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| País | |
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| Região autónoma | |
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| Área | 233,5 km2 |
| Ponto culminante | |
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| População | 9 171 hab. |
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| Densidade | 39,3 hab./km2 |
| Membro de |
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| Origem do nome |
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Ailha de São Jorge é uma ilha situada no centro do Grupo Central doarquipélago dos Açores, separada dailha do Pico por um estreito de 15 km - ocanal de São Jorge. A ilha tem 53 km de comprimento e 8 km de largura, sendo a sua área total de 237,59 km², e tem uma população de 8373 habitantes (Censos de 2021).[1]
Administrativamente, a ilha é constituída por dois concelhos e onze freguesias:
Há três vilas: Calheta, Velas eVila do Topo.
Esta ilha é atravessada por umacordilheira montanhosa que atinge a altitude máxima de 1 053 metros, noPico da Esperança. A costa é em geral rochosa, comarribas altas e escarpadas.





A grande particularidade desta ilha são asFajãs, quase todas habitadas mas de acesso muito difícil. Na costa Norte, destacam-se asFajã do Ouvidor,Fajã da Caldeira de Cima,Fajã da Ribeira da Areia,Fajã dos Cubres eFajã da Caldeira de Santo Cristo. Na costa Sul, as mais importantes são aFajã dos Vimes e aFajã de São João.
A sua origem está ligada umvulcanismo fissural promovido pela expansão dacrosta do Atlântico e está associada a uma falha transformante que vai desde a CMA até ailha de São Miguel - aFalha de São Jorge
Foi assim esta ilha criada por sucessivaserupções vulcânicas em linha recta, de que restamcrateras, a sua plataforma central tem a altitude média de 700 metros, descendo muitas vezes quase a pique desde essa altitude até às fajãs junto do mar. Tendo assim alguns locais uma costa altamente escarpada e quase vertical, sobretudo a norte. Está situada a 28º 33’ delongitudeOeste e a 38º 24’ delatitudeNorte.
O clima como nas restantes ilhas do grupo Central, é moderado, com temperaturas médias anuais oscilando entre 12 °C (53 °F) e 25 °C (77 °F).
Esta ilha apresenta um perfil bastante alongado e bastante estreito que a torna única a nível do arquipélago dosAçores, dado que nenhuma outra apresenta semelhante característica. É uma ilha cujas Serras são muito elevadas nas vertentes voltadas ao Norte, principalmente devido à forte e constanteabrasão do mar e também porque este se apresenta nesta face da ilha bastante profundo. Estas características permitiram o surgimento da fajã que no caso da ilha de São Jorge e devido à sua quantidade é também caso único nos Açores.
A costa sul apresenta-se com um declive muito menos acentuado, descendo quase com suavidade até ao mar. Nesta costa muito mais baixa é raro surgiram fajãs.
Para esta morfologia muito terá contribuído a da tectónica regional, que formou um alinhamento de cones estrombolianos com origem novulcanismo fissural.
Ainda na mesma edição d'A Revista de Estudos Açorianos, Vol. X, Fasc. 1, página. 63, de Dezembro de 2003, afirma-se: ("… De entre os diversos trabalhos publicados sobre a ilha de São Jorge destacam-se, por estabelecerem uma escalavulcanoestratigráfica, os de Forjaz (1966, 1979), Forjaz et ai. (1970, 1990) e Forjaz & Fernandes (1970, 1975). Posteriormente, Madeira (1998) considera as mesmas unidades definidas por aqueles últimos autores, embora (l) usando a nomenclatura apresentada naCarta Geológica de Portugal na escala 1:50.000 (Forjaz & Fernandes, 1970); (2) inserindo as erupções históricas no complexo vulcânico mais recente e (3) apresentando algumas alterações nas manchas cartográficas definidas por Forjaz et al.(1970), que não se mostra relevante pormenorizar no âmbito deste trabalho.
