro de comércio, cultura ediplomacia. Enquanto oImpério Romano do Ocidente mergulhava numa crise económica, política e demográfica, Constantinopla continuou a prosperar e durante a maior parte daIdade Média e nos últimos séculos doImpério Bizantino foi a maior e mais próspera cidade do continente europeu, sendo em alguns períodos a maior metrópole do mundo.[34][a]
Um dos períodos de maior esplendor de Constantinopla foi o reinado deJustiniano I, que mandou ampliar Santa Sofia noséculo VI. Tendo conhecido algum declínio nos séculos VII e VIII, o império retomaria o seu esplendor nos séculos IX e X.[34]
O grande declínio do império foi marcado com a derrota naBatalha de Manzicerta (1071) frente aos turcos doImpério Seljúcida, na sequência da qual grande parte da Anatólia deixou de estar sob o domínio bizantino para passar a constituir oSultanato de Rum.[35]
A decadência da capital chegou um século depois com aQuarta Cruzada, durante a qual foi saqueada,pilhada e ocupada, ironicamente por forças cristãs. Constantinopla passou então a ser a capital doImpério Latino, um estado criado pelos cruzados católicos que duraria 55 anos.[36] Em 1261,Miguel VIII Paleólogo reconquistou a cidade e restaurou o Império Bizantino. Constantinopla encontrava-se então em grande decadência, com muitos dos edifícios, serviços básicos e defesas em ruínas,[37] tendo a sua população diminuído de cerca de meio milhão noséculo IX para 40 000.[38][39]
Apesar de todas as turbulências e da constante ameaça turca, que perdurou para além do fim dosestados cruzados, a cidade manteve a sua importância como centro cultural e comercial do Mediterrâneo, onde a maior parte das potências comerciais dessa parte do mundo mantiveram consulados e colónias de mercadores.[37]
Noséculo XIV várias das reformas económicas e militares deAndrónico II, como a redução das forças militares, enfraqueceram o império e deixaram-no mais vulnerável a ataques.[40] Em meados desse século, os otomanos, sucessores dos seljúcidas, começaram a por em prática a estratégia de tomar cidades mais pequenas, cortando as rotas de abastecimento de Constantinopla e estrangulando-a lentamente.[41] Finalmente, depois de oito semanas de cerco durante o qual é morto o último imperador bizantino,Constantino XI Paleólogo, o sultãoMaomé II, que ficará conhecido como "o Conquistador" (Fatih), conquistou a cidade a 29 de maio de 1453 e declarou-a imediatamente a nova capital do seu Império Otomano.[36][42] Horas depois de entrar na cidade, Maomé foi a Santa Sofia e convocou umimã para proclamar a fé islâmica, convertendo um dos símbolos maiores do cristianismo numa mesquita imperial.[43][a] AQueda de Constantinopla, nome pelo qual é conhecida a conquista da cidade pelos otomanos, é frequentemente apontada como uma das datas que marca do fim daIdade Média.[44]
Panorama de Istambul a partir daTorre de Gálata na década de 1870
Depois de conquistar a cidade, Maomé II empenhou-se em revitalizá-la, nomeadamente convidando e forçando a nela se fixarem muitos muçulmanos, judeus e cristãos de outras partes da Anatólia, criando uma sociedade cosmopolita que perdurou praticamente durante todo o período otomano.[45] No fim doséculo XV a população tinha crescido para 200 000, fazendo de Istambul a segunda maior cidade da Europa.[39] Maomé mandou reparar as infraestruturas danificadas, iniciou a construção doGrande Bazar e sobre as ruínas da antiga acrópole construiu o Palácio de Topkapı, que serviu de residência imperial oficial durante 400 anos. Ordenou também a construção da primeira mesquita imperial de construção otomana, aMesquita de Fatih, para o que foi demolida aIgreja dos Santos Apóstolos, a maior da cidade a seguir a Santa Sofia.[45]
Os otomanos transformaram rapidamente Constantinopla, até então um bastião do cristianismo, num símbolo dacultura islâmica. Foram criadasfundações religiosas para financiar a construção de grandes mesquitas imperiais, as quais, além de serem um local de oração, tinham estruturas de apoio social anexas, como escolas, hospitais ebalneários públicos.[45] O reinado deSolimão, o Magnífico (1494-1566) foi um período de feitos artísticos e arquitetónicos especialmente grandiosos. São deste período as mesquitas da autoria do arquiteto principal da corte,Mimar Sinan, cuja genialidade o fez ser conhecido no Ocidente como "oMiguel Ângelo otomano". A maior mesquita de Istambul (não considerando Santa Sofia) é amesquita imperial de Solimão, uma das inúmeras obras de Sinan. Outras formas de arte florescentes foram a cerâmica, a caligrafia e a miniatura.[46] No final doséculo XVIII residiam na cidade 570 000 pessoas.[39]
Uma série de rebeliões no início doséculo XIX levou à subida ao poder do sultão progressistaMamude II e ao chamado períodoreformistaTanzimat (reorganização emturco otomano), que alinhou o império com alguns dos padrões europeus ocidentais em termos económicos, políticos e culturais.[47][48] Durante este período foram construídas pontes sobre oCorno de Ouro[49] e Istambul foi ligada àrede ferroviária europeia na década de 1880.[50] OTünel, uma das linhas ferroviárias urbanas subterrâneas mais antigas do mundo, foi inaugurada em 1875 na encosta sul deGálata.[51] Ao longo das décadas seguintes foram também gradualmente criadas outras infraestruturas modernas, como uma rede estável de distribuição de água, eletricidade, telefones eelétricos, embora com algum atraso em relação a outras capitais europeias.[52]
Os esforços de modernização não foram suficientes para evitar o declínio do regime imperial. No início doséculo XX assistiu-se àRevolução dos Jovens Turcos, herdeiros políticos dos "Jovens Otomanos" de meados do século anterior. Os "Jovens Turcos" depuseram o sultãoAbdulamide II em 1909 e estalaram várias guerras que fustigaram a decadente capital imperial.[53] A última destas guerras foi aPrimeira Guerra Mundial, que se saldou numa derrota e subsequente ocupação de Istambul por tropasbritânicas,francesas eitalianas. O último sultão otomano,Mehmed VI foi deposto e exilado em novembro de 1922 e a família imperial foi expulsa a 3 de março de 1924.[54][55] Em 1923, terminou a ocupação de Istambul com a assinatura doTratado de Lausana, no qual também era reconhecida a República da Turquia, a qual foi oficialmente declarada em 29 de outubro de 1923.[55]
Osrevolucionários nacionalistas liderados porAtatürk tinham estabelecido a sede do seu governo emAncara, que foi declarada a capital da nova república. Nos primeiros anos do regime republicano, Istambul foi algo descurada a favor da nova capital, mas a partir dos anos 1940 e início dos anos 1950, a cidade sofreu grandes mudanças estruturais, nomeadamente urbanísticas. Foram construídas novas praças (como aPraça Taksim, o centro da cidade moderna), avenidas e edifícios, por vezes derrubando construções históricas.[56] Em 1955 ocorreu oPogrom de Istambul, uma série de motins dirigidos principalmente à então ainda numerosacomunidade grega da cidade, mas que também afetou outras minorias, como osarménios,judeus e inclusivamente muitos muçulmanos, e acelerou a fuga para a Grécia da população etnicamente grega de Istambul.[57][58][59] O crescimento da população de Istambul começou a acelerar rapidamente nos anos 1970, com o afluxo de pessoas da Anatólia para trabalharem nas muitas novas fábricas que foram construídas nos subúrbios da metrópole em expansão. Este súbito aumento populacional provocou uma grande procura de habitação e muitas das aldeias e florestas que rodeavam a cidade foram absorvidas pela grandeárea metropolitana de Istambul.[60]
Istambul está situada no noroeste da Turquia, naRegião deMármara (Marmara Bölgesi) e é a capital daprovíncia (ill) deIstambul.[61] Em 2004, aárea metropolitana administrada pela Autoridade Municipal de Istambul (İstanbul Büyükşehir Belediyesi) ocupava uma área de 5 343, 3 479 km² (65%) no lado europeu e 1 864 km² (35%) no lado asiático.[62]
