Acredita-se que este livro formava originalmente uma só obra comII Samuel,I eII Reis conhecida comoLivro do Reino. A primeira parte teria sido escrita porSamuel, mas o restante porNatã eGade. O enorme tamanho deste únicorolo, composto por um dos escritores, deve ter levado à sua divisão arbitrária em quatro partes, num tamanho de mais fácil manuseio. Assim, tanto aSeptuagintagrega como aVulgatalatina chamam I e II Samuel de "I e II Reis" respectivamente eI eII de "III e IV Reis", reconhecendo que trata-se de uma divisão posterior.
I Samuel conta a história deSamuel, um importante profeta, e do reinado do reiSaul até a sua morte, incluindo a guerra dosfilisteus contra Israel e a grande façanha do jovem pastorDavid (mais tarde rei de Israel), ao derrotar o giganteGolias.
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«Samuel falou então ao povo sobre a prerrogativa legítima do reinado, e escreveu-a num livro e depositou-o peranteJavé.» (I Samuel 10:25)
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Resumo de alguns destaques de I Samuel:
Javé escolhe Samuel como profeta em Israel (1:1–7:17);
Saul torna-se o primeiro rei de Israel (8:1–15:35);
Para entender a parte histórica dos livros deSamuel, torna-se necessário conhecer a história bíblica desse período. AsDoze tribos de Israel achavam-se desorganizadas e o perigo em comum obrigou-as a unirem-se. A conclusão lógica deste processo seria o estabelecimento de uma monarquia centralizada.
O livro relata a existência de duas visões opostas sobre o surgimento da autoridade política central. A primeira é contrária e hostil à monarquia (I Samuel 6:1;I Samuel 10:17–27) e era a visão, mais democrática, das tribos do Norte, que viviam em terras mais produtivas. A segunda, favorável à monarquia (I Samuel 9:1–16;I Samuel 11:1), representa a visão datribo de Judá, que vivia em terras menos produtivas. Considerando as duas versões, pode-se concluir que a autoridade é um mal necessário — embora justificável, ela pode ser absoluta, explorar e oprimir o povo — e, ao mesmo tempo, um dom de Deus — uma instituição mediadora, que deve representar, isto é, tornar presente o próprio Deus, único rei que liberta e governa o seu povo[1].
Os inimigos territoriais de Israel —Moabe,Edom eAmon — também haviam se organizado em forma similar antes que os israelitas chegassem aCanaã. Outro inimigo de Israel, aAssíria, também tinha um governo monárquico.
Os reis de Israel são retratados nestes livros como cabeças legais e visíveis dum estado nacional organizado. No entanto, compreende-se que a transição não foi abrupta, mas seguiu-se de forma gradual. Logo depois do período dosjuízes,Javé escolhe o rei de Israel,Saul. O apoio e a direção de Deus sobre este israelita levam-o a alcançar grandes realizações. Esta nova instituição real aparece logo depois da vitória de Israel sobre Amom relatado emI Samuel 11:1. Logo após, o reinado deSaul recebe reconhecimento como autoridade nacional.
Apesar da direção teocrática que aBíblia outorga aos reis deIsrael, percebe-se que houve um desvio de proceder da parte de muitos destes, o que incluiu o rei Saul.
Assim como acontece com outroslivros históricos do Antigo Testamento, mediante a mera leitura se evidencia que I Samuel não foi escrito com mero objetivo histórico, mas sua narração está fortemente ligada ao interesse religioso da antiga nação de Israel, e do seu Deus,Javé.
O objetivo da união das doze tribos, para maior glória de Javé teria fracassado se não fosse o êxito da escolha do sucessor de Saul,Davi, monarca ideal do ponto de vista do cronista bíblico. Já Salomão e outros reis posteriores mereceram a reprovação dos escritores deCrônicas eReis.
Depois da reprovação de Saul, chega a fidelidade de Davi, nome que foi eleito como modelo de liderança esperado por Javé. Sua autoridade não se compara com nada antes dele. De sualinhagem nasceria oMessias e esta promessa de esperança messiânica se estende por todos os tempos até se consolidar com a vinda deJesus Cristo.