O Iraque tem uma seção estreita delitoral que se estende por 58 km no norte doGolfo Pérsico e seu território compreende a mesopotâmica planície aluvial, o fim do noroeste daCordilheira de Zagros e a parte oriental dodeserto sírio. Dois grandes rios, o Tigre e o Eufrates, percorrem para o sul através do centro do Iraque e fluem para oXatalárabe, perto do Golfo Pérsico. Estes rios fornecem ao Iraque quantidades significativas de terras férteis.
A região entre os riosTigre eEufrates, historicamente conhecida comoMesopotâmia, é mais frequentemente referida como o "berço da civilização". Foi ali que a humanidade começou a ler, escrever, criar leis e viver em cidades sob um governo organizado nomeadamenteUruque, a partir do qual o Iraque foi derivado. A área tem sido o lar de sucessivas civilizações contínuas desde osexto milênio a.C. Em diferentes períodos da sua história, o Iraque era o centro dos impériosAcádio,Sumério,Assírio eBabilônico. O país também fez parte doImpério Otomano e esteve sob controle britânico como ummandato da Sociedade das Nações.
O nome árabe العراق al-'Irāq tem estado em uso desde antes doséculo VI. Existem várias origens sugeridas para o nome. Uns datam para a cidade suméria deUruque (hebraico bíblicoEreque) e é, portanto, em última instância, de origem suméria, como Uruque era o nomeacadiano à cidade suméria de Urugue, contendo a palavra suméria para "cidade", UR. Uma etimologia popular árabe para o nome é "profundamente enraizada, bem regada; fértil". Durante o período medieval, havia uma região chamadaIraque Alárabe ("Iraque Árabe") à Baixa Mesopotâmia eIraque Ajami ("Iraque Estrangeiro"), à região agora situada na Europa Central e Irã Ocidental. O termo incluía historicamente a planície ao sul das montanhas de Hamrin e não incluía as partes setentrionais e ocidentais do território moderno do Iraque. O termoSauade foi usado também no início da ocupação árabe da região da planície aluvial dos rios Tigre e Eufrates, contrastando-a com o deserto árabe árido. Como uma palavra árabe, عراق significa "bainha", "costa", "banco", ou "borda", para que o nome pela etimologia popular passou a ser interpretado como "a escarpa". No sul e no leste doPlanalto Jazira, que forma a borda norte e oeste da área do Iraque Alárabe.[7]
Entre 65 000 a.C. e 35 000 a.C., o norte do Iraque foi o lar de uma cultura neandertal, cujos vestígios arqueológicos foram descobertos nacaverna Xanidar.[8] Esta mesma região também é o local de uma série de cemitérios pré-neolíticos, que datam de aproximadamente 11 000 anos a.C.[9]
Desde aproximadamente 10 000 a.C., o Iraque, juntamente com grande parte doCrescente Fértil que compreende aAnatólia e oLevante, foi um dos centros de uma cultura neolítica conhecida comoNeolítico Pré-Olaria A (PPNA), onde surgiu a agricultura e a pecuária pela primeira vez no mundo. O período neolítico seguinte, PPNB, é representado por casas retangulares. Na época do neolítico pré-cerâmico, as pessoas usavam vasos de pedra, gesso e cal queimada. Achados de ferramentas de obsidiana na Anatólia são evidências das primeiras relações comerciais.[9]
Outros locais importantes de desenvolvimento humano foramJarmo (cerca de 7100 a.C.), bem como uma série de locais pertencentes àcultura de Halafe eTell al-'Ubaid (entre 6500 a.C. e 3800 a.C.).[9] Os respectivos períodos mostram níveis cada vez maiores de avanços na agricultura, como a fabricação de ferramentas e arquitetura.[10]
O território do atual Iraque foi o berço da civilizaçãosuméria (a civilização mais antiga do mundo) por volta de4 000 a.C. No ano de2 550 a.C., ocorreu a unificação da Suméria com aAcádia feita pelopatesi Sargão. Séculos mais tarde o Império de Sargão desmorona: ocorrem revoltas internas e os povos nômades vindos dosMontes Zagros (os povos gútios) conquistam o Império. No ano de1 950 a.C. eles conquistam o Império definitivamente depois de diversos ataques doselamitas e dosAmoritas. Tal motivo de tantos combates seria das terrasférteis localizado dorio Nilo até osPlanaltos Iranianos.
