A origem exata do nome Guiné é desconhecida. Sabe-se que a palavra "Guiné" vem doportuguêsGuiné, que surgiu em meados doséculo XV para se referir à região habitada pelosGuineus, um termo genérico usado para se referir aos povos africanos que viviam ao sul dorio Senegal (em oposição aosberberessanhajas que viviam ao norte, que eram chamados demouros).Gomes Eanes de Zurara usou o nome "Guiné" extensivamente em suas crônicas de1453,[8] e em1483 o reiJoão II de Portugal assumiu o título deSenhor da Guiné. Acredita-se que os portugueses tenham adotado o nomeGuineus doberbereGhinawen (frequentemente arabizado comoGuinauha ouGenewah), que significa "o povo queimado".[9] Da mesma forma, o termo berbere "aginaw" ou "Akal n-Iguinawen" significa "negro" ou "terra dos negros".[10]
Nalíngua sousou, a língua falada pelogrupo étnico de mesmo nome (um dos mais importantes historicamente estabelecidos na costa atlântica da Guiné-Conacri e Serra Leoa), a palavra"guine" significa "mulher", outra possível origem do nome do país.[carece de fontes?]
A área ocupada hoje pela Guiné fez parte doterritório de diversospovos africanos, incluindo oImpério Songai, no período que se compreendeséculo X e XV, quando a região tomou contato pela primeira vez com os comerciantes europeus. A descoberta da Guiné pelos portugueses ocorreu em meados de1460 pelos navegadoresPedro de Sintra e Alvise Cadamosto.
Origem da Civilização: Impérios Peúles e Mandinga Islamizados na Guiné
[11] A povoação inicial da atual Guiné surgiu através de migrações de povos vindos doSudão (atualMali),Níger eSenegal. A primeira povoação com habitação talvez tenha sido a dospigmeus, eles foram obrigados a fugir da região ante a invasão de povos vindos do norte. Os Bagas, um povo que ali surgiu, chegaram a se instalar na região deConacri, mas foram expulsos para as regiões da baixa Guiné pelos Sussu de etniamandinga. Na região florestal, osquissis tomaram esse lugar e, mais tarde, os tendas refugiaram-se na parte inferior doFuta Jalom. Os Malinqués, um povo que viria a fazer parte da história étnica da Guiné, chegaram na parte da Alta Guiné noséculo XVI após a expansão doImpério do Mali. OsPeúles emigraram da região do Futa Toro (Senegal) para o Futa Jalom quase no mesmo tempo.
Um reinoPeúle passou a surgir após os pastoreamentos feitos na localidade do Mali. NaÁfrica Ocidental, os peúles se converteram aoislamismo noséculo XVIII, o que marcou o modo característico daqueles habitantes e da política, pois as diretrizes islâmicas já possuíam virtudes ligadas ao conhecimento e aos valores de seguidor. Fato esse proporcionou uma organização maior dos peúles, que criaram um exército e passaram a jugar autoridade sobre os povos regionais. A data certa de ocupação dos peúles é1725, quando eles vieram do Senegal e chegaram á Guiné para proclamar um Imanato no Futa Jalom, que foi idealizado por Alfa Ba. Este convocou umajiade (guerra santa) para dominar a região, mas Ba morreu antes do início (1726-1727), então seu filho Karamoko Alpha teve que fazer a conquista com tal propósito. Karamoko Alfa, que morreu em1751, passou a liderar o Imanato que durou de 1725, até a ocupação deTimbo pelosfranceses em 3 de Novembro de1896. O Imanato era divido em 9 estados. Na fase de sucessão após 1751, foiIbrahim Sori o responsável pela administração do Imanato, o qual expandiu grande parte do Futa Jalom para aconfederação peúle. Com a morte de Sori em1784, o reino passou a ser administrado por umalmami, um líder de basemuçulmana.[12] Em meio à população havia pessoas das duas famílias peúles aristocráticas: osAlfaya (de Karamoko) e os Soria (de Ibraim). Além de tudo, eram as duas famílias que elegiam o almami governante e que possuíam autoridade sobre e dominavam os agricultoresdialonquês, porém a disputa por hegemonia gerou uma situação de calamidade popular, o que ocasionou naocupação francesa de Timbo e o fim do Imanato (1896).[13]
Em1878 foi fundado porSamori Turé um império, o deUassulu, logo após ter fugido do cárcere de 7 anos. Possuía um território considerável e abrangia partes dos territórios do atualNíger (norte),Mali e Libéria. Fazia fronteira com a atual Serra Leoa eGana (na época popularmenteCosta do Ouro).
