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Império Britânico

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: "Imperialismo britânico" redireciona para este artigo. Para o período hegemônico e paz relativa, vejaPax Britannica.



British Empire
Império Britânico

Império

1583 – 1997

Bandeira de Império Britânico

Bandeira
Localização de Império Britânico
Localização de Império Britânico
Mapa dos territórios que em algum momento fizeram parte do
Império Britânico. Osterritórios britânicos ultramarinos
estão sublinhados a vermelho. Em1920 ele tornou-se
omaior império da história
ContinenteEuropa,África,América,Ásia eOceânia
CapitalLondres
Língua oficialInglesa
GovernoMonarquia parlamentar
Monarca
 •1583 -1603Isabel I (primeira)
 •1952 -1997Isabel II (última)
Período históricoIdade Moderna eIdade Contemporânea
 • 1583Humphrey Gilbert declarou aTerra Nova colônia inglesa
 • 1997Transferência da soberania de Hong Kong
Atualmente parte de

OImpério Britânico (eminglês:British Empire) foi o maior império em extensão de terras descontínuas do mundo. Era umimpério composto pordomínios,colônias,protetorados,mandatos eterritórios governados ou administrados peloReino Unido. Originou-se com as colônias ultramarinas eentrepostos estabelecidos pelaInglaterra no final doséculo XVI e início doséculo XVII. No seu auge, foi omaior império da história e, por mais de um século, foi a principalpotência mundial.[1] Em 1920 o Império Britânico dominava cerca de 458 milhões de pessoas, um quarto da população do mundo na época[2] e abrangeu mais de 35.500.000 km2 (13.700.000 sq mi),[3] quase 24% da área total daTerra.[4][5][6] Como resultado, seu legadopolítico,cultural elinguístico é generalizado. No auge do seu poder, foi dito muitas vezes que "o sol nunca se põe no Império Britânico" devido à sua extensão ao redor do mundo garantir que o Sol sempre estivesse brilhando em pelo menos um de seus numerosos territórios.

Durante aEra dos Descobrimentos, nos séculosXV eXVI,Portugal eEspanha foram pioneiros na exploração europeia do globo e no processo de estabelecimento dos grandes impérios ultramarinos. Os interesses pela grande riqueza desses impérios fez com que a Inglaterra,França eHolanda começassem a estabelecer colônias e suas próprias redes de comércio naAmérica e naÁsia.[7] Uma série de guerras nos séculos XVII e XVIII com a Holanda e a França deixaram aInglaterra (Grã-Bretanha, na sequência doTratado de União de 1707 com aEscócia) como a potência colonial dominante naAmérica do Norte e naÍndia. A perda dasTreze Colônias na América do Norte em 1783 após umaguerra de independência privou a Grã-Bretanha de algumas de suas colônias mais antigas e mais populosas. A atenção britânica logo se voltou paraÁfrica, Ásia e oPacífico. Após a derrota daFrança Napoleônica em 1815, a Grã-Bretanha teve um século de domínio quase incontestado, e ampliou sua participação imperial em todo o globo. Crescentes graus deautonomia foram concedidas a suas colônias de colonosbrancos, algumas das quais foram reclassificadas como domínios.

O crescimento doImpério Alemão e dosEstados Unidos tinham começado a corroer a liderança econômica doReino Unido no final do século XIX. Posteriormente as tensões militares e econômicas entre o Reino Unido e a Alemanha foram as principais causas daPrimeira Guerra Mundial, durante a qual o Reino Unido dependia fortemente sobre o seu império. O conflito provocou um enorme esforço financeiro na Grã-Bretanha, e, embora o império tivesse alcançado a sua maior extensão territorial, imediatamente após a guerra, já não era um poder inigualável em aspectos industriais ou militares. Durante aSegunda Guerra Mundial, o Reino Unido viu as suas colônias noSudeste da Ásia serem ocupadas peloJapão, o que danificou o prestígio britânico e acelerou o declínio do império, apesar da eventual posterior vitória britânica e dos seusaliados. A Índia, bem mais valioso e populoso do Reino Unido,alcançou a independência dois anos após fim da guerra.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, como parte de um movimento maior dedescolonização das potências europeias, à maioria dos territórios do Império Britânico foi concedida a independência, terminando com a devolução deHong Kong àRepública Popular da China em 1997. Quatorze territórios permaneceram sob soberania britânica, osTerritórios Ultramarinos Britânicos. Após a independência, muitas ex-colônias britânicas aderiram àComunidade das Nações (Commonwealth), uma associação de 53estados independentes. Quinzepaíses daCommonwealth compartilham o mesmochefe de Estado, orei Carlos III.