Os elamitas tomaram o extremo Norte do atual Iraque (do Império de Sargão), enquanto os amoritas que formavam oImpério Paleobabilônico ocupavam o Centro-Sul. Oshurritas dominavam o norte iraquiano acabaram sendo conquistado pelosegípcios e peloshititas. Os egípcios e os hititas que estavam dominando o antigo ImpérioMitani, acabaram sendo dominados pelos amoritas, e os amoritas acabaram sendo dominados pelos cassitas, reconquistando o império, logo o II Império Mitani acabou desmoronando nas mãos dos elamitas.
Osamoritas que formaram o PrimeiroImpério Babilônico acabaram sendo conquistados pelosassírios por causa da morte do reiHamurábi.Ciaxares, rei daMédia, com aliança com o rei dos caldeus, invadiuAssur em615 a.C. e, em612 a.C., tomouNínive, pondo fim ao estado assírio. Por causa daindependência doEgito, ocorreram diversas manifestações naFenícia e noElão. Os persas se aproveitando disso, conquistaram os elamitas no ano de539 a.C. durante aDinastia Aquemênidapersa. O II Império Babilônico formado pelos caldeus acabou sendo dominado também pelos Persas. Após a tentativa frustrada de Dario (xá) de conquistar aGrécia, o império aquemênida começou a declinar. Décadas de golpes, revoltas e assassinatos enfraqueceram o poder dos aquemênidas. Em333 a.C., os persas já não tinham mais força para suportar a avalanche de ataques deAlexandre, o Grande, e em330 a.C., o último xá, Dario III, foi assassinado por seusátrapa Besso, e o primeiro Império Persa caiu em mãos dosgregos e macedônios.
O império chegou ao fim em224 d.C., quando o últimoxá parta foi derrotado por um de seus vassalos, Artaxes dos persas, da dinastia sassânida. As frequentes guerras com os romanos levaram à exaustão e à destruição doImpério Sassânida. Com Constantinopla sitiada, o Imperador bizantino Heráclio flanqueou os persas pelo mar naÁsia Menor e atacou-os pela retaguarda, o que resultou numa derrota decisiva em 627 para os sassânidas naMesopotâmia setentrional. Estes viram-se obrigados a abandonar todos os territórios conquistados e recuar, seguindo-se o caos interno e a guerra civil. Após 14 anos e sete reis diferentes, o Império Persa foi subjugado pelos árabes muçulmanos; com o assassinato, em 651, do últimoxá sassânidaIsdigerdes III, seu território foi absorvido pelo Califado.
Conquistada porpersas egregos, aMesopotâmia se torna o centro de um vasto império árabe noséculo VII (primeira dinastia de califas do profeta Maomé: a Dinastia Omíada dos descendentes deMeca). Um século depois, adinastia abássida decidiu mudar a capital deDamasco para o leste, e o califaAlmançor construiu a nova capital,Bagdá, nas margens dorio Tigre. Durante três séculos, a cidade das "Mil e uma Noites" foi o centro de uma nova cultura.
As fronteiras orientais doImpério Otomano variaram muito ao longo de séculos de disputas com osMongóis e outros povos daÁsia Central, posteriormente seguidas de disputas com o Império Russo, noséculo XIX. Na região do moderno Iraque, forças inglesas haviam ajudado a organizar sublevações regionais contrárias ao domínio otomano durante toda aI Guerra Mundial. O Iraque moderno nasceu em 1919, quando oImpério Otomano, foi desmembrado, depois daPrimeira Guerra Mundial.