Sucintamente serão caracterizados os diferentes complexos, que por ordem decrescente de idades são:Complexo Vulcânico do Topo,Complexo Vulcânico dos Rosais eComplexo Vulcânico de Manadas. …")
Pede desta forma descrever-se ageomorfologia da ilha de São Jorge que a Revista de Estudos Açorianos, Vol. X, Fasc. 1, página. 61, de Dezembro de 2003, afirma assim: "(… A ilha de São Jorge onde há uma clara expressão geomorfológica datectónica regional, exibe um alinhamento de cones estrombolianos de direcção WNW-ESSE, que evidencia um vulcanismo fissural por excelência.
A ilha desenvolve-se ao longo de cerca de 55 km, desde aPonta dos Rosais até aoIlhéu do Topo observando-se a sua máxima largura entre aFajã das Pontas e o Portinho da Calheta (aproximadamente 7 km). A área ocupada por São Jorge ronda os 246 km² (Madeira, 1998). A diferença entre um relevo vigoroso a W, e uma morfologia bastante mais suave a E permite individualizar duas regiões distintas, respetivamente, a Região Ocidental e a Região Oriental, separadas, grosso modo, pelo vale da Ribeira Seca.
A primeira abrange a área compreendida entre a Ponta dos Rosais e o limite definido pela Canada da Ponta, a norte, e a Grota Funda, a sul (Madeira, 1998). Esta é a região de vulcanismo mais recente, o que é inferido quer pelas formas bem preservadas de alguns cones e do aspeto fresco dos produtos vulcânicos a eles associados, quer por nela se situarem os centros eruptivos das erupções históricas de 1580 e 1808. Uma atividade vulcânica mais intensa foi determinante para que no centro e na parte oriental desta região se observem as maiores altitudes, nomeadamente noPico da Esperança (1053 m). Pelo contrário, no extremo ocidental da ilha, a ausência de um processo construtivo similar permitiu que os efeitos erosivos marinhos prevalecessem, afetando drasticamente a superfície da ilha nas imediações deRosais.
Para além dos cones resultantes de uma nítida atividadeestromboliana são visíveis, ainda, três cones relacionados com atividade frea-tomagmática, subaérea (Pico do Areeiro) e submarina (Morro Grande e Morro do Lemos).
Os perfis representados na são demonstrativos do contraste que ocorre entre as vertentes NE e SW da ilha de São Jorge. A maioria das arribas do lado NE tem alturas entre 300 e 400 m e declives bastante acentuados (45° a 55°; Madeira, 1998). Neste sector são visíveis várias fajãs, sendo algumas lávicas (Fajã do Ouvidor, Fajã das Pontas e Fajã da Ribeira da Areia) e outras detríticas (Fajã de João Dias eFajã da Penedia). No lado SW as arribas apresentam alturas mais variáveis, no entanto, sempre superiores a 100 m. Ao longo do litoral observam-se, também, algumas fajãs lávicas, tais como Fajã das Velas, Fajã da Queimada,Fajã Grande e Fajã da Calheta.
O regime de carácter periódico das ribeiras da região ocidental da ilha está fortemente condicionado pelamorfologia vulcânica recente. Neste contexto, as linhas de água são pouco extensas, de padrão mais ou menos paralelo e mostram-se frequentemente pouco encaixadas, com exceção para os casos em que se desenvolvem sobredepósitos piroclásticos. A região oriental, igualmente resultante de uma atividade fissural intensa, é notoriamente mais antiga e fortemente modelada pela erosão. Deste modo verifica-se(l) um recuo do litoral NE até à cadeia axial dos cones; (2) que as arribas são mais altas do que as existentes na região ocidental; (3) que a morfologia original dos cones está mais apagada; (4) que os efeitos da tectónica estão mais presentes; (5) que as fajãs são todas detríticas, por ausência de um vulcanismo mais recente; (6) que os cursos de água se mostram mais encaixados no relevo e (7) que o grau de hierarquização dasbacias hidrográficas é um pouco mais elevado do que na região ocidental (Madeira, 1998).
É de realçar, ainda, o facto de os cursos de água da parte oriental, por se desenvolverem obliquamente à ilha, apresentarem um maior comprimento. …)
A ilha aparece figurada, sem identificação, no "Portulano Mediceo Laurenziano" (Atlas Laurentino, Atlas Mideceu), de 1351, atualmente naBiblioteca Medicea Laurenziana, emFlorença, naItália. Mais tarde, noAtlas Catalão, deJehuda Cresques, de cerca de 1375, actualmente naBibliothèque Nationale de France emParis, encontra-se figurada e nomeada com o seu atual nome: "São Jorge".
