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Imigração italiana na Paraíba

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ver artigo principal:Demografia da Paraíba
ItáliaÍtalo-paraibanosBrasil
População total
326 famílias (dados de 2000)[1]
Línguas
Português. A geração que falavaitaliano já não existe na atualidade.
Religiões
Cristianismo
Grupos étnicos relacionados
Brasileiros brancos,italianos
Uma família de imigrantes italianos

Amigração de italianos para a Paraíba ocorreu entre as décadas de1870 e1920, quando várias famíliasitalianas escolheram oterritório paraibano para se fixar.[2][1][nota 1] As primeiras levas coincidiram com a época da grande recessão que atingiu aEuropa noséculo XIX, assim como com aindependência e aabolição da escravatura no Brasil, que trouxeram a crescente necessidade de realocação de mão-de-obra.[nota 2]

Dos italianos que chegaram precisamente à Paraíba, a maioria veio primeiramente para outros estados, sobretudo Pernambuco, para depois se estabelecer em solo paraibano. Um número menor veio diretamente, visto que os governos da época viam com bons olhos a vinda dessa mão-de-obra em muitos casos bem qualificada.[3]

Histórico

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Antecedentes

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A partir do século XVI, com a vinda de portugueses da metrópole para o Brasil colonial, vários comerciantes italianos começaram a vir esparçadamente para o Brasil, sem contudo representar uma migração organizada. No livroA Itália no Nordeste: contribuição italiana ao Nordeste do Brasil, de 1992, há a seguinte citação corroborando tal afirmação:

A Paraíba havia recebido numerosos migrantes italianos no século XVIII, como os Sorrentino, Toscano, Jacome, Espinola ou Espindola, Costa, entre outros, que se casaram com descendentes de portugueses e espanhóis, integrando-se à vida e à sociedade locais, como já ocorrera nos primeiros séculos com os Cavalcanti e os Acioli, em Pernambuco.[4]

Sul da Itália, origem da maior parte dos imigrantes chegados à Paraíba.

Uma migração mais organizada começou a ocorrer, porém, quando nos fins do século XIX famílias italianas em busca de paz e condições de vida que não encontravam naEuropa emigram para muitas partes do mundo e várias regiões doBrasil, entre elas oNordeste.[5] Dessa região, os imigrantes escolheram principalmente aBahia ePernambuco, sobretudo pelo fato de estes serem os estados nordestinos com os maiores índices de desenvolvimento econômico na época.[6] Entretanto, outros estados — sobretudo a Paraíba,Ceará eAlagoas — também atraíram peninsulares, que viriam a formar núcleos importantes e de expressiva influência social, política e econômica nas sociedades locais.[7] Os que chegavam ao estado preferiam se estabelecer nos maiores centros econômicos,João Pessoa eCampina Grande, mas houve também núcleos emMamanguape,Pilar e cidades doBrejo, comoAreia,solânea,Alagoa Grande eBananeiras, região de clima mais ameno, em razão das altas altitudes doPlanalto da Borborema, das chuvas regulares e dos solos férteis.

Entretanto, as condições econômicas pouco viáveis no estado na época não favoreceram a vinda de maior quantidade desses imigrantes, como aconteceu noSul eSudeste, que seriam palco da «Grade Imigração» no Brasil.[1]

Estatísticas

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O Centro Cultural Dante Alighieri, de João Pessoa, realizou um levantamento cujo resultado revelou que havia 326 famílias descendentes desses imigrantes residindo no estado no início dos anos 2000.[1] Já no começo do século passado, por volta de1920, havia 600 italianos vivendo na Paraíba, segundo o levantamento de feito por Franco Cenni no livroItalianos no Brasil: andiamo in 'Merica, o que demonstra que o estado acabou se tornando o terceiro destino preferido por peninsulares para se estabelecer no nordeste brasileiro, após a Bahia e Pernambuco.[7]

Dados doInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também demonstram que cidadãos vivos nascidos na Itália eram 207 em 1920 e 85 em 1940, residindo sobretudo em João Pessoa.[8][nota 3]

Estimativa dos italianos natos
chegados ao Norte e Nordeste no
começo do século XX[7]
EstadoImigrantes
Pará2.000
Amazonas2.000
Bahia1.500[9]
Pernambuco700
Paraíba600
Ceará350
Alagoas150
Maranhão100
Rio Grande do Norte70
Piauí30
Total7.500