OBósforo (em turco:Boğaziçi) é umestreito que divide em duas partes a cidade de Istambul e separa fisicamente aRumélia, naEuropa, daAnatólia, naÁsia, ligando omar Negro, a norte, com omar de Mármara, a sul, que por sua vez está ligado aomar Mediterrâneo pelo estreito deDardanelos. A cidade apresenta assim a característica peculiar de se estender por dois continentes. Além da divisão leste-oeste, a parte histórica do lado europeu é dividida no sentido leste-oeste peloCorno de Ouro, um porto natural eestuário de uma ribeira orientada no sentido noroeste-sudeste, situado a norte da península histórica onde foi fundada Bizâncio (oCabo do Serralho ouSarayburnu, atual distrito urbano deFatih).[61][63]
A cidade tem dois centros principais, ambos no lado europeu: aPraça Sultão Ahmet (Sultanahmet Meydanı) a sul do Corno de Ouro e aPraça Taksim, a norte. A primeira situa-se no local onde foi ohipódromo de Constantinopla, centro da cidade romana e bizantina, e é ladeada por dois dos mais populares monumentos de Istambul, aMesquita Azul (Sultanahmet, do sultãoAmade I), construída em 1616, e aBasílica de Santa Sofia (Ayasofya), construída em 537. A Praça Taksim pode considerar-se o centro da cidade moderna; situa-se no extremo norte daquilo que foi o bairro cultural e etnicamente maisocidentalizado da capital bizantina e otomana, no atual distrito deBeyoğlu, cujo núcleo histórico inclui os antigos bairros de Pera eGálata, onde viviam as comunidades imigrantes ocidentais e se situavam as principais embaixadas. Algumas dessas comunidades estrangeiras, nomeadamente a francesa e a italiana, estabeleceram-se na área ainda no período bizantino. Além dos ocidentais, em Beyoğlu concentravam-se também muitos judeus (principalmentesefarditas, fugidos daPenínsula Ibérica no final doséculo XV, mas tambémasquenazes), gregos e arménios, entre outros. No lado asiático destacam-se dois centros: o deKadıköy, a antiga cidade deCalcedónia, eUscudar, a Scutari e Crisópolis naAntiguidade.[61]
A confluência do mar de Mármara, do Bósforo e do Corno de Ouro, que hoje constitui o centro geográfico de Istambul, contribuiu para suster forças atacantes durante milhares de anos e ainda é uma das características mais proeminentes da paisagem da cidade.[61] Até aoséculo XIX, quando foi construído um cais ao longo da embocadura do Corno de Ouro em Gálata, no que é hoje o bairro deKaraköy, existia aí uma longa praia de areia.[63]
É comum dizer-se que a península histórica tem sete colinas, cada uma delas encimada com uma mesquita imperial (construída por e em homenagem a um sultão). É rodeada pelas lendáriasMuralhas de Constantinopla, com 22 km de comprimento, construídas principalmente noséculo IV (Muralhas deConstantino) eséculo V (Muralhas deTeodósio). O alto da colina mais alta é ocupado peloPalácio de Topkapı, a residência dos sultões durante quatro séculos. No lado oposto do Corno de Ouro ergue-se outra colina de forma cónica, onde se situa o distrito de Beyoğlu. Devido à topografia, as construções de Beyoğlu foram construídas sobre terraços suportados por muros, alguns deles ainda visíveis, e muitas das ruas tinham ou ainda têm degraus.[64][65]
No outro lado do Bósforo, na Anatólia,Uscudar exibe as mesmas características topográficas, com colinas que se estendem até à beira-mar, de forma mais abrupta nos bairros de Şemsipaşa e Ayazma, na ponta mais ocidental.[64] É usual referir-se que o ponto mais alto de Istambul é a colina de Çamlıca (Çamlıca Tepesi) (267 m), situada a 4 km do centro de Uscudar,[66] pois esta situa-se numa área urbanizada e relativamente perto dos principais centros da cidade. No entanto, o ponto mais alto da área metropolitana é oMonte Aydos (Aydos Dağı), no distrito deKartal, na zona sudeste da parte asiática.[65]
As margens do Bósforo são constituídas por colinas, por vezes com declives bastante acentuados. Apesar da construção ser densa em algumas áreas, em grande parte dos troços a norte daPonte Fatih Sultão Mehmet predomina o verde das árvores[67] e inclusivamente em áreas mais urbanizadas, como emBeşiktaş eEyüp (este na parte superior do Corno de Ouro) há muitas manchas de verde, apesar da área de parques e jardins por habitante ser inferior às da maior parte das cidades europeias.[61] Considerando toda a área metropolitana, só 36% do território se considera urbanizado; 17% é ocupado por terrenos agrícolas e 47% por florestas.[68]
As ilhas dos Príncipes (Prens Adaları), situadas no mar de Mármara, a sudeste do centro da cidade, conservam muita da atmosfera de há mais de cem anos, com as suas casas típicas de madeira e as encostas verdejantes. São um destino de recreio popular entre os istambulitas, principalmente no verão. Têm a particularidade do uso de veículos motorizados particulares ser proibido e inclusivamente os táxis sãocharretes.[67][69]
Istambul está situada próximo daFalha Setentrional da Anatólia, umafalha geologicamente ativa responsável por vários grandessismos na história da cidade, tanto no passado como em tempos mais recentes. Entre os sismos mais devastadores destaca-se o de1509, que causou umtsunami que galgou as muralhas, destruiu mais de cem mesquitas e causou mais de dez mil mortos. Mais recentemente, em 1999, osismo de İzmit provocou mais de 18 000 mortes, das quais cerca de mil em Istambul. Os estudos demonstram que há um risco elevado de que nas próximas décadas se produza um terremoto devastador na região de Istambul.[70][71][d]É provável que devido às dificuldades para estabelecer e impor normas convenientes de segurança na construção dos edifícios, se repita o que aconteceu durante o sismo de agosto de 1999, isto é, que haja um número enorme de desmoronamentos, especialmente nas habitações de menor custo de alvenaria dosgecekondular (favelas) dos subúrbios.[70][72]
O elevado e rápido crescimento urbano, a grande densidade industrial em certas zonas e o tráfego intenso causam problemas ambientais significativos. Nos últimos anos a qualidade do ar tem melhorado devido à utilização degás natural e um melhortratamento de resíduos diminuiu os problemas relacionados com lixo. No entanto, a poluição atmosférica e aquática devida às numerosas fábricas, veículos e habitações continua a ser problemática, o mesmo se passando em relação àpoluição sonora. Os problemas tendem a ser mais agudos nos bairros mais pobres e suas vizinhanças.[73][e]
O sistema de esgotos funciona mal em algumas zonas, sendo frequentes os entupimentos provocados por lixo, o que por vezes provoca grandes poças quando não inundações, que aumentam o risco de doenças infecciosas. A principal causa desses problemas reside no facto da infraestrutura não estar adaptada ao tremendo crescimento urbano das últimas décadas.[74][e]
Segundo aclassificação climática de Köppen-Geiger, Istambul tem um clima de transição entre oúmido subtropical (Cfa, segundo Köppen) e omediterrânico (Csa, segundo Köppen), visto que há um decréscimo nas precipitações durante o verão, mas não tão forte quanto em outros locais de clima mediterrânico típico,[75][76] e com influênciasoceânicas (Cfb, segundo Köppen) acentuadas, principalmente a norte.[77] O clima de Istambul caracteriza-se por verões longos, quentes e húmidos, e invernos frios, chuvosos, ocasionalmente com neve que pode ser abundante, embora geralmente não dure mais do que alguns dias, pois não é comum que as temperaturas negativas se mantenham durante muito tempo.[78]
As temperaturas médias durante os meses de inverno variam entre 3 aos 8 grausCelsius, e podem baixar aos 5 °C abaixo de zero. Os meses de junho a setembro têm temperaturas diurnas máximas médias de 28 °C. A temperatura mais alta registada foi 40,5 °C em 12 de julho de 2000; a temperatura mais baixa foi -16,1 °C em 8 de fevereiro de 1927.[79] Apesar do verão ser a temporada mais seca, a chuva é comum e por vezes ocorrem chuvas intensas semelhantes amonções nesta época do ano. O outono e primavera são temperados e frequentemente húmidos, mas de meteorologia muito imprevisível, havendo dias quentes e dias frios, sendo as noites são quase sempre frias.[79][80]
