O arquipélago indonésio tem sido uma região de grande importância para ocomércio desde os séculos VI e VII, quandoSerivijaia começou a comercializar com aChina e com a Índia. Apesar de sua grande população e regiões densamente povoadas, a Indonésia tem vastas áreas desabitadas e é um dospaíses mais biodiversos do mundo.[11] Desde os primeiros séculos da era cristã, governantes locais gradativamente absorveram modelos culturais, políticos e religiosos estrangeiros, enquanto reinoshindus ebudistas floresceram.
Com mais de 245 milhões de habitantes em 2011, a Indonésia era nessa altura o quartopaís mais populoso do mundo e o primeiro entre os paísesislâmicos. Através de suas várias ilhas, o povo indonésio está distribuído por distintos grupos étnicos, linguísticos e religiosos. O lema nacionalBhinneka Tunggal Ika ("Unidade na diversidade") articula a diversidade que há na nação.[9] É um país rico em questão derecursos naturais, contrastando com sua população, que é, em sua maioria, debaixa renda.[13] Em 2020, o seuÍndice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD) era 0,590.[14]
O nomeIndonésia deriva do gregoindós enesus, que significa "ilha índica".[15] O nome data doséculo XVIII, precedendo a formação de uma Indonésia independente.[16] Em 1850,George Earl, etnólogo inglês, propôs os termosIndunesians, ou tambémMalayunesians, para se referir aos habitantes do "arquipélago indiano" ou "arquipélago malaio".[17] Na mesma publicação, um dos estudantes de Earls,James Richardson Logan, utiliza a palavra "Indonésia" como sinônimo de "arquipélago indiano".[18][19] Entretanto, os acadêmicos neerlandeses que escreveram publicações nasÍndias Orientais negavam a usar o vocábuloIndonésia, usando em seu lugar termos comoMaleische Archipel ("Arquipélago Malaio");Nederlandsch Oost Indië (Índias Orientais Neerlandesas);de Oost (o leste); e inclusiveInsulinde.[a][20]
A partir de 1900 o uso do termoIndonésia se tornou mais comum em círculos acadêmicos fora dosPaíses Baixos, e grupos nacionalistas indonésios adotaram o termo para expansão política.[20]Adolf Bastian, daUniversidade de Berlim, popularizou o nome no seu livroIndonesien oder die Islas des Malayischen Archipels, 1884–1894. O primeiro erudito indonésio a utilizar o nome foiSuwardi Suryaningrat (Ki Hajar Dewantara), quando em 1913 estabeleceu uma imprensa nos Países Baixos com o nomeIndonesisch Pers-mesa.[16]
Um navio esculpido emBorobudur aproximadamente no ano 800. Barcos indonésios podem ter feito viagens comerciais para a costa oriental daÁfrica noséculo I.[21]OConjunto de Prambanan, construído pela dinastia Sanjaia
Restos fossilizados deHomo erectus, popularmente conhecido comoHomem de Java, sugerem que a Indonésia tenha sido habitada de 2 000 000 a 500 000 anos atrás, aproximadamente.[22] OHomo-sapiens chegou à região, provavelmente, há 45 000 anos.[23] Osaustronésios, que constituem a maioria da população moderna do país, emigraram ao sudeste asiático a partir da ilha deFormosa. Por volta do ano2 000 a.C., chegaram à Indonésia e expandiram seus territórios para as ilhas melanésias do oriente.[24] Nos princípios doséculo VIII a.C., as condições agrícolas ideais e o aperfeiçoamento das técnicas do cultivo do arroz permitiram o surgimento de pequenas aldeias e reinos.[25] A posição estratégica da Indonésia estimulou o comércio entre as ilhas e com o continente. Por exemplo, as relações com os reinos daChina e daÍndia se estabeleceram há vários séculos antes de Cristo,[26] o que demonstra que ocomércio sempre fez parte da história da Indonésia.[27][28]
Entre os séculos VII e XIV, formaram-se, nas ilhas deSamatra eJava, vários reinoshindus ebudistas[29][30]). Dois grandes reinos que surgiram nessa época foram oSerivijaia eMajapait. Doséculo VII até oséculo XIV, o reino budista de Serivijaia, em Sumatra, cresceu rapidamente.[31] Em seu auge, o Serivijaia controlava desde o oeste de Java até a península malaia. Noséculo XIV, também surgiu o reino hindu de Java Oriental, Majapait, que conseguiu obter poder sobre o território que é a maior parte da Indonésia atual e sobre quase toda aPenínsula Malaia.
