Estância Balneária de Ilhabela | |
|---|---|
| Município do Brasil | |
| Hino | |
| Lema | Ilhabela da princesa |
| Gentílico | ilhabelense |
| Localização | |
| Localização da Estância Balneária de Ilhabela noBrasil | |
| Mapa da Estância Balneária de Ilhabela | |
| Coordenadas | 23° 48′ 54″ S, 45° 22′ 14″ O |
| País | Brasil |
| Unidade federativa | São Paulo |
| Região metropolitana | Vale do Paraíba e Litoral Norte |
| Distância até acapital | 212 km[1] |
| História | |
| Fundação | 3 de setembro de1805 (220 anos) |
| Administração | |
| Prefeito(a) | Antônio Luiz Colucci[2] (PL, 2025–2028) |
| Características geográficas | |
| Área total[3] | 346,389 km² |
| População total(Censo 2022-IBGE[4]) | 34 934 hab. |
| Densidade | 100,9 hab./km² |
| Clima | Tropical (Aw) |
| Altitude | de 0 a 1378 m |
| Fuso horário | Hora de Brasília (UTC−3) |
| Indicadores | |
| IDH(PNUD/2010[5]) | 0,756—alto |
| PIB(IBGE/2013[6]) | R$ 3 256 712 mil |
| PIBper capita(IBGE/2013[6]) | R$ 105 112,86 |
| Sítio | «Página oficial» (Prefeitura) |
Ilhabela é um dos únicosmunicípios–arquipélagosmarinhosbrasileiros, estando localizado nolitoral norte doestado deSão Paulo. A população, segundo oCenso 2022, é de 34 934 habitantes, resultando numa densidade estimada de 100,9 hab/km²[4] O município é formado pela sede e pelos distritos deCambaquara eParanabi.[7][8] O arquipélago é composto por 19 ilhas, ilhotes e lajes.[1]
Possui uma das mais acidentadaspaisagens daregiãocosteira brasileira, com todas as características de relevo jovem. Com o aspecto geral de um conjunto montanhoso – formado pelo Maciço de São Sebastião e Maciço da Serraria, além da acidentadaPenínsula do Boi –, aIlha de São Sebastião se destaca como um dos acidentes geográficos mais elevados e salientes dolitoral paulista, tendo como pontos culminantes oPico de São Sebastião, com 1379 metros de altitude;[1] o Morro do Papagaio, com 1302 metros;[1] e o Morro da Serraria, com 1285 metros.
Banhado pelo oceanoAtlântico, o município está localizado a 212 quilômetros dacapital[1] e a 140 quilômetros da divisa com o estado doRio de Janeiro. Está situada um pouco ao sul doTrópico de Capricórnio, que passa sobre a cidade vizinha deUbatuba.
Devido às suas praias paradisíacas, belezas naturais e eventos como oCarnaval, além dacultura caiçara, Ilhabela é considerada um dos mais belos destinos turísticos brasileiros e atrai milhões de turistas de todo o mundo anualmente,[9][10] sendo reconhecida como umaEstância Balneária e "Destino Turístico Inteligente" pelaOrganização Mundial de Turismo (OMT), ao lado de outras cidades paulistas.[11] Em 2025, foi eleita um dos 10 destinos mais românticos do mundo.[12]
Ilhabela é um dos 15 municípios paulistas considerados estâncias balneárias peloEstado de São Paulo, por cumprirem determinados pré-requisitos definidos por Lei Estadual. Talstatus garante a esses municípios uma verba maior por parte do Estado para a promoção do turismo regional. Também, o município adquire o direito de agregar junto ao seu nome o título deEstância Balneária, termo pelo qual passa a ser designado tanto pelo expediente municipal oficial quanto pelas referências estaduais.