Desconhece-se a data exacta de quando os primeiros povoadores nela desembarcaram, no prosseguimento da política de povoamento do arquipélago, iniciada cerca de 1430 peloInfante D. Henrique.Gaspar Frutuoso, sem indicar o ano da descoberta, refere ter sido:
A mesma data será seguida pelo padreAntónio Cordeiro, que entretanto refere o ano como 1450.[3] Essa data, contudo, é incorreta, uma vez que pela carta de 2 de julho de 1439Afonso V de Portugal concede ao seu tio, oinfante D. Henrique, autorização para o povoamento das (então) sete ilhas dos Açores, em que São Jorge já se incluía. Por outro lado,João Vaz Corte Real foi capitão do donatário daCapitania de Angra em 1474, e da deSão Jorge em 1483. Raciocínio semelhante se aplica à figura deJácome de Bruges.
Sabe-se, no entanto, que o seu povoamento terá se iniciado por volta de 1460. Estudos recentes indicam que o primeiro núcleo populacional se tenha localizado na enseada dasVelas de onde se irradiou paraRosais,Beira,Queimada,Urzelina,Manadas,Toledo,Santo António eNorte Grande. Um segundo núcleo ter-se-há localizado naCalheta, com irradiação para os Biscoitos,Norte Pequeno eRibeira Seca.
Diante do insucesso do povoamento daIlha das Flores, o nobreflamengoWillem van der Hagen (Guilherme da Silveira), por volta de 1480 veio a fixar-se no sítio doTopo fundando uma povoação, e aí vindo a falecer. Os seus restos mortais encontram-se sepultados na capela doSolar dos Tiagos.
É pacífico que a ilha já se encontrava povoada quandoJoão Vaz Corte Real, Capitão-donatário dacapitania de Angra (ilha Terceira), obteve aCapitania da Ilha de São Jorge, por carta régia de 4 de Maio de 1483 (Arquivo dos Açores, vol.3, p. 13).
Como nas demais ilhas atlânticas, os primeiros povoadores, vindos do mar, fixaram-se no litoral, junto aos melhores e mais seguros ancoradouros. O crescimento populacional e desenvolvimento económico foram rápidos, de modo que:
Na segunda metade doséculo XVI, a ilha contava com cerca de 3000 habitantes, concentrados nas suas três vilas.
A economia desenvolveu-se em torno daagricultura dotrigo, domilho e doinhames, complementada pelavinha. Eram importantes também o cultivo dopastel e a coleta deurzela, exportados para a Flandres, de onde eram redistribuídos para outros países daEuropa. Remonta a este período a produção do tradicionalQueijo São Jorge, tendo mais tardeGaspar Frutuoso registado:
No decorrer da sua história, a ilha foi sujeita a ataques depiratas ecorsários, como por exemplo os assaltos às Velas (1589 e 1590) e depiratas da Barbária durante todo o século XVI (dos quais o mais importante registou-se em 1597). Estes últimos promoveram um grande ataque à Calheta em 1599, tendo escravizado habitantes daFajã de São João em 1625. No século seguinte, a calmaria foi rompida pelo ataque à vila das Velas pelos corsáriosfranceses sob o comando deRené Duguay-Trouin (20 de Setembro de 1708), a caminho doRio de Janeiro. Embora a população tenha resistido durante vinte e quatro horas, não conseguiu, no entanto, evitar o desembarque. Os invasores foram detidos no sítio das Banquetas, impedidos assim de ocuparem e saquearem as povoações vizinhas. Nessa defesa, destacou-se a ação enérgica do Sargento-morAmaro Soares de Sousa.
Diante dacrise de sucessão de 1580, a ilha de São Jorge, como aTerceira, declarou-se por D.António I de Portugal, vindo a capitular apenas quando da queda da Terceira, em 1583.
