Terceira maior cidade do país, e capital daprovíncia homônima, conta com uma população de 1 583 609 habitantes (dados de 2006),[9] e sua região metropolitana tem 3 430 035, de acordo com o censo de 2006. Cidade antiquíssima, foi conhecida naAntiguidade porAspadana, tendo sido à época uma das maiores cidades do mundo.
Pouco é conhecido sobre a história antiga de Ispaão. NaAntiguidade era conhecida comoAspadana, mas parece não ter sido um assentamento de grande importância.[11] Foi parte dos impérioselamita eparta,[12] e na épocasassânida era chamada Jai, (Gabas emgrego), um nome que persistiu até após a conquista islâmica em moedas cunhadas na cidade.[11] Jai possuía quatro portas, uma das quais era chamada "Porta dos Judeus". De fato, a parte principal da cidade, onde vivia a comunidade judia, era chamada Jaudia (Yahudyya) ou Jaudié (Yahoudieh; "cidade dos judeus").[11][12]
Em 640 ou 644, dependendo da fonte historiográfica consultada, Ispaão foi conquistada pelosárabes doCalifado Omíada junto com o resto da Pérsia, passando a ser parte da província deJibal.[11] A partir de 747, com a revolta dosabássidas, a cidade passou a ser governada por estadinastia quase continuamente até oséculo X, quando passou ao domínio dadinastia buída, de origem iranianaxiita.[11][13] O célebre filósofo persaAvicena foi um protegido do governador Alá Daulá, vivendo e ensinando em Ispaão desde 1024 até sua morte em 1037.[14] Durante o turbulento período buída Ispaão passou por grandes melhorias, com a construção de mesquitas, palácios, jardins, banhos públicos, bazares e uma muralha.[11][13]
Grande Mesquita de Ispaã
Em 1051, Ispaão foi definitivamente conquistada porTugril Bei (c.990-1063), dadinastia seljúcida.[11][15] Um cronista descreve que em 1052 a cidade era a mais populosa e pujante das terras persas, com uma grande mesquita e muitos bazares.[11]Togrul Begue transformou Ispaão em capital e viveu ali os últimos doze anos do seu reinado, dotando-a de grandes riquezas e melhorias.[11] No reinado do seljúcidaMaleque Xá I(r. 1072–1092) e seuvizirNizã Almulque (c. 1018-1092), Ispaão continuou a prosperar e tornou-se um importante centro religiososunita.[11] Muitos edifícios foram levantados ou expandidos, como a Grande Mesquita da cidade.[11] Com a morte de Maleque, em 1092, este período dourado de Ispaão terminou.[11]
Ispaão foi, até 1118, capital do império seljúcida, mas a partir desta data o centro do poder foi levado à região deCoração, no leste.[11] A cidade passou por vários governantes até 1140-1, quando foi tomada e incorporada aoImpério Mongol. A complexa história da cidade continuou no séculos seguintes. Em 1387, Ispaão foi tomada porTamerlão (1336-1405).[11] Inicialmente tratada com misericórdia, a cidade revoltou-se contra os impostos punitivos de Tamerlão, matando os cobradores de impostos e alguns soldados do turco-mongol. Como represália, Tamerlão ordenou um massacre em que morreram mais de 70 000 cidadãos.[11] O período sob domínio doImpério Timúrida não foi particularmente brilhante para a cidade. Viajantes venezianos calcularam a população em apenas 50 000 pessoas em 1474-5.[11]
Em 1502-3, o xáIsmail I dadinastia safávida toma Ispaão. Tanto Ismail como seu sucessor,Tamaspe I, favoreceram os moradores da cidade.[11] No início doséculo XVII, oImpério Safávida ocupava uma área enorme, desde aGeórgia a oeste até oAfeganistão a leste e doMar Cáspio a norte até oGolfo Pérsico no sul. Tal como naépoca seljúcida, o centro geográfico, comercial e administrativo deste enorme território era Ispaão, que foi feita capital peloXá Abas I em 1596-7.[11] Sob esse líder e alguns dos seus sucessores, Ispaão foi grandemente remodelada e enriquecida. O viajante francêsJean Chardin (1643-1713), que esteve na Pérsia nas décadas de 1660 e 1670, descreve Ispaão como "a mais grandiosa e bela das cidades do Oriente", com 162 mesquitas, 48 colégios, 1802caravançarais e 273 banhos públicos.[11] Baseando-se nos detalhes da descrição de Chardin, a cidade teria entre 600 000 e 700 000 habitantes nessa época, senão mais.[11]
Praça Naghsh-e Jahan na década de 1830. Pintura de Pascal Coste