Pesquisas arqueológicas realizadas desde o final da década de 1990 mostram que pelo menos quatro das ilhas do arquipélago de Ilhabela foram habitadas muito antes da chegada dos europeus ao Brasil. Mais precisamente, há pelo menos 2000 anos a região era habitada por indígenas sambaquieiros, e há 700 por indígenas ceramistas.[13]
Isso foi possível graças à descoberta de sítios arqueológicos pré-coloniais nas ilhas de Vitória, Búzios e dos Pescadores. Os primeiros habitantes do arquipélago foram pescadores e coletores que viviam em acampamentos a céu aberto perto de praias e baías. As coleções de conchas, frutos do mar e cerâmicas deixados por eles são os únicos vestígios dos quais arqueólogos dispõem para estudá-los. Os pesquisadores deduzem que esses habitantes pouco exploravam as matas, provavelmente colhendo apenas frutas e ingredientes para remédios.[14]
Antes da colonização pelos portugueses, essas tribos foram substituídas por povostupis-guaranis ejês, que tinham conhecimentos de cerâmica e agricultura e que deixaram o único vestígio de uma aldeia, no chamado "sítio Vianna" na ilha principal (Ilha de São Sebastião). Essas tribos se abrigavam provisoriamente sob rochas durante expedições de caça e exploração das ilhas.[14]

Em20 de janeiro de1502 a primeira expedição exploradora enviada ao Brasil pelos portugueses, comandada pelo navegadorportuguêsGonçalo Coelho e trazendo a bordo ocosmógrafoitalianoAmérico Vespúcio, encontrou uma grande ilha que, segundo o aventureiroalemãoHans Staden, era chamada pelostupis deMaembipe ("lugar de troca de mercadorias e resgate de prisioneiros"). Essa ilha, assim como fora feito em outros acidentes geográficos importantes, foi batizada pelos membros da expedição com o nome do santo do dia,São Sebastião.[14] Também se diz que era chamada pelos indígenas por Ciribaí (lugar tranquilo). Na época, a ilha servia de abrigo e também de entreposto para piratas e corsários originários principalmente da Inglaterra, da França e da Holanda, que visitavam Ilhabela para colher lenha, alimentos e água. Foram responsáveis por diversos ataques a embarcações e povoados portugueses (mais precisamenteSantos,São Vicente eBertioga), o que levou a coroa portuguesa a perder grandes quantidades de ouro e outras pedras preciosas até o século XVII. Essas movimentações pela região deram origem a lendas de tesouros escondidos pelo território da ilha.[14]
Francisco de Escobar Ortiz foi o primeiro morador da Ilha de S. Sebastião e obteve dePero Lopes de Sousa, donatário da capitania, sete léguas de terra para si e sua nobre geração e de sua mulher Ignez de Oliveira Cotrim, que ambos vieram da capitania do Espírito Santo para a ilha de S. Sebastião. Ignez de Oliveira Cotrim era bisavó do CapitãoBartolomeu Pais de Abreu, deJoão Leite da Silva Ortiz e de sua neta de mesmo nome Ignez de Oliveira Cotrim casada com Antônio de Faria Sodré irmão do PadreJoão de Faria Fialho. Segundo escreveuPedro Taques de Almeida Pais Leme, foi Francisco de Escobar Ortiz senhor de dois engenhos de açúcar, os primeiros na ilha. Devido a sua posição estratégica era muito utilizada para fazer "aguada" ou seja, caravelas e galeões de passagem paravam na ilha para pegar água fresca e viveres. Entre os anos de 1588 e 1590 passaram por essa ilha os corsários inglesesEdward Fenton[15] eThomas Cavendish. Este último, acompanhado deJohn Davis,[16] depois de ter sido derrotado em Vitória do Espírito Santo, voltou à ilha buscando refúgio, mas sofreu mais uma grande perda de homens em um embate quando os portugueses entre os quais Diogo de Unhate, Gonçalo Pedroso, Diogo Dias, Joaquim de Escobar Ortiz e João de Abreu atacaram e expulsaram, em uma única noite de batalha, os corsários ingleses que "infectavam" a costa.