AIlha de São Paulo (emfrancês:Île Saint Paul) é uma ilha desabitada nooceano Índico, parte dasIlhas São Paulo e Nova Amsterdão, nasTerras Austrais e Antárticas Francesas, com uma área de 6 km² (2.3 mi²). Está localizada a 85 km (53 milhas) sudeste dailha de Amesterdã (França) e 3000 km (1900 milhas) ao sul deReunião (França). Uma cabine para pesquisa científica na ilha é usada para permanências curtas, mas não existe população permanente no local.
A ilha de São Paulo foi descoberta pela primeira vez em 1559 pelosportugueses. A ilha foi mapeada, detalhadamente descrita e registrada em pinturas feitas por membros da tripulação daNau São Paulo, entre eles o humanistaManuel Álvares e o químico Henrique Dias. Álvares e Dias calcularam corretamente a latitude como 38° Sul. O navio era comandado por Rui Melo da Câmara e fazia parte da Armada Indiana Portuguesa comandada por Jorge de Sousa. O São Paulo, que também transportava mulheres e partiu daEuropa e fez escala noBrasil, seria objeto de uma dramática e comoventehistória de sobrevivência depois de afundar ao sul deSumatra.[1]
O próximo avistamento confirmado foi feito peloneerlandês Harwick Claesz de Hillegom em 19 de abril de 1618.[2] Houve outros avistamentos da ilha ao longo do século XVII. Uma das primeiras descrições detalhadas, e possivelmente o primeiro desembarco, foi feita em dezembro de 1696 porWillem de Vlamingh.[2][3]
A reivindicação daFrança sobre ilha data de 1843, quando um capitão Mieroslawski redescobriu a ilha com um grupo de pescadores dailha de Reunião; interessado em estabelecer uma pescaria em São Paulo, Mieroslawski pressionou o governador da Reunião a tomar posse de São Paulo e dailha de Amesterdã. Isso foi feito por meio de um decreto oficial datado de 8 de junho de 1843, e em 1 de julho, de Martin Dupeyrat, comandando o navioL'Olympe, desembarcou na ilha de Amesterdã e depois em São Paulo em 3 de julho, e içou a bandeira francesa. A evidência sobrevivente dessa reivindicação é uma rocha inscrita situada na borda do lago da cratera de São Paulo, inscrita "Pellefournier Emile Mazarin de Noyarez, Grenoble, Cantão de Sassenage, Departamento de l'Isère, 1844". O decreto que deixou as ilhas de São Paulo e Amesterdã na posse de Mieroslawski está guardado noArchives Maritimes emParis". Todas as operações de pesca foram, no entanto, abandonadas em 1853, quando o governo francês renunciou à posse das duas ilhas.[4]
Em setembro de 1874, uma missão astronômica francesa transportada pelo veleiroLa Dive passou pouco mais de três meses em São Paulo para observar otrânsito de Vênus; o geólogo Charles Vélain aproveitou a oportunidade para fazer um significativo levantamento geológico da ilha.
Em 1889,Charles Lightoller, que mais tarde se tornaria famoso como segundo oficial doRMS Titanic, cujo naufrágio sobreviveu, naufragou aqui por oitenta e oito dias quando a barca à velaHolt Hill encalhou. Ele descreve o naufrágio e a ilha em sua autobiografia,Titanic and Other Ships. Lightoller especulou que os piratas usaram a ilha e seu tesouro poderia estar enterrado em suas cavernas.[5]
Em 1892, a tripulação do saveiro francêsBourdonnais, seguida pelo navioL'Eure em 1893, tomou novamente posse de São Paulo e da ilha de Amesterdã em nome dogoverno francês.
Em 1928, aCompagnie Générale des Îles Kerguelen recrutou René Bossière e váriosbretões emalgaxes para estabelecer uma fábrica de conservas de lagosta em São Paulo, "La Langouste Française". Em março de 1930, no final da segunda temporada, a maior parte dos funcionários foi embora, mas sete deles permaneceram na ilha para vigiar as instalações, supostamente por apenas alguns meses. Os suprimentos prometido chegou tarde demais. Quando o navio finalmente chegou, em dezembro de 1930, cinco pessoas haviam morrido, a maioria por falta de comida eescorbuto: Paule Brunou (uma criança nascida na ilha que morreu dois meses após o seu nascimento), Emmanuel Puloc'h, François Ramamonzi, Victor Brunou e Pierre Quillivic. Apenas três sobreviventes foram resgatados. Desde então, este evento passou a ser conhecido comoLes Oubliés de Saint-Paul ("Os esquecidos de São Paulo").[6][7]
Em 1938, a tripulação de um barco de pesca francês ficou presa na ilha. Chamadas de socorro enviadas pela tripulação por rádio de ondas curtas foram recebidas fortuitamente a 11 milmilhas de distância, nosEstados Unidos. A mensagem foi retransmitida para a Marinha e o cônsul francês emSão Francisco, enquanto Neil Taylor, de 12 anos, um operador derádio amador naCalifórnia, fez contato com a tripulação encalhada e garantiu que a ajuda estivesse a caminho.[8]
Referências