História

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Primeiro e Segundo Império (1583–1783)

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Colônias britânicas na América (1763–1776)
Robert Clive após aBatalha de Plassey, naÍndia
Ver artigos principais:Colonização britânica da América,América do Norte Britânica, eTreze Colônias

Osingleses lançaram-se à conquista do mundo durante o reinado deHenrique VIII (1509-1547), que promoveu a indústria naval, como forma de expandir o comércio para além dasIlhas Britânicas. Mas as primeiras colónias britânicas só foram fundadas durante o reinado deIsabel I, quando SirFrancis Drake circumnavegou o globo nos anos 1577 a 1580 (Fernão de Magalhães já a tinha realizado em 1522). Em 1579, Drake chegou àCalifórnia e proclamou aquela região “colónia da Coroa”, chamando-lhe “Nova Albion” ("Nova Inglaterra"), mas não promoveu a sua ocupação.Humphrey Gilbert chegou àTerra Nova em 1583 e declarou-a colónia inglesa, enquanto SirWalter Raleigh organizou a colónia daVirginia em 1587, mas ambas estas colónias tiveram pouco tempo de vida e tiveram de ser abandonadas, por falta de comida e encontros hostis com astribosindígenas do continente Americano.[8]

Foi apenas no século seguinte, durante o reinado deJaime VI & I, depois da derrota daArmada Invencível doImpério Espanhol, que foi assinado oTratado de Londres, permitindo o estabelecimento da colónia da Virginia em 1607. Durante os três séculos seguintes, os ingleses expandiram o seu império a praticamente todo o mundo, incluindo grande parte deÁfrica, quase toda aAmérica do Norte, aÍndia e regiões vizinhas e várias ilhas ao redor do mundo.[8]

Assim, em 1670 já existiam colónias inglesas estáveis na América do Norte (Nova Inglaterra, Virgínia, Carolina) e emAntígua,Barbados,Belize eJamaica, bem como uma penetração comercial na Índia desde 1600, graças àCompanhia Britânica das Índias Orientais. Funda desde 1660, em África, entrepostos de captação de escravos para as plantações americanas, apossando-se, no século seguinte em 1787, de inúmeros territórios entre oRio Gâmbia (encravado noSenegal francês) e aNigéria, abarcando a famosaCosta do Ouro, o actualGana. O século XVIII é, deste modo, o período de afirmação e maturação do projecto colonial britânico.[8]

O seu único revés neste período, forte aliás, será aindependência dos Estados Unidos, em 1776. Esta perda será compensada com o início dacolonização da Austrália em 1783 e mais tarde daNova Zelândia a partir de 1840, para onde envia inicialmente deportados.[8]

Século Britânico (1815-1914)

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Ver artigos principais:Século Britânico,Era Vitoriana, eRevolução Industrial
Ver também:Companhia Britânica das Índias Orientais eGuerras Napoleônicas
Caricatura dos planos deCecil Rhodes de construir uma linhatelegráfica entre aCidade do Cabo e oCairo

Entre 1815 e 1914, um período referido como "século imperial britânico" por alguns historiadores,[9][10] cerca de 26 000 000 km² de território e cerca de 400 milhões de pessoas eram governadas pelo Império Britânico.[11] A vitória sobreNapoleão deixou a Grã-Bretanha sem qualquer rival internacional sério, além doImpério Russo na Ásia Central.[12] Incontestada no mar, a Grã-Bretanha adotou o papel de polícia global, um estado de coisas mais tarde conhecido comoPax Britannica,[13][14][15] e uma política externa de "isolamento esplêndido". Juntamente com o controle formal que exercia sobre suas próprias colônias, a posição dominante dos britânicos no comércio mundial significava que eles controlavam efetivamente as economias de muitos países, comoChina,Argentina eSião, o que foi descrito por alguns historiadores como um tipo de "império Informal".[16][17][17]

A força imperial britânica era sustentada pelonavio a vapor e pelotelégrafo, novas tecnologias inventadas na segunda metade do século XIX e que permitiam controlar e defender todo o império. Em 1902, o Império Britânico estava ligado por uma rede de cabos telegráficos, chamada deAll Red Line.[18]

