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História das mulheres

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, vejaHistória das mulheres (campo de estudos).

A mulher na História desde aPré-História até os dias atuais.

Pré-História e História Antiga

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A Estatueta de Vênus,Vênus de Brassempouy, encontrada em Brassempouy.

As civilizações antigas (Elam,Creta,Suméria,Egito,Babilônia,Grécia,Roma, entre outras) foram prolixas[1] em cultuar a mulher e a feminilidade na figura dedeusas (horas,erínias,moiras,musas), sacerdotisas (Enheduana,Diotima de Mantinea,Temistocléia) sábias, filósofas, matemáticas (Hipátia de Alexandria,Theano,Damo),pitonisas (Pítia),amazonas (ou guerreiras). Este culto insere-se dentro de um contexto social e religioso cujas raízes remontam aos registros pré-históricos doPaleolítico e doNeolítico[2][3] ou ainda a uma fase informe do mundo, quando surgiu o primeiro sentimento religioso da humanidade, que era o de adoração àDeusa Mãe ouMãe Terra[2]: a religião se expressava pela adoração à Terra, às águas, à Natureza, aos ciclos e à fertilidade.[2][4]. Inúmeros autores consideram que o longo período, que se estendeu da Pré-história às civilizações pré-helênicas, e que foi caracterizado pela adoração à Deusa mãe, teria sido concomitante a uma estrutura social na qual o elemento feminino era preponderante, isto é, umamatriarcado[5][6].

SegundoJ. J. Bachofen[7], a hipótese de clãs matriarcais pode ser confirmada pela descrição da trajetória da economia do período paleolítico (2.6 milhões de anos a 10.000 a.C.), caracterizado porcaçador-coletor, isto é, atividade 80% de recolha daquilo que a natureza fornece espontaneamente. Esta atividade precede arevolução neolítica (10.000 a 3.000 a.C.) e a consequente sedentarização, que levou à consolidação das civilizações agrícolas pelas mulheres, do Egito e daMesopotâmia, entre outras; a atividade belicosa dapecuária oudomesticação, período de consolidação do patriarcado, foi uma evolução posterior das civilizações[8][9].

Esta abordagem mítico-religiosa de umareligião matriarcal prevaleceu entre as civilizações antigas e nos respectivos mitos. Descobertas arqueológicas revelam a existência dearte rupestre e de estatuetas de culto ao corpo feminino, à fertilidade e com isso à noção de origem da vida e do mundo.[10] As mais antigas noções de criação se originavam da ideia básica do nascimento, que consistia na única origem possível das coisas e esta condição prévia do caos primordial foi extraída diretamente da teoria arcaica de que o útero cheio de sangue era capaz de criar magicamente a prole. Acreditava-se que a partir do sangue divino do útero e através de um movimento,dança ou ritmo cardíaco, que agitasse este sangue, surgissem os "frutos", a própriamaternidade. Essa é uma das razões pelas quais as danças das mulheres primitivas eram repletas em movimentos pélvicos e abdominais, que mais tarde ficaram conhecidos comodança do ventre. Muitas tradições referiram o princípio docoração materno que detém todo o poder da criação. Este coração materno, "uma energia capaz de coagular o caos espumoso".[11]

Religião: da Deusa a Deus

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Ver artigo principal:Religião matriarcal

Os egípcios, noshieróglifos, chamaram este coração deab ouib[12] esta palavra também foi usada para chamar depai o Deus doshebreus.[13][14] Segundo alguns estudos, acredita-se que o patriarcalismo consolidado pelos hebreus deveu-se a diversos fatores: constantes deslocamentos territoriais e posterior necessidade de sedentarização[15], e com isso à divisão entre público e privado, além de organização militar e limites territoriais, a atividade belicosa de pastoreio de gado bovino e caprino[16], as constantes perseguições religiosas que desencadeavam onomadismo e a perda de identidade territorial.[9] A despeito da deliberação cultural para instituir uma cultura patriarcal, a etimologia revela que[17]ab são as duas primeiras letras do alfabeto hebraico e grego, respectivamente:a=aleph ealpha ou no hebraicopai; eb=bet ebeta ou no hebraicoútero oucasa e é uma palavra feminina. A união destas compõe a própria palavraalfabeto ouA Palavra, ou oVerbo, segundo a Bíblia, ou o próprioDeus ou, dentro desta concepção hebraica,pai e mãe.[17]

Segundo a religião egípcia, a parte mais importante daalma era oIb (jb) oucoração. OIb,[18] ou coração metafísico, era concebido como uma gota do coração da mãe para a criança durante a concepção.[19]

Origens pagãs do Cristianismo

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Ver artigo principal:Árvore da Vida (Bíblia)

Diversos autores modernos analisam a estória da criação do "Gênesis" sob uma perspectiva não-cristã a qual seria definir a Bíblia como uma narrativa alegórica sobre a divindade hebraicaYavé suplantando a religião da Deusa mãe, representada pelaárvore da vida. Isto é demonstrado na passagem sobre a origem dopecado em que o conhecimento proibido relaciona-se a sexo, sexualidade ereprodução, especialmente o conhecimento de que os homens participam da reprodução e que a estória descreve o processo pelo qual sociedades matriarcais tradicionais foram substituídas por sociedades patriarcais[20][21].