[15] Outras fontes afirmam que o corsário Thomas Cavendish teria passado pela ilha em 1591, e que ele teria feito o caminho inverso: aportado em Ilhabela (saqueandoSantos eSão Vicente) e só depois sofrido a estrepitosa derrota em Vitória do Espírito Santo.[17]

A primeira concessão de terras pela coroa portuguesa da qual se sabe algo concretamente aconteceu em 1603 e se estendeu ao longo do século XVII. Em 19 de dezembro de 1610, o Capitão-Mor da Capitania de São VicenteGaspar Conqueiro concedeu na Ilha, a Gaspar Fernandes e Diogo Conqueiro, uma uma Sesmaria com uma légua de terras a cada, com o intento de ali construírem um Engenho.[18] Na época, o produto mais comum a ser cultivado e depois exportado para a metrópole era acana-de-açúcar, comum em todo o litoral paulista,[14] e que era plantada nas áreas voltadas para o oceano e até nas ilhas mais afastadas, como Vitória e Búzios. O plantio da cana e a produção de açúcar ganharam fôlego entre os séculos XVII e XVIII e implicaram na derrubada de consideráveis áreas florestais.[19] Com o advento dotráfico negreiro, o canal entre a ilha e o continente passou a ser frequentado pornavios negreiros. Conforme relatos da época, alguns africanos escravizados conseguiram fugir e iniciaram os primeirosquilombos da região, em áreas distantes e de mata fechada.[19] Em16 de março de1636 seria criada aVila de São Sebastião que se desmembrou político administrativamente daVila do Porto de Santos. A nova Vila de São Sebastião abrangia também o território da Ilha de São Sebastião (atual Ilhabela). Entre os séculos XVII e XVIII, a vila de São Sebastião era um importante porto para escoar o ouro encontrado nas regiões hoje correspondentes aMato Grosso do Sul eGoiás. Para proteger as embarcações que de lá saíam, a segurança do canal foi reforçada com fortins, fortes, trincheiras e artilharias. A instalação desses equipamentos pode ter contribuído para o estabelecimento das primeiras povoações brancas no local, ainda no século XVII, o que se deu paralelamente à concessão de maissesmarias para cultivo não só da cana, mas também de fumo e anil.[19] Também por esses tempos, e também por conta da mineração próspera, foi instalada na Ponta das Canavieiras umaarmação baleeira, a primeira daCapitania de São Paulo. Acredita-se que ela atendia basicamente a demanda local e os núcleos eram concedidos pela coroa numa sistemática sob a qual o concessionário investia no local e, após 10 anos, toda a infraestrutura ficava para a Fazenda Real.[19] ACapitania do Rio de Janeiro restringiu a circulação de embarcações de azeite por suas águas, acreditando que o atual Litoral Norte paulista era na verdade palco de contrabando de ouro. A partir de 1734, portanto, baleias começaram a ser mortas para a produção deóleo.[19] Mais ou menos em 1850, conforme o animal ficava mais excasso, a atividade e a armação foram abandonados.[20] No começo doséculo XIX, a Ilha de São Sebastião contava com cerca de três mil habitantes e seu principal povoado chamava-seCapela de Nossa Senhora D'Ajuda e Bom Sucesso.