Em 1920 aConferência de San Remo levou à imposição de um mandato daLiga das Nações para a Inglaterra administrar o Iraque, onde indicaram a britânica Gertrude como governadora daquela região.[11][12] O ReiFaiçal I foi coroado pelos britânicos como chefe de Estado, embora tivesse um poder meramente simbólico perante o domínio inglês. Isto fez eclodir uma nova rebelião independentista. Para dominar o Iraque, as tropas britânicas realizaram uma verdadeira guerra colonial, utilizando-se de forças blindadas e bombardeios aéreos contra vilas e cidades iraquianas durante toda a década de 1920, que incluíram o uso dearmas químicas como ogás mostarda lançado de aviões.[13][14][15]
Em 1932 o Iraque teve sua independência formalizada, embora continuasse sob forte influência inglesa, já que oReino Unido conseguiu manter membros do antigo governo colonial (1920–1932) durante o curto período de independência do Iraque governado pelo Rei Faiçal (1932–1933) e na sequência, em governos dos seus descendentes da dinastia hachemita.[15]
Após a morte do rei Gazi, filho de Faiçal, em 1939, foi instituído um período de regência, pois o reiFaiçal II tinha apenas 4 anos. Na maior parte do período de regência, o tio do rei, Abdulillah (Abdel Ila), governou o Iraque. Este era um governo pró-britânico até o início daII Guerra Mundial. Em Março de 1940, o Primeiro-Ministro e General Nuri as-Said foi substituído por Rashid Ali al-Gailani, um nacionalista radical, que adotou uma política de não cooperação com os britânicos. A pressão britânica que se seguiu levou a uma revolta militar nacionalista em 30 de Abril de 1941, quando foi formado um novo governo, pró-Alemanha, encabeçado por Gailani. Os britânicos desembarcaram tropas em Baçorá e ocorreu uma rápida guerra entre os dois países em Maio, quando os ingleses restabeleceram o controle sobre o Iraque e Faiçal II foi reconduzido ao poder. Em 17 de Janeiro de 1943 o Iraque declarou Guerra à Alemanha. A Grã-Bretanha ocupou o Iraque até 1945 e dividiu a ocupação do vizinho Irã com as forças da URSS. Durante a guerra o Iraque foi um importante centro de suprimento para as forças dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha que operavam no Oriente Médio e de transbordo de armas para a URSS. Após a II Guerra Mundial, o Iraque se tornou área de influência dos EUA, assinando oPacto de Bagdá em 1955 com EUA e Turquia.
O Iraque participou da guerra árabe-israelense de 1947–1949 (Ver:Guerra árabe-israelense de 1948), e apoiou os países árabes em guerra contra Israel naGuerra dos Seis Dias (1967) e naGuerra do Yom Kipur (1973). Com a crise política dos anos 1950, o Iraque chegou a formar uma confederação com a Jordânia em 1958, que dissolveu-se com o fim da monarquia e o início da república no mesmo ano. O período 1959–1979 foi bastante conturbado na história iraquiana, com diversos golpes de Estado e participação em duas guerras.
Em 17 de julho de 1968,Ahmed Hassan al-Bakr liderou a chamadaRevolução de 17 de Julho, que derrubou a república e o presidenteAbdul Rahman Arif, colocando os baathistas no poder. Onze anos depois, em 15 de julho de 1979, o sunitaSaddam Hussein (até então vice de al-Bakr) assumiu a liderança do país, iniciando um governo que duraria até aInvasão americana ao Iraque em 2003. Saddam lideraria o Iraque contra o Irã, na longa e sangrentaGuerra Irã-Iraque, apoiado pelos EUA. Entretanto, após invadir o Kuwait em 1990, o país foi duramente atacado pela coalizão de países liderada pelos EUA naGuerra do Golfo, em 1991. O governo de Saddam foi marcado por avanços econômicos e desenvolvimento do país, sem paralelo com a história anterior da nação. Contudo, após a guerra contra o Irã e contra as potências ocidentais pelo Kuwait, a economia do Iraque entrou em colapso. A corrupção no seio do regime e o encolhimento econômico foi seguido por anos de tensão sectária, entre sunitas, xiitas e curdos. Para reprimiruma rebelião deste último, perto do fim da guerra com o Irã, as forças de Hussein lançaram a chamadaOperação Anfal, que resultou em mais de 180 000 mortes.[16]
Saddam Hussein foi presidente e ditador do Iraque entre 1979 e 2003.
Os xiitas também se rebelaram, em 1991, massua revolta foi igualmente sufocada, com um saldo de mais de 230 000 pessoas mortas.[17] Durante adécada de 1990, o país foi assolado com tensão sectária e pobreza extrema (especialmente entre a população xiita), decorrente da má gestão, da infraestrutura precária e da corrupção do regime sunita de Saddam. Os Estados Unidos e seus aliados realizaram bombardeios esporádicos pelo país (como em1996 e1998). Duaszonas de exclusão aérea (as operaçõesNorthern Watch eSouthern Watch) sobre o Iraque foram impostas pelaOTAN, com o objetivo de limitar a capacidade do exército iraquiano de usar violência exagerada contra as minorias e tentar impedir repressões étnicas, ao mesmo tempo que tentava enfraquecer o regime baathista. Isso acabou por deteriorar ainda mais a infraestrutura civil e militar do país.[18]
Após usar armas químicas e biológicas na guerra contra o Irã e na repressão dos xiitas e curdos, o regime de Saddam Hussein começou a sofrer pressão internacional para que ele abrisse mão de tais armamentos.Sanções econômicas foram então impostas pela comunidade internacional e pela ONU, devido a falta de colaboração das autoridades iraquianas. O resultado foi em uma acentuação da pobreza e deterioração da infraestrutura interna.[19] Contudo, apesar de tudo, o regime de Saddam permaneceu firme até 2003, quando uma coalizão ocidental dos Estados Unidoso derrubou do poder.
