Oshititas eram umpovoindo-europeu que, noII milénio a.C., fundou um poderoso império naAnatólia central (atualTurquia), cuja queda data dosséculos XIII-XII a.C.. Na sua extensão máxima, o Império Hitita compreendia aAnatólia, atualmente parte daTurquia e regiões doLíbano eSíria.
Chamavam-se a si próprios Hati (Hatti) e a sua capital eraHatusa (ou Hatuxa). Os registros em baixo relevo e relatos da época descreviam os hititas como homens fortes, de estatura baixa, com barbas e cabelos longos e cerrados, possivelmente usados como proteção para o pescoço. Oscavalos eram venerados como animais nobres. Os encarregados de cuidar dos cavalos assumiam notoriedade na sociedade hitita.
Tal como osantigos egípcios, seus contemporâneos, detinham uma escritahieroglífica. Sua principal arma eram os temidoscarros de guerra com capacidade para três pessoas (um condutor e dois guerreiros, geralmente um deles utilizando umarco), uma inovação frente aos carros de guerra de 2 pessoas utilizados tradicionalmente por seus vizinhos.
Abatalha de Cadexe é o evento mais famoso da história hitita, quando o príncipeHatusil III, tio do reiMuatal II atacou de assalto o exército deRamessés II do Egito nas proximidades da cidade deCadexe. A dramática batalha (segundo relatos egípcios, o próprio faraó precisou usar a espada para salvar sua vida) terminou sem vencedores, mas ambos os lados reivindicaram a vitória. A batalha é ricamente detalhada em escrituras egípcias e a descoberta dos sítios hititas na Turquia confirmou o triunfo hitita sobre o Egito.
Depois da Batalha de Cadexe, os hititas envolveram-se em uma guerra civil que esfacelou o Império. Logo após a guerra, os hititas incendiaram Hatusa e fugiram para uma região desconhecida. Até hoje não se sabe qual foi o destino dos hititas. O imo[necessário esclarecer] do poderio hitita, bem como seu brio, havia sido deixado de lado quando as cidades mais poderosas de seu império foram devastadas em guerras civis e abandonadas por seu próprio povo. Sem suas capitais bélicas, o restante do império foi devastado por indo-europeus, conhecidos comoPovos do Mar.
Os hititas também venceram outras batalhas importantes e eram grandes inimigos dos gregos. Durante o apogeu do Império, saquearam a cidade-estado da Babilônia, arrebataram cidades doshurritas e tambémAlepo, do Egito. Na Ásia Menor, não havia povo tão evoluído quanto os hititas, que assimilaram tudo dos antigos povos que ali viviam, conhecidos como seus ancestrais, oshatitas, bem como mantinham grande comunhão comTroia, cidade que, segundo alguns estudiosos, pagava na época tributo à suserania hitita.
As leis hititas não incluíam as crueldades mutiladoras do antigo código babilônico, nem do mais recente, assírio. Evidentemente, o desafio à autoridade real recebia uma punição draconiana: a casa do infrator era "reduzida a um monte de pedras" e o criminoso, apedrejado até a morte, junto com a família. Fora disso, a pena de morte era obrigatória apenas para o bestialismo e o estupro, em relação ao qual se fazia uma estranha distinção entre atacar uma mulher casada "nas montanhas", que era um crime capital, ou na casa dela. Neste último caso, se ninguém ouvisse a mulher gritar por ajuda, ela seria condenada à morte, talvez com base na teoria de que ela estaria voluntariamente cometendo adultério.