Influência social

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Contribuição cultural

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Apesar de a presença italiana não ter deixado marcasétnicas arelevantes no povo paraibano, a comunidade local trouxe várias mudanças positivas na vida social, política, cultural, religiosa e econômica do estado, já que ela e seus descendentes sempre ocuparam postos-chave na sociedade do estado, como comerciantes, médicos, arquitetos, engenheiros, artistas e políticos.[3][1]

Tal influência social pode ser observada em vários aspectos, como nos prédios antigos da capital, a exemplo daAcademia de Comércio Epitácio Pessoa, docoreto daPraça da Independência, da Associação Comercial da Paraíba ou daLoja Maçônica Branca Dias, assim como em construções da avenida General Osório. Para além da arquitetura, houve agremiações sociais efervescentes, como aSocietà Italiana de Beneficenza XX de Settembre,[3] situada na rua Barão do Triunfo,[10] e até uma representação daCruz Vermelha italiana em João Pessoa, no início dos anos 1930, localizada precisamente noLiceu Paraibano, onde também funcionava um curso gratuito deitaliano, mantido pela seção do «fáscio» local, os apoiadores deMussolini.

No livroA Presença Italiana no Brasil, de 1996, há a seguinte citação sobre o progresso trazido pela comunidade para a capital paraibana:

(...) na aurora da cinematografia paraibana, italianos como Stefano Conte, Giovanni Petrucci, Vicente Rattacaso e Grisi faziam-se proprietários dos primeiros cinemas da capital paraibana de nomes Morse, Popular, Pathé e Rio Branco. Destes, o Rio Branco, inaugurado em 1911 e precursor do cine Rex, que somente cerraria as portas na década de oitenta (...)[6]

As atividades fascistas nos estados nordestinos foram movimentadas, apesar de as comunidades italianas locais serem numericamente pouco expressivas, se comparadas às doSulSudeste do país. Na Paraíba, um fascio foi fundado em 1929 e reunia 34 sócios.[9]

Em 1902, quando do congresso de fundação doPartido Socialista Brasileiro, os socialistas italianos da Paraíba enviaram seus representantes.[11][nota 4]

Memória apagada

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Em 1995, sob as ordens do então governadorAntônio Mariz, osazulejos que reproduziamsuásticasnazistas na sede do Governo do Estado foram removidos. A medida gerou polêmica de alguns intelectuais do estado, que viram nesse ato uma forma de apagar resquícios arquitetônicos importantes da presença italiana no estado, especialmente na capital.[12][13]

Um artigo do historiadorJosé Octávio de Arruda Mello ganhou repercussão até no jornal francêsLe Monde, ao argumentar que o governador «não podia destruir um patrimônio histórico que pertence ao estado e não a um governo oucoronel isolado, que decide despoticamente o que pode ou não existir no território que governa efemeramente, como se visse em si um deus dono de todas as decisões. O importante não é retirar esse símbolo dos monumentos, mas do coração dos homens»,[nota 5] isso como réplica à declaração de Mariz de que seu governo não é nazista e ele também não o era. A decisão do então governador havia recebido o aval doInstituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep).

Os ladrilhos retirados haviam sido colocados no terraço dos fundos doPalácio da Redenção nadécada de 1930 pelo engenheiro Giuseppe Gióia, durante o governo deArgemiro de Figueiredo.[13]

Sobrenomes de parte das famílias que imigraram para oNordeste oriental entre1870 e1930, segundo o livro de Alfio Ponzi e outros autores:[2]

[2]