Intervenção internacional e transição para república
Dois tanques de guerra americanosM1 Abrams das forças de ocupação da Coalizão em frente ao monumento das "Mãos da Vitória", no centro de Bagdá, em 2003
Em 20 de março de 2003, uma coalizão liderada pelosEstados Unidosinvadiu o Iraque, com o motivo declarado de desarmar o país que, segundo as potências ocidentais, havia falhado no abandono de suas armas químicas e nucleares, em violação aoPrograma de Desenvolvimento das Nações Unidas, resolução 687. Os americanos e seus aliados afirmaram que devido o Iraque estar violando as normas da resolução 687, a autorização para o uso de forças armadas dessa resolução foi reavivado. Os Estados Unidos ainda justificam a invasão, afirmando que o regime de Saddam Hussein tinha ou estava a desenvolver armas de destruição em massa e declarando o desejo de remover um ditador opressivo do poder e levar a democracia ao Iraque. No seu discurso sobre o "Estado da União" de 29 de janeiro de 2002, o PresidenteGeorge W. Bush declarou que o Iraque era um membro do "Eixo do Mal", e que, tal como aCoreia do Norte e o Irão, o Iraque tentava adquirir armas de destruição em massa, resultando numa séria ameaça à segurança nacional dos E.U.A., Bush disse ainda:
O Iraque continua a ostentar a sua hostilidades em direção aosEstados Unidos e seu apoio ao terror. O regime iraquiano tem desenvolvido antrax, gases que afetam o sistema nervoso, e armas nucleares por mais de uma década … Este é o regime que concordou com inspecções internacionais - depois expulsou os inspetores. Este é um regime que tem algo a esconder do mundo civilizado … Procurando armas de destruição em massa, estes regimes [o Irão, o Iraque e a Coreia do Norte] representam um grave e crescente perigo. Eles poderiam fornecer estas armas aos terroristas, prestando-lhes os meios para corresponder ao seu ódio.[20]
Uma estátua deSaddam Hussein no centro deBagdá sendo derrubada em abril de 2003
Contudo, de acordo com um relatório mais abrangente do próprio governo dos Estados Unidos, nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada desde a invasão, apesar de ter sido encontrado grande quantidade de materiais primas para produção dessas armas.[21]
Apesar da rápida vitória e deposição do regime de Saddam Hussein, a ocupação acabou sendo desastrosa. Gruposxiitas esunitas armaram-se e começaram um movimento deresistência contra as forças da coalizão ocidental. Os rebeldes também começaram a combater não só os americanos mas uns aos outros, dando início a um sangrento conflito de caráter sectário e religioso.[22] Diversas facções como o chamado "Exército Mahdi", uma milícia xiita, e aAl-Qaeda, primordialmente sunita, começaram, a partir de 2004, sangrentos embates por todo o país.[23][24] Entre 2004 e 2007, o Iraque viveu uma guerra civil que acabou ceifando centenas de milhares de vidas. Nesse meio tempo, em 2006, Saddam Hussein foi levado a julgamento por crimes contra a humanidade e enforcado.[25] Para sucede-lo no poder, foi instituído um governo (formado por autoridades estrangeiras) chamadoAutoridade Provisória da Coalizão, chefiado pelo americanoPaul Bremer. Contudo, tanto a execução de Saddam quanto a formação do governo provisório, não conseguiu trazer um fim na violência que assolava a nação. A dissolução tanto do exército baathista, como da antiga infraestrutura governamental, pelas potências ocidentais acabou levando o país ao caos, virando o Iraque numa zona de guerra sangrenta e brutal.[26]
Nem mesmo a instalação de um parlamento democraticamente eleito em 2005 (o primeiro em décadas) conseguiu por um fim na violência sectária e religiosa que assolava o Iraque.Ibrahim al-Jaafari, nomeado primeiro-ministro, não conseguiu trazer o país a estabilidade esperada. Seu sucessor,Nouri al-Maliki, também falhou no propósito de trazer um fim a guerra. Em 2007, o presidente americanoGeorge W. Bush ordenou o envio de 20 000 novos soldados americanos, levando o total de forças estrangeiras no Iraque para 176 000 combatentes (incluindo 148 000 estadunidenses). Após o envio destes reforços, a violência no país começou a cair.[27] Com a situação de segurança melhorando e a economia do país começando a estabilizar, o parlamento iraquiano pediu formalmente para que os Estados Unidos retirassem suas tropas.[28][29]