Com importância política, social e econômica cada vez maior, dada a pujança das atividades agrícolas e comerciárias da região, a Ilha de São Sebastião foi alçada porAntónio José da Franca e Horta (que governava São Paulo na época) em1805 à condição de Vila, com o nome de "Villa Bella da Princesa".[20] Ao longo do século XIX, as atividades ligadas à cana-de-açúcar entraram em declínio, mas foram substituídas pelo café, a exemplo do que ocorreu no restante doVale do Paraíba. Na vila, a produção se concentrou na Ponta do Boi, no sul da ilha, num local denominado Fazenda Nossa Senhora das Galhetas, Figueira e Sombrio. O cultivo do café implicava em um desmate ainda maior que o da cana-de-açúcar, e as plantas podiam ser colocadas em altitudes de mais de 500 metros, nasescarpas da ilha principal.[20]
Em 1854, a população da ilha era de 10.769 habitantes, concentrados no lado voltado para o continente. Havia 225 fazendas onde 1725 pessoas escravizadas realizavam seus trabalhos forçados; a produção da vila na época era maior que a de qualquer município litorâneo de São Paulo.[20] A era do café na região chegou ao fim com aabolição da escravatura no Brasil e a economia da ilha passou por um resgate das atividades do engenho,[20] que na época somavam 36 e focavam emaguardente em vez de açúcar. Essa aguardente se destinava principalmente à exportação, em pequenas quantidades, por meio do porto de Santos.[21] A própria população levava sua produção ao porto, usando canoas denominadas "vogas"; o conhecimento para fabricá-las era herança dos indígenas que antes povoavam a região. AComissão Geográfica e Geológica de São Paulo deixou o seguinte relato a respeito dessas embarcações:[21]
| “ | São as denominadas 'vogas' com dois mastros e uma tripulação de seis ou mais pessoas, que fazem esta viagem. Carregam até dezoito pipas de aguardente, em décimos ou quintos, e é por este gênero de carregamento, que se avalia sua capacidade. Navegam à vela quando possível, e senão a remos, quando há calmaria ou vento contrário. (...) em geral estas vogas não levam só aguardente, embora constitua o carregamento de maior monta. Frequentemente segue grande quantidade de 'quitandas', e é uma das cousas mais curiosas ver uma destas 'vogas', pronta para partir. Há de tudo a bordo: limões, cocos e outras frutas, cabritos, perus, galinhas, patos, ovos, esteiras e objetos de barro, enfim uma infinidade de produtos diversos, que são vendidos por conta dos donos que os confiaram ao patrão da canoa. Muitas vezes embarcam ainda passageiros, de maneira a tornar-se um verdadeiro enigma como tudo aquilo se arranja em caminho... | ” |
A fabricação dessas embarcações implicava em mais desmatamentos, uma vez que as árvores retas e de grande porte - nomeadamente:ingá,araticum,bocuíba-açú,coabí,guapuruvu,jequitibá,canela-moscada,canela-batalha,pau-d'alho,figueira[22] - eram ideais para as vogas. Além disso, outras árvores tinham de ser derrubadas ao longo do processo de fabricação: algumas para abrir caminho para o transporte da matéria-prima, outras para que seus troncos servissem de "esteiras rolantes" para mover essa matéria-prima, e outras cujas copas acabavam entrelaçadas com as copas das árvores visadas pelos fabricantes.[22] A produção era tão intensa que a vila se tornou o principal centro de confecção de vogas no litoral de São Paulo até o século XX.[21]

Um novo declínio de cultivo se abateu sobre a ilha e foi seguido por um período de estagnação econômica. Na década de 1920,imigrantes japoneses se instalaram na ilha e trouxeram tecnologias internacionais; ao mesmo tempo, a chegada do barco a motor e dasredes de cerco alavancaram a pesca na região, antes restrita aos locais onde os métodos tradicionais eram eficazes. Assim, o uso das canoas de voga também se viu gradativamente obsoleto.[22] Ao longo da primeira metade do século, a pesca ajudou a ilha a se tornar uma potência local novamente. O Saco do Sombrio, antes um ancoradouro de navios negreiros e por muito tempo desabitado, virou o maior porto pesqueiro da vila. Abrigava entre 20 e 25 barcos por vez, todos protegidos dos ventos, e reunia de 450 a 500 habitantes. O local atingiu tal importância que, em 1944, foi elevado à condição de distrito (com o nome Paranabi), juntamente às ilhas de Búzios, Vitória e dos Pescadores. Fora a pesca, ganharam força também o artesanato e a coleta de algas marinhas - esta última ensinada pelos japoneses[22] e chegando ao seu ápice entre 1925 e 1932.[23]