Os franceses haviam vencido osingleses no litoral daÁfrica Ocidental e conseguiram o controle da região. Um avanço francês ocorreu adentro do território do atual Mali em1881, em vista de interesses comerciais no local. Isso proporcionou o primeiro defrontamento de Samori Turé com os franceses.
O períodocolonial da Guiné se iniciou quando tropas francesas penetraram na região em meados doséculo XIX. A dominação francesa foi assegurada ao derrotarem as tropas de Samori Turé (1898), guerreiro deetniamalinquê, o que deu, aos franceses, o controle do que é, hoje, a Guiné, e de regiões adjacentes.
A França definiu, em fins doséculo XIX e início doXX, as fronteiras da atual Guiné com os territóriosbritânico eportuguês que hoje formam, respectivamente, Serra Leoa e Guiné-Bissau. Negociou, ainda, a fronteira com a Libéria. Sob domínio francês, a região passou a ser o "Território da Guiné" dentro daÁfrica Ocidental Francesa, administrada por um governador-geral residente emDakar (atualmente, capital doSenegal). Tenentes-governadores administravam as colônias individuais, incluindo a Guiné.
Liderados porAhmed Sékou Touré, líder do Partido Democrático da Guiné (PDG), que ganhou 56 das 60 cadeiras nas eleições territoriais de1957, o povo da Guiné decidiu, emplebiscito, por esmagadora maioria, rejeitar a proposta de pertencer a uma Comunidade Francesa. Os franceses se retiraram rapidamente e, em 2 de outubro de1958, a Guiné se tornou um país independente, com Sékou Touré como presidente.
Alegando tentativas degolpe oriundas do exterior e do próprio país, o regime de Touré visou a inimigos reais e imaginários, aprisionando milhares em prisões. Sob o governo de Touré, a Guiné se tornou umaditadura departido único, com uma economia fechada de carátersocialista, e intolerante adireitos humanos,liberdade de expressão ouoposição política, a qual foi brutalmente suprimida. Antes acreditado por sua defesa de umnacionalismo sem barreiras étnicas. Maurice Robert, chefe do sector africano do Serviço de Documentação Externa e Contra-Inteligência (SDECE) de 1958 a1968, explica que:
"Tivemos de desestabilizar Sekou Touré, torná-lo vulnerável, impopular e facilitar a tomada de controlo pela oposição. Uma operação desta envergadura envolve várias fases: a recolha e análise de informação, a elaboração de um plano de ação baseado nesta informação, o estudo e implementação de meios logísticos e a adoção de medidas de execução do plano. Com a ajuda dos refugiados guineenses exilados no Senegal, organizamos também maquis da oposição em Fouta-Djalon. A supervisão foi assegurada por peritos franceses em operações clandestinas. Armamos e treinamos estes opositores guineenses para desenvolver um clima de insegurança na Guiné e, se possível, para derrubar Sékou Touré. Entre essas ações desestabilizadoras, posso citar a operação 'Persil', por exemplo, que consistiu em introduzir no país uma grande quantidade de notas falsificadas guineenses para desequilibrar a economia."[14]
Sékou Touré morreu a 26 de março de1984, e umajunta militar encabeçada pelo coronelLansana Conté tomou o poder a 3 de abril de 1984. O país continuou semeleições democráticas até1993, quando foram realizadas eleições e Lansana Conté ganhou-as numa disputa apertada. O presidente foi reeleito em1998. O presidente foi, em1999, severamente criticado ao prenderAlpha Condé, um importante líder de oposição. As tensões com a vizinha Serra Leoa ainda persistem.