Presidente americano Bush e o primeiro-ministro iraquiano al-Maliki, em 2006
No ano seguinte, forças dinamarquesas, australianas e de outros países começaram a retirar suas forças do Iraque. Ainda em 2008, oReino Unido, principal parceiro dos americanos na região, também deram início a sua retirada do território iraquiano.[30] No mesmo ano, o governo Bush e o primeiro-ministro do Iraque firmaram um acordo para a retirada completa dos soldados dos Estados Unidos do país, encerrando as atividades da coalizão por lá.[31] Generais americanos criticaram o plano, afirmando que sua saída de lá poderia reascender o conflito. Porém, a administração do presidenteBarack Obama, que sucedeu Bush, estava determinada a encerrar a guerra do Iraque de uma vez por todas. Em 2009, oexército dos Estados Unidos começou a passar a responsabilidade de defesa do país para asforças de segurança iraquianas (armadas e financiadas pelos americanos).[32] Em dezembro de 2011, o último soldado americano deixou o Iraque depois de oito anos de guerra.[33]
Estima-se que mais de 500 000 pessoas tenham morrido no conflito no Iraque entre 2003 e 2011.[34]
A retirada americana do Iraque em 2011 veio durante um período em que o número de mortes no país tinha caído para os menores níveis desde antes de 2003. Muitos analistas haviam afirmado que a saída dos Estados Unidos poderia ter sido prematura, pois ainda havia uma sombra de insurgência e muita tensão sectária.[35]
APrimavera Árabe ea guerra civil na vizinhaSíria começou a desestabilizar a situação nas fronteiras iraquianas ao oeste. Xiitas e sunitas voltaram a se combater pelas ruas de diversas cidades do Iraque. Ao mesmo tempo, o primeiro-ministroNouri al-Maliki aproveitou a saída da Coalizão ocidental de seu país para iniciar uma série de mudanças internas. Primeiro, expulsou do seu governo e das forças armadas membros sunitas proeminentes, enquanto colocava gente de sua confiança em cargos importantes. Sua administração era considerada extremamente corrupta e sectária, já que ele e a maioria xiita do Iraque parecia não querer compartilhar o poder com os compatriotas sunitas.[36]
Em 2014, a violência sectária e religiosa no Iraque reacendeu com toda a intensidade.Combates sangrentos começaram a irromper no norte e no oeste do país, onde a maioria da população sunita vive. O grupo extremistaEstado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) iniciou uma pesada ofensiva com o objetivo declarado de instaurar umcalifado muçulmano na região, englobando uma enorme área do Iraque (e também daSíria) e querem impor uma visão estrita dalei islâmica nos territórios que ocupam.[37][38] Na ofensiva, cidades comoTicrite,Faluja eMossul, foram tomadas pelosjihadistas.[39]
Com a forte instabilidade política, novos e sangrentos combates irromperam pelo Iraque. Atrocidades, como assassinatos em massa e saques estariam sendo cometidos pelos insurgentes do EIIL. O governo iraquiano reagiu mandando seusexércitos contra-atacarem os rebeldes. O país segue atualmente em profunda instabilidade interna.[40] Em dezembro de 2017, após anos de derramamento de sangue, as autoridades do Iraque declararam "vitória" na luta contra oEstado Islâmico, afirmando ter expulsado seus militantes do território do país.[41]
O país consiste principalmente dedeserto, mas perto dos dois grandes rios (Tigre eEufrates) sãoplanícies aluviais férteis, como os rios carregam cerca de 60 milhões demetros cúbicos (m³) delodo anualmente ao delta. O norte do país é na sua maioria composto por montanhas; o ponto mais alto tem 3 611 m dealtitude, sendo conhecido localmente como Cheekah Dar (tenda preta). O Iraque tem uma pequena costa com 58 km de extensão ao longo doGolfo Pérsico. Perto da costa e ao longo de Xatalárabe costumava haverzonas pantanosas, mas muitos foram drenados na década de 1990.[carece de fontes?]