A partir dos anos 1930, a vila sofreu as consequências da crise mundial consolidada no período, somada àrevolução constitucionalista e o consequente bloqueio marítimo imposto a São Paulo. Os imigrantes japoneses deixaram o local, levando muitos pescadores e tripulantes ao desemprego. De 1933 a 1938, os peixes em volta da ilha sumiram repentinamente, aumentando a miséria deles. Conforme o interior do estado era desbravado com a construção de novas estradas e ferrovias, boa parte da população migrou para lá em busca de melhores oportunidades. Esse êxodo propiciou uma tendência de recuperação da mata nativa.[23] Em 21 de maio de 1934, o governo paulista realizou, em meio à grave crise econômica pela qual atravessava o país, uma reestruturação na divisão territorial do Estado, quando extinguiu 18 pequenos municípios, entre eles o de Vila Bela da Princesa (cujo nome já havia mudado para Vila Bela), que voltou a integrar o território da Vila de São Sebastião. A extinção do município foi revogada em5 de dezembro de 1934. Por imposição do governo deGetúlio Vargas que baixou o decreto federal nº 2140, o nome de Vila Bela mudou, a partir de1 de janeiro de1939, para Formosa. Inconformados, os moradores iniciaram um movimento popular contra o novo nome até que, em30 de novembro de1944, o governo estadual baixou o decreto nº 14334, mudando o nome do município, a partir de 1 de janeiro de1945, para Ilhabela.

As terras locais foram vendidos a preços desvalorizados e, a partir dos anos 1960, o turismo surge como alternativa para a retomada econômica da ilha. A infraestrutura local foi melhorada e a ilha passou a ser vendida como "símbolo da aventura, do prazer e da natureza selvagem".[23]

O turismo e a especulação imobiliária configuraram nova ameaça à mata nativa, o que estimulou ambientalistas a cobrarem a criação deUnidades de Conservação, culminando na criação doParque Estadual de Ilhabela nos anos 1970. Segundo levantamento realizado em 2005, o turismo, aliado às atividades doPorto de São Sebastião e do Terminal da Petrobras, configuravam os principais vetores de pressão ambiental no local.[23] Mais recentemente, a partir de 2011, pontos de exporação dascamadas de pré e pós-sal vieram se juntar aos vetores anteriores.[24]

O município arquipélago de Ilhabela possui um território de 348,3 km² (IBGE) e suas principais ilhas são, pela ordem em termos de área, a de São Sebastião (33737 ha[25]), a dos Búzios (739 ha[25]), a da Vitória (219 ha[25]) e a dos Pescadores (20 ha[25]) - todas habitadas. Fazem parte ainda do arquipélago diversas ilhas e ilhotes (ver seção "Ilhas, ilhotes e lajes" abaixo para uma relação completa).
As Ilhas da Vitória, dos Pescadores e dos Búzios ficam a 38, 37 e 24 km do continente, respectivamente.[25] As ilhas de Búzios e Vitória ficam, respectivamente, a 28 e 40 quilômetros de Ilhabela. Canoas são as únicas embarcações capazes de atracar no píer precário. Ambas possuem resquícios de cemitérios indígenas pré-históricos. Os habitantes plantam e criam a própria comida, embora a quantidade de peixes esteja diminuindo, mas a Ilha de Búzios possui dois mercados. Falta água potável e os habitantes urinam e defecam na vegetação.[26]



Sem sistema de saúde, as ilhas dependem da visita periódica de equipes da prefeitura de Ilhabela com médicos, enfermeiros, dentistas e psicólogos.[26] As ilhas são tão isoladas que, no início do século XX, o governo aventou a possibilidade de instalar presídios em alguma delas. Um dos engenheiros responsáveis por analisar o local foiEuclides da Cunha, que registrou as seguintes palavras sobre a Ilha de Vitória: "[a ilha tem] capacidade para povoamento muitas vezes maior, explicando-se o seu abandono pela distância".[26]
A Ilha de São Sebastião - onde fica a área urbana do município - está localizada defronte aos municípios deSão Sebastião a noroeste eCaraguatatuba a norte. Com 337,5 km², a Ilha de São Sebastião é a segunda maior ilha marítima do Brasil, superada apenas pela deSanta Catarina, que abriga a maior parte do município deFlorianópolis, acapital deSanta Catarina. Em sua orla – com cerca de 130 quilômetros extensão[25] – orelevo desenha reentrâncias e mergulhos, com 45 praias principais e outra dezena de pequeninas praias situadas, irregularmente, ao pé das escarpas.