O rei hitita era visto como agente dos deuses na terra, tendo seu poder sido delegado pelo Deus da Tempestade (o mais alto na hierarquia dareligião hitita)[2]. Desse modo, o rei estava na intersecção entre o humano e o divino[3]. A sua posição envolvia uma série de responsabilidades, que podem ser divididas em militares, judiciais e religiosas. Judicialmente o rei delegava para o Deus Sol como o supremo juiz, pessoalmente julgando disputas entre governantesvassalos e emrecursos contra julgamentos de um tribunal inferior. Militarmente o rei era ocomandante em chefe dos exércitos hititas e frequentemente os liderava nas batalhas.[2][4] Religiosamente, o rei era osumo sacerdote de todas as divindades, mais notavelmente da Deusa do Sol de Arinna. Apesar de delegar muitas dessas funções a outros, duas vezes por ano, na primavera e outono, ele dirigia os rituais religiosos das divindades locais das cidades do coração do Reino de Hatti.[3][5] Os reis hititas evitavam não comparecer a essesrituais, pois isso poderia irritar alguma divindade e levar a punições para o próprio rei e seu reino.[3][6]
Os hititas são mencionados naBíblia em diversas passagens, com algumas traduções da Bíblia usando a denominação heteus. São listados nolivro de Gênesis 10,15 (a tabela das nações) como a segunda das doze naçõescananeias, descendentes deHete (חתḤT noalfabeto hebraico de consoantes). Sob os nomesבני - חת (BNY-HT "filhos de Hete") ouחתי (HTY "nativos de Hete"), eles são mencionados várias vezes como vivendo em ou próximo aCanaã, desde o tempo deAbraão (estimado entre2 000 a.C. e1 500 a.C.) até o tempo deEsdras após o retorno docativeiro babilônico (cerca de450 a.C.). Hete (hebraico: חֵת,moderno:Het,Tiberiano:Ḥēṯ) é descrito emGênesis como sendo um dos filhos de Canaã, filho deCam, filho deNoé.
Os hititas são contados desse modo entre osCananeus. São descritos geralmente como pessoas que viveram entre os Israelitas mas que tinham seus próprios reis e território, e eram suficientemente poderosos para pôr um exército sírio em fuga segundo o registro bíblico.Urias, marido deBetsabá, era hitita segundo a Bíblia (Segundo Livro de Samuel).
Até fins doséculo XIX, tudo quanto se sabia sobre os hititas provinha de pequenas referências naOdisseia, onde são chamados dekhetas, e de algumas passagens doVelho Testamento. Ainda assim, desconhecia-se que essas referências aludiam a um mesmo povo. A descoberta das primeiras ruínas misteriosas, hoje atribuídas aos hititas, naTurquia, ocorrida em 1839, não sensibilizou a comunidade científica.
Quando o arqueólogo,Henry Sayce, afirmou em 1880 que osheteus do Antigo Testamento eram o mesmo povo que deixou diversos rastros na região daÁsia Menor, a comunidade acadêmica recebeu suas afirmações com descrédito, alcunhando-o de "o inventor dos hititas". A confirmação da teoria de Sayce veio por meio dos esforços de um arqueólogo alemão,Hugo Winckler(1863–1913), cujas escavações emBoghazköy, trouxeram à luz cerca de 10 000 tabletes emescrita cuneiforme, pertencentes aos arquivos dos reis de Hati.
As primeiras informações mais claras sobre a história hitita somente foram disponibilizadas por volta da primeira década doséculo XX e a decifração dos seushieróglifos ocorreu por volta de 1946.
Após a morte prematura de Winckler, em 1913, aSociedade Germânica Oriental confiou a publicação dos arquivos hititas a um grupo de assiriologistas. Um deles, o Prof.Bedrich Hrozný, foi o autor da primeira gramática hitita e estabeleceu o caráter indo-europeu da estrutura da língua. Coube também a ele traduzir e publicar as duas coletâneas de leis hititas, que tantos esclarecimentos trouxeram sobre a cultura desse povo.
↑Ceram, C. W. (1958).O Segredo dos Hititas - A descoberta de um antigo Império, 2ª edição. Belo Horizonte: Editora Itatiaia
↑abBryce, Trevor Robert (2002).Life and society in the Hittite world. Oxford: Oxford University press
↑abcBECKMAN, Gary (2012). «Hittite Religion». In: SWEENEY, M. A.; SALZMAN, M.R.The Cambridge history of religions in the ancient world. (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. pp. 84–101
↑Bryce, Trevor (2005).The kingdom of the Hittites New ed ed. Oxford: Oxford University Press !CS1 manut: Texto extra (link)
↑BECKMAN, Gary (1995). «Royal Ideology and State Administration in Hittite Anatolia». In: SASSON, J.M.Civilizations of the Ancient Near East (em inglês). Nova Iorque: Charles Scribner's Sons. pp. 529–543