Em média regista-se precipitação assinalável em 152 dias por ano, que geram 844 mm de chuva.[81] A humidade é muito alta ao longo de todo o ano e pode exacerbar a sensação de calor das temperaturas não muito elevadas de verão, e a sensação de frio em temperaturas não muito baixas de inverno. A humidade é especialmente perceptível de manhã, quando é frequente atingir 80% e o nevoeiro é muito comum, apesar de normalmente se dissipar a meio do dia. Em média há 228 dias de nevoeiro por ano, concentrados sobretudo no inverno.[2]
Istambul tende a ser ventosa, sendo a velocidade média do vento de 18 km/h.[2] Devido à grande dimensão da cidade, à sua topografia e às influências marítimas, Istambul tem diversosmicroclimas, podendo acontecer estar a nevar em algumas partes e fazer sol noutras, apesar de fazer frio em toda a cidade.[82]
Em 2018, a área metropolitana de Istambul tinha 15 067 724 habitantes.[1] Em 2009 tinha 13 120 596 habitantes, 13 120 596 (50,2%) homens e 6 533 800 (49,8%) mulheres, o que representa 17,8% do total da população da Turquia (73 722 988). Adensidade populacional total era8 229,6 hab./km², variando por distrito desde os 43 831,4 hab./km² deGüngören, a pouca distância do centro histórico do lado europeu, até aos 30,6 hab./km² deÇatalca, o distrito mais a noroeste. Estes distritos são, respetivamente, o menor e o maior em área. As áreas com maior densidade concentram-se sobretudo a oeste, sudoeste e noroeste do centro, estando muito próximos deste. Os distritos históricos deBeyoğlu eFatih têm, respetivamente, 27 168 e 26 115 hab./km², ocupando a 7ª e 8ª posições entre os distritos com maior densidade. No lado asiático, o distrito com maior densidade éUscudar, com 14 760 hab./km², um valor não muito distante dos deAtaşehir eKadıköy que, como Uscudar, se situam no extremo sudoeste da parte asiática de Istambul.[86]
Nos últimos 50 anos, imigraram para Istambul mais de dez milhões de pessoas, provenientes de todas as províncias da Turquia.[87] Estima-se que apenas 14% da população atual da cidade tenha raízes locais.[88] O número de residentes em Istambul originários dasprovíncias deSivas,Sinope,Baiburte,Ardacane,Erzinjane,Guiressum eCastamonu é superior ao das populações dessas províncias. A maior comunidade de imigrantes internos de Istambul, proveniente da província de Sivas, contava com cerca de 680 mil membros em 2007, enquanto que a população da província era de cerca de 630 mil habitantes. A imigração proveniente deCastamonu ainda é mais drástica: em 2007 viviam em Istambul cerca de 516 mil pessoas provenientes dessa província cuja população não chega aos 360 mil habitantes.[87] Segundo as estatísticas oficias, em 2007 residiam em Istambul 42 228 estrangeiros.[89]
Apesar de, ao longo da sua história, Istambul sempre ter sido uma das maiores cidades da Europa e do mundo, a população triplicou nas últimas três décadas e é atualmente 12 vezes maior do que o que era em 1945, quando viviam na cidade 1 078 000 pessoas. Em 1955 a população já tinha ultrapassado o milhão e meio; em 1990 era 7 309 000 e em 2000 atingiu os dez milhões. Nos últimos anos, todos os distritos e bairros da cidade viram a sua população aumentar excetoEminönü, no centro histórico, eŞile, um distrito à beira do mar Negro 70 km a nordeste do centro.[87]
A população de Constantinopla / Istambul variou bastante ao longo da sua história. Em 330, no tempo de Constantino, tinha 40 mil habitantes. No fim desse século já tinha 400 mil. De 530 a 715 a população decresceu de 550 para 300 mil; em 950 já tinha crescido para 400 mil. Em 1200 residiam na cidade apenas 150 mil pessoas e após a conquista dos otomanos a população não ultrapassava os 36 mil, duplicando nos 20 anos seguintes e atingindo os 600 mil em 1566. O censo de 1817 registava 500 mil. A população cresceu durante oséculo XIX, ultrapassando o milhão de habitantes em 1897, mas voltou a diminuir progressivamente até à década de 1920 (680 587 em 1927), para o que contribui a perda de estatuto de capital e a fuga degregos earménios. Desde a década de 1930 que a população não para de crescer, embora isso também se deva, em parte, à integração administrativa de distritos limítrofes.[88][90][91][92]
Apesar das flutuações de população, a cidade esteve até muito recentemente quase sempre entre a três ou cinco maiores cidades do mundo, desde que Constantino a tornou a sua capital noséculo IV, inclusivamente nos períodos menos prósperos, entre os séculos XI a XIII. Até essa altura foi a maior cidade da Europa e inclusive do mundo até aoséculo VIII, quando foi ultrapassada, primeiro porBagdade e depois por uma ou outra cidade doExtremo Oriente. Após estar ausente do "top" das maiores cidades do mundo nos séculos XIV e XV, em 1500 voltaria a ser a maior cidade da Europa, situação que manteria até cerca de 1750, quando foi ultrapassada porLondres. Em 1600 rivalizava comPequim como a urbe mais populosa do mundo. Só no último quartel doséculo XIX deixaria de ser a maior metrópole da Europa. Atualmente é de novo a cidade mais populosa da Europa.[93][94]
Evolução histórica da população de Constantinopla/Istambul desde oséculo IV d.C. até 2007[88][90][91][92]
Ano
População
330
40 000
400
400 000
530
550 000
545
350 000
715
300 000
950
400 000
1200
150 000
1453
36 000
Ano
População
1477
70 000
1566
600 000
1817
500 000
1860
715 000
1890
874 000
1897
1 059 000
1901
942 900
1914
909 978
Ano
População
1927
680 857
1935
741 148
1945
860 558
1955
1 268 771
1965
1 742 978
1975
2 547 364
1985
5 475 982
2000
8 803 468
2007
11 372 613
Gráfico da evolução demográfica de Constantinopla/Istambul
Istambul (ou Constantinopla) foi uma cidade muito cosmopolita ao longo da sua história, onde sempre conviveram muitas comunidades estrangeiras e diversas religiões, apesar da sua situação de grande capital, primeiro do Cristianismo e depois do Islão. Constantinopla rivalizou durante mais de um milénio com Roma como capital da Cristandade e mesmo depois da conquista muçulmana continuou a ser a sede daIgreja Ortodoxa. Um dos líderes ortodoxos mais reverenciados do mundo ainda é oPatriarca Ecuménico de Constantinopla, que reside em Istambul. Principalmente apósSelim I ter conquistadoMeca no início doséculo XVI, Istambul tornou-se a capital do mundo islâmico e os sultões otomanos eram simultaneamentecalifas, uma situação que se manteve até aos primeiros meses da república turca.[95]
Atualmente é complicado saber ao certo qual é a"etnia" da maior parte da população da Turquia em geral e de Istambul em particular. É frequente considerar-se que a maior parte da população da Turquia é de "etnia turca" (entre 70[96] e 88%,[97] conforme as fontes). No entanto, atendendo à grande diversidade de povos que habitaram o que é hoje a Turquia desde há milhares de anos, à inevitávelmiscigenação, ao carácter multiétnico e multicultural doImpério Otomano e ao facto de oficialmente todos os cidadãos nacionais seremturcos, não há certezas quanto à verdadeira origem étnica da maioria da população dita "turca", sendo que é provável que uma parte considerável não seja diretamente aparentada com ospovos turcomanos asiáticos aos quais se associa historicamente o termo "turco".[97][98]
No período otomano, todos os muçulmanossunitas eram considerados turcos, mesmo que não falassem turco, enquanto que os não muçulmanos ou muçulmanos não sunitas eram considerados não turcos mesmo que falassem turco.[97] Segundo um estudo levado a cabo pela consultora Konda em 2006, 81,33% da população identificava-se como turca, mas é interessante notar que no mesmo estudo 4,45% identificavam-se como "cidadãos da República da Turquia", apenas 8,61% comocurdos (apesar de muitas estimativas apontarem para mais o dobro), e 0,18%yörük (quando as estimativas apontam para cerca de 1%). Muitos membros, senão mesmo a maior parte, das minorias étnicas da Turquia assimilaram a cultura dominante, num processo que em alguns casos foi iniciado no período medievalseljúcida.[98]