A Ilha de São Sebastião está separada do continente pelo Canal do Toque-Toque, que possui cerca de 18 quilômetros de extensão e largura variando em torno de dois a cinco quilômetros. É possível atingi-la através do serviço de travessia por balsas daTravessia São Sebastião-Ilhabela daDersa. A ilha possui um relevo bem acentuado, com montanhas com mais de mil metros de altura. Essas formações com grande altitude fazem umabarreira para osventos carregados que vêm do mar, e por isso, mesmo com característicastropicais. A distância entre o extremo sul e o extremo norte da ilha é de mais de 22 km. A Península do Boi, localizada na porção sudoeste da ilha, corre cerca de 8 km mar adentro.
A ilha possui duas faces distintas: a face voltada para o continente é a mais urbanizada e populosa cujas praias são mais calmas, badaladas e poluídas. Já a face voltada para o oceano aberto é pouco habitada, sendo que a maioria dos habitantes dessa face está na Praia de Castelhanos, a única praia do lado oceânico acessível de carro (embora só jipes possam fazer o trajeto até o local). Como as praias dessa face estão todas voltadas para o oceano, possuem ondas mais fortes que atraem surfistas.

Uma das características marcantes de Ilhabela é a predominância da Mata Atlântica, sendo a Serra de Ilhabela coberta pela floresta latifoliada tropical úmida de encosta. Dentre todos os municípios abrangidos pela Mata Atlântica, Ilhabela foi aquele que mais preservou a floresta no período compreendido entre os anos de 1995 a 2000, graças a um programa de contenção da expansão urbana desordenada, que é desenvolvido pela administração municipal na área de entorno doParque Estadual de Ilhabela (PEI), criado em20 de janeiro de1977 pelo decreto estadual nº 9414, com área de 27,025 hectares correspondente a cerca de 84,3% do território do município (o que incluiu grande parte da ilha principal, 11 outras ilhas, trêsilhotes, trêslajes e umparcel). A importância do parque lhe valeu inclusão na região conhecida comoreserva de biosfera pelaUNESCO[27] e nas áreas abrangidas pelaAliança para a Extinção zero (AZE) e designação comoÁrea Importante para a Preservação de Aves (IBA).[28] Um levantamento de 2015 daFundação Florestal listou 1569 espécies de flora na área do Parque Estadual.[29]
O município é lar deespécies endêmicas como o ratocururuá,[28] as serpentesSiphonops insulanus eLiotyphlops caissara e os lagartosteiú eteiú de Búzios (Tupinambis merianae sebastiani eTupinambis merianae buzionensis, respectivamente; esta última endêmica da Ilha de Búzios),[30] sendo ponto de avistamento também de 66 espécies de aves distribuídas estritamente na mata atlântica, sendo cinco consideradas globalmente ameaçadas de extinção em 2015.[28]
Há alguns registros históricos sugerindo a presença deonças-pintadas na ilha. O primeiro data de 1562, quandoJosé de Anchieta escreveu em carta para oRei Sebastião de Portugal que a ilha era desabitada, porém continha "muitos tigres" (os exploradores portugueses conheciam mais os animais da África e da Ásia, que usavam como parâmetro).[31] Outro registro data de 1877, quando a população local matou a última onça da qual se tem notícia na ilha, tendo ela vindo a nado do continente.[31] Por fim, sabe-se que, em 1912, aComissão Geográfica e Geológica de São Paulo registrou um local com o nome "Pedra da Onça".[31]
