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Reino Himiarita

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado deHimiaritas)
 Nota: Este artigo é sobre o reino noIêmen antigo. Para o idioma, vejalíngua himiarita.
Reino Himiarita
110 a.C.525 d.C. 

Reino Himiarita noséculo III
RegiãoOriente Médio
Capital
Países atuaisIêmem

Línguas oficiaisHimiarita
ReligiãoJudaísmo

Período histórico
• 110 a.C.  Fundação
• 525 d.C.  Conquista peloImpério de Axum

Himiar ouReino Himiarita (emárabe:مملكة حِمْيَر;romaniz.:mamlakat ħimyâr), antigamente chamadoReino Homerita pelosgregos eromanos, foi um estado localizado no sudoeste daArábia datado de110 a.C. Sua capital era a antiga cidade deZafar passando posteriormente para a atual cidade deSaná. O reino conquistou o vizinhoReino de Sabá em25 a.C.,Catabã em200 d.C. eHadramaute em300 d.C. Sua sorte politica com relação à Sabá mudou frequentemente até finalmente conquistar Sabá ao redor de280 d.C.[1] Himiar resistiu até que finalmente caiu sob a tutela dos invasores doImpério de Axum em525 d.C.[2]

História

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O Reino Himiarita manteve seu controle nominal na Arábia até525 d.C. Sua economia era baseada na agricultura e o comércio exterior estava centrado na exportação deincenso emirra. Por muitos anos, o reino também foi o principal intermediário entre a África Oriental e o Mediterrâneo. Esse comércio consistia basicamente em exportarmarfim da África para ser vendido noImpério Romano. Os navios de Himiar viajavam regularmente pela costa da África Oriental, e o Estado também exercia uma grande quantidade de influência cultural, religiosa e política nas cidades comerciais da África Oriental, enquanto estas permaneciam independentes. OPériplo do Mar Eritreu descreve o império comercial de Himiar e seu governante Charibael (provavelmenteCaribil Uatar), onde afirma que este Estado tem um pacto de amizade com Roma:

"23. E depois de nove dias chegamos aZafar, a metrópole, na qual vive Charibael, o legítimo rei de duas tribos, os homeritas e os que moram ao lado deles, os chamadossabeus; através de embaixadas e presentes contínuos, se tornou um amigo dos imperadores.
Périplo do Mar Eritreu, Paragrafo 23.[3]

Período inicial (110 a.C. até300 d.C.)

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Durante esse período, o Reino Himiarita conquistou os reinos deSabá eCatabã e transformouZafar em sua capital no lugar daMa'rib sabeísta. Nesta época Himiar era conhecido como Du Raidã (emárabe: ذو ريدان), uma homenagem ao nome do palácio da dinastia.[4] No início doséculo II, Sabá e Catabã conquistaram sua independência de Himiar; no entanto, poucas décadas depois, Catabã foi conquistado porHadramaute (conquistado por sua vez por Himiar noséculo IV), enquanto Sabá foi definitivamente conquistado por Himiar no final doséculo III.[5]

As ruínas de Zafar se espalhavam por mais de 120 hectares na Montanha Mudawwar, 10 km ao norte-noroeste da cidade de Yarim.[6][7]

Zafar foi a primeira capital auto-suficiente em termos agrícolas. Até o início doséculo III, o comércio floresceu. Mais tarde, fracassou talvez por causa do domínionabateu ao norte deHejaz e por causa da guerra intertribal, razão pela qual osCatanitas foram espalhados pela Arábia, particularmente ao leste. Oséculo VI trouxe uma drástica perda de cidades e população.

Monarquia judaica

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Os reis himiaritas parecem ter abandonado o politeísmo e se convertido aojudaísmo por volta do ano380 d.C., várias décadas após a conversão doImpério de Axum (na atualEtiópia) aocristianismo em328 d.C. Nenhuma alteração ocorreu na escrita, calendário ou idioma (ao contrário de Axum após sua conversão).[8] Esta data marca o fim de uma era em que inúmeras inscrições registram os nomes e ações dos reis e dedicam edifícios a deuses locais (por exemplo, Uagal e Simiada) e deuses principais (por exemplo,Almacá). A partir de 380, os templos foram abandonados e as dedicações aos deuses antigos cessaram, substituídas por referências a Ramanã, o Senhor do Céu ou Senhor do Céu e da Terra.[9] O contexto político para essa conversão pode ter sido o interesse da aristocracia himiarita em manter a neutralidade e boas relações comerciais com os impérios concorrentes deBizâncio, que adotou o cristianismo pela primeira vez sobConstantino e oImpério Sassânida, que alternavam entre ozurvanismo e omaniqueísmo.[10]