A sua armada mantém-se superior às demais com aBatalha de Trafalgar em 1805, impondo uma vez mais uma pesada derrota a um adversário. O domínio de novas colónias é constante nesta altura —Malaca, desde 1795,Ceilão,Trindade e Tobago, em 1802,Malta,Santa Lúcia eMaurícia, em 1815, depois da derrota napoleónica e do seu bloqueio continental.[8]Singapura é fundada porThomas Raffles em 1819. No Canadá regista-se o avanço para oeste, abrindo novas frentes de colonização, o mesmo sucedendo na Índia, com a exploração do interior doDecão e deAssam,Bengala, etc.[8]

O século XIX marca o auge do Império Colonial Britânico, cuja expansão económica e humana é favorecida pelo desenvolvimento do capitalismo financeiro e industrial, bem como pela pressão demográfica elevada.[8] Por outro lado, marca uma nova administração e gestão da realidade colonial, com o confronto de diferentes modelos, como o dos missionários protestantes, o dos investidores privados e o das grandes companhias.[19] Exemplo disto é o governo directo da Coroa na Índia. Aí, porém, despoletará a primeira grande revolta contra o domínio colonial britânico: arevolta dos sipais, em 1858, que ditará o fim daCompanhia Britânica das Índias Orientais.[8]

Mapa doRaj Britânico da Índia em 1909

Em 1877, arainha Vitória — num gesto de coesão face às autonomias ou aspirações mais radicais — proclama-se imperatriz da Índia, que compreendia um extenso território entre a fronteira irano-paquistanesa e aBirmânia e entre oOceano Índico e oTibete.[8]

NaChina, estabelecem-se emXangai. Na África, alimenta-se cada vez mais o sonho de construir um império inglês entre oCairo, no Egipto, e aCidade do Cabo, naÁfrica do Sul, o que é conseguido depois daConferência de Berlim (1884-1885), que legitima a anexação de todos os territórios ao longo desse corredor africano (Egipto,Sudão,Quénia,Rodésia,Transvaal, etc.).[8]

Neste último, entre 1899 e 1902, travará a primeira guerra do império, contra os bóers (descendentes de colonos holandeses estabelecidos desde o século XVII na África do Sul), que se tornarão autónomos em 1910 (União Sul-Africana).[8]

Este conflito demonstra o desaparecimento gradual dos últimos obstáculos para a plena soberania das colónias desde o começo da segunda metade do século XIX. Nesse período, é dada autonomia às colónias de maioria de população europeia, como oCanadá, aAustrália, aNova Zelândia e as regiões da África do Sul (Cabo,Orange,Natal e Transvaal), que ganham um estatuto de domínios (soberania quase total, mas leais à Coroa britânica), respectivamente, em 1867, 1901, 1907 e 1910. Aliás, já só dependiam da metrópole, até essa data, para assuntos externos e de defesa.[8]

Mapa mostrando a evolução do Império Britânico.

Guerras mundiais (1914-1945)

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Na virada do século XX, começou a crescer o medo de que a Grã-Bretanha não seria mais capaz de defender a metrópole e a totalidade do império, ao mesmo tempo em que mantinha a política de "isolamento esplêndido".[20] AAlemanha estava crescendo rapidamente como uma potência militar e industrial e agora era vista como o adversário mais provável em qualquer guerra futura. Reconhecendo que estava sobrecarregada no Pacífico[21] e ameaçada em casa pelaMarinha Imperial Alemã, a Grã-Bretanha formou uma aliança com oJapão em 1902 e com seus antigos inimigosFrança eRússia em 1904 e 1907, respectivamente.[22]

Primeira Guerra

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Ver artigo principal:Primeira Guerra Mundial
Um cartaz de 1915 solicitando aos homens dos estados ultramarinos do Império Britânico que alistem no exército britânico. O cartaz diz "O Império precisa de Homens!"