Com a chegada de comerciantesárabes deGujarate (Índia) noséculo XII, oislã tornou-se a religião dominante na maior parte do arquipélago, iniciando ao norte de Sumatra.[32] Outras áreas da Indonésia gradualmente adotaram o islamismo, o que o tornou a religião dominante em Java e Sumatra no final doséculo XVI. O islamismo se misturou a influências culturais e religiosas da região, que moldaram a forma predominante do islamismo na Indonésia, particularmente em Java.[33] Sultanatos islâmicos como o de Mataram e de Bantém se instalaram na região.[34]
Oseuropeus chegaram à zona nos princípios doséculo XVI. Em 1511, os navegadores portuguesesFrancisco Serrão eAntónio de Abreu aportaram àsilhas Molucas e procuraram dominar os reinos que ali existiam tendo em vistamonopolizar ocomércio dasespeciarias.[35] A história da colonização neerlandesa da Indonésia começou com a expedição deCornelis de Houtman. Noséculo XVII, osneerlandeses, através da Companhia Holandesa das Índias Orientais, estabeleceram na região a suacolónia das "Índias Orientais Neerlandesas"[36] (sem, no entanto, conseguirem ocupar a colónia portuguesa deTimor). Durante a maior parte do período colonial, o controle neerlandês sobre o arquipélago ficou restrito às zonas costeiras, em uma ocupação que durou até oséculo XX. As tropas neerlandesas estavam constantemente envolvidas em sufocarrebeliões.[37] A influência de líderes locais, tais como o príncipe Diponegoro no centro de Java, Bonjol Imam em Samatra central e Pattimura nas Molucas e uma sangrenta guerra emAchém, que durou trinta anos, debilitaram e reduziram as forçasmilitares neerlandesas.[37]
Durante aSegunda Guerra Mundial, os Países Baixos, que haviam sido ocupados pelaAlemanha Nazista, perderam a sua colónia para osjaponeses.[38] Com o fim da guerra,Sukarno, que tinha cooperado com os japoneses, declarou a independência da Indonésia, mas osAliados apoiaram o exército neerlandês a tentar recuperar a sua colônia. A guerra pela independência, denominada Revolução Nacional da Indonésia, durou mais de quatro anos e envolveu um esporádico, mas sangrentoconflito armado interno, levantes políticos e duas grandes intervenções diplomáticas internacionais. As forças neerlandesas não conseguiram prevalecer aos indonésios, sendo expulsos após muita resistência.[39] Embora as forças neerlandesas controlassem as vilas e cidades em redutos republicanos emJava eSamatra, não controlavam as aldeias e o campo. Assim, a república da Indonésia acabou por prevalecer, tanto através da diplomacia internacional, como através da determinação da Indonésia em conflitos armados em Java e em outras ilhas. A revolução terminou em dezembro de 1949, quando, após pressões internacionais, os Países Baixos reconheceram formalmente a independência da Indonésia.[40][41]
Entre os anos de 1963 e 1965, o Partido Comunista da Indonésia, que mantinha relações secretas com aChina comunista deMao Tsé Tung, elaborou um plano para fortalecer o governo pró-Pequim de Sukarno. A ideia era decapitar o alto comando anticomunista do exército para manter mais da metade do Exército, dois terços da Aeronáutica e um terço da Marinha alinhados ao partido Comunista da Indonésia. Em 30 de setembro de 1965, o plano foi colocado em prática e o chefe do Exército e outros cinco generais foram presos e executados.[42] Contudo esse plano fracassou, poisSuharto, um general até então de pouca expressão, que estava informado sobre esse plano, esperou a prisão e execução dos generais para rapidamente tomar o poder.[43]
Ogolpe de Estado do generalSuharto, apoiado pelosEstados Unidos[44] e seus aliados, derrubou o governo do líder populistaSukarno em 1965, sob o pretexto de deter o avanço comunista. Foi um banho de sangue que vitimou mais de 500 mil de indonésios supostamente comunistas.[45] De caráter agressivo, militarista e essencialmente corrupto, a ditadura de Suharto promoveu a repressão e a opressão da população.[46][47] Reforçou, também, a centralização política e o expansionismo. Assim, poderiam impedir a diversidade existente no país e reforçar as tensões autônomas opositoras à constituição de uma "Grande Indonésia". Com isso, houve conflitos autônomos nasilhas Molucas, emSamatra, naNova Guiné, nasCelebes e noBornéu e fronteiriços com a Malásia e Papua-Nova Guiné.
Suharto foi reeleito cinco vezes[48] e governou o país com a ajuda dos militares mas, com a crise económica asiática de 1997, o país voltou à rebelião e o presidente foi obrigado a renunciar e entregou o poder ao seu Vice-Presidente,B. J. Habibie.[48] No entanto, as eleições de 1999 foram perdidas por Habibie paraMegawati Sukarnoputri, filha de Sukarno, que não chegou a ser empossada, tendo sido substituída pelo seupartido político porAbdurrahman Wahid.