A ocupação urbana é vista como potencial ameaça à preservação das espécies locais. Estruturas como a Estrada de Castelhanos, que provê acesso veicular terrestre àPraia de Castelhanos, preocupam especialistas, que recomendam cautela ao permitir o trânsito de visitantes.[32]
Um estudo daFundação Florestal de 2015 apontou que a qualidade da água do município, embora boa em geral por conta da densa vegetação, pode ser afetada pelo turismo intenso e pela presença de comunidades caiçaras carentes de serviços desaneamento básico.[33]
Oclima étropical litorâneo úmido ou tropical atlântico, classificado como Aw.[34] Possui um clima quente e úmido, com temperatura média anual de 23 °C e precipitação de 1 646 mm/ano, mais concentrados nos meses de verão. O mês mais quente é fevereiro, com temperatura máxima de 30 °C e o mais frio é julho com mínima de 15 °C.[35] No entanto, devido às diferenças altimétricas, é possível a ocorrência de diferentes climas em Ilhabela, como otropical de altitude ou mesmosubtropical nas áreas montanhosas e nos picos. Áreas muito elevadas (acima de 1.000 m) tendem a apresentar temperaturas bastante inferiores às da parte que fica ao nível do mar.
Uma característica distinta do clima de Ilhabela é a diferença da umidade relativa do ar entre as duas faces da ilha. As altas montanhas que formam o território do município funcionam como uma barreira para as nuvens, forçando-as a se elevarem e propiciando condensação do vapor d'água e a ocorrência dechuva orográfica.[33]
| Dados climatológicos para Ilhabela | |||||||||||||
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
| Temperatura máxima média (°C) | 29,6 | 29,8 | 29,7 | 28 | 26,2 | 25,2 | 24,3 | 24,8 | 25,2 | 26,3 | 27,5 | 28,8 | 27 |
| Temperatura média (°C) | 26,2 | 26,4 | 26 | 24 | 21,9 | 20,6 | 19,7 | 20,7 | 21,9 | 23 | 24,2 | 25,2 | 23,3 |
| Temperatura mínima média (°C) | 22,9 | 23,1 | 22,3 | 20 | 17,6 | 16 | 15,2 | 16,7 | 18,6 | 19,8 | 20,9 | 21,6 | 19,6 |
| Precipitação (mm) | 222 | 210 | 219 | 146 | 104 | 73 | 60 | 61 | 80 | 133 | 144 | 194 | 1 646 |
| Fonte: Climate-Data.[35] | |||||||||||||
| Crescimento populacional | |||
|---|---|---|---|
| Ano | População Total | %± | |
| 1872 | 6 740 | ||
| 1890 | 7 361 | 9,2% | |
| 1900 | 9 415 | 27,9% | |
| 1910 | 7 000 | −25,7% | |
| 1920 | 8 052 | 15,0% | |
| 1925 | 8 650 | 7,4% | |
| 1934 | 6 215 | −28,2% | |
| 1937 | 6 645 | 6,9% | |
| 1940 | 5 568 | −16,2% | |
| 1946 | 6 400 | 14,9% | |
| 1950 | 5 066 | −20,8% | |
| 1958 | 4 672 | −7,8% | |
| 1960 | 5 119 | 9,6% | |
| 1970 | 5 707 | 11,5% | |
| 1980 | 7 800 | 36,7% | |
| 1991 | 13 538 | 73,6% | |
| 2000 | 20 836 | 53,9% | |
| 2010 | 28 196 | 35,3% | |
| 2022 | 34 934 | 23,9% | |
| Est. 2024 | 36 329 | [36] | 4,0% |
| Fontes:[37][38][39][40] Censos DemográficosIBGE e EstimativasSEADE | |||
(Fonte:IPEADATA)
OCristianismo se faz presente na cidade da seguinte forma:[41]
AIgreja Católica na cidade é representada pelaDiocese de Caraguatatuba.[42] Entre as igrejasprotestantes históricas,pentecostais eneopentecostais, encontram-se na cidade:[43][44]