Os temores de guerra entre Grã-Bretanha e Alemanha foram realizados em 1914 com a eclosão daPrimeira Guerra Mundial. A Grã-Bretanha rapidamente invadiu e ocupou a maior parte das colônias ultramarinas da Alemanha na África. No Pacífico, aAustrália e aNova Zelândia ocuparam aNova Guiné Alemã e aSamoa Alemã, respectivamente. Os planos para uma divisão pós-guerra doImpério Otomano, que havia se juntado à guerra do lado da Alemanha, foram secretamente elaborados pela Grã-Bretanha e pela França sob oAcordo Sykes-Picot de 1916. Este acordo não foi divulgado aoXarife de Meca, que osbritânicos tentaram encorajar para lançar uma revoltaárabe contra seus governantes otomanos, dando a impressão de que a Grã-Bretanha apoiava a criação de um Estado árabe independente.[23]

A declaração britânica de guerra contra a Alemanha e seus aliados também comprometeu as colônias e os domínios, que forneceram um inestimável apoio militar, financeiro e material. Mais de 2,5 milhões de homens serviram nos exércitos dosdomínios, bem como muitos milhares de voluntários dascolônias da Coroa.[24] As contribuições das tropas australianas e neozelandesas durante aCampanha de Galípoli em 1915 contra o Império Otomano tiveram um grande impacto na consciência nacional e marcaram um divisor de águas na transição da Austrália e Nova Zelândia de colônias para nações independentes. Estes países continuam a comemorar esta ocasião noDia ANZAC. Oscanadenses viram abatalha de Vimy Ridge de uma maneira similar.[25] A importante contribuição dos domínios para o esforço de guerra foi reconhecida em 1917 pelo entãoprimeiro-ministro britânico,David Lloyd George, quando ele convidou cada um dos primeiros-ministros dos domínios a se unir a um Gabinete Imperial de Guerra para coordenar a política imperial.[26]

Sob os termos finais doTratado de Versalhes, assinado em 1919, o império atingiu sua maior extensão com a adição de 4 700 000 quilômetros quadrados e 13 milhões de novos súditos.[27] As colônias da Alemanha e do Império Otomano foram distribuídas às potências aliadas comomandatos daLiga das Nações. A Grã-Bretanha ganhou o controle daPalestina,Transjordânia,Iraque, além de partes deCamarões eTogolândia eTanganica. Os próprios domínios também adquiriram mandatos próprios: aUnião Sul-Africana conquistou oSudoeste Africano (atualNamíbia), a Austrália ganhou aNova Guiné, enquanto a Nova Zelândia ficou com aSamoa Ocidental.Nauru se tornou um mandato combinado entre Grã-Bretanha e os seus dois domínios do Pacífico.[28]

Período entreguerras

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Ver artigo principal:Período entreguerras
Império Britânico em seu pico territorial em 1922

A mudança daordem mundial que a guerra havia trazido, em particular o crescimento dosEstados Unidos e do Japão como potências navais e a ascensão dos movimentos de independência na Índia e na Irlanda, causaram uma grande reavaliação da política imperial britânica. Forçada a escolher entre o alinhamento com os Estados Unidos ou o Japão, a Grã-Bretanha optou por não renovar sua aliança japonesa e em vez disso assinou oTratado Naval de Washington de 1922, onde a Grã-Bretanha aceitou a paridade naval com os Estados Unidos. Esta decisão foi fonte de muito debate na Grã-Bretanha durante a década de 1930, quando governos militaristas tomaram parte na Alemanha e no Japão, ajudados em parte pelaGrande Depressão, pois temia-se que o império não pudesse sobreviver a um ataque simultâneo das duas nações.[29] A questão da segurança do império era uma preocupação séria na Grã-Bretanha, pois era vital para a economia britânica.[30]

Segunda Guerra

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Ver artigo principal:Segunda Guerra Mundial

A declaração de guerra da Grã-Bretanha contra aAlemanha nazista em setembro de 1939 incluiu as colônias da Coroa e a Índia, mas não abrangia automaticamente os domínios de Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Terra Nova e África do Sul. Todos logo declararam guerra à Alemanha, mas a Irlanda optou por permanecer legalmente neutra durante a guerra.[31]

Durante aSegunda Guerra Mundial, o8.º Exército foi formado por unidades de muitos países diferentes do Império Britânico e daCommonwealth