A gestão do Império sob o xá Abas I (1587-1629) era muito centralizada, com todas as sedes administrativas concentrando-se em Ispaão.[11] A cidade foi remodelada e em seu centro foi criada aPraça de Naqsh-e Jahan, chamada "a Imagem do Mundo" pela sua beleza e dimensões, onde se localizam o portal do Bazar de Ceissarié (1602-19), a Mesquita Real (1612-30), a Mesquita de Lofolá (1602-18) e o Pavilhão de Ali Capu, um pequeno palácio daépoca timúrida (século XV) ampliado pelo xá.[10] Todos estes edifícios, assim como os palácios da nobreza localizados na avenida Chahar Bagh, foram ricamente decorados com painéiscaligráficos,azulejos com motivos florais e, no interior, pinturas.[10][16] A cidade atraiu artistas e comerciantes que vinham de todo o Império, e a população incluía cristãos e judeus. Muitosarmênios instalaram-se no bairro de Julfa, onde controlavam o comércio daseda.[16][17] Abas I também converteu a cidade num grande centro religiosoxiita, trazendo religiosos de várias partes do Império.[11] A tolerância desta época, porém, diminuiu com os sucessores de Abas, que passaram a perseguir outras religiões, inclusive muçulmanossunitas esufistas na época do xáSultão Huceine.[11]
O reinado do xáSultão Huceine (1694-1722) foi um período de decadência para Ispaão, com redução do padrão de vida da cidade e do Império.[11] Noséculo XVIII osafegãos liderados porMamude Hotaqui rebelaram-se, invadiram a Pérsia e derrotaram os safávidas naBatalha de Gulnabade (8 de março de 1722), pondocerco à cidade logo depois.[11][17] O assédio durou seis meses, durante o qual dezenas de milhares de cidadãos de Ispaão morreram nas batalhas, de fome e de doenças.[11] Após um período curto de dominação afegã,Nader Xá assumiu o trono em 1736, fundando a dinastia dosAfexáridas, mas a capital foi transferida aMexede, naregião de Coração.[11] Em meados doséculo XVIII a cidade foi disputada continuamente pelos afegãos e pelos membros dosZande eCajar. Sob o governo deCarim Cã, a partir de 1758-9, a paz voltou à cidade, mas a capital do Império foi transferida aXiraz. Com a subida ao trono da dinastia Cajar a capital passou a serTeerã. Nos finais doséculo XVIII a população da cidade era estimada por viajantes europeus em apenas 60 000.[11]
Sob os Cajar, Ispaão chegou a ser a principal cidade comercial da Pérsia, mas na segunda metade doséculo XIX perdeu essa posição paraTabriz.[11] A população da cidade aumentou durante oséculo XIX,[11] apesar de que o período Cajar também é visto como um período negro pelos impostos excessivos e falta de desenvolvimento da cidade.[18] Durante adinastia Pahlavi os principais monumentos de Ispaão foram restaurados, ainda que o urbanismo antigo da cidade tenha sido muito alterado.[18] Nas primeiras décadas doséculo XX a cidade industrializou-se, adquirindo fábricas de têxteis como tapetes e tecidos de seda.[11]
Hoje Isfahan, a terceira maior cidade do país, produztapetes finos, têxteis,aço e artesanato. Isfahan também temreatores nucleares experimentais, bem como instalações para a produção de combustível nuclear (UCF). Isfahan tem uma das maiores produtoras de aço em toda a região, bem como instalações para a produção de ligas especiais.
Ourânio em Isfahan é convertido emhexafluoreto de urânio (UF6). Em sua forma gasosa, é girada em alta velocidade nas centrífugas para extrair o isótopo físsil. Isfahan é a única fonte interna do Irã de UF6. Segundo a AIEA, em 2006, o Irã estava construindo bunkers endurecidos em Isfahan para proteger a produção de UF6.
Mais de 2 000 empresas estão trabalhando na área, que tem com potencial econômico, cultural e social. Isfahan contém uma refinaria de petróleo e uma base aérea de grandes dimensões.
A cidade está localizada a 1 580msnm de altitude, na planície verdejante dorio Zayandeh, a oeste e sul da cordilheira deZagros.[19] Ao norte e leste a cidade é circundada por desertos. Porém, a proximidade com o rio Zayandeh e os solos férteis da planície foram um importante fator no crescimento da cidade e província, que tem uma agricultura desenvolvida.[19]
O clima é temperado, com longos e frios invernos e verões curtos e relativamente frios.[19] Apluviosidade média é de entre 60 e 100 mm.[19]
Hotel Abbasi, antigocaravançarai doséculo XVII adaptado ao turismo
Ispaão é uma das cidades artisticamente mais ricas do Irã. A época mais brilhante correspondeu ao períodosafávida (1598-1722), quando a cidade foi um grande centro artístico e viu florescer a arquitetura, a pintura e asartes decorativas.[20] Consequentemente, Ispaão é também uma das cidades iranianas mais atrativas do ponto de vista turístico.[21][22] As atrações incluem aPraça de Naqsh-e Jahan com seus palácios e mesquitas, a avenida Chahar Bagh, as várias pontes antigas sobre orio Zayandeh, o quarteirão arménio com a Catedral Vank e o Grande Bazaar de Ispaão.[21][22]