A maior parte das minorias religiosas presentes na Turquia, quer muçulmanas, quer de outros credos, principalmente as menos numerosas, concentra-se sobretudo em Istambul. A nível nacional, 70 a 85% da população é muçulmanasunita, principalmentehanafistas, mas tambémxafiistas (9%).[98] O grupo religioso mais numeroso a seguir aos sunitas são osalevitas,[f] que constituem entre 15% e 30% da população. Seguem-se osxiitas duodecimanos (em turco:caferilik) não alevitas (entre 0,6% e 4%), mas também háiarsanistas eiazidis. As comunidadessufistas, embora menos importantes que no passado, ainda têm muitos membros[102] e nos últimos anos tem-se assistido a um interesse crescente no misticismo sufista.[100][103] Em 2007 existiam 2 944 mesquitas em Istambul.[104]
A maior minoria étnica de Istambul é a doscurdos, originários dasregiõesleste esudeste da Anatólia — algumas fontes estimam que vivam três milhões de curdos em Istambul, ou seja, cerca de 25% da população total da cidade. Istambul é a cidade com mais curdos em todo o mundo e rivaliza em número de curdos com a população das províncias turcas tradicionalmente consideradas "mais curdas", as quais juntas têm pouco mais do que cinco milhões e meio de habitantes.[105] Embora a presença curda na cidade remonte ao início do período otomano[106] e no início doséculo XX muitos dos porteiros de Istambul serem curdos, o grande afluxo de curdos à cidade acelerou imenso desde o início da guerrilha pela independência doPartido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).[107] A maior parte dos curdos são muçulmanos sunitas, mas há alguns que são iazidis e iarsanistas.[100]
Ainda no período bizantino, instalaram-se na cidade, no que é hoje Beyoğlu, muitositalianos, especialmente dasrepúblicas marítimas deGénova eVeneza,[108][109][110][111] mas tambémfrancos, que estão na origem da comunidade de "levantinos" francófonos, que teve bastante importância na cidade até aoséculo XX, mas atualmente está praticamente desaparecida. Estas comunidades, como os poucos descentes que delas restam, eramcatólicas.[110][112]
Outra comunidade importante, tanto em número como em importância económica, que remonta ao período bizantino, é aarménia, que só declinou noséculo XX, mas ainda perdura e nos últimos anos tem vindo a ser reforçada com imigrantes provenientes daArménia.[113] Segundo estatísticas oficiais de 2008, viviam em Istambul 45 000 arménios.[114] A esmagadora maioria dos arménios sãocristãos ortodoxos e seguidores daIgreja Apostólica Arménia, havendo uma minúscula minoria de seguidores daIgreja Católica Arménia.[100][115]
Osjudeus são outra das comunidades presentes na cidade desde tempos históricos muito recuados. Os otomanos foram geralmente tolerantes para com os judeus, uma tradição que remonta aos primeirosbeys (príncipes) doséculo XIII. Uma parte considerável dossefarditas expulsos dePortugal e deEspanha no fim doséculo XV foram acolhidos pelos sultões otomanos. O sultãoBajazeto II (1447-1512) foi ao ponto de enviar o seu almiranteQuemal Reis aCádis para recolher judeus espanhóis e levá-los para o império otomano. Mais de 150 000 judeus expulsos de Espanha procuraram refúgio no Império Otomano e a estes juntaram-se alguns anos depois muitos judeus expulsos de Portugal. Além dos sefarditas ibéricos, ao longo dos séculos seguintes, também imigraram para o império, sobretudo para Istambul e outras cidades maiores, dezenas de milhares deasquenazes ecaraítas provenientes da Europa de leste.
Antes destas vagas de imigração judaica já havia judeus em Istambul, alguns aí instalados desde o período bizantino. No entanto, a maior e mais influente comunidade judaica da cidade foi e continua a ser a sefardita, a qual representa 96% dos total de judeus turcos.[116] Apesar das gerações mais novas terem como primeira língua o turco, o ladino (judeu-espanhol) ainda é muito usado e é a língua em que os mais velhos são mais fluentes.[117] Ao longo da primeira metade doséculo XX a população judia da Turquia, a maioria dela de Istambul, manteve-se estável em cerca de 90 000 pessoas. Após a fundação deIsrael iniciou-se uma emigração contínua de judeus turcos para esse novo país. Dependendo das fontes, o número total de judeus na Turquia deverá ser cerca de 20 000.[114][118][g]À parte da comunidade judia deEsmirna, que se estima ter 2 500 a 3 500 pessoas, quase todos os judeus da Turquia vivem em Istambul.[100][117]
Osgregos, que desde a fundação da cidade foram a comunidade mais importante, perderam importância após a conquista turca. Apesar disso, só com a república perderam protagonismo na vida da cidade, inclusivamente a nível político — um exemplo que reflete isso é facto do Patriarca de Constantinopla ter sido um membro destacado do sistema político otomano desde o reinado deMaomé II, o Conquistador.[110][111] Em 1924, quando datroca de populações entre a Grécia e a Turquia que se seguiu àguerra de independência turca e ao estabelecimento da república, da qual ficaram excluídos os gregos de Istambul, viviam na cidade 200 000 gregos étnicos. O número foi diminuindo, principalmente após opogrom de 1955, e em 1995 estimava-se que não restassem mais do que 25 000. Apesar disso, continuavam a ser uma das comunidades mais prósperas.[119] Segundo dados de 2008, estimavam-se entre 3 a 4 mil o número de gregos na Turquia, quase todos a residir em Istambul. Em contrapartida, no mesmo ano havia 60 000 gregos de origem turca residentes na Grécia que ainda mantinham a cidadania turca.[114] À parte de uma minúscula minoria decatólicos bizantinos gregos,[120] a esmagadora maioria dos gregos de Istambul sãocristãos ortodoxos, à semelhança do que acontecia no passado.[100]
Sede daİstanbul Büyükşehir Belediyesi (Municipalidade Metropolitana de Istambul)
Os limites edivisões administrativas daárea metropolitana de Istambul coincidem com as daprovínciahomónima desde 2004.[121] Existem 39 distritos (municípios; em turco:ilçeler),[86] os quais, como a generalidade dos distritos turcos, são administrados por umprefeito (belediye başkanı) eleito democraticamente a cada cinco anos e por um governador (kaymakam) nomeado pelo governo central turco.[122] Existe ainda um governador provincial (vali), também nomeado pelo governo central deAncara. O atual (2011) governador de Istambul é Hüseyın Avnı Mutlu, em funções desde 31 de maio de 2010.[123]
Acima dos municípios "menores", a área metropolitana tem uma administração municipal, aİstanbul Büyükşehir Belediyesi ("Municipalidade Metropolitana de Istambul"), que coordena a gestão dos municípios no sentido de haver coerência nas respetivas políticas e solidariedade entre os municípios.[124] Por exemplo: os orçamentos aprovados por cada distrito podem ser emendados pelo conselho municipal metropolitano. Além disso, a "municipalidade metropolitana" tem a seu cargo a gestão de serviços comuns, como transportes,saneamento, obras de maior envergadura e regulamentação de alguns aspetos da vida da cidade, nomeadamente taxas.[125]
Além do prefeito, os dois organismos superiores da Municipalidade Metropolitana são oBelediye Meclisi (Conselho ou Assembleia Municipal) e oEncümen (Comité Executivo; lit: Conselho da Cidade). O primeiro é um órgão colegial presidido pelo prefeito, onde um quinto dos seus membros é composto por representantes dos municípios distritais e os restantes (onde se inclui o prefeito) são eleitos de cinco em cinco anos. OEncümen é composto por pessoas escolhidas pelo presidente eleito da Municipalidade Metropolitana, presidido por este ou por alguém por ele designado; é um órgão eminentemente executivo, embora tenha algum poder de decisão e também atue como conselho consultivo do município.[125]
O atual (2011) prefeito de Istambul éKadir Topbaş, militante doCHP.[126] A sede do município metropolitano de Istambul ocupa um edifício construído entre 1953 e 1960 no bairro de Saraçhane, no distrito deFatih. Em 2001 foi lançado um concurso de arquitetura para a construção de uma nova sede em Caglayan, no distrito deKâğıthane, o qual foi ganho pela empresa do arquiteto istambulita Emre Arolat.[127]