Estes autores argumentam que várias religiões doOriente Próximo representavam a Deusa mãe por umaserpente e outras por uma simbologia de comunhão realizada pelo ato de comer uma fruta de uma árvore que crescesse perto doaltar dedicado à Deusa; estes cultos pagãos seriam a fonte histórica da narração bíblica.[22][21]

Réia, para os gregos,a mãe de todos os deuses, ladeada por dois leões; a palavra significaterra oufluxo (referindo-se ao sangue menstrual).
Cibele da Anatólia, Divindade no trono e ladeada por duas leoas, do sítio arqueológico deÇatalhöyük.

As mais recentes descobertas de uma religião humana remontam inicialmente ao culto aos mortos (300.000 a.C.), e ao intenso culto da cor vermelha ouocre associado ao sangue menstrual e ao poder de dar a vida. Namitologia grega, a chamadamãe de todos os deuses, a deusaRéia (ouCibele, entre os romanos), também representada pela imagem de uma mulher ladeada por duas leoas, exprime este culto na própriaetimologia:réia significaterra oufluxo.[23] Campbell argumenta queAdão, do hebraicoאדם relacionado tanto aadamá ousolo vermelho ou dobarro vermelho, quanto aadom ouvermelho, edam,sangue, foi criado a partir dobarro vermelho ouargila. A identidade da religião com a Mãe terra, a fertilidade, a origem da vida e da manutenção da mesma com a mulher, seria, segundo Campbell, retratada também naBíblia: "a santidade da terra, em si, porque ela é o corpo da Deusa. Ao criar, Jeová cria o homem a partir da terra [da Deusa], do barro, e sopra vida no corpo já formado. Ele próprio não está ali, presente, nessa forma. Mas a Deusa está ali dentro, assim como continua aqui fora. O corpo de cada um é feito do corpo dela. Nessas mitologias dá se o reconhecimento dessa espécie de identidade universal".[24]

SegundoWalter Burkert, um dos mais respeitados arqueólogos da Antiguidade: "As deusas do politeísmo grego, tão diferentes e complementares, são ainda assim consistentemente similares numa etapa inicial, com uma ou outra simplesmente convertendo-se em dominante em umsantuário ou cidade. Cada uma é a Grande Deusa presidindo sobre uma sociedade masculina, cada uma é representada em seu aspecto dePotnia Theron ou 'Senhora dos Animais', incluindoHera eDeméter".[25] Ou ainda: "Em particular, parece que uma antiga deusa grega, especialmente 'qua' 'Senhora dos Animais' foi individualizada na Grécia sob várias formas, como Hera, Ártemis,Afrodite, Deméter, eAtena; e acrescenta: A ideia de uma Senhora dos Animais é amplamente disseminada na Grécia e é muito possível que tenha origens no Paleolítico; na religião oficial grega isso sobrevive no mínimo para além do folclórico" (Burkert 1985, p. 154, 172).

Do matriarcado ao patriarcado

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Ver artigo principal:Serpente (Bíblia)

A mitologia grega apresentaApolo matando a sacerdotisaPíton, e dividindo seu corpo em dois, como uma ação necessária para se tornar dono do oráculo deDelfos[26]. Na mitologia babilônica a morte da deusaTiamat pelo deusMarduk, que divide seu corpo em dois, é considerada um grande exemplo de como correu a mudança de poder do matriarcado ao patriarcado: "Tiamat, a Deusa Serpente do Caos e das Trevas, é combatida por Marduk, deus da Justiça e da Luz. Isto indica a mudança do matriarcado para o patriarcado que obviamente ocorreu"[27][28].