A ilha mergulha, a partir de então, num longo período de isolamento, devido em grande parte à precariedade de seus ancoradouros, incapazes de oferecer refúgio adequado àsnaus, bem como à limitada importância de sua economia. ADinastia Filipina sujeitou-a a um regime tributário especial e, no geral, foi relegada a segundo plano.
Oséculo XVII na ilha foi marcado pelo chamadoMotim dos Inhames, uma revolta contra os pesados impostos cobrados à população à época, que eclodiu na Calheta e no Norte Grande (1697). Em sua origem esteve a ação deFrancisco Lopes Beirão que, em 1692 arrematou por três anos emLisboa, o contrato para cobrança dodízimo das "miunças e ervagens" da ilha pela quantia de 415$000réis.
Oséculo XVIII foi marcado pelo grandeterramoto de 9 de Julho de 1757. Durou dois minutos e causou cerca de 1.000 mortos, 125 dos quais naVila do Topo, sendo seguido detsunami de fraca intensidade. Desde o Topo até àCalheta não houve casa que resistisse sem danos. Nos dias que se seguiram ao sismo surgiram na costa norte da ilha 18 ilhotas resultantes dos deslizamentos de terra e, passados 3 dias, ainda se ouviam os gritos de pessoas soterradas naFajã de São João. Este foi o maior sismo registado na história da ilha, e ficou conhecido como o "mandado de Deus".
No contexto daGuerra Civil Portuguesa (1828-1834), quando da ofensiva liberal do7.º conde de Vila Flor, regista-se o desembarque das tropas liberais na ilha (10 de Maio de 1831), tendo lugar orecontro da Ladeira do Gato,[4] com a vitória dos liberais, registando-se algumas baixas.
Como nas demais ilhas do arquipélago, em meados doséculo XIX as vinhas foram devastadas pelafiloxera (1850, 1860), período em que a exportação delaranjas trouxe alguma prosperidade à economia da ilha.
Na última década do século, a par com as ilhas vizinhas, inicia-se acaça à baleia.
O histórico isolamento da ilha só começou a ser rompido noséculo XX, com as obras dos seus dois principais portos: oPorto de Velas e oPorto da Calheta, a que se somou a construção doAeródromo de São Jorge, inaugurado em 23 de Abril de 1983.
Isso abriu a ilha a novos horizontes de desenvolvimento e progresso; para o qual junta-se o aproveitamento dos seus recursos naturais, a expansão da pecuária e pesca, o fabrico do famosoqueijo da Ilha de São Jorge, oturismo.
O grandesismo de 1 de Janeiro de 1980 que atingiu as ilhas Terceira e Graciosa também se fez sentir em S. Jorge. Ocorreu pelas 16:42 (hora local), durou entre 11 a 20 segundos e teve magnitude de 7,2 naescala de Richter e intensidades de VIII naescala de Mercalli na Vila do Topo e em Santo Antão, em S. Jorge, tendo aqui feito, além de extensos danos materiais, 20 vítimas fatais.
Em 9 de julho de 1998 um forte sismo, que atingiu 5,8 naescala de Richter, causou danos materiais.
Durante os cincoséculos e meio de ocupação humana da ilha o homem marcou profundamente apaisagem; de uma cobertura vegetal dominada pelasflorestas delaurissilva surgem novas marcas na paisagem da ilha. Essas marcas visíveis em vários campos estão napaisagem agrícola, naconstrução religiosa, na civil etambém militar.
Passam pelo campo civilizacional transformando São Jorge numa ilha que se do ponto de vista paisagístico é considerada profundamente monumental, no sentido clássico do termo e tendo em atenção as suasarribas,falésias efajãs, é por outro lado um "museu vivo", que se mostra claramente na sua história e tradições materializadas ou no património móvel e imóvel que se estende desde aPonta dos Rosais àponta do Topo.
Ao nível do património civil, esta ilha mostra as influências recebidas do exterior ao longo dos séculos. Essas influências chegaram a através dos contactos mantidos desde oséculo XV com várias regiões de Portugal e de outros países conforme a origem dos povoadores. Aqui e ali surgem na paisagem influenciasespanholas trazidas eventualmente pelosÁvilas e daFlandres trazidas estas pelo povoadorWillem van der Hagen. Manifestam-se principalmente nas construções mais antigas.