Pode dizer-se que Istambul tem três centros devido à divisão criada peloBósforo e peloCorno de Ouro: um na península a sul do Corno de Ouro onde foi fundada Bizâncio, cujo principal marco éSultanahmet, outro na outra margem do Corno de Ouro, cujo principal marco é aPraça Taksim, e outro emUscudar eKadıköy, no lado oriental do Bósforo. Os distritos dos centros históricos são principalmente:Fatih, quegrosso modo ocupa o que foi a capital bizantina,Beyoğlu, Uscudar e Kadıköy.Zeytinburnu, a extremidade sul deEyüp,Beşiktaş,Şişli e os distritos envolventes, todos na parte europeia, também têm grande concentração de bairros antigos.[128]
Alguns distritos mais distantes dos centros são de carácter mais rural do que propriamente urbano, como se pode inferir da sua baixa densidade populacional. Exemplos disso são principalmenteÇatalca eSilivri na extremidade ocidental,Arnavutköy a noroeste eŞile na extremidade nordeste, eAdalar, um arquipélago na parte leste domar de Mármara, mas tambémÇekmeköy, na parte asiática.Beykoz só é densamente urbanizado na extremidade sul junto aoBósforo.Eyüp eSarıyer, a norte do centro europeu, têm zonas densamente urbanizadas (o último nem tanto, concentrando-se sobretudo nas margens doBósforo e uma outra zona junto aomar Negro) e grandes áreas de terreno não urbanizado, nomeadamente de floresta. Algo semelhante se passa comPendik eTuzla, cujas áreas mais a norte são pouco povoadas, ao contrário das áreas mais a sul.[86][129] Além dos distritos, há centenas de bairros em Istambul, alguns deles conhecidos internacionalmente e com algum tipo de personalidade administrativa.[128]
Istambul tem acordos degeminação e/ou de cooperação com mais de cinquenta cidades de todos os continentes. A primeira cidade gémea de Istambul foi oRio de Janeiro, cujo protocolo respetivo data de 1965.[130]
Vista deLevent, um dos principais centros financeiros da cidadeOBósforo, única rota para omar Negro, é uma das vias marítimas mais movimentadas do mundo
Além de ser a maior cidade e a antiga capital do país, Istambul foi sempre o centro da vida económica da Turquia, para o que contribui em grande medida a sua localização numa encruzilhada de rotas comerciais internacionais terrestres e marítimas. A metrópole é igualmente o maior centro industrial e financeiro da Turquia, onde estão cerca de 20% dos empregos na indústria e 38% da área industrial do país (dados de 2000). Em 2000 Istambul era responsável por 55% do comércio, 45% docomércio grossista, 21% doPIB e 27,5% doPNB da Turquia. No mesmo ano, 40% das receitas de impostos cobrados a nível nacional provinham de Istambul.[136] Em 2006, a cidade era responsável por 27,5% do consumo nacional e nela estavam sediados 35% dos depósitos bancários; 20% das dependências bancárias turcas encontram-se em Istambul.[137]
Em 2006 o PIB de Istambul foi de133mil milhões* dedólares US, mais do triplo do queAncara e mais elevado do que o de grandes cidades mundiais comoBerlim,Pequim ouSingapura. A cidade foi considerada a 34ª mais rica do mundo pelaconsultoraPricewaterhouseCoopers.[138] Em 2005 as empresas baseadas em Istambul exportaram bens no valor de41,397mil milhões*US$ e importaram 69 883 mil milhões US$, o que correspondeu, respetivamente, a 56,6% e 60,2% do total da Turquia nesse ano.[139] A distribuição do rendimento entre a população é muito pouco uniforme. Em 1994, 20% dos mais ricos usavam 64% dos recursos, enquanto os 20% mais pobres usavam apenas 4%.[137] De acordo com arevista Forbes, Istambul tinha 35bilionários em março de 2008, o que a colocava como quarta cidade do mundo com mais bilionários.[140] Em 2007 havia 43centros comerciais em Istambul e estavam em construção mais 35, além de mais 30 em fase de projeto.[141]
O turismo é uma atividade económica de grande importância na cidade. Há centenas de hotéis (em 2006 estavam registados 338 estabelecimentos hoteleiros) e milhares de empresas ligadas ao turismo.[142][143] Em 2000 a cidade foi visitada por cerca de 1 750 000 turistas[144] e em 2006 cerca de cinco milhões de estrangeiros entraram na Turquia pelos dois principais aeroportos de Istambul — oAeroporto Atatürk (substituído em 2019 pelo novoAeroporto de Istambul)[145] e oAeroporto Sabiha Gökçen.[146] Em 2007 estavam em construção ou em projeto 30 hotéis de cinco estrelas e apesar da abundante oferta hoteleira já então existente, estimava-se que os novos hotéis não fossem suficientes para satisfazer a procura nos anos seguintes.[141]
Durante oséculo XIX e o início do XX, o centro financeiro do Império Otomano foi aBankalar Caddesi (Rua dos Bancos, também conhecida por RuaVoyvoda), emGálata. Aí se situavam as sedes das principais instituições financeiras, nomeadamente a bolsa e obanco central otomano, fundado em 1856 com o nome deBank-ı Osmanî (Banco Otomano) e posteriormente reorganizado e rebatizado deBank-ı Osmanî-i Şahane (Banco Imperial Otomano) em 1863.[108][109][149] ABankalar Caddesi continuou a ser o centro financeiro de Istambul até à década de 1990, quando a maior parte dos bancos turcos transferiram as suas sedes para os bairros modernos deLevent eMaslak.[108]
Panorama do distrito financeiro deMaslak, situado na parte europeia da cidade, perto deLevent
A beleza e situação estratégica do local onde a cidade se encontra, a sua rica e extensa história, patente nos inúmeros monumentos, a mistura única de Ocidente e Oriente, decorrente não só da sua localização entre dois continentes, mas também da cultura dos seus habitantes do presente e do passado, a vida intensa nas suas ruas e praças, o contraste e harmonia entre o facto da cidade ser simultaneamente uma metrópole europeia e asiática, onde se encontram locais onde se tem a sensação de que não devem ter mudado muito desde há centenas de anos até às zonas mais modernas que não destoariam em qualquer grande capital europeia ocidental, desde aquilo que foi a maior igreja da Cristandade durante mil anos até aos arranha-céus e centros comerciais mais modernos, passando por muitas dezenas de monumentos otomanos que durante séculos inspiraram os artistas ocidentais pelo seu exotismo e luxo, tudo contribui para fazer de Istambul um destino turístico de eleição para milhões de turistas que visitam anualmente a cidade.[61][150]
Dada a enorme riqueza monumental, cultural e paisagística de Istambul, é muito complicado encontrar critérios minimamente imparciais e objetivos para enumerar os monumentos e locais turísticos que se podem considerar "mais importantes". A lista que se segue é assumidamente e inevitavelmente incompleta e foi baseada principalmente nos guiasLonely Planet de Istambul (edição de 2002)[128] eRough Guide da Turquia (edição de 2003).[152]
Um ponto obrigatório de qualquer visita turística em Istambul é a área deSultanahmet, onde se situava o centro daBizâncioromana e daConstantinoplabizantina eotomana. A praça tem o nome dosultãoAmade I (1590-1617), que ali construiu a grande mesquita que também tem o seu nome (mais conhecida comoMesquita Azul), ocupa o lugar do hipódromo romano. Na mesma área situava-se uma das alas do grandiosoGrande Palácio dos imperadores bizantinos, do qual apenas restam algumas ruínas postas a descoberto porescavações e alguns mosaicos de grandes dimensões em exposição noMuseu dos Mosaicos do Grande Palácio, situado numa das ruas em volta da praça. A praça é dominada pela Mesquita Azul no lado sudoeste e pelaBasílica de Santa Sofia a nordeste. Ao lado da mesquita situa-se o que era o hipódromo, onde se encontra oMuseu de Arte Turca e Islâmica e se erguem dois obeliscos, um deles, o chamadoObelisco de Teodósio, trazido doTemplo de Carnaque, noEgito. Entre a mesquita e Santa Sofia encontram-se diversos monumentos importantes, como por exemplo, otürbe (mausoléu) de Amade I, onde também se encontram sepultados outros membros da família imperial otomana, e osBanhos de Roxelana (século XVI). Numa das extremidades encontra-se a mais impressionantes das muitascisternas bizantinas da cidade, aCisterna da Basílica, cujo nome em turco denuncia a sua grandeza:Yerebatan Sarayı (Palácio Subterrâneo).[153]