Em2010, Alpha Condé foi eleito presidente nosegundo turno daquelas que foram consideradas as primeiras eleições livres e democráticas da história do país, não obstante os casos de violência.[15][16] Condé foi reeleito em2015, vencendo ainda, para um terceiro mandato em2020, após mudança constitucional.[17]
A Guiné situa-se na costa atlântica da África ocidental e temfronteiras com a Guiné-Bissau, o Senegal, o Mali, a Costa do Marfim, a Libéria e a Serra Leoa. O país divide-se em quatro regiões geográficas: uma faixa costeira estreita (aBaixa Guiné); as terras altas cobertas de pastagens deFuta Jalom (aMédia Guiné); asavana do norte (aAlta Guiné); e uma região defloresta húmida no sudeste (aGuiné Florestal). Os riosNíger,Gâmbia eSenegal pertencem ao grupo dos 22 rios da África Ocidental que têm as suasnascentes na Guiné.
A região costeira da Guiné e grande parte do interior têm umclima tropical, com uma estação das chuvas entreabril enovembro, temperaturas relativamente elevadas e uniformes, ehumidade elevada. A média anual das temperaturas máximas emConacri é de 29 °C e das mínimas é de 23 °C; aprecipitação média anual é de 4 300 mm. A Alta Guiné, que pertence aoSahel, tem uma estação das chuvas mais curta e maioramplitude térmica diária.
O atual território da Guiné, historicamente esteve a ser influenciado por impérios que continham suas posteriores etnias. Assim como vários atuais países daÁfrica Ocidental, aGuiné foi um território fronteiriço de grandes impérios; especificamente foi adjacente ao doMali. Para a constatação do contexto religioso desse país, é necessário compreender que foram através das migrações que as primeiras religiões e crenças atingiram seus pontos de prática.
As religiões existentes atualmente são provenientes das colonizações, de expedições e das crenças tribais locais. Exemplo disso: o islamismo (islamização na África) e ocristianismo (colonização francesa do século XIX).
O Islã representa uma maioria expressiva em adeptos no contexto religião nacional: 86,2% da população da Guiné seguiam as diretrizes maometanas em2012. Uma extensa parte dos seguidores do islamismo na Guiné pertencem à correntesunita da religião, osufismo ligado ao mesmo possui fundamento naescola de Maliki, as ordens sufis de Qadiri e Tijani são existentes na linha do Sufismo. Uma minoria de seguidores da correntexiita é comentada e existem minoritariamente. O islã foi introduzido na Guiné através dos peúles islamizados que fizeram uma incursão do Futa Toro (Senegal) para oFuta Jalom no século XVII — o islã vigorou efetivamente a partir do estabelecimento doImanato do Futa Jalom em 1725, isso após uma jihad declarada pelo pai deKaramoko Alfa (peúle), Alpha Ba. Há seguidores pertencentes á comunidadeAhmadiyya que surgiram primeiramente noPaquistão no século XIX, foi ao século XX que os primeiros adeptos começaram as atividades na Guiné.[20]
Desde a época da introdução do islamismo na Guiné no século XVIII, asreligiões animistas (minoria e em tribos) passaram a entrar em declínio contínuo — foram evacuadas para regiões mais ao sul e para dentro de aldeias. À altura em que oimpério Francês fez o primeiro contato com o norte doimpério mandinga de Uassulu no Níger (1881), as forças do império originariamente pertenciam a Guiné, a cidade guineense deBissandougou (capital) — seu líder (Samori Turé) era muçulmano e teve que lutar contra a ocupação francesa, acabou sendo derrotado após 13 anos de resistência (1885-1898).[19]
O ditador e libertador da GuinéSékou Touré, possuía um modo de governomarxista. Durante o seu governo que durou 26 anos, esse procurou reduzir a esfera de influência do Islã e fazer vigorar os preceitos da ditadura. Sob forte contestação e desaprovação popular, o governo ditatorial passou a lidar de modo mais liberal com o islã nos anos 70, e a religião passou a ser uma ''base influenciadora'' no país. Durante o governo de Sékou, foi construída agrande mesquita de Conacri, em 1982, que foi financiada juntamente com o rei daMonarquia Saudita, na época orei Fahd.[21]
Oensino primário esecundário não insere de forma obrigatória oensino religioso no currículo dos estudantes. Porém há em vários estados da Guiné, em grande parte noFuta Jalom, osmadraçais (kuttab), que em grande maioria são financiadas para construção através de ajuda de países como aArábia Saudita, outros países do golfo pérsico oferecem sustento financeiro para as edificações e reformas das escolas corânicas.[carece de fontes?]