Este património também está nas adaptações que o homem fez da paisagem, seja por necessidade ou seja pela criatividade, de forma a facilitar a vida quotidiana, numa terra virgem e cujo ambiente nem sempre foi o mais dócil se tivermos em atenção não apenas aserupções vulcânicas, estas por si mesmas grandes transformantes da paisagem, mas também osterramotos, e a datação da própriaorografia jovem que origina à queda de falésias, dando estas origem às características fajãs de São Jorge.
Este património pode ainda ser dividido entre as suas versões "rural" e "urbana", com as suas atuais vilas (Velas e Calheta) onde a arquitetura urbana mais se faz sentir, sem ainda esquecer o antigo concelho do Topo e a sua principal localidade (Vila do Topo).
Nos povoados mais antigos nota-se uma transição do rural ao urbano mais acentuada. Esta transição tem expressão na localidade do Topo, um dos mais antigos povoados da ilha de São Jorge, podendo aqui caracterizar-se por uma estrutura urbana bem acentuada. A Vila da Calheta tem uma estrutura urbana mais frágil e menos organizada desde o seu inicio construtivo, mantendo umas características tradicionais de ruas algo desalinhadas.
Na localidade da Velas existe uma estrutura urbana bem consolidada, para o que também contribuiu a plataforma plana onde o povoado se desenvolveu.
O povoamento rural mostra-se disperso, e basicamente ordenado ao longo dasvias de comunicação apresentando grandes espaços vazios de habitações entre as localidades.
Depois do estabelecimento de forma definitiva dos primeiros núcleos de povoadores e também depois de garantida a sua subsistência mais imediata principalmente do ponto de vista alimentar e de abrigos, deu-se o início do seu desenvolvimento económico que aconteceu com o cultivo daurzela e dopastel e a introdução de diversas culturas exportáveis como foram otrigo ou omilho.
O trigo foi um produto base da alimentação, tendo sido introduzido logo nos primeiros tempos do povoamento, foi além de uma base alimentar um importante produto de exportação para oreino ePraças da África Portuguesa, transformando-se assim num dos mais importante produtos de obtenção de riqueza, riqueza essa que no entanto ficava quase sempre na posse dos grandeslatifundiários rurais pouco chegando a uma imensa mão de obra rural e barata que lutava pela subsistência.
O pastel foi um dos grandes produtos de exportação da ilha de São Jorge e dos Açores em geral. Foi introduzido nesta ilha pelo povoadorGuilherme da Silveira por volta de 1490. Era exportado, junto com a urzela para a Flandres, de onde Guilherme da Silveira era natural. Nesses mercados centroEuropeus, tanto a urzela como o pastel atingiam grandes preços e davam grandes lucros. Eram usados para efeitos de tinturaria.
O cultivo daVideira, mais tarde foi também um dos grandes produtos agrícolas da ilha de São Jorge. Avitivinicultura desempenhou um importante papel económico logo depois de passar o ciclo do trigo, do pastel e da urzela. Assim o vinho foi a mais importante exportação da ilha desde pelo menos 1571 e durou por três séculos.
Encontrando-se já noséculo XV, disseminado por parte significativa da costa sul da ilha de São Jorge, depois das primeiras experiências realizadas nailha Terceira e nailha de São Miguel.
Foi uma cultura que, devido àscondições geológicas, se adaptou bem à faixa que vai desde o lugar daRibeira do Almeida e freguesia daQueimada (Velas) até à freguesia dasManadas, com extensões cultivadas em várias fajãs do concelho daCalheta, nomeadamente naFajã dos Vimes, naFajã de São João, naFajã do Ouvidor, naFajã Grande entre outras.
Estes eram terrenos não adequados à cultura de cereais, para os quais foi encontrada esta cultura "alternativa".
As maiores produções localizaram-se principalmente no eixo Queimada–Urzelina–Manadas, de tal modo que esta parte da ilha se transformou num dos melhor espaços da ilha, sendo também o mais estimado e lucrativo.
Ascastas dominantes foram as doverdelho e doterrantez, embora também se tenha cultivadobastardo,moscatel, ealicante, entre outros.