Em 7 de dezembro de 1975, aIndonésia invadiu e anexou a antiga colónia portuguesa de Timor Leste, com apoio militar e político dos Estados Unidos,[49] submetendo a população local a uma terrível repressão. O número de mortos, entre soldados e civis, é estimado entre 100 a 180 mil.[50] Por fim, houve uma intervenção da ONU e, em 1999, arealização de um referendo, em que os timorenses votaram pela independência, ocorrida em Maio de 2002. Acrise de Timor-Leste virou as cartas e Megawati voltou à presidência em 2001. Em 2004, nas primeiras eleições directas, foi eleito presidenteSusilo Bambang Yudhoyono.[51]
Com 1 904 569 km²,[9] a Indonésia é o décimo sextopaís mais extenso do mundo, em termos de superfície.[54] Sua densidade populacional é de 134 hab./km², a88.ª mais alta do mundo,[55] enquantoJava, a ilha mais povoada do mundo[56] tem uma densidade populacional de 940 hab./km². Com 4 884 m de altitude, aPirâmide Carstensz, emPapua, é o ponto mais elevado da Indonésia, enquanto olago Toba em Samatra é o lago mais extenso do país, com uma área de 1 145 km². Os maiores rios do país estão em Calimantã, dos quais se utilizam como via de comunicação e transporte entre os habitantes da ilha.[57]
Por se encontrar nas proximidades dalinha do equador, a Indonésia temclima tropical, com diferentes temporadas demonções, dechuvas e deseca. A precipitação média anual varia de 1 780 mm nas planícies até 6 100 mm nas regiões montanhosas. Geralmente, a umidade é alta, com média de cerca de 80%. As temperaturas variam pouco ao longo do ano, em Jacarta, as médias são de 26 a 30 °C.[60]
O tamanho, o clima tropical e a geografia do arquipélago da Indonésia são a base para o segundomaior nível de biodiversidade do mundo (depois doBrasil)[62] e suafauna eflora são uma mistura de espécies provenientes daÁsia e daAustralásia.[63] As ilhas da Plataforma Sunda (Sumatra,Java,Bornéu eBali) foram uma vez ligadas ao continente asiático e têm parte da riqueza da fauna asiática. Grandes espécies detigres,rinocerontes,orangotangos,elefantes eleopardos eram abundantes no país, mas a população e a distribuição desses animais diminuíram drasticamente. As florestas cobrem cerca de 60% do território do país.[64]
Em Sumatra eCalimantã, estas florestas são predominantemente de espécies asiáticas. No entanto, as florestas da ilha de Java, que é menor e mais densamente povoada, foram em sua maioria removidas para a habitação humana eagricultura. As ilhas dasCelebes,Sonda eMolucas, por serem separadas de massas continentais, desenvolveram suas próprias flora e fauna.[65][66] APapua fazia parte docontinente australiano e é o lar de umafauna e flora únicas estreitamente relacionadas com aAustrália, incluindo mais de 600 espécies de aves.[67]
A Indonésia é o segundo país (apenas atrás da Austrália) em número de espéciesendêmicas, sendo que 36% das 1531 espécies de aves e 39% das 515 espécies de mamíferos do país são endêmicas.[68] O litoral indonésio, com mais de 80 mil quilômetros, é cercados por marestropicais que contribuem para o alto nível debiodiversidade do país, além de conter uma variedade deecossistemas costeiros, comopraias,dunas,estuários,manguezais,recifes decoral, bancos dealgas marinhas, lodaçais costeiros, planícies demaré, leitos de algas e ecossistemas de pequenas ilhas.[15] A Indonésia é um dos países do chamado "triângulo de corais" com um dos maiores níveis de diversidade mundial de peixes de recife de corais, com mais de 1 650 espécies registradas apenas no leste do país.[69]
O naturalista britânicoAlfred Wallace, descreveu uma linha divisória entre asecozonas de espécies da Ásia e da Australásia.[70] Conhecida comoLinha de Wallace, ela percorre um trajeto de norte-sul ao longo da borda da plataforma Sunda, entre Calimantã e as Celebes, e ao longo do profundoestreito de Lombok, entreLombok e Bali. A oeste da linha, a flora e a fauna são mais asiáticas; ao leste elas são cada vez mais australianas. Em seu livro de 1869,O Arquipélago Malaio (eminglês:The Malay Archipelago), Wallace descreveu inúmeras espécies únicas da região.[71] A região de ilhas entre a linha e aNova Guiné é agora denominadaWallacea.[70]
A grande população da Indonésia e seu nível deindustrialização apresentam sérios problemas ambientais imediatos, mas que são muitas vezes negligenciados pelos altos níveis depobreza do país, com poucos recursos de governança.[72] Entre os principais problemas estão odesmatamento em grande escala (muitos deles ilegais) eincêndios que levam fumaça pesada sobre partes do oeste da Indonésia,Malásia eSingapura, além da exploração excessiva dos recursos marinhos; entre os problemas ambientais associados com a rápida urbanização e o desenvolvimento econômico, estão apoluição do ar, congestionamentos de trânsito, gestão dosresíduos sólidos e de recursos deágua potável.[72] O desmatamento e a destruição deturfeiras fazem da Indonésia o terceiro maior emissor mundial de gases doefeito estufa.[73]
