Oshúngaros oumagiares são umgrupo étnico, originário dosmontes Urais, que invadiu aEuropa Central e estabeleceu-se na Bacia dosCárpatos noséculo IX, fundando um Estado que seria posteriormente conhecido comoHungria. Hoje em dia, um dos elementos definidores da etnia magiar é alíngua húngara.
Embora o termo "magiar" (do húngaromagyar, "magiar", "húngaro") costume ser empregado como sinônimo dehúngaro, por vezes há diferenças de sentido entre um e outro. "Húngaro" pode ser utilizado para referir-se a todos os habitantes doReino da Hungria (que existiu até 1946) e a todos os cidadãos daRepública da Hungria (de 1946 até o presente), quer sejam deetnia magiar ou não. Neste caso, usa-se o termo "magiar" para diferenciar os húngaros de etnia magiar dos cidadãos húngaros de outras etnias, como a romena, as eslavas, a alemã etc..
A língua húngara emprega o mesmo termomagyar para designar tanto o membro da etnia como o cidadão húngaro, indistintamente.
Há hoje cerca de 10 milhões de magiares naHungria (dados de 2001), o que a torna o país mais homogêneo da região, do ponto de vista étnico. Os magiares eram os principais habitantes do Reino da Hungria (que incluía o que são hoje aEslováquia, a região romena daTransilvânia, a província sérvia daVoivodina e porções menores da Áustria; aCroácia era umreino autônomo sujeito à coroa húngara). Com o fim do Reino da Hungria devido aoTratado de Trianon, os magiares tornaram-se minoria étnica naRomênia (1 400 000),Eslováquia (520 000),Sérvia (293 000, quase todos na Voivodina),Ucrânia eRússia (170 000),Áustria (70 000),Croácia (16 500),República Tcheca (14 600) eEslovênia (10 000). Grupos significativos de origem magiar vivem em outras regiões do mundo, como osEstados Unidos e oBrasil, mas poucos ainda preservam as tradições e a língua húngara, diferentemente dos magiares que habitam os territórios antes pertencentes ao Reino da Hungria.
Realizou-se, em dezembro de 2004, na Hungria, umreferendo sobre a outorga danacionalidade húngara às minorias étnicas magiares da Bacia dos Cárpatos. O referendo teve um comparecimento às urnas menor do que o exigido pela lei e, portanto, não chegou a conclusão acerca do tema.
A teoriafino-úgrica é a mais aceita sobre a origem dos magiares. As povoações fino-úgricas no quarto milênio a.C. situavam-se a leste dosUrais. Dali, os ugrianos (ancestrais dos magiares) deslocaram-se para as estepes daSibéria ocidental, a partir de2 000 a.C. Aprenderam aagricultura, apecuária e a trabalhar o bronze. Em cerca de1 500 a.C., começaram a criar cavalos e a montá-los.
No início do primeiro milênio a.C., os ugrianos tornaram-se pastoresnômades e, com a partida dos ob-ugrianos em cerca de500 a.C., passaram a ser um grupo étnico distinto, os proto-magiares.
Nos séculos IV e V d.C., os proto-magiares atravessaram os Urais na direção oeste, para a região entre os Urais meridionais e orio Volga. No início do século VIII, parte dos proto-magiares deslocou-se para orio Don, onde eram súditos doCanatocazar. Segundo a tradição, os magiares organizaram-se em sete tribos, chamadasJenő,Kér,Keszi,Kürt-Gyarmat,Megyer (Magyar),Nyék eTarján.
Em torno de 830, devido a uma guerra civil no canato, os magiares e três triboscabares deslocaram-se para a região entre osCárpatos e orio Dniepre. Entre 895-896, os magiares começaram a atravessar os Cárpatos na direção oeste, talvez devido aos ataques externos dospechenegues ebúlgaros. Na bacia dos Cárpatos, encontrarameslavos e algunsávaros.
Os historiadores creem que as tribos nômades magiares entraram na bacia dosCárpatos sob a liderança do chefe tribalÁrpád, em 896. Dedicando-se inicialmente a incursões e ataques por toda a Europa (daDinamarca àPenínsula Ibérica), os magiares tiveram a sua expansão bloqueada naBatalha de Lechfeld em 955. O Estado por eles criado na bacia dos Cárpatos recebeu a aprovação doPapa em 1001, com a conversão aocristianismo dos líderes e o reconhecimento deEstêvão I comorei da Hungria.
Quando da conquista húngara, a nação magiar contava provavelmente entre 250 000 e 450 000 pessoas. A populaçãoeslava preexistente foi absorvida pelos recém-chegados, com exceção dos habitantes dos territórios hoje pertencentes àEslováquia e àCroácia.
A primeira contagem populacional a incluir a origem étnica noReino da Hungria foi levada a efeito em 1850-1851. Embora sejam objeto de animada discussão entre os húngaros e seus vizinhos até hoje, as estimativas mais aceitas pelos historiadores para a composição étnica da Hungria ao longo da história são as seguintes:
- Ao longo daIdade Média, 80% de magiares na bacia dos Cárpatos, número que declinou a partir da invasãootomana até atingir apenas 39% no final do século XVIII (ou 29%, para historiadores de fora da Hungria). A partir daí, a participação magiar declinou ainda mais, devido ao povoamento do Reino da Hungria por outras etnias (alemães, sérvios, etc.).
- Os historiadores não magiares tendem a enfatizar o caráter multiétnico da Hungria até mesmo durante a Idade Média e argumentam que não haveria razões para uma flutuação drástica na composição étnica do país, com os magiares mantendo uma participação de 30 a 40% da população através da história. Há um furioso debate entre húngaros e romenos acerca da história da composição étnica daTransilvânia.
Cabe ter em mente que o debate sobre a composição étnica da região ao longo da história é frequentemente contaminado por questões políticas e argumentosnacionalistas.
No século XIX, a participação dos magiares na composição étnica do Reino da Hungria aumentou gradualmente, até atingir mais de 50% em 1900, em parte, também, devido a um processo de magiarização instituído entre 1867 e aPrimeira Guerra Mundial.
Com a derrota daÁustria-Hungria na Primeira Guerra e a imposição aos vencidos dos termos doTratado de Trianon, o Reino da Hungria foi dividido e perdeu 70% de seu território e 60% de sua população para países vizinhos, inclusive 28% de magiares que se tornaram minorias étnicas fora do novo território da Hungria.
No século XX, a população magiar da Hungria aumentou de 7,1 milhões para 10,4 milhões entre 1920 e 1980, apesar da grande perda de vidas naSegunda Guerra Mundial e da onda deemigração após a fracassadaRevolução de 1956. A população magiar nos países vizinhos decresceu devido a assimilação e emigração para a Hungria e diminuição natural. A Hungria passa hoje por uma crise demográfica semelhante à da maioria dos demais países europeus: envelhecimento e declínio populacional.
A palavra advém do termoeslavo antigoog(ъ)r, que designava os proto-magiares. Entrou no vocabulário das línguas europeias através dos idiomas germânicos: (H)ungarus, (H)ungarn, Vengry, etc.. O termo eslavo provavelmente deriva de seus confederados do século VI, osonogures. O "h", presente em diversas línguas, provém da palavra "huno", aos quais alguns historiadores associavam os magiares (teoria hoje desacreditada).
Referências