Acredita-se que um dos primeiros reis judeus,Abu Caribe (r. 390-420), tenha se convertido após uma expedição militar ao norte da Arábia, em um esforço para eliminar a influência bizantina. Os imperadores bizantinos há muito sondavam a península Arábica e procuravam controlar o lucrativo comércio de especiarias e a rota para a Índia. Os bizantinos esperavam estabelecer um protetorado convertendo os habitantes ao cristianismo. Algum progresso foi feito no norte da Arábia, mas eles tiveram pouco sucesso em Himiar.[10]

As forças de Abu Caribe chegaram aIatribe (atual Medina) e, sem encontrar resistência, passaram pela cidade, deixando o filho do rei para trás como governador. Abu Caribe logo recebeu a notícia de que o povo de Iatribe havia matado seu filho. Ele voltou a cidade para vingar a morte de seu filho. Depois de cortar as palmeiras das quais os habitantes obtinham sua principal renda, sitiou a cidade. Os judeus de Iatribe lutaram lado a lado com seus vizinhos pagãos.

Durante o cerco, Abu Caribe ficou gravemente doente. Dois eruditos judeus de Iatribe, Caabe e Assade, foram até o acampamento do rei e usaram seus conhecimentos de medicina para restaurar sua saúde. Enquanto tratavam do rei, imploraram a ele que levantasse o cerco e fizesse as pazes. Dizem que o apelo dos sábios persuadiu Abu Caribe; que cancelou o cerco e abraçou o judaísmo junto com todo o seu exército. Por insistência dele, os dois estudiosos judeus acompanharam o rei himiarita de volta à sua capital, onde exigiu que todo o seu povo se convertesse ao judaísmo.[11] Inicialmente, houve grande resistência. Depois que uma provação justificou a exigência do rei e confirmou a verdade da fé judaica, muitos himiaritas apoiaram o judaísmo. Alguns historiadores argumentam que o povo não era motivado pela política, mas que o judaísmo, por sua natureza filosófica, simplista e austera, era atraente para a natureza do povosemita.[12]

Abu Caribe continuou a participar de campanhas militares e morreu em circunstâncias pouco claras. Alguns estudiosos acreditam que seus próprios soldados o mataram. Deixou três filhos,Haçane, Anre e Zora, todos menores de idade na época. Após a morte de Abu Caribe, um pagão chamadoDu-Xanatir assumiu o trono.[4] No reinado de Subabil Iacafe (filho de Abu Caribe como mencionado numa inscrição em Zafar de472 d.C.), um missionário cristão emNajrã, chamado Azquir, foi morto após ter erigido uma capela com uma cruz.[13] Fontes cristãs interpretam o evento como um martírio nas mãos dos judeus, afirmam que o local para sua execução foi escolhido a conselho de um rabino,[14] mas fontes da região não mencionam perseguições por motivos de fé, sua morte pode ter ocorrido por estar fora da área de influência bizantina.[15]

A primeira invasão axumita ocorreu em algum momento doséculo V e foi desencadeada pela perseguição aos cristãos. Duas fontes cristãs, incluindo aCrônica de Zuquenim, afirmam que um rei himiarita que não teve seu nome citado provocou os assassinatos dizendo: "Isso ocorreu porque nos países dos romanos os cristãos atormentam perversamente os judeus que vivem em seus países e matam muitos deles. Portanto, eu estou matando esses homens."[16] Em retaliação, os axumitas invadiram a terra e depois estabeleceram um bispado e construíram igrejas cristãs em Zafar.

A monarquia judaica em Himiar terminou durante o reinado deDunaas, que em 523 atacou a população cristã de Najrã.[17] Até o ano 500, na véspera da regência de Martadilã Ianufe (c. 500-515), o reino de Himiar exercia controle sobre grande parte da península Arábica.[18] Foi durante seu reinado que Himiar começou a se tornar um estado tributário de Axum, o processo concluiu na época do reinado de Madicaribe Iafur (519-522), um cristão designado pelos axumitas.

Dunuas iniciou um golpe de Estado, derrubando a dinastia que usurpou o governo vários anos antes, assumindo a autoridade depois de matar a guarnição axumita em Zafar. Enfrentando logo a seguir os guardas etíopes e seus aliados cristãos nas planícies costeiras deTiama, em frente àAbissínia. Depois de tomar o porto de Mucauã (atualMoca), onde incendiou a igreja local, avançou para o sul até a fortaleza de Madabã, com vista para oestreito deBabelmândebe, onde eu esperava que estariam a frota deElesbão.[19] Nesta campanha acabou matando entre 11.500 e 14.000 das tropas de Axum e aliados, e levou um número semelhante de prisioneiros.[18] Mucauã se tornou sua base, enquanto ele despachou um de seus generais, um príncipe judeu chamado Xarail Iacbul Du Iazã, contra Najrã (um oásis predominantemente cristão), com um bom número de judeus, que haviam apoiado as tropas em sua rebelião anterior, mas recusou-se a reconhecer sua autoridade após o massacre da guarnição axumita. O general bloqueou a rota da caravana que liga Najrã à Arábia Oriental.[20]