Adestruição dehabitats ameaça a sobrevivência de espécies nativas e endêmicas, como 140 espécies de mamíferos identificadas pelaUnião Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) como ameaçadas e 15 identificadas como em perigo crítico, entre as quais estão oestorninho-de-bali,[74] oorangotango-de-sumatra[75] e orinoceronte-de-java.[76] Grande parte do desmatamento na Indonésia é causado pela eliminação de florestas para a indústria deóleo de palma, que consumiu 18 milhões dehectares de floresta para expansão da produção do óleo de palma. A expansão desta indústria requer a redistribuição de terras, além de alterações nos ecossistemas locais e naturais, apesar de poder gerar riqueza para as comunidades locais quando bem-feita. Se for feita da maneira errada, a produção do óleo de palma pode degradar os ecossistemas e causar conflitos sociais.[77]
De acordo com o censo nacional de 2010, a população da Indonésia é de 237,6 milhões de habitantes,[78] com um crescimento demográfico de 1,9% ao ano.[79] Aproximadamente 60% da população vive emJava,[78] a ilha mais populosa do mundo.[56] Em 1961, o primeiro censo pós-colonial registrou uma população total de 97 milhões de pessoas.[80] Apesar de um programa deplanejamento familiar bastante eficaz, que está em vigor desde os anos 1960, a população indonésia deverá crescer para cerca de 265 milhões em 2020 e 306 milhões em 2050.[81]
Alíngua oficial nacional é oindonésio, uma variante dalíngua malaia. Ela é baseada em umdialeto de prestígio do malaio falado noSultanato de Johore e que durante séculos foi alíngua franca do arquipélago indonésio, um padrão de normas que definiu as línguas oficiais deSingapura,Malásia eBrunei. O indonésio é universalmente ensinado nas escolas, consequentemente, é falado por quase todos os habitantes. É o idioma dos negócios, da política, da mídia nacional, da educação e da academia. Ele foi promovido pelosnacionalistas indonésios em 1920 e declarado como a língua oficial sob o nome de indonésio na proclamação da independência em 1945. A maioria dos indonésios falam pelo menos uma das várias centenas de línguas e dialetos locais, muitas vezes como sua primeira língua. Destes, ojavanês é a mais falada, já que é o idioma do maior grupo étnico do país.[9] Por outro lado, Papua tem mais de 270línguas austronésias e nativas, em uma região de cerca de 2,7 milhões de pessoas.[82]
Há cerca de 300 diferentesgrupos étnicos nativos e 742 línguas e dialetos diferentes no país.[83][84] A maioria dos indonésios são descendentes de povos de língua austronésia, cuja origem pode ser atribuída ao antigo idioma proto-austronésio, que possivelmente se originou na ilha deTaiwan. Outro grande grupo são osmelanésios, que habitam leste da Indonésia.[53][85][86]) O maior grupo étnico sãojavaneses, que compreendem 42% da população e são politicamente e culturalmente dominantes.[87] Ossundaneses,malaios emadureses são os maiores grupos não javaneses. Um sentimento de nacionalidade indonésia coexiste com fortes identidades regionais.[88] A sociedade é, em grande parte harmoniosa, embora existam tensões sociais, religiosas e étnicas que têm provocado uma violência horrível.[89][90][91][92] Os indonésios de origemchinesa são uma minoria étnica influente que compõe entre 3% e 4% da população. Grande parte do comércio e da riqueza indonésia de propriedade privada está nas mãos dos indonésios chineses.[93][94] Empresas chinesas presentes na Indonésia são parte da chamada "rede de bambu", uma rede de empresas chinesas no exterior que operam nos mercados doSudeste Asiático e que compartilham uma família e laços culturais comuns.[95] Isto tem contribuído com um considerável ressentimento na população em geral e até mesmo alguns casos de violência antichineses.[96][97][98][99]
Grande Mesquita deBanda Achém na província deAchém. A Indonésia é o mais populoso país de maioriamuçulmana do mundo