Contrariamente ao que aconteceu em outras ilhas dos Açores, como foi o caso dailha do Pico, ou nosBiscoitos, na ilha Terceira e também nailha Graciosa, na ilha de São Jorge as vinhas produziam espalhadas pelas faias e pelos arvoredos, embora também se fizesse o cultivo nos tradicionais currais, feitos estes com muros depedra basáltica e que abrigavam as plantas que cresciam junto ao solo.
Em anos considerados regulares, e já noséculo XVI, chagou-se a produzir nesta ilha vários milhares depipas de vinho. Só na Queimada chegou-se às 1.500 pipas. Destas 1.500 pipas chegou-se às 10 000 pipas que eram suficientes para consumo da ilha, venda em outras ilhas do arquipélago e ainda vender no continente português, além de se proceder à exportação para o estrangeiro. (O vinho do Pico, produzido com as mesmas castas, chegou a estar na mesa dosczares da Rússia). A produção regular manteve-se sempre em torno das 10000 pipas, até meados doséculo XIX.
A produção de vinho da ilha de São Jorge atingiu elevada qualidade do ponto deConde de Almada, entãoCapitão General dos Açores, emitir em 1801 um decreto no sentido de criar a marca "São Jorge" e isto para evitar as especulações e os fraudes com este produto de tão lucrativo.
A qualidade do vinho da ilha de São Jorge foi muito apreciada naExposição Universal de Paris de 1867, em que se afirmou que este poderia rivalizar com oVinho do Porto.
Tal como aconteceu nas outras ilhas dos Açores e em praticamente toda a Europa, mas nesta ilha só um pouco mais tarde, em 1854, também o famosoOidium tukeri chegou a São Jorge.
Foram feitas várias tentativas de retoma da produção, nomeadamente peloBarão de Ribeiro (Francisco José de Bettencourt e Ávila), na Urzelina, seguido por Miguel Teixeira Soares de Sousa e Marta Pereira da Silveira, que procederam à plantação da castaIzabela.
Afiloxera, no entanto, continuava a causar grandes estragos no concelho da Calheta durante a segunda metade do século XIX. Só no fim do século, é que a produção foi retomada e foi muito abundante.
Esta terrível doença da videira praticamente destruiu toda a cultura da vinha da ilha e levou muitos agricultores que dependiam exclusivamente deste produtos à falência.
Para a história desta cultura ficou o famosovinho do lugar dosCasteletes, na freguesia da Urzelina, por ser onde se produzia um dos vinhos de maior qualidade. Envolvidos nesta produção estiveram quase todas as famílias latifundiárias da ilha que possuíam terras em locais cuja produção do vinho fosse possível. Foi o caso da famíliaNoronha na pessoa domorgadoJoão Inácio de Bettencourt Noronha que fazia a grande produção vinhateira não só na Urzelina, mas também na Fajã de São João.
OCiclo da laranja foi o nome como ficou conhecido o período do cultivo daLaranja nesta ilha e nos Açores em geral. A Laranja foi uma cultura introduzida nas ilhas durante oséculo XVII e que dado as condições ambientais aliadas à grande fertilidade do solo decinzas vulcânicas alcançou uma grande produção. A exportação da laranja para aInglaterra eAmérica do Norte chegou a atingir, em anos ordinários, mais de seis barcos cargueiros por estação.
Procedeu-se ao cultivo da laranja na faixa territorial que se estende desde a localidade deSanto amaro, Urzelina,Ribeira Seca e Fajã de São João. Em anos de colheitas regulares chagou-se a produzir mais de 7000 milheiros (cada milheiro, equivale a 142 quilos, o que dá por ano o equivalente a 994 toneladas de laranja.)
A cultura doinhame foi desde a introdução desta planta na ilha de São Jorge, e mesmo nas restantes ilhas dos Açores, uma importante fonte de subsistência, particularmente das classes mais desfavorecidas. Cultivava-se em todas as freguesias e em todos os locais da ilha onde fosse possível aproveitar uma nesga de solo deixado por cultivar com outras produções tidas por mais valiosas.