Após aqueda da França em junho de 1940, a Grã-Bretanha e o Império permaneceram sozinhos contra a Alemanha até ainvasão alemã da Grécia em 7 de abril de 1941. O então primeiro-ministro britânico,Winston Churchill, pressionou o presidenteFranklin D. Roosevelt por ajuda militar dosEstados Unidos. Roosevelt ainda não estava pronto para pedir aoCongresso que comprometesse o país à guerra.[32] Em agosto de 1941, Churchill e Roosevelt reuniram-se e assinaram aCarta do Atlântico, que incluía a declaração de que "os direitos de todos os povos de escolher a forma de governo sob a qual eles vivem" deveriam ser respeitados. Esta formulação era ambígua quanto a se referir aos países europeus invadidos pela Alemanha e pelaItália fascista, ou ospovos colonizados por nações europeias, e mais tarde seria interpretada diferentemente pelos movimentos britânicos, estadunidenses e nacionalistas.[33][34]

Em dezembro de 1941, oImpério do Japão lançou, em rápida sucessão, ataques contra aMalásia britânica, a base naval dos Estados Unidos emPearl Harbor eHong Kong. A reação de Churchill à entrada dos Estados Unidos na guerra foi de que a Grã-Bretanha tinha agora a vitória garantida e de que o futuro do império estava seguro,[35] mas a maneira pela qual as forças britânicas foram rapidamente derrotadas noExtremo Oriente prejudicou irreversivelmente a posição da Inglaterra e prestígio como uma potência imperial.[36][37] O mais danoso de todos foi aQueda de Cingapura, que anteriormente havia sido considerada uma fortaleza inexpugnável e o equivalente oriental deGibraltar.[38] A constatação de que a Grã-Bretanha não poderia defender todo o seu império levou a Austrália e a Nova Zelândia, que agora pareciam ameaçadas pelas forças japonesas, a se aproximarem mais dos Estados Unidos. Isso resultou noPacto ANZUS de 1951 entre a Austrália, a Nova Zelândia e os Estados Unidos da América.[33]

Descolonização e declínio (1945-1997)

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Ver artigo principal:Descolonização
Mapa mostrando o ano da independência das ex-colônias britânicas naÁfrica. Até o final dosanos 1960, todas as colônias britânicas, com exceção daRodésia (futuroZimbábue) e do mandato doSudoeste Africano (atualNamíbia), tinham alcançado aindependência

Embora a Grã-Bretanha e o império saíssem vitoriosos daSegunda Guerra Mundial, os efeitos do conflito foram profundos, tanto em casa quanto no exterior. Grande parte da Europa, um continente que havia dominado o mundo por vários séculos, estava em ruínas e hospedava os exércitos dosEstados Unidos e daUnião Soviética, que agora mantinham o equilíbrio do poder global.[39] A Grã-Bretanha ficou essencialmente em bancarrota, com a insolvência apenas evitada em 1946 após a negociação de um empréstimo de 4,33 bilhões de dólares dos Estados Unidos,[40] sendo a última parcela paga em 2006.[41]

Ao mesmo tempo, movimentosanticoloniais estavam em ascensão nas colônias de nações europeias. A situação foi ainda mais complicada pela crescente rivalidade daGuerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética. Em princípio, ambas as nações se opunham aocolonialismo europeu. Na prática, entretanto, oanticomunismo estadunidense prevaleceu sobre oanti-imperialismo[42] e, portanto, os Estados Unidos apoiaram a continuidade da existência do Império Britânico para manter a expansão comunista sob controle.[43]

O "vento da mudança" acabou por significar que os dias do Império Britânico estavam contados e, no geral, a Grã-Bretanha adotou uma política de retirada pacífica de suas colônias, uma vez que governos estáveis ​​e não comunistas foram estabelecidos para assumir o poder. Isso contrastava com outras potências europeias, comoFrança ePortugal,[44] que travaram guerras dispendiosas e, no fim, malsucedidas, para manter seus impérios intactos. Entre 1945 e 1965, o número de pessoas sob domínio britânico fora do próprio Reino Unido caiu de 700 milhões para cinco milhões, dos quais três milhões estavam emHong Kong.[45]

Fim do império

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Ver artigos principais:Guerra das Malvinas eTransferência da soberania de Hong Kong
HMSCardiff ancorado emPort Stanley no fim daGuerra das Malvinas
Fogos de artifício em comemoração ao 10.º aniversário datransferência da soberania de Hong Kong àChina