Embora aliberdade religiosa seja garantida pela constituição indonésia,[100] o governo reconhece oficialmente apenas seis religiões:islamismo,protestantismo,catolicismo,hinduísmo,budismo econfucionismo.[101] A Indonésia é o mais populoso país de maioriamuçulmana do mundo (87,2% da população em 2010), sendo a maioria de muçulmanos sem denominação.[102][103] Em 21 de maio de 2011, o Conselho deSunitas eXiitas da Indonésia (muhsin) foi estabelecido. O conselho pretende realizar reuniões, diálogos e atividades sociais. Era uma resposta para atos de violência cometidos em nome da religião.[104] Cerca de 9% da população écristã, 3% hindus e 2% budista ou outro. A maioria dos hindus indonésios estão em Bali[105] e a maioria dos budistas do país são de etnia chinesa.[106]
Apesar de agora serem religiões minoritárias, o hinduísmo e o budismo permanecem definindo influências na cultura indonésia. O islamismo foi adotado pela primeira vez por indonésios no norte da ilha de Sumatra durante oséculo XIII, pela influência de comerciantesárabes, e tornou-se a religião dominante no país por volta doséculo XVI.[107]
A Indonésia é umarepúblicapresidencialista. Como se trata de umestado unitário, o poder se concentra no governo central. O Presidente, que é chefe de estado e do governo, é eleito diretamente para mandatos de 5 anos, junto com o vice-presidente. Após a renúncia de Suharto em 1998, as estruturas políticas e governamentais sofreram importantes reformas. Realizaram-se quatro emendas à constituição de 1945,[b] que renovaram os poderesexecutivo,legislativo ejudiciário.[115] O presidente é oChefe de Estado e o comandante das forças armadas e o diretor da administração interna, da criação de políticas e das relações exteriores. Além disso, é o presidente que nomeia o conselho de ministros, que não são obrigados a ser membros eleitos do poder legislativo. As eleições presidenciais de 2004 foram as primeiras em que o povo elegeu diretamente o presidente e o vice-presidente, por sufrágio universal.[10][116] O presidente é eleito por cinco anos e só pode se reeleger por uma única vez.[117]
O principal corpo legislativo do país é oMajelis Permusyawaratan Rakyat (MPR)[118] ouAssembleia Consultiva Popular, que consiste doDewan Perwakilan Rakyat (DPR) ouConselho Representativo do Povo, eleito para mandatos de 5 anos, e doDewan Perwakilan Daerah (DPD) ouConselho dos Representantes Regionais. Depois das eleições de 2004, o MPR tornar-se-ia umparlamentobicameral com a criação do DPD como nova segunda câmara. As principais funções do MPR são revisar e aprovar emendas para a constituição, fazer o juramento do presidente e também processar o mesmo presidente, de acordo com a legislação.[115] O DPD é uma câmara relativamente nova onde se atendem os assuntos de cunho regional. O DPD compreende quatro membros eleitos por cada província, os quais não pertencem a nenhumpartido político.[119]
As forças armadas da Indonésia incluem o exército, a marinha (que inclui os fuzileiros navais) e a força aérea.[123] O exército tem cerca de 400 mil soldados na ativa. Os gastos com defesa no orçamento nacional representaram 4% do PIB do país em 2006 e são controversamente complementados por receitas de interesses e fundações comerciais e militares.[124] Uma das reformas após a renúncia de Suharto em 1998 foi a remoção da representação formal das forças armadas no parlamento; no entanto, a influência política dos militares continua forte.[125]
Movimentos separatistas nas províncias deAchém ePapua levaram a um conflito armado e denúncias de abusos, brutalidade e desrespeito aosdireitos humanos surgiram de todos os lados.[126][127] Depois de uma guerra deguerrilha de trinta anos entre oMovimento Achém Livre (GAM) e os militares indonésios, foi alcançado um acordo de cessar-fogo em 2005.[128] Em Papua, houve uma significativa, embora imperfeita, implementação de leis de autonomia regional e um declínio visível nos níveis de violência e abusos dos direitos humanos durante a presidência daSusilo Bambang Yudhoyono.[129][130]
O governo indonésio tem trabalhado com outros países para apreender e processar os perpetradores de grandes atentados ligados aoislamismo militante e àal-Qaeda.[131][132] O atentado mais mortífero matou 202 pessoas (incluindo 164 turistas internacionais) em umresort na cidade de Kuta em Bali, em 2002.[133] Os ataques e os subsequentes avisos emitidos por outros países trouxeram significativos danos para a indústria deturismo local e as perspectivas de investimento estrangeiro.[134]
Na Indonésia, prevalece a mutilação genital feminina dos tipos I e IV. Em 2006, a jornalistaAbigail Haworth presenciou a operação sendo executada em 248 meninas num edifício escolar emBandung.[138] 97,5% das mulheres pesquisadas de famílias muçulmanas são mutiladas até a idade de 18 anos.[139][140] O governo indonésio proibiu a prática em 2006, mas cedeu sob pressão das organizações islâmicas em 2010 e emitiu um regulamento que permitia a MGF se fosse realizada por profissionais médicos, parteiras e enfermeiras. Revogou esse regulamento em 2014, mas não especificou penalidades para aqueles que realizassem a MGF.[141] Continua a ser praticada, havendo indícios de que se aproxima dos 100% na região deAceh.[142]