O segundo e definitivo ataque axumita ocorreu em525 d.C. quando Elesbão lançou com apoio do Império Bizantino um ataque de longa-escala que terminou com a derrubada e morte de Dunaas e a ocupação de Himiar por tropas axumitas, iniciando a restauração das igrejas danificadas. Elesbão instalou um rei local que se tornou seu vassalo, chamadoEsimifeu, que numa inscrição fragmentária em um edifício de Maribe era chamado Sulaifa Axua esta inscrição também continha a fórmula cristã da Trindade e o nome do rei Elesbão.[21]

Referências

  1. Muhammad Abd Bafaqih (1990).«L'Unification Du Yemen Antique». La Lutte Entre Saba', Himyar Et Le Hadramawt Du Ier Au Iiie Siecle de l'Ere Chretienne (em francês). Librairie Orientaliste Paul Geuthner.ISBN 9782705304942 
  2. Playfair, Col. (1867).«On the Himyaritic Inscriptions Lately brought to England from Southern Arabia».Transactions of the Ethnological Society of London.5: 174–177.ISSN 1368-0366.doi:10.2307/3014224 
  3. Ancient History Sourcebook: The Periplus of the Erythraean Sea (em inglês)
  4. abBowersock, G.L.; Brown, P.; Grabar, O.; Robin, C. J. (1999).«Late Antiquity.». A Guide to the Postclassical World. Belknap Press of Harvard University Press, p. 492-493 (em inglês).ISBN 9780674511736 
  5. Korotayev, Andrey.Korotayev A. Pre-Islamic Yemen. Wiesbaden: Harrassowitz Verlag, 1996. (em inglês). [S.l.: s.n.] 
  6. Yule, Paul A.Late Antique Arabia Ẓafār, Capital of Ḥimyar, Rehabilitation of a ‘Decadent’ Society,. Excavations of the Ruprecht-Karls-Universität Heidelberg 1998–2010 in the Highlands of the Yemen, Abhandlungen Deutsche Orient-Gesellschaft, vol. 29, Wiesbaden (em inglês). [S.l.: s.n.]ISBN 978-3-447-06935-9 
  7. «Himyarite». Read eBooks online.World Library - eBooks. Consultado em 2 de janeiro de 2020 
  8. Johnson, Scott Fitzgerald (2012).The Oxford Handbook of Late Antiquity. Arabia and Ethiopia (em inglês). [S.l.]: OUP USA.ISBN 978-0-19-533693-1 
  9. Nebes, Norbert (2010).«The Martyrs of Najrān and the End of the Ḥimyar:». On the Political History of South Arabia in the Early Sixth Century, in: A. Neuwirth, N. Sinai, M. Marx (Ed.), The Qur'an in Context. Historical and Literary Investigations into the Qur'anic Milieu, Leiden (em inglês): pp. 27-59.  !CS1 manut: Texto extra (link)
  10. abAdler, Joseph (2000).«"The Jewish Kingdom of Himyar (Yemen):». Its Rise and Fall" in Midstream, Vol. 46, Issue 4, May-June.Online Research Library: Questia. Consultado em 2 de janeiro de 2020 
  11. Singer, Isidore; Adler, Cyrus (1902).The Jewish Encyclopedia:. Apocrypha-Benash (em inglês). [S.l.]: Funk & Wagnalls, p. 42 
  12. Yule, Paul (2007).Himyar:. Spätantike im Jemen (em inglês). [S.l.]: Linden Soft.ISBN 978-3-929290-35-6 
  13. Neuwirth, Angelika; at all (2010).The Quran in Context:. Historical and Literary Investigations Into the Quranic Milieu (em inglês). [S.l.]: BRILL, p. 40.ISBN 978-90-04-17688-1 
  14. Sand, Shlomo (2010).The Invention of the Jewish People (em inglês). [S.l.]: Verso, pp. 194-199.ISBN 978-1-84467-623-1 
  15. Hoyland, Robert G. (2002).Arabia and the Arabs:. From the Bronze Age to the Coming of Islam (em inglês). [S.l.]: Routledge, p. 51.ISBN 978-1-134-64634-0 
  16. Nutsubidze, Tamar; at all (2014).Georgian Christian Thought and Its Cultural Context:. Memorial Volume (em inglês). [S.l.]: BRILL, p. 39.ISBN 978-90-04-26427-4 
  17. Glen W. Bowersock (2011).The Rise and Fall of a Jewish Kingdom in Arabia(PDF). [S.l.]: Institute for Advanced Studies, Princeton, p. 8 
  18. abRobin, Christian Julien (2012).«« Arabia and Ethiopia »». The Oxford Handbook of Late Antiquity. Oxford University Press, p. 282. (em inglês) 
  19. Neuwirth (2010).The Quran in Context. [S.l.]: p. 43 
  20. Neuwirth (2010).The Quran in Context. [S.l.]: p. 45 
  21. Neuwirth (2010).The Quran in Context. [S.l.]: p. 49 
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