Esta cultura entrou para a história da ilha de São Jorge, não só, como já referido por ser o produto alimentar por excelência das camadas mais desfavorecidas, mas principalmente, porque a cobrança do seu Dízimo originou um Motim na Calheta e Norte Grande em 1694, pelo que está representado noEscudo de Armas da Vila da Calheta.
A indústria dacaça à baleia, foi igualmente e durante a última década do século XIX até meados doséculo XX, uma importante fonte de rendimento para uma extensa camada da população que vivia quase exclusivamente desta industria. Ao longo de locais estratégicos por oferecerem uma boa vista sobre o mar foram construídos locais de observação dabaleia e que assim que um destescetáceos era avistado, o vigia dava o alarme fazendo com que a população corresse para o cais mais próximo com o objetivo de dar inicio à caçada.
Durante o século XX, na década de 1960, foi de grande importância a pesca daalbacora e dobonito, para o que foram armados diversos barcos dedicados a esta pesca cuja abundância foi tal que justificou a criação de duas unidades fabris na Vila da Calheta para a transformação e conserva do Peixe.
Atualmente a maior atividade produtiva é sem duvida a que está ligada à exploraçãoagro-pecuária e que se devida desde a criação debovinos quer para a produção decarne e deleite que, entregue, este último nas Cooperativas, é transformado noqueijo de São Jorge, que é detentor deDenominação de Origem Protegida.
Noartesanato local, destaca-se trabalhos emlã daFajã dos Vimes, madeira decedro na Ribeira Seca, bem como a construção de barcos de pesca na Calheta e no Topo.
São Jorge localiza-se em plenooceano Atlântico numa zona dealtas pressões atmosféricas, beneficiando da influência dacorrente do Golfo que, mantendo a temperatura da água do mar entre os 17° e os 23 °C e com temperaturas atmosféricas entre os 13° e os 24 °C, condiciona a humidade do ar com uma média anual de 75 % e proporciona um regime de chuvas que ajudam a moldar não só o aspeto físico da paisagem como dos seres que a habitam.
Está ilha era possuidora de umaflora característica e comum, aquando da sua descoberta, à flora das outras ilhas atlânticas daMacaronésia. Ao longo dos séculos a ação dos povoadores e demarinheiros vindos daÁfrica,Ásia, eAméricas acabou por causar uma profunda alteração na cobertura vegetal da ilha.
Além disso, as arroteias muitas vezes feitas por grandes incêndio que ardiam durante semanas nas florestas primitivas, aagricultura e apastorícia causaram o desaparecimento de grande parte da floresta primitiva da ilha ao ponto de atualmente só restarem vestígios nas zonas de mais difícil acesso, onde ainda é possível encontrar:cedro-do-mato,louro-sanguinho,dragoeiro,pau-branco,urze,faia,remania,vinhático. Estes locais encontram-se quase todos protegidos por lei.
A introdução de outras plantas teve também um papel importante na subsistência das populações e hoje apesar de caracterizarem, embelezarem e perfumarem as paisagens da ilha, são muitas vezes invasores e de difícil controlo chegando a causar grande dano à flora indígena. São exemplos de flora introduzida:batata, oinhame, opastel, abatata-doce, alaranja, aconteira, acriptoméria, olinho, otrigo, oeucalipto, omilho, avinha, ahortênsia, aacácia, entre várias muitas outras que são usadas desde a alimentação humana à animal, mas também como ornamentais.
Atualmente e em altitude predomina apastagem, como constituinte principal da cobertura vegetal na ilha. Nasfajãs existe uma miríade de milhares de plantas em harmoniosa convivência podendo encontrar-se varias centenas de diferentes plantas em poucoshectares de terreno, constituindo um precioso e variadoecossistema em que esta coberta vegetal dá abrigo a umafauna também muito abundante.
Existem poucos dados sobre a fauna primitiva desta ilha a quando da sua descoberta. Sabe-se no entanto que era composta basicamente poraves einsetos.
Algumas das espécies de aves que na altura existiam ainda hoje persistem. São o caso docagarro, dogarajau, domilhafre, docanário, dalabandeira, dopintassilgo, daestrelinha (raro e protegido), domelro, dotentilhão, dagaivota.