Do ponto de vista administrativo, a Indonésia está dividida em 33 províncias (entre as quais, 3 são territórios de regime especial,Achém eJoguejacarta, e o território da cidade capital,Jacarta). As principais províncias, subdivididas em distritos, são:Samatra,Papua,Riau, Riau Quepulauã,Celebes (a sudoeste), Calimantã (ao sul),Celebes (ao sul), Iriã Jaia (a oeste),Java (a oeste), Calimantã (a oeste),pequenas Ilhas da Sonda (a oeste), Celebes (a oeste) e Samatra (a oeste).[12]
As províncias de Achém, Jacarta, Joguejacarta, Papua ePapua Ocidental (Iriã Jaia) têm mais privilégios legislativos e um maior grau de autonomia do governo central. O governo de Achém, por exemplo, tem o direito de estabelecer umsistema judicial independente (em 2003, instituiu a exigência obrigatória daXaria, a lei islâmica).[143] Se concedeu a província de Joguejacarta a condição deregião semiautônoma em reconhecimento de seu papel fundamental na luta dos republicanos durante aguerra de independência indonésia.[144] À Papua, anteriormente Iriã Jaia, se concedeu o estatuto deregião semiautônoma em 2001, enquanto Jacarta se tornou uma região "especial" por ser a capital do país.[145]
A Indonésia tem umaeconomia mista onde tanto o setor privado quanto o governo desempenham papéis importantes.[146] O país é a maior economia doSudeste Asiático e é membro doG20, grupo das principais economias do planeta.[147] Oproduto interno bruto (PIB) estimado da Indonésia (nominal) em 2012 foi de cerca de um1trilhão* de dólares, com um PIB nominalper capita em 3 797 dólares.[148] Em junho de 2011, durante oFórum Econômico Mundial sobre aÁsia Oriental, o presidente da Indonésia disse que o país estará entre as dez maiores economias do mundo até a próxima década. Osetor industrial é o maior da economia indonésia e respondia por 46,4% do PIB (2012), seguido porserviços (38,6%) e pelaagricultura (14,4%). Em 2019, a Indonésia tinha a 11.ª indústria mais valiosa do mundo (US$ 220,5 bilhões), segundo oBanco Mundial.[149] Em 2019, a Indonésia era a 17.ª maior produtora deveículos do mundo (1,2 milhões) e a 25.ª maior produtora deaço (6,0 milhões de toneladas).[150][151][152] Em 2016, o país era o 5º maior produtor decalçados do mundo.[153] No entanto, desde 2012, o setor de serviços empregou mais pessoas do que as outras áreas da economia e representa sozinho 48,9% daforça de trabalho total do país, pela agricultura (38,6%) e pela indústria (22,2%).[154] O setor agrícola, no entanto, foi historicamente o maior empregador do país há séculos.[155][156] Em 2018, o país era o maior produtor mundial deóleo de palma e decoco, e um dos 6 maiores produtores do mundo decafé,cacau,banana,borracha natural,arroz,milho,mandioca,batata doce,pimenta,abacaxi,manga,mamão eabacate.[157]
De acordo com dados daOrganização Mundial do Comércio, a Indonésia era o 27.º maiorexportador do mundo em 2010, subindo três posições em relação ao ano anterior.[158] Os principais mercados de exportação da Indonésia em 2009 eramJapão (17,28%),Singapura (11,29%),Estados Unidos (10,81%) e aChina (7,62%), enquanto os principais fornecedores deimportações para a Indonésia eram Singapura (24,96%), China (12,52%) e Japão (8,92%). Em 2005, o país alcançou umsuperávit comercial, totalizando receitas de83,64bilhões* de dólares com exportações e gastos de 62,2 bilhões de dólares com importações. A Indonésia tem vastosrecursos naturais: em 2015 era o 12.ª maior exportador degás natural do mundo,[159] e em 2018, era o maior exportador mundial decarvão.[160] Em 2019, o país era o maior produtor mundial deníquel;[161] 7º maior produtor mundial deouro;[162] 2º maior produtor mundial deestanho[163] e o 6º maior produtor mundial debauxita.[164] As principais importações do país incluem máquinas e equipamentos, produtos químicos, combustíveis e produtos alimentares, enquanto entre os principais produtos de exportação estão petróleo e gás, eletrodomésticos, madeira, borracha e têxteis.[9]
Agricultor usando umbúfalo-asiático para a arar os campos dearroz na ilha deJava. O setor agrícola foi o maior empregador do país durante séculosPrincipais produtos deexportação da Indonésia em 2019 (em inglês)