A Basílica de Santa Sofia, construída noséculo VI, foi a maior igreja do mundo até 1453, quando foi transformada em mesquita. Se tivesse continuado a ser igreja, continuaria a ser a maior do mundo até 1590, quando foi terminada a cúpula daBasílica de São Pedro, emRoma, a qual é pouco maior que Santa Sofia. A basílica não impressiona apenas pela sua dimensão, mas por toda a sua arquitetura, iluminação,mosaicos bizantinos, as adições otomanas enquanto foi mesquita e ao facto de ter resistido aos inúmeros sismos que assolaram Istambul e que destruíram várias construções muito posteriores.[154]
Atrás de Santa Sofia e separado pela pitorescaSoğukçeşme Sokağı (Rua da Fonte Fria) encontra-se o vastoPalácio de Topkapı, a sede do poder otomano durante quase quatro séculos. Além da arquitetura, o palácio tem diversas exposições museológicas de grande valor, jardins e vistas privilegiadas sobre toda cidade, o Corno de Ouro, o Bósforo e o mar de Mármara. O palácio é parcialmente rodeado peloParque Gülhane, onde também se encontram osMuseus Arqueológicos de Istambul, que além de incluir um dos maiores museus arqueológicos do mundo, tem também dois museus de antiguidades orientais earte islâmica.[155]
No emaranhado de ruas próximas de Sultanahmet, são de referir duas obras-primas da arquitetura de Istambul: aMesquita de Sokollu Mehmet Paşa, construída em 1572 pelo grande arquiteto otomanoSinan, autor de algumas das mesquitas mais famosas da cidade, e aIgreja de São Sérgio e São Baco. Esta é mais conhecida como Pequena Santa Sofia (em turco:Küçuk Ayasofya) e foi construída alguns anos antes da Basílica de Santa Sofia e foi um modelo para ela. No início doséculo XVI foi transformada em mesquita, função que ainda mantém.[156][157]
OPalácio de Topkapı, construído no local daacrópole daBizâncio grega, foi a residência dos sultões otomanos e centro do poder imperial durante quatro séculosVista daMesquita Azul (de Sultanahmet)
No distrito de Fatih encontram-se uma série de grandes mesquitas imperiais além da Mesquita Azul. Seguindo pela antiga Estrada Imperial, atual Divan Yolu, passa-se ao lado dotürbe deMamude II e encontra-se aColuna de Constantino, na mesma praça daMesquita de Nuruosmaniye e de uma das entradas doGrande Bazar (Kapalıçarşı), um dos maiores e mais antigos mercados cobertos do mundo. Continuando na mesma rua, encontra-se otürbe de Sinan e a grande praça de Beyazıt, onde se encontra amesquita homónima (1506) e aUniversidade de Istambul. Um pouco mais acima, atrás da universidade, situa-se a maior mesquita da cidade (desde que Santa Sofia foi convertida em museu), aMesquita Süleymaniye (1557), outra obra de Sinan paraSolimão, o Magnífico.[158]
Um pouco mais longe, encontra-se o troço mais imponente das lendáriasMuralhas de Constantinopla, o trecho mandado construir porTeodósio II entre a costa do mar de Mármara e o Corno de Ouro, que fechava a cidade romana e bizantina pelo lado ocidental; os outros lados estavam rodeados por mar e eram protegidos pela chamada muralha marítima, da qual ainda resistem muitos troços ao lado da Avenida Kennedy, ao longo da margem do mar de Mármara. A maior fortificação das muralhas atualmente ainda existente é aFortaleza de Yedikule (Castelo das Sete Torres), situada na antigaPorta Aurea junto ao mar de Mármara.[159]
Entre as mesquitas otomanas famosas contam-se todas as construídas por Sinan, nomeadamente a deMihrimah Sultan emUscudar, no lado asiático, a suahomónima em Edirnekapı e a deRüstem Paşa, emEminönü, junto a outra das atrações turísticas da cidade, oBazar das Especiarias (ou Egípcio) e de outra grande mesquita, aYeni(1665). De referir ainda aFatih (1463; reconstruída em 1771), a deLaleli (1783) e a deOrtaköy (1856). Esta última situa-se num dos locais mais populares para passeios à beira-mar junto àPonte do Bósforo.[162]
Os diversos palácios imperiais à beira do Bósforo noséculo XIX são outro dos atrativos arquitetónicos da cidade. O maior é o deDolmabahçe, mas a grandeza e beleza de, por exemplo, os deÇırağan (este transformado num hotel de luxo),Yıldız,Küçüksu eBeilerbei, não é muito inferior.[162]
Em 2007 existiam em Istambul 4 350 escolas não superiores (comuns e profissionais), cerca de metade delas primárias. O número de professores nessas escolas ascendia a 90 784 e o de estudantes a 2 991 320 (c. 25% da população). No total havia 59 238 salas de aula. O número médio de alunos por escola era de 688, o de alunos por professor 33 e de alunos por sala de aula 50. Nos últimos anos houve um grande reforço das infraestruturas de educação — por exemplo: de 2000 para 2007 quase duplicaram o número de professores e de salas de aula e o número de alunos aumentou mais de 60%.[163]
Istambul tem um grande número de universidades, oito estatais e mais de vinte privadas, a maior partes destas últimas criadas nos últimos anos. Entre elas encontram-se algumas das mais prestigiadas na Turquia, como aUniversidade de Istambul (Istambul Üniversitesi) e aUniversidade Técnica de Istambul (İstanbul Teknik Üniversitesi), entre outras. Além das universidades, há pelo menos sete escolas superiores profissionais importantes[164] e duas academias militares.
A Universidade de Istambul foi criada oficialmente em 1933, mas é sucessora daDarülfünun-i Osmani ("casa das múltiplas ciências"), fundada em 1846[165] e de uma série de instituições de cariz universitárias que se lhe seguiram, considerando alguns historiadores que se pode também considerar herdeira de uma longa tradição de escolas islâmicas (madraçais) de cariz universitário que remontam aoséculo XIV.[166] A Universidade Técnica de Istambul foi oficialmente fundada em 1944, mas é a sucessora de um dos mais antigo estabelecimentos de ensino superior do mundo dedicado ao ensino daengenharia, aMühendishane-i Bahr-i Humayun (Escola de Engenheiros Navais), fundada em 1773.[167][168]
Em Istambul estão também sediadas aAcademia Naval Turca (Deniz Harp Okulu) e aAcademia da Força Aérea Turca (Hava Harp Okulu). As primeiras partilhas as suas origens com a Universidade Técnica de Istambul, isto é, com a escola de engenharia naval fundada em 1773.[174] A Academia da Força Aérea foi criada em Istambul em 1912 como "Escola Aérea do Exército" e depois de entre 1926 e 1967 ter estado sediada emEsquixequir, voltou a Istambul.[175]
Universidades e escolas superiores profissionais de Istambul em 2010[164]
(ordenação inicial por ordem cronológica aproximada de fundação)
A cidade tem inúmeras unidades de saúde, tanto estatais como privadas, entre hospitais, clínicas, laboratórios e unidades de investigação médica. Muitas destas unidades dispõem de equipamento de alta tecnologia, o que tem contribuído para um recente crescimento do chamado turismo médico,[176] com origem sobretudo em países da Europa Ocidental, onde os serviços de assistência médica governamentais como os do Reino Unido e Alemanha enviam pacientes com menores rendimentos para serem tratados em Istambul devido ao custo mais baixo dos tratamento que envolvem alta tecnologia.[177] Entre as áreas mais procuradas encontram-se acirurgiaoftalmológica alaser ecirurgia plástica.[176][a]
Há problemas de saúde relacionados com a poluição, especialmente no inverno, devido ao uso de combustíveis para aquecimento. O número crescente de automóveis e a lentidão do desenvolvimento dos transportes públicos é causa de ocorrências frequentes desmog. O uso obrigatório de combustíveis semchumbo só entrou em vigor em 2006.[96][a]