A mulher e a família em Roma

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A civilização romana prezava o casamento e a família como uma das instituições centrais da vida social e, em torno dela, foram estabelecidas as três virtudes romanas: agravitas, que era o sentido de responsabilidade; apietas, que configurava a obediência à autoridade; e asimplicitas, que impedia que os romanos fossem guiados pela emoção, mantendo sempre a razão. A religião e o culto aos deuses era o lastro desta instituição, cujo poder, "de vida e morte", era exercido exclusivamente pelo pai sobre os filhos, os escravos e (em alguns casos) sobre a mulher. Os valores cultivados na família romana levaram à valorização das mulheres que a despeito de obedecer o (pater) marido, era vista como um alicerce fundamental e o trabalho doméstico como uma virtude.[29] Mais tarde, noséculo I a.C., a flexibilização das leis garantiu maior liberdade à mulher e maior participação na vida pública.[30]

Idade Média

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Ver artigo principal:Mulheres na Idade Média
Ícone bizantino deNossa Senhora do Perpétuo Socorro; a civilização bizantina venerava Maria.
Estátua da deusa egípciaÍsis amamentandoHórus (Museu do Louvre); a imagem inspirou as deNossa Senhora com o menino Jesus, já presentes na cristandade medieval.[31]

Durante aIdade Média as mulheres tinham acesso a grande parte das profissões, assim como o direito àpropriedade. Também era comum assumirem a chefia da família quando se tornavamviúvas. Há também registros de mulheres que estudaram nasuniversidades da época,[32] porém em número muito inferior aos homens. Mulheres comoHilda de Whitby, que noséculo VII fundou setemosteiros econventos, incluindo aAbadia de Whitby; a religiosa alemãRosvita de Gandersheim, autora de dezenas de peças de teatro; e similarmente, também naAlemanha, a prolífica religiosaHildegarda de Bingen;Ana Comnena fundou em 1083 uma escola de medicina onde lecionou por vários anos; a rainhaLeonor, Duquesa da Aquitânia, exerceu relevante papel político na Inglaterra e fundou instituições religiosas e educadoras. No mundo Islâmico, entre os séculos VIII e IX conhecem a glória: religiosas, eruditas, teólogas, poetisas e juristas, rainhas.[33]

Política

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A mulher medieval trabalhou e estudou, fundou conventos e mosteiros, lecionou e também governou.[34] Recebeu uma educação moral, prática (técnica) e intelectual, que lhe permitiu desempenhar um papel social de colaboradora do marido, seja naagricultura, no comércio ou na administração de umfeudo. Um governo que se estendeu do âmbito privado ao público: quando morria o marido era ela quem assumia a administração do negócio. Como governantes,Branca de Castela,Ana de Beaujeu,Matilde II de Bolonha, que reina naToscana e naEmília durante meio século, institui-se protetora daSanta Sé e combateuHenrique IV, obrigando-o a ajoelhar-se diante deGregório VII. Em todos os grandes feudos, num momento ou outro, as mulheres reinaram: entre1160 e1261 sete mulheres se sucederam noCondado da Bolonha. Ícone medieval,Joana D´Arc, jovem chefe guerreira, conquista oito cidades em três meses e apesar de ferida continua a combater.[34]

Referências

  1. Mídia Independente,A Deusa e o Deus
  2. abcRevista Artemis,Prodema, Univ. Fed. da Paraiba
  3. Desvendando a sexualidade, C. A. Nunes, p. 58
  4. Goddess: myths of the female divine, David Adams Leeming, Jake Page, p.7
  5. Merlin Stone When God Was a Woman
  6. J. J. Bachofen
  7. Antropólogo suiço autor da obra "Mother Right: an investigation of the religious and juridical character of matriarchy in the Ancient World" ("Direito matriarcal: uma investigação do caráter jurídico e religioso do matriarcado no Mundo Antigo")
  8. [1]
  9. abDesvendando a sexualidade, p. 64, César A. Nunes
  10. Scientific American Brasil, Nº 10, p.20
  11. O I Ching da Deusa
  12. 'BellyDancingVideo
  13. African presence in early Asia, p. 192
  14. Greaterthings,Father
  15. Wsu, Religion
  16. Tu és isso
  17. abGreater Things, Father
  18. Britannica,Ib
  19. Slider,Ab, Egyptian heart and soul conception
  20. Prodema
  21. abPinn Stone
  22. Triplov
  23. Theoi,Rhea
  24. As máscaras de Deus, p. 104
  25. Burkert, Walter.Homo necans; interpretationen altgriechischer Opferriten und Mythen. Berlín, Nueva York, De Gruyter, 1972.ISBN 9783110038750. páginas = 1983:79
  26. Goddess-Pages
  27. Gateways to Babylon
  28. Revista Prodema, Ufp
  29. BBc, Roman Women,Idade Média, idade das "trevas"?,Uma análise sobre a historiografia das mulheres medievais
  30. Unb,
  31. BBC, Religion Isis, for example, was seated in such a chair with the infant Horus on her lap in the same way. When Christianity was spreading across the Empire, it's clear that it deliberately took images from the pagan world in which it lived and into which it spread and used those images. Old holy wells and shrines were turned into Christian shrines. In Egypt a shrine of Isis was deliberately and self-consciously re-created as a shrine of Mary.
  32. RevistaHistória Viva, Edição especial Nº3, p. 13
  33. Unb
  34. abHistória Viva Arquivos, p. 13,Mulheres, responsáveis e liberadas


Ligações externas

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