Na década de 1960 a economia se deteriorou drasticamente como resultado da instabilidade política, de um governo jovem e inexperiente e donacionalismo econômico, que resultou empobreza extrema e dafome. Até o momento da queda do presidenteSukarno, em meados dos anos 1960, a economia estava caótica, com umainflação de 1 000% ao ano, diminuição nas receitas de exportação, uma infraestrutura em ruínas, fábricas operando com capacidade mínima e investimentos insignificantes. Após a queda de Sukarno, a nova administração nacional promoveu um certo grau dedisciplina financeira à política econômica, o que rapidamente reduziu os níveis inflação, estabilizou a moeda local, renegociou adívida externa e atraiu investimento estrangeiro. A Indonésia era, até recentemente, o único país do Sudeste Asiático membro daOrganização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e o preço do petróleo durante os anos 1970 aumentou as receitas de exportação, o que contribuiu para altas taxas decrescimento econômico sustentado, com média de mais de 7% ao ano entre 1968 e 1981. Na sequência de novas reformas no final dos anos 1980, o investimento estrangeiro fluiu para o país, especialmente para o setor industrial orientado para a exportação em rápido desenvolvimento e, de 1989 a 1997, a economia indonésia cresceu a uma média anual de mais de 7%.[165][166]
O país foi o mais duramente atingido pelacrise financeira asiática de 1997, quando houve súbitas saídas de capital, o que levou arupia indonésia a entrar em queda livre. Em relação aodólar estadunidense, a rupia se desvalorizou de cerca de Rp 2 600 no final de 1997 para um valor abaixo de cerca de Rp 17 000 alguns meses mais tarde, enquanto a economia encolheu notáveis 13,7%. Estes acontecimentos levaram àrecessão econômica generalizada em toda a economia e contribuiu para a crise política de 1998, que levou Suharto a renunciar ao cargo de presidente.[167] A rupia depois estabilizou no entre Rp 8 000−10 000[168] e uma recuperação econômica lenta, mas constante se seguiu. No entanto, a instabilidade política, uma lenta reforma econômica e altos níveis decorrupção política retardaram a recuperação econômica do país.[13][169] ATransparência Internacional, por exemplo, classificou a Indonésia abaixo do 100º lugar noÍndice de Percepção de Corrupção.[170][171] Desde 2007, no entanto, com a melhoria no setor bancário e do consumo doméstico, o crescimento econômico nacional acelerou para mais de 6% ao ano[52][172][173] e isso ajudou o país duranterecessão global de 2008–2009.[174] O país recuperou a sua classificação degrau de investimento no final de 2011, depois de perdê-lo no ano de 1997.[175] No entanto, em 2012, 11,7% da população ainda vivia abaixo dalinha de pobreza e a taxa oficial dedesemprego foi de 6,1%.[9]
Tanto a natureza quanto as culturas locais são componentes principais da indústria do turismo da Indonésia. O patrimônio natural é privilegiado por uma combinação única declima tropical e um vastoarquipélago formado por 17 508 ilhas, sendo que 6 mil delas habitadas,[176] além disso o país tem o terceiro litoral mais longo do mundo (54 716 km), atrás apenas doCanadá e daUnião Europeia.[177] A Indonésia é o maior do mundo e o mais populoso país situado apenas em ilhas.[178] As praias deBali, locais de mergulho em Bunaken, oMonte Bromo emJava Oriental, oLago Toba e os vários parques nacionais emSumatra são alguns exemplos de destinos populares. Esses atrativos naturais são complementados por uma rica herança cultural que reflete a história dinâmica da Indonésia e sua grande diversidade étnica. Um fato que exemplifica essa riqueza é que 719 línguas vivas são usadas em todo o arquipélago. Os antigos templos deBorobudur ePrambanan,Toraja,Joguejacarta,Minangkabau e, claro, Bali, com seus vários festivais hindus, são pontos turísticos populares para o turismo cultural.[179]
O turismo na Indonésia é atualmente supervisionado pelo Ministério da Cultura e do Turismo. As campanhas turísticas internacionais têm se concentrado em grande parte de seus destinos tropicais, com praias de areia branca, céu azul e atrações culturais. Resorts e hotéis de praia têm sido construídos em alguns dos destinos turísticos mais populares, especialmente na ilha de Bali. Ao mesmo tempo, a integração de temas culturais e turismo sob o âmbito do mesmo ministério mostra que o turismo cultural é considerado parte integrante da indústria de turismo local e é usado para promover e preservar o patrimônio cultural.[180]