A maior parte do Iraque tem umclima árido quente com influênciasubtropical. As temperaturas doverão ficam em média acima de 40 °C na maior parte do país e frequentemente excedem 48 °C. As temperaturas do inverno raramente excedem 21 °C com máximas de aproximadamente 15–19 °C e mínimas de tempo de 2–5 °C. Normalmente aprecipitação é baixa; a maioria dos lugares recebem menos de 250 mm por ano, sendo que o máximo de precipitação que ocorre durante os meses de inverno. Chuvas durante o verão são extremamente raras, exceto no extremo norte do país. As regiões montanhosas do norte têminvernos frios com fortesnevascas ocasionais, por vezes, causando grandesinundações.[carece de fontes?]
Em abril de 2009 a estimativa para a população iraquiana era de 31 234 000 habitantes.[42] A população do Iraque era estimada em apenas 2 milhões de pessoas em 1878.[43] Em 2013, o governo anunciou que o país abrigava 35 milhões de pessoas, em meio a umboom populacional pós-guerra.[44] Até 2020, o crescimento populacional iraquiano declinou, com a população do país chegando a 40 milhões naquele ano.[2]
De acordo com oCIA World Factbook, citando uma estimativa do governo iraquiano de 1987, a população do Iraque é formada por 75–80% deárabes, seguidos por 15% decurdos. Além disso, a estimativa alega que outras minorias formam 5% da população do país, incluindo osturcomanos,yazidis,shabaks,kaka'is,beduínos,ciganos,assírios,daguestãos epersas. No entanto, oInternational Crisis Group assinala que os números do censo de 1987, bem como os censos de 1967, 1977 e 1997, "são todos considerados altamente problemáticos, devido a suspeitas de manipulação do regime" porque os cidadãos iraquianos só podiam indicar pertencer ao povo árabe ou curdo. Consequentemente, isso distorceu o número de outras minorias étnicas, como o terceiro maior grupo étnico do Iraque — os turcomanos.[45]
Um relatório publicado pelo Serviço de Pesquisa do Parlamento Europeu sugere que em 2015 havia 24 milhões de árabes (15 milhões de xiitas e 9 milhões de sunitas); 4 milhões de curdos sunitas (mais 500 000curdosxiitas e 200 000 kaka'is); 3 milhões deturcomanos iraquianos; 1 milhão de afro-iraquianos; 500 000cristãos (incluindo assírios e armênios); 500 000yazidis; 250 000Shabaks; 50 000ciganos e algumas dúzias de judeus.[46]
O Iraque é um país de maioriamuçulmana; oislã representa cerca de 95% da população, enquanto os não muçulmanos (principalmente oscristãos assírios) atingem apenas 5%.[47] O país tem uma população mista dexiitas esunitas. OThe World Factbook, daCIA, estima que cerca de 65% dos muçulmanos no Iraque são xiitas e cerca de 35% são sunitas.[47] OPew Research Center estimou em 2011 que 51% dos muçulmanos no Iraque sãoxiitas, 42% sãosunitas, enquanto 5% identificam-se como "apenas muçulmano".[48]
A população sunita queixa-se de enfrentar a discriminação em quase todos os aspectos da vida por parte do governo. No entanto, o primeiro-ministroNouri al-Maliki nega tais críticas.[49]
Oscristãos vivem na região há cerca de 2 000 anos e muitos descendem dos antigosmesopotâmios-assírios pré-árabes.[50] Eles foram estimados em mais de 1,4 milhão em 1987, ou 8% da população da época, e em 16,3 milhões e 550 mil em 1947, ou 12% da população.[51]
Centro de Convenções de Bagdá, o atual local de reunião do Conselho de Representantes do Iraque
O governo iraquiano é definido nos termos da Constituição atual como umarepública árabeparlamentar,democrática efederal. Ogoverno federal é composto peloexecutivo,legislativo ejudiciário, bem como por várias comissões independentes. Além do governo federal, existem regiões (compostas por uma ou mais províncias), províncias e distritos dentro do Iraque com jurisdição sobre vários assuntos, tal como definido pela lei.