Os primeirossistemas de abastecimento de água datam da fundação da cidade noséculo VII a.C. No tempo dos romanos existiam doisaquedutos principais: o deMazulkemer e o deValente (este último ainda é um dos grandes monumentos daAntiguidade de Istambul). Estes aquedutos levavam água recolhida na área de Halkalı, no distrito deKüçükçekmece, a oeste do centro da cidade antiga, até à zona doFórum de Teodósio (ou Taurino; atualmente a Praça Beyazıt); a água era depois recolhida em numerosascisternas, algumas delas transformadas em atrações turísticas atualmente, como a daBasílica (Yerebatan Sarayı), a deTeodósio (Şerefiye Sarnıcı) ou a deFiloxeno (Binbirdirek Sarnıcı).[a]
Noséculo XVI, o arquiteto e engenheiro da corteMimar Sinan foi encarregado pelo sultãoSolimão, o Magnífico de melhorar o sistema de abastecimento de água da cidade, para o que construiu os sistemas de abastecimento de água de Kırkçeşme em 1555. Ao longo dos anos, a água de várias fontes, nomeadamente daFloresta de Belgrado, onde foram construídas várias barragens desde o tempo de Solimão, foi canalizada para fontes da cidade.[178][179][a] Atualmente Istambul dispõe de uma rede de tratamento de água potável e deesgotos gerida pela agência İSKİ da municipalidade metropolitana, a qual emprega cerca de 6 800 funcionários. Também há diversas empresas privadas que distribuem água potável.[180][a]
O primeiro serviço moderno decorreios etelecomunicações do Império Otomano, o Ministério dos Correios e Telégrafos (Posta ve Telgraf Bakanlığı), foi criado em Istambul em 1840.[182] A primeira patente dotelégrafo deSamuel Morse foi emitida pelo sultãoAbdul Mejide I, que testou pessoalmente o aparelho no antigoPalácio de Beilerbei em 1847.[183] Em 9 de agosto de 1847 foi instalada a primeira linha de telégrafo entre Istambul eEdirne.[184]
A primeira estação de correios foi aPostahane-i Amire, junto àMesquita Yeni. Em 1876 foi criada a primeira rede de correios entre Istambul e o resto do vasto Império Otomano e o estrangeiro. Em 1881 foi inaugurada a primeira linha de telefone entre aquela aPostahane-i Amire e a sede do Ministério dos Correios e Telégrafos, emSoğukçeşme Sokağı, perto deSultanahmet. Em 1901 foram efetuadas as primeiras transferências de dinheiro pelos correios. No mesmo ano ficaram operacionais os primeiros serviços de encomendas. Em 1909 foi inaugurado o serviço telefónico público, com a instalação de 50 linhas na estação de correios deBüyük Postane, emSirkeci.[182][184]
Os transportes públicos de Istambul são geridos pela empresa municipalİstanbul Elektrik Tramvay ve Tünel (IETT, "Serviços de Bondes e do Tünel"),[185] sucessora da primeira empresa de transportes públicos da cidade, aDersaatet Tramvay Şirketi, fundada em 1869.[186]
Outros serviços menores de transporte público são duas linhas de elétricos ditos "nostálgicos", que usam veículos antigos, uma naAvenida İstiklal, e outra emKadıköy; osteleféricos de Maçka (Beşiktaş) e "Pierre Loti" (emEyüp, na parte superior do Corno de Ouro); e osfuniculares deTaksim-Kabataş e doTünel.[194] Este último é uma das linhas ferroviárias urbanas mais antigas do mundo, tendo sido inaugurado em 1875 na encosta deBeyoğlu entre o fundo da Avenida İstiklal e as proximidades daPonte de Gálata.[195]
Tanto aEstação de Sirkeci como a de Haydarpaşa, construções monumentais doséculo XIX, são igualmente importantes terminais de comboios de longo curso domésticos e internacionais.Ver também:Transporte ferroviário na Turquia.
Em 29 de outubro de 2013, 90º aniversário da proclamação da República Turca, foi parcialmente inaugurada a primeira ligação ferroviária subterrânea entre dois continentes, ligando a Ásia e aEuropa, parte do projetoMarmaray, uma linha de 14 km de extensão, grande parte dela debaixo do fundo do estreito doBósforo e domar de Mármara.[196]
Os transportes marítimos são uma componente importante da infraestrutura de transportes públicos da cidade. Há inúmeras linhas deferryboats que cruzam oBósforo, omar de Mármara e oCorno de Ouro, as quais servem tanto os locais como os turistas (os passeios no Bósforo são muito populares). A maior parte dosferries, os chamadosvapur, são convencionais, mas há também serviços decatamarãs rápidos, osdeniz otobüsü (autocarros marítimos),[197] e os chamados "táxis marítimos" (deniz taksi).[198]
Istambul tem dois aeroportos internacionais de grandes dimensões, que recebem milhões de turistas todos os anos. OAeroporto de Istambul (IATA: IST, ICAO: LTFM), inaugurado em 2018,[199] substituiu oAeroporto Atatürk (ISL, LTBA) em 2019.[145] Este último teve um movimento de quase 68 milhões de passageiros em 2018.[200]
O novo aeroporto, situado no distrito deArnavutköy, no lado europeu, cerca de 40 km a noroeste do centro histórico (Sultanahmet), tem capacidade para 150 milhões de passageiros por ano, tendo sido projetado para ser o maior aeroporto do mundo, podendo servir 200 milhões de passageiros em alguns anos.[145]
OAeroporto Sabiha Gökçen (SAW, LTFJ), situado emPendik, na parte oriental do lado asiático, a 35 km do centro da cidade, foi inaugurado em 2001. Grande parte do tráfico doméstico e decompanhias de baixo custo de Istambul passa atualmente por este aeroporto. O novo terminal de Sabiha Gökçen, construído em 2003, era o maior edifício com construção anti-sísmica do mundo na data em que foi concluído.[201]
O Terminal Rodoviário Grand Istanbul, popularmente conhecido como Terminal Rodoviário Esenler, está localizado no distrito deBayrampaşa, em Istambul. O terminal rodoviário, que é o ponto de transporte mais importante de Istambul, foi inaugurado em 1994 porRecep Tayyip Erdoğan, o então primeiro-ministro e atual presidente. O Terminal Rodoviário de Istambul Esenler é o maior terminal rodoviário da Turquia e da Europa e o terceiro maior do mundo. É possível chegar a todas as cidades da Turquia de ônibus que partem desta rodoviária. Os passageiros vindos do exterior para a Turquia por via aérea podem usar o Terminal Rodoviário de Esenler para chegar às províncias, distritos e resorts turísticos da Turquia a qualquer hora do dia.[202]
Grande Bazar, um dos maiores e mais antigos mercados cobertos do mundo
Istambul é considerada a capital cultural da Turquia e também a cidade turca onde a presença dacultura ocidental é mais forte. Para a riqueza cultural da cidade contribui decisivamente a tradição de encontro e fusão entre Ocidente e Oriente, presente desde praticamente a fundação da cidade — por exemplo, um dos mercados de livros mais antigos do mundo é oSahaflar Çarşısı, o qual existe no mesmo local desde o período bizantino. Este mercado encontra-se na zona de Beyazıt, perto do local onde se erguia oFórum de Teodósio e ali se encontram muitos livros históricos e raros.[203] Todos estes fatores estiveram na base da escolha de Istambul comoCapital Europeia da Cultura em 2010, juntamente comPécs, naHungria, eEssen, naAlemanha.[204][a]
A cidade acolhe com frequência estrelaspop internacionais, as quais chegam a encher estádios, e há espetáculos deópera,jazz,ballet eteatro, tanto de produções nacionais como estrangeiras, muitas vezes com salas repletas. Há diversos festivais culturais sazonais com relevância internacional,[205] como por exemplo oFestival Internacional de Cinema de Istambul e aBienal de Istambul, uma exposição dearte contemporânea, ambos realizados pelaİstanbul Kültür Sanat Vakfı (İKSV), Fundação Para as Artes e Cultura de Istambul, a qual organiza também festivais internacionais dedesign, teatro, música, ballet, dança contemporânea, ópera, jazz, música tradicional e pop, etc..[206][a]
O principal centro cultural estatal éCentro Cultural Atatürk, sediado num dos edifícios que domina aPraça Taksim, que além de dispor de duas salas de concerto onde têm lugar espetáculos de música, ópera e ballet, nele estão instalados duas orquestras, uma sinfónica e outra de música popular, e umcoro e orquestra de música clássica turca. A cidade conta com pelo menos 15 centros culturais importantes, 11 salas de concerto de grande qualidade e centenas degalerias de arte.[207]
Um dos centros culturais mais modernos é oSantralistanbul, o qual inclui um museu de arte moderna, um museu de energia, um anfiteatro, uma sala de concertos e uma biblioteca pública. O complexo está instalado naquilo que foi a primeiracentral eléctrica da Turquia e está integrado nocampus daUniversidade Istanbul Bilgi.[208]