Alguns dos desafios que a indústria do turismo da Indonésia tem de enfrentar incluem o desenvolvimento de uma infraestrutura de apoio ao turismo em todo o arquipélago, agregar as tradições locais e o impacto do desenvolvimento do turismo na vida das populações locais. Em 2010, com base em pesquisa doFórum Econômico Mundial, a Indonésia foi classificada na 74.ª posição entre 139 países noÍndice de Competitividade em Viagens e Turismo.[181] O turismo na Indonésia também enfrenta contratempos devido a problemas relacionados com a segurança. Desde 2002, avisos foram emitidos por alguns países sobre as ameaças de atentados terroristas e de conflitos étnicos no país, bem como de conflitos religiosos em algumas áreas, reduzindo significativamente o número de visitantes estrangeiros por alguns anos. No entanto, o número de turistas internacionais se recuperou de forma positiva desde 2007 e atingiu um novo recorde em 2008.[182] Em 2012, cerca de 8 milhões de turistas estrangeiros visitaram o país.[183]
Fantoches tradicionais chamadosWayang Kulit representando os cincoPandava, da esquerda para a direita: Bhima,Arjuna, Yudhishtira, Nakula e Sahadeva. Museu Indonésio, Jacarta
A Indonésia tem cerca de 300 grupos étnicos, cada um com identidades culturais desenvolvidas ao longo de séculos e influenciado por culturas como aindiana,árabe,chinês eeuropeia. Danças tradicionais javanesas e balinesas, por exemplo, contêm aspectos da cultura e da mitologiahindu, como em apresentações deWayang Kulit (fantoche de sombra). Produtos têxteis, comobatik,ikat,ulos esongket são criados em todo o país em estilos que variam por região. As influências mais dominantes na arquitetura local têm sido tradicionalmente indiana, no entanto, influências arquitetônicas chinesas, árabes e europeias também são significativas.[184]
A evidência mais antiga deescrita na Indonésia é uma série de inscrições emsânscrito datada doséculo V. Entre as figuras importantes da literatura moderna do país estão o autor holandêsMultatuli, que criticava o tratamento dado aos indonésios durante odomínio colonial holandês; Muhammad Yamin e Hamka, que eram influentes escritores e políticosnacionalistas do período pré-independência,[185] e a escritora proletária escritor Pramoedya Ananta Toer, a mais famosa romancista indonésia.[186][187]) Muitos dos povos do país tem tradições orais fortemente enraizadas que ajudam a definir e preservar suas identidades culturais.[188]
A música indonésia tradicional inclui ogamelão e okeroncong. A popularidade da indústria cinematográfica indonésia atingiu o auge em 1980 e dominou os cinemas do país,[189] embora tenha diminuído significativamente no início de 1990.[190] Entre 2000 e 2005, o número de filmes indonésios lançado a cada ano aumentou constantemente.[189]
Uma seleção de comidas tradicionais indonésias, como peixe assado,nasi timbel (arroz enrolado em folha de bananeira),sambal,tempeh frito,tofu esayur asem
A culinária do país varia por região e é baseada em influências chinesas, europeias, árabes e indianas.[191] Oarroz é o principal alimento básico e é servido com acompanhamentos decarnes elegumes.Especiarias (principalmente apimenta),leite de coco, peixe e frango são ingredientes fundamentais na culinária local.[192]
Aliberdade de imprensa na Indonésia aumentou consideravelmente após o fim do regime do presidenteSuharto, durante o qual o extinto Ministério de Informações monitorava e controlava a mídia nacional e restringia os meios de comunicação estrangeiros.[193] O mercado detelevisão inclui dez redes comerciais nacionais e redes provinciais que competem com a pública TVRI. Estações de rádio privadas mantém seus próprios noticiários e transmitem programas de emissoras estrangeiras. Com cerca de 25 milhões de usuários registrados em 2008,[194] o uso dainternet foi estimada em 12,5% da população em setembro de 2009.[195] Mais de 30 milhões de celulares são vendidos na Indonésia a cada ano e 27% deles são de marcas locais.[196]
Os esportes na Indonésia são geralmente masculinos. Os esportes mais populares são obadminton e ofutebol. Os jogadores indonésios ganharam aThomas Cup (o campeonato mundial debadminton masculino) em treze das vinte e seis vezes em que ela foi realizada desde 1949, além de terem várias medalhas olímpicas desde que o esporte ganhou ostatus olímpico completo em 1992. As jogadoras indonésias ganharam aUber Cup (o equivalente feminino da Thomas Cup) duas vezes, em 1994 e 1996. A Liga Indonésia é a principal liga de clubes de futebol do país. Entre os esportes tradicionais do país estão osepaktakraw e corridas de touro emMadura. Em áreas com histórico de guerras tribais, falsos concursos de combate são realizadas, comocaci emFlores e opasola emSumba. Osilat é umaarte marcial tradicional da Indonésia.[197]
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