A Aliança Nacional é o principal bloco parlamentarxiita e foi criada como resultado de uma fusão da Coalizão Estado de Direito e da Aliança Nacional Iraquiana, do primeiro-ministro Nouri Maliki.[52] O Movimento Nacional Iraquiano é liderado por Iyad Allawi, um xiitasecular amplamente apoiado pelossunitas. O partido tem uma perspectiva anti-sectária mais consistente do que a maioria de seus rivais.[52] OCurdistão iraquiano é dominado por dois partidos, oPartido Democrático do Curdistão liderado porMasooud Barzani, e pelaUnião Patriótica do Curdistão, liderada porJalal Talabani. Ambos os partidos são seculares e desfrutam de laços estreitos com oOcidente.[52]
Em 2010, de acordo com oÍndice de Estados Falido, o Iraque era o sétimo país mais politicamente instável do mundo.[53] A concentração de poder nas mãos do primeiro-ministro Nouri al-Maliki e a crescente pressão sobre a oposição causam preocupação sobre o futuro dos direitos políticos no Iraque.[54]
O Iraque possuiforças armadas desde 1920, período em que o país esteve sobre domínio britânico. São constituídas deExército,Marinha eForça Aérea. Os três ramos das forças armadas iraquianas possuem grande importância na história recente do país, com envolvimento em diversos conflitos.[55]
Abandeira nacional do Iraque segue o modelo tricolor das bandeiras da Revolta Árabe. Após a ocupação norte-americana, tentou-se criar um desenho fora desse contexto, o qual foi, no entanto, rejeitado. Uma nova bandeira foi adotada em janeiro de 2008, tendo sido retiradas as três estrelas verdes associadas aopartido Ba'ath, que significavam unidade, liberdade e socialismo. Manteve-se no entanto o lema Allah-u-Akbar (Deus é grande).[56]
Soldados iraquianos marchando com a bandeira nacional
Obrasão de armas do Iraque contém a águia dourada deSaladino associada ao pan-arabismo doséculo XX, com um escudo da bandeira iraquiana, e segurando um pergaminho com as suas garras contendo as palavras الجمهورية العراقية (emárabe: al-Jumhuriya al-Iraqiya ou República Iraquiana).[carece de fontes?]
O Brasão de armas em 1965, não tinha aescrita cúfica entre as estrelas da bandeira e foi colocado verticalmente. Esta versão permaneceu em uso até ser substituída pela actual versão, em 2004. Continua controvérsia sobre a bandeira do Iraque resultante do governo interino, que adopta uma bandeira sem retirado as estrelas, mas mantendo a escrita cúfica.[carece de fontes?]
As relações entre o Iraque e sua populaçãocurda têm sido desfavoráveis na história recente, especialmente com acampanha genocida de Saddam Hussein contra eles na década de 1980. Após revoltas no início dos anos 90, muitos curdos fugiram de sua terra natal e zonas de exclusão aérea foram estabelecidas no norte do Iraque para evitar mais conflitos. Apesar das relações historicamente ruins, houve algum progresso, e o Iraque elegeu seu primeiro presidente curdo,Jalal Talabani, em 2005. Além disso, ocurdo é agora um idioma oficial do Iraque, juntamente com oárabe, de acordo com o Artigo 4 da Constituição.[57]
Os direitos LGBT no Iraque continuam limitados. Embora descriminalizada, a homossexualidade continua estigmatizada na sociedade iraquiana[58]. Os direitos humanos no território controlado peloEstado Islâmico foram registrados como altamente violados. Isso incluiu execuções em massa na parte de Mossul ocupada pelo Estado Islâmico e ogenocídio dos yazidis em Sinjar, povoado por yazidis, que fica no norte do Iraque.[59]
Em 2024, uma Lei, conhecida como Lei 188, foi proposta pelos partidos ultra-conservadoresXiitas que objetiva a diminuição da idade reduzir a idade legal de consentimento de 18 para nove anos, permitindo que os homens se casem com crianças pequenas.A mudança legal proposta também priva as mulheres dos direitos ao divórcio, à guarda dos filhos e à herança. A coalizão governamental afirma que a medida se alinha a uma interpretação rigorosa dalei islâmica e tem como objetivo proteger as meninas de “relacionamentos imorais”. Especialistas e ativistas sustentam que a emenda, na prática, resultaria na supressão dos direitos mais fundamentais das mulheres no país.[60][61][62]. Anteriormente já ocorreram tentativas similares de implementar a redução da idade legal de consentimento.[63][64]
O Iraque é composto por 19 províncias, que são subdividas em distritos. OCurdistão iraquiano (Arbil,Dahuk,Suleimânia eHalabja) são as únicas regiões legalmente definidas no país, com seus próprios governos.