A concessão de independência para aRodésia (comoZimbábue),Novas Hébridas (Vanuatu) em1980, eBelize em 1981, significou que, além de poucas ilhas dispersas e postos avançados (e da aquisição em1955 de uma rocha desabitada nooceano Atlântico,Rockall),[46] o processo dedescolonização que começou após aSegunda Guerra Mundial foi praticamente completo. Em1982, a resolução do Reino Unido de defender os seus territórios ultramarinos restantes foi testada quando aArgentinainvadiu asilhas Malvinas, sob uma alegação de longa data que remonta aoImpério Espanhol.[47] A bem-sucedida campanha militar britânica para retomar as ilhas durante a consequente Guerra das Malvinas foi vista por muitos como tendo contribuído para inverter a tendência de queda do estatuto do Reino Unido como uma potência mundial.[48] No mesmo ano, o governo doCanadá cortou sua última ligação legal com o Reino Unido ao separar aconstituição do Canadá da britânica. ALei de 1982 sobre o Canadá aprovada peloparlamento britânico terminou a necessidade de envolvimento britânico em mudanças na constituição canadense.[49] Leis equivalentes foram aprovadas pelaAustrália eNova Zelândia em1986.[50]

Em setembro de1982, aprimeira-ministraMargaret Thatcher viajou aPequim para negociar com o governochinês sobre o futuro do último, maior e mais populoso território exterior britânico,Hong Kong.[51] Sob os termos doTratado de Nanquim de1842, a própriaIlha de Hong Kong havia sido cedida ao Reino Unido "em perpetuidade", mas a grande maioria da colônia era constituída pelosNovos Territórios, que tinham sido adquiridos a título de locação por 99 anos em1898, o que expirava em1997.[52][53] Thatcher, vendo paralelos com asilhas Malvinas, inicialmente pretendia manter Hong Kong sob controle e propôs a permanência da administração britânica, mas com asoberania chinesa, o que foi rejeitado pela China. Através de um acordo alcançado em1984, sob os termos daDeclaração Conjunta Sino-Britânica sobre Hong Kong, se tornou umaregião administrativa especial da República Popular da China, mantendo a sua forma de vida por pelo menos 50 anos.[54] A cerimônia de entrega em 1997, presenciada por muitas figuras importantes,[55] comoCarlos, Príncipe de Gales,[56] que estava no atendimento, "o fim do Império".[49][57]

Legado

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Territórios britânicos ultramarinos

OReino Unido mantém a soberania sobre 14 territórios fora das ilhas britânicas, que foram renomeados osterritórios britânicos ultramarinos em2002.[58] Alguns são desabitados, exceto por pessoal militar ou científico transitório; os outros são autogovernáveis ​​em vários graus e são dependentes do Reino Unido pelasrelações externas e de defesa. O governo britânico manifestou a sua disponibilidade em ajudar qualquer território ultramarino que pretenda avançar para a independência, em que é uma opção.[59] A soberania britânica dos vários dos territórios ultramarinos é contestada por seus vizinhos geográficos:Gibraltar é reivindicada pelaEspanha, asIlhas Malvinas e asIlhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul são reivindicadas pelaArgentina, e os britânicos doTerritório Britânico do Oceano Índico é reivindicado porMaurícia eSeychelles.[60] OTerritório Antártico Britânico está sujeito a sobreposição de pedidos pelaArgentina e peloChile, enquanto muitos países não reconhecem qualquer reivindicação territorial da Antártica.[61]

A maioria das ex-colônias britânicas são membros daCommonwealth, uma organização não política, de associação voluntária de membros iguais. Os quinze membros da Commonwealth continuam a partilhar os seuschefes de Estados com oReino Unido, aReinos da Commonwealth.[62]

Membros daCommonwealth. : Atuais membros; : Membros antigos; : Membros suspensos
Dispersão dalíngua inglesa ao redor do mundo: a chamadaanglofonia

Décadas e, em alguns casos séculos, do domínio britânico e de emigração deixaram sua marca em todas as nações independentes que surgiram a partir do Império Britânico. O império estabeleceu o uso doinglês em regiões ao redor do mundo. Hoje é o idioma principal de até 400 milhões de pessoas e é falado por cerca de meio bilhão como língua primeira, segunda ou estrangeira.[63] A propagação do inglês a partir da segunda metade doséculo XX foi auxiliada, em parte, pela influênciacultural dosEstados Unidos, que por sua vez foi formado a partir decolônias britânicas. Osistema parlamentar inglês serviu de modelo para os governos de muitas ex-colônias e acommon law para os sistemas jurídicos.[64] OsComitê Judicial do Conselho Privado britânico ainda serve como o mais alto tribunal de recurso a várias ex-colônias doCaribe e doPacífico.Missionáriosprotestantes britânicos que se espalharam por todo o mundo, muitas vezes com antecedência de soldados efuncionários públicos, espalharam aComunhão Anglicana em todos oscontinentes. Aarquitetura colonial britânica, como em igrejas, estações ferroviárias e prédios do governo, continua a estar em muitas cidades que já fizeram parte do Império Britânico.[65] Esportes individuais e de equipe que se desenvolveram naGrã-Bretanha, em particular ofutebol,críquete,tênis egolfe foram exportados.[66] O sistema britânico de medição, osistema imperial, continua a ser utilizado em alguns países de várias maneiras. A convenção dedirigir no lado esquerdo da estrada tem sido mantida em grande parte do antigo império.[67]