Notas

  1. Fala-se preferencialmente em migração à imigração em virtude de grande parte da comunidade ter vivido em outros estados antes da fixação em solo paraibano. Além disso, o número de famílias em si não caracteriza um fluxo migratório por excelência.
  2. Supostamente,Epitácio Pessoa Cavalcanti eJoão Pessoa Cavalcanti de Albuquerque foram os dois maiores ítalo-descendentes de todos os tempos no estado, cujas origens remontam um patriarca florentino com origens em comum com Guido Cavalcanti (contemporâneo deDante Alighieri) e cuja família emigrou no meio da idade média do médio Reno (da antigaColônia Agripina) para os arredores deFirenze, naToscana.[carece de fontes?]
  3. As estimativas por vezes conflitantes refletem as várias fontes tomadas na época: governo italiano, consulado americano e IBGE
  4. O congresso ocorreu em São Paulo entre 28 de maio a 1 de junho de 1902, com a participação de 30 associações paulistas (10 da capital), 3 de Minas Gerais, 2 de Rio Grande do Sul, 2 da Bahia e 1 para cada um dos seguintes estados: Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, além de uma participação individual em representação de Sergipe.
  5. Curiosamente,Antônio Mariz era do centro–oeste do estado, uma região altamente flagelada pelocoronelismo durante séculos e, por isso mesmo, com os pioresíndices de desenvolvimento humano do estado.
  6. Fixou-se emAreia
  7. Felice di Belli foi o primeiro agente consular italiano naParaíba. Chegou em 1858, aos 9 anos.[6]
  8. Chegada em 1913, deLauria, região de Basilicata
  9. De Capitello (Ispani),Salerno
  10. Fixou-se emAreia
  11. Chegada em 1883, deTortora, Calábria
  12. Fixou-se emAreia
  13. Fixou-se emMamanguape. Aportuguesamento deD’Alia
  14. De Capitello (Ispani), Salerno
  15. DaCalábria
  16. Chegou em 1882 e fixou-se emAlagoa Nova. TambémFalconi
  17. Fixou-se emMamanguape
  18. Fixou-se emMamanguape
  19. De Lauria, na região de Basilicata
  20. Braz Iaceli, patriarca
  21. DeTortora, Calábria
  22. DeTortora, Calábria, chegada em 1903
  23. De Lauria, na região de Basilicata
  24. De Puglia. Chegada em 1870
  25. De Capitello (Ispani), Salerno
  26. De Capitello (Ispani), Salerno
  27. Fixou-se emAreia
  28. DeTortora, Calábria
  29. Chegou à Paraíba em 1878
  30. Alterou o sobrenome paraFrota
  31. DeTortora, Calábria
  32. DeTortora, Calábria, chegou em 1928
  33. De Capitello (Ispani),Salerno
  34. Chegada em 1880
  35. DeNarzole, Piemonte. Aportuguesamento para Temoteo
  36. De Capitello (Ispani), Salerno
  37. Chegou em 1952

Referências

  1. abcdeANDRADE, Manuel C. (2 de janeiro de 2007).«Italianos na Paraíba e sua importância econômica». Jornal A União. Consultado em 12 de junho de 2013  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)[ligação inativa]
  2. abcPONZI, Alfio (1989).Presença italiana na Paraíba. [S.l.]: Achiamé. 209 páginas  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  3. abcCAPPELLI, Vittorio (2006).«Correntes imigratórias da Itália meridional às «outras Américas»». PUC — RS. Consultado em 30 de janeiro de 2014  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  4. ANDRADE, Manuel Correia de Oliveira (1992).A Itália no Nordeste: contribuição italiana ao Nordeste do Brasil. [S.l.]: Fondazione Giovanni Agnelli. 210 páginas  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  5. COSTA, Adailton Coelho (1986).Mamanguape, a Fênix Paraibana. [S.l.]: Grafset Ltda. 210 páginas  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  6. abcBONI, Luís Alberto de;et alii (1996).A Presença Italiana no Brasil, Volume 3. [S.l.]: Escola Superior de Teologia  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  7. abcCENNI, Franco (2003).Italianos no Brasil: «andiamo in 'Merica'». [S.l.]: EdUSP. 535 páginas. ISB: 8531406714  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  8. SEITENFUS, Ricardo Antônio Silva (2000).A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial. [S.l.]: Edipuc – RS. 378 páginas.ISBN 8574301221  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  9. abBERTONHA, João Fábio (2001).O fascismo e os imigrantes italianos no Brasil. [S.l.]: Edipuc – RS. 446 páginas.ISBN 8574302082  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  10. PONZI, Alfio (1986).De binóculo na varanda: memórias. [S.l.: s.n.] 318 páginas  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  11. BIONDI, Luigi (2008).«Associativismo e militância política dos italianos em Minas Gerais na Primeira República: um olhar comparativo»(PDF). Universidade Federal de Juiz de Fora. Consultado em 30 de janeiro de 2014  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  12. JUNIO, Dep. M. (29 de outubro de 2008).«Projeto de Lei na Câmara n° 105, de 2010». Senado Federal. Consultado em 15 de agosto de 2014. Arquivado dooriginal em 12 de agosto de 2014  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  13. abGOUVÊA, Hiton (13 de maio de 2006).«Ôxente Hitler: arquivos e documentos mostram que os nazistas estiveram ns Paraíba». Portal Click Paraíba. Consultado em 12 de junho de 2013  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)[ligação inativa]
  14. abRODRIGUES, Walfredo (1962).Roteiro sentimental de uma cidade. [S.l.]: Editora Brasiliense. 280 páginas  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)

Ver também

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Ligações externas

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