A economia iraquiana é dominada pelo setor petrolífero, o que tem proporcionado tradicionalmente cerca de 95% das receitas em divisas. A falta de desenvolvimento em outros setores resultou em 18%-30% de desempregados e um deprimidoPIB per capita de 4 mil dólares.[47] O emprego no setor público foi responsável por quase 60% do emprego em tempo integral em 2011.[65] A exportação da indústria depetróleo gera muito pouco emprego.[65] Atualmente, apenas uma pequena porcentagem de mulheres (a estimativa mais elevada para 2011 foi de 22%) participam daforça de trabalho local.[65]
Antes daocupação estadunidense, aeconomia planificada do país proibia que empresas locais fossem compradas por estrangeiros, sendo que a maioria das grandes indústrias eramempresas estatais, e impunha grandes tarifas para impedir a entrada de mercadorias estrangeiras. Após a invasão do país 2003, a Autoridade Provisória da Coalizão rapidamente começou a emitir muitas ordens paraprivatizar a economia e abri-la ao investimento estrangeiro.[66]
Em 20 de Novembro de 2004, oClube de Paris de países credores concordou em amortizar 80% (33 bilhões de dólares) da dívida de 42 bilhões de dólares do Iraque com os membros do Clube. Adívida externa total do país era cerca de 120 bilhões de dólares na época da invasão de 2003 e tinha crescido mais 5 bilhões de dólares até 2004.[67]
Com seus 143,1 bilhões de barris (2 275 × 1 010 m3) de reservas provadas depetróleo, o Iraque ocupa o segundo lugar no mundo, atrás apenas daArábia Saudita, no montante de reservas deste recurso.[68][69] Os níveis de produção de petróleo chegaram a 3,4 milhões de barris por dia até dezembro de 2012.[70] Apenas cerca de 2 000 poços de petróleo foram perfurados no Iraque, em comparação com cerca de 1 milhão poços perfurados apenas noTexas.[71] O Iraque é um dos membros fundadores daOrganização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).[72][73]
Em 2010, apesar do maior nível de segurança e bilhões de dólares em receitas de petróleo, o Iraque ainda gerava cerca de metade da eletricidade que a demanda de clientes exigia, levando a protestos durante os meses quentes de verão.[74]
A história da culinária iraquiana remonta a cerca de 10 000 anos — influenciada pelos antigos impérios sumério, acadiano, babilônico, assírio e persa antigo. Astábuas de argila sumérias, encontradas em ruínas antigas no Iraque, mostram receitas preparadas em templos durante feriados religiosos — sendo uma representação dos primeiros livros de culinária do mundo. O antigo Iraque, ou "Mesopotâmia", era o lar de muitas civilizações sofisticadas e altamente avançadas, em todos os campos do conhecimento, incluindo artes culinárias. No entanto, foi nostempos medievais em que Bagdá era a capital docalifado abássida que a culinária iraquiana alcançou seu auge. Hoje, a culinária do Iraque reflete essa rica herança e fortes influências das tradições culinárias da vizinha Turquia, Irã e da área daGrande Síria.[75]
Da mesma forma que em outros países da Ásia Ocidental, frango e especialmente cordeiro são as carnes favoritas dos iraquianos. A maioria dos pratos é servida com arroz, geralmente Basmati, que é cultivado nospântanos da Mesopotâmia, no sul do Iraque. Obulgur etrigo são usados em muitos pratos, sendo consumidos no país desde os dias dos antigos assírios.[75]
↑«Human Development Report 2019»(PDF) (em inglês). Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. Consultado em 17 de dezembro de 2020
↑Boesch, Hans H. (1º de outubro de 1939). «El-'Iraq».Economic Geography (em inglês).15 (4): 329.ISSN0013-0095.doi:10.2307/141771
↑Edwards, Owen (2010).The Skeletons of Shanidar Cave. [S.l.]: Smithsonian
↑abcRalph S. Solecki; Rose L. Solecki; Anagnostis P. Agelarakis (2004).The Proto-Neolithic Cemetery in Shanidar Cave. Texas: [s.n.] p. 3–5.ISBN9781585442720