As fronteiras políticas desenhadas pelos britânicos nem sempre refletirametnias oureligiões homogêneas, contribuindo para conflitos em áreas anteriormente colonizadas. O Império Britânico também foi responsável por grandes migrações de povos. Milhões de pessoas deixaram asIlhas Britânicas, com as populações de colonos fundadores dos Estados Unidos,Canadá,Austrália eNova Zelândia, provenientes principalmente da Grã-Bretanha e daIrlanda. As tensões permanecem entre as populações de colonosbrancos desses países e suas minorias nativas e entre minorias e maiorias nativas assentados naÁfrica do Sul eZimbábue. A colonização britânica da Irlanda deixou sua marca na forma de dividir as comunidadescatólica eprotestante naIrlanda do Norte. Milhões de pessoas se mudaram para as colônias britânicas, com um grande número deindianos que emigram para outras partes do império. Estas incluem as atuaisMalásia,Ilhas Maurício,Fiji,Guiana,Trindade,Quênia,Uganda,Tanzânia e África do Sul. Aemigraçãochinesa, principalmente a partir do sul da China, levou à criação da maioria chinesa deSingapura e de pequenas minorias chinesas no Caribe. Ademografia do próprio Reino Unido foi alterada após aSegunda Guerra Mundial, devido àimigração para a Grã-Bretanha a partir de suas ex-colônias.[68]

Em 1967, foi criado o acrônimoCANZUK (uma proposta de união política entreCanadá,Austrália,Nova Zelândia eReino Unido), que traria de volta as "partes mais economicamente avançadas do ex-Império Britânico", de acordo com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson.[69]

Ver também

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Referências

  1. Ferguson, Niall (2004).Empire, The rise and demise of the British world order and the lessons for global power. [S.l.]: Basic Books.ISBN 0-465-02328-2 
  2. Maddison 2001, pp. 98, 242.
  3. Rein Taagepera (setembro de 1997).«Expansion and Contraction Patterns of Large Polities: Context for Russia».International Studies Quarterly.41 (3): 502.doi:10.1111/0020-8833.00053. Consultado em 25 de agosto de 2016 
  4. «The World Factbook — Central Intelligence Agency».www.cia.gov. Consultado em 10 de setembro de 2016.land: 148,94 million sq km 
  5. Ferguson 2004, p. 15.
  6. Elkins2005, p. 5.
  7. Ferguson 2004, p. 2.
  8. abcdefghijklEnciclopédia Britânica (ed.).«British Empire». Consultado em 10 de março de 2019 
  9. Hyam, p. 1.
  10. Smith, p. 71.
  11. Parsons, p. 3.
  12. Porter, p. 401.
  13. Johnston, pp. 508–10.
  14. Porter, p. 332.
  15. Sondhaus, L. (2004).Navies in Modern World History. London: Reaktion Books. p. 9.ISBN 1-86189-202-0.
  16. Porter, p. 8.
  17. abMarshall, pp. 156–57.
  18. Dalziel, pp. 88–91.
  19. Cf. PASSETTI, Gabriel. "A (re)construção de um império: os britânicos e sua expansão no século XIX." Link:http://www.fasm.edu.br/interrelacoes/34/001.html[ligação inativa]
  20. O'Brien, p. 1.
  21. Brown, p. 667.
  22. Lloyd, p. 275.
  23. Brown, pp. 494–95.
  24. Marshall, pp. 78–79.
  25. Lloyd, p. 277.
  26. Lloyd, p. 278.
  27. Ferguson 2004b, p. 315.
  28. Fox, pp. 23–29, 35, 60.
  29. Louis, p. 303.
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