Naorla costeira, existe uma variedade de fauna que não sofreu alterações desde a descoberta da ilha, sãocrustáceos emoluscos que ainda se encontram como é o caso daamêijoa, docaranguejo, dalapa-brava, dobúzio, dacraca, dalapa-mansa entre muitas outras populações.
Todos os animais de grande e médio porte, à exceção domorcego, foram introduzidos e, alguns deles, bem recentemente como é o caso dopardal, que chegou à ilha de são Jorge em 1970.
As principais manifestações festivas de carácter popular da ilha de São Jorge, não são diferentes das que se fazem na generalidade das restantes ilhas dos Açores, e são asFestas do Espírito Santo que convergem em torno doImpério do Divino e são uma importante manifestação religiosa que tem lugar todos osdomingos durante sete semanas após daPáscoa e culmina no sétimo domingo,Pentecostes, variando de localidade para localidade dentro da ilha.
ASemana Cultural das Velas é igualmente outra expressão popular que mistura oetnografia tradicional com nas novas manifestações culturais que chegam de fora. Durante esta semana celebram-se conferências e exposições de figuras destacadas da cultura de Açores. Na primeira semana de Julho são feitos concertos de artistas locais e vindos de Portugal Continental. Também se realiza durante estas festividades umafeira Taurina, e finalmente aregata deHorta-Velas-Horta, que completa o cartaz destas festas.
O Festival de Julho é o nome de outra manifestação festiva, desta vez realizada no concelho daCalheta. Estas festas duram quatro dias e são compostas por desfiles etnográficos,comédias musicais e representaçõesteatrais, até exposições e concursos desportivos de diversas índoles.
Asromarias são uma tradição da ilha de São Jorge e está profundamente ligada à crença da intervenção Divina contra a força dosVulcões eTerramotos. Assim surge a Romaria deNossa Senhora de Carmo que se realiza naFajã dos Vimes, em16 de Julho de cada ano. E a Romaria de Santo Cristo que se realiza naFajã da Caldeira de Santo Cristo. Estas romarias são sempre compostas por umaprocissão do orago do lugar, porfogos artificio emissa.
A gastronomia da ilha de são Jorge embora inclua muitas das restantes tradições gastronómicas dos Açores, tem muitas características únicas da ilha. São os pratos típicos de carne e peixe confecionados com abundância deespeciarias que a estas ilhas chegaram trazidas por mar.
Entre os pratos tradicionais e exclusivos da ilha de São Jorge há aqueles que são confecionados comamêijoas, visto esta ser a única ilha dos Açores onde esta espécie existe na natureza. Esta espécie é capturada naFajã da Caldeira de Santo Cristo, nas margens daLagoa da Fajã de Santo Cristo.
Nadoçaria existe uma grande quantidade de doces variados, alguns de origem conventual, outros criados pela própria população. Entre esses doces destacam-se: Oscoscorões, asrosquilhas de aguardente, asespécies, ossuspiros, osolvidados, osbolos de véspera, oscavacos, aqueijada de leite, e aaçucareira branca.
Nesta ilha produz-se umpão tradicional exclusivamente feito defarinha de milho que pode ser milho branco ou milho amarelo e que foi durante séculos um dos poucos cereais ao alcance de todos, já que o trigo só se encontrava ao alcance das classes mais abastadas.
O inhame foi outros dos produtos grandemente ligado à gastronomia tradicional desta ilha chegando em alguns locais a ser a base da alimentação.
O queijo de São Jorge é um produto tão importante para a economia da ilha que até foi criada aConfraria do Queijo de São Jorge.
Este é um dos produtos mais famosos da ilha e que é exportando para todo o mundo é curado durante alguns vários meses em salas onde é mantida uma temperatura e humidade constante. (A sua receita e composição não é conhecida de todos, de modo que a receita tradicional é tida como secreta). O seu sabor é algo agreste e está profundamente ligado com a alimentação do gado, seja com a erva que o mesmo come, livre nas pastagens, seja por ser habito desta ilha alimentar-se o gado principalmente durante oInverno com os ramos doincenso,árvore do origem Oriental e que foi introduzida nos Açores e que atualmente se encontra disseminada por todas as ilhas do arquipélago.