Em 2015, uma pesquisaIbope indicou que aCâmara Municipal de Ilhabela era a segunda instituição a inspirar menos confiança na população local, atrás apenas da empresa de telecomunicaçõesVivo.[48]

A economia do município baseia-se noturismo, no comércio e na construção civil, com apesca, oartesanato e ofuncionalismo público ocupando posições secundárias em termos econômicos.[49] Em 2016, a cidade ficou entre os dez municípios brasileiros com o melhorÍndice FIRJAN de Gestão Fiscal.[50]



O turismo movimenta a economia durante a temporada. A população chega a se multiplicar até cinco vezes nessa época. A cada ano cresce o número de turistas. Ilhabela é conhecida por suaspraias,cachoeiras,trilhas. Foi[51] ainda uma das 65 cidades indutoras de turismo do país e destino de sol e mar do estado para aCopa do Mundo de 2014.
Uma pesquisa realizada em novembro de 2014 mostrou que 66% da população local era favorável ao controle de acesso de visitantes à ilha.[52]
O município foi homenageado noCarnaval de São Paulo em2016 por meio da escola de sambaUnidos de Vila Maria, com o enredo "A Vila mais famosa é a mais bela, Ilha bela da fantasia".[53]
Na região, durante todo o ano — especialmente no outono e no inverno — é possível observarbaleias-jubarte nadando próximas à costa. Esse fenômeno natural atrai turistas de diversos lugares, que visitam as praias mais isoladas do sul de Ilhabela para desfrutar de uma vista panorâmica das baleias nadando e saltando nas águas.[54]
O município de Ilhabela possui um total de 41 praias, desde as mais tranquilas para relaxar, até as mais agitadas com infraestrutura. As praias localizadas mais ao sul e ao leste da ilha, nos distritos deCambaquara eParanabi, são as mais isoladas e tranquilas.[55]
Praias do norte:[54]
Praias do centro:[54]
Praias do sul:[54]
Praias do leste:[54]


O principal acesso a Ilhabela, para quem vem de São Paulo ou do Vale do Paraíba, é feito pela Rodovia dos Tamoios que liga São José dos Campos a Caraguatatuba. Ao chegar a Caraguá, continua-se pela RodoviaManuel Hipólito Rego, a SP-55, sentido Sul atéSão Sebastião. É possível ir também pelaRio-Santos.[25] Em Ilhabela em si, a principal via é aSP-131, que liga a Ponta das Canas (extremo norte) à Ponta das Canas (extremo sudoeste).[56]
O sistema de telefones automáticos foi inaugurado na cidade pelaCompanhia de Telecomunicações do Estado de São Paulo (COTESP) em 1973.[57][58] Já osistema de discagem direta à distância (DDD) foi implantado em 1976 pelaTelecomunicações de São Paulo (TELESP), com o código de área (0124).[59]
Na década de 90 o código DDD da cidade foi alterado para (012), para padronização do sistema telefônico com a telefonia celular que estava sendo implantada em todo o estado.[60]
Em fevereiro de 2016, a prefeitura de Ilhabela anunciou um investimento de 12 milhões de reais para criar um sistema de esgoto na região sul da cidade. Na época do anúncio, o município era o pior de todo o litoral de São Paulo no quesito "tratamento sanitário" segundo avaliação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente - 35% do esgoto da cidade é coletado, pré-condicionado e lançado ao mar, segundo o órgão, enquanto que a prefeitura aponta 61% de cobertura de rede de esgoto.[61]