A sala principal de ópera é a do Centro Cultural Atatürk, mas emKadıköy existe desde 1927 aÓpera Süreyya, a qual voltou a reabrir como teatro de ópera em 2007, após ter sido restaurada e antes ter ter sido usada durante décadas como sala de cinema. Aí está sediada a secção de Istambul daÓpera e Ballet do Estado da Turquia (Devlet Opera ve Balesi).[209][210]
Anfiteatro Cemil Topuzlu
Uma das melhores salas de concerto de Istambul é aCemal Reşid Rey Konser Salonu, inaugurada em 1989 e batizada em homenagem a um dos maiores compositores turcos doséculo XX,Cemal Reşid Rey (1904-1985).[211] É frequente a organização de concertos e outros espectáculos ao vivo em espaços culturais, como aIgreja de Santa Irene (Hagia Irene), onde no verão decorrem festivais dejazz emúsica clássica, nos pátios doPalácio de Topkapı, noParque Gülhane e nos castelos deRumelihisarı eYedikule.[212] Um dos objetivos anunciados para o programa de "Istambul, Capital Europeia da Cultura 2010" era o início da construção de uma ópera da autoria do arquiteto americanoFrank Gehry.[213]
Há duasorquestras sinfónicas sediadas em Istambul. AOrquestra Sinfónica Estatal de istambul (İstanbul Devlet Senfoni Orkestrası) foi fundada em 1945, mas reclama ser herdeira da orquestra fundada em 1827 pelo músico e compositor italianoGiuseppe Donizetti, irmão deGaetano, que foi o "instrutor geral" de música na corte imperial otomana ao serviço do sultãoMamude II desde 1828 até à sua morte em 1856.[214] AOrquestra Filarmónica Borusan Istambul (Borusan İstanbul Filarmoni Orkestrası) foi fundada em 1999 a partir da já existente Orquestra de Câmara Borusan; é um dos diversos organismos daBorusan Kültür Sanat (Borusan Cultura e Arte), umafundação dogrupo económico Borusan que tem em Istambul outras estruturas culturais, como orquestras, uma sala de concertos, uma editora, uma biblioteca, etc..[215]
Istambul tem inúmeros museus e aqui apenas se mencionam alguns dos mais notórios. Oİstanbul Modern é um museu de arte contemporânea dedicado sobretudo a obras de artistas turcos, mas que também organiza exposições de artistas estrangeiros. OMuseu de Pera é famoso pelas suas coleções deazulejos e dearte orientalista. OMuseu Sakıp Sabancı tem vastas coleções deporcelanas chinesa e europeia,mobiliário,caligrafia islâmica e pintura, sobretudo de obras orientalistas de pintores otomanos e europeus que viveram no Império Otomano. OMuseu Doğançay é dedicado principalmente à obra do seu fundador, o pintorimpressionista turcoBurhan Doğançay, e do seu paiAdil Doğançay. OMuseu Rahmi M. Koç é um museu industrial que tem em exposição diverso equipamento industrial, desde automóveis elocomotivas doséculo XIX e início doséculo XX até barcos, submarinos, aviões e outras máquinas antigas.
Os diversos ex-palácios imperiais estão quase todos transformados em grandes museus. Quiçá os mais grandiosos e famosos sejam oTopkapı, o centro do poder otomano durante quatro séculos, e oDolmabahçe, construído noséculo XIX, mas os deBeilerbei,Küçüksu,Yıldız eÇırağan (este transformado num hotel de luxo), entre outros, são também impressionantes pela sua beleza e pela localização — todos se encontram à beira do Bósforo à exceção do de Yıldız.
A maior parte dos media e da indústria editorial estão baseados em Istambul e a generalidade dos que não estão têm delegações, edições ou emissões na cidade.[216][217] Os jornais mais populares da Turquia em 2008 (Hürriyet,Milliyet,Posta,Sabah,Yeni Asir eZaman) estão todos sediados em Istambul, o mesmo acontecendo com os dois jornais considerados mais prestigiados, oMilliyet e oCumhuriyet.[218]
Os dois jornais de maior circulação no início de 2011 foram oZaman e oPosta, com tiragens de, respetivamente, 826 000 e 485 024.[219] São também publicados diversos jornais e revistas eminglês e outras línguas. Entre os jornais em língua estrangeira com maior difusão encontram-se oToday's Zaman e oHürriyet Daily News, ambos em inglês.[218]
O maior grupo de média da Turquia, oDoğan tem a sua sede em Istambul. É o quinto maior grupo económico turco e detém trêsestações de televisão com cobertura nacional e dois jornais de grande circulação que em 2008 se estimava que constituíssem cerca de 50% do mercado.[218]
Os desportos de massas em Istambul têm uma tradição que remonta pelo menos aoperíodo romano. Durante esses tempos e os doImpério Bizantino que se lhe seguiu, as corridas dequadrigas que se realizavam noHipódromo de Constantinopla chegavam a ter mais de 100 000 espetadores[220] e a competição era tão renhida que as equipas tinham um peso político considerável e não raro davam origem a motins, como aRevolta de Nica, em 532, durante a qual uma parte da cidade e a recém ampliada Basílica de Santa Sofia foi destruída.[221]
Como na generalidade da Turquia, atualmente o desporto mais popular em Istambul é o futebol. Os jogos das principais equipas são motivos de grandes festas de rua, que não raro começam logo na véspera e provocam grandes enchentes de multidões cantando, abraçando-se e buzinando, que resultam em grandes congestionamentos de tráfego, sobretudo na área de Beyoğlu em geral e na Praça Taksim em particular.[222] Na cidade estão sediados pelo menos cinco dos mais importantes clubes de futebol turcos: oGalatasaray S.K, oBeşiktaş J.K., oFenerbahçe S.K., oKasımpaşa S.K. e oİstanbul Başakşehir F.K. (chamado İstanbul Büyükşehir até 2014). Os primeiros três quase invariavelmente disputam os lugares cimeiros de todas as competições nacionais e é comum estarem presentes em competições internacionais.[223][224]
A importância do desporto a nível internacional e na vida da cidade é evidenciada, por exemplo, pela escolha de Istambul para Capital Europeia dos Desportos.[223][224] e pela candidatura da cidade à organização dosJogos Olímpicos de 2020.[232]
↑abcA data da fundação de Bizâncio é frequentemente colocada em667 a.C., por vezes como se não houvesse dúvidas, principalmente em enciclopédias e outras fontes terciárias. No entanto, há alguma controvérsia entre os historiadores acerca de qual o ano preciso em que a cidade foi fundada. Uma das fontes mais citadas é a obra doséculo V d.C.Histórias, deHeródoto, que refere que Bizâncio foi fundada 17 anos depois deCalcedónia.[9] Tendo esta surgido em685 a.C., Bizâncio teria sido fundada em667 a.C.[10] No entanto,Eusébio de Cesareia (século III ou IV d.C.), apesar de também referir que Calcedónia foi fundada em685 a.C., aponta659 a.C. como o ano da fundação de Bizâncio.[10] Entre os historiadores modernos, Carl Roebuck propôs a década de640 a.C.,[11] enquanto outros sugerem datas ainda mais tardias. Para adensar o debate, a fundação de Calcedónia é igualmente um tema controverso: enquanto muitas fontes referem685 a.C.,[12] outras referem675 a.C.[13] ou mesmo639 a.C. (com a fundação de Bizâncio em619 a.C.).[10] Devido a estas controvérsias, alguns autores optam por colocar a fundação de Bizâncio simplesmente noséculo VII a.C.
↑Segundo algumas fontes, Bizâncio só voltou a ser independente de Atenas em325 a.C.[28]
↑O professor Okan Tuysuz, diretor do Istituto Eurásia de Ciências da Terra daUniversidade Técnica de Istambul estimava em 2006 que a probabidade de ocorrer um sismo de magnitude 7,6 até 2030 era de 65%.[71]
↑Osalevitas são frequentemente descritos como um ramo doxiismo duodecimano, algo que é contestado por muitos autores, principalmente na Turquia,[99][100] havendo inclusivamente quem argumente que nem sequer devem ser considerados muçulmanos.[101]
↑Segundo oCountry Studies daBiblioteca do Congresso dos Estados Unidos, em 1995 estimava-se em 18 a 20 mil o número de judeus na Turquia.[118] Segundo dados oficiais do Ministério dos Negócios Estrangeiros turco, em 2008 esse número era de 25 mil,[114] quase 90% deles em Istambul.[117]
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