Os cristãos guineenses compõem 9,7% da população total do país, dados de 2012. 3% da camada cristã guineense é católica romana, essa desde os tempos de colonização e domínio francês perdura por lá. A partir do ano1965, só foi permitido que padres guineenses fizessem exerção de seus cargos, foi uma medida auspiciosa do governo guineano que desde1960 sofria com conspirações de pessoas do estrangeiro. Em1979 a ditadura soltou o arcebispo deConacriRaymond-Marie Tchidimbo, preso havia 8 anos por tramar contra o governo ditatorial deAhmed Sékou Touré.
Há outros grupos cristãos no país, dentre esses: Anglicanos, Batistas, Adventistas do Sétimo Dia e outros grupos de fundação evangélica; ostestemunhas de Jeová obtiveram reconhecimento do governo.[22]
Há em um pequeno número de representação grupos dehindus,budistas e algumas outras da série proveniente de outros países asiáticos — os expatriados que residem na Guiné comum e maioritariamente são desses grupos que, juntamente com os animistas tribais não ultrapassam 4,1% da população (os dados são de 2012).[23]
A independência da Guiné foi declarada porAhmed Sékou Touré em 2 de outubro de 1958, mas a primeiraconstituição do país foi aprovada a 12 de novembro de 1958.[19]
O resultado da independência da Guiné naONU, Organização das Nações Unidas, não foi admitida pelaFrança, essa que em estado de inconformidade acabou retirando todo o seu efetivo de doutores, técnicos e especialistas da nova nação, a região ficou com um certo déficit de logística. O país teve que adaptar-se com o novo cenário temporal.
Amoeda oficial da República da Guiné é ofranco guineense, que foi introduzido no lugar dofranco CFA em1959, isso apósSekóu Touré não conseguir um acordo de permanência com a França para permanecer na zona do Franco.[24]
A economia da Guiné é diretamente beneficiada pela grande quantidade de minerais presentes em seu território. Em2019, o país era o 3º maior produtor mundial debauxita. Além disso, o país, neste ano, tinha cerca de 25% das reservas mundiais de bauxita em seu território.[25] O país também tem uma produção deouro que gira entre 14 a 17 toneladas anuais, o que não coloca o país entre os maiores produtores do mundo, mas devido ao pequeno tamanho e população da Guiné, gera uma renda considerável.[26] Em2009, o país era o 9º maior produtor dediamante do mundo.[27] O país também tem depósitos de bilhões detoneladas métricas deminério de ferro e quantidades ainda indeterminadas deurânio.
A taxa dealfabetização da Guiné é uma das mais baixas do mundo: em 2010 estimava-se que apenas 41% dos adultos eram alfabetizados (52% dos homens e 30% das mulheres).[31] A educação primária é obrigatória por lei e compreende 6 anos de estudos, mas o índice deevasão escolar é alto e muitas crianças não vão àescola.[32] Em1999, a frequência à escola primária era de 40%. Boa parte das crianças são mantidas fora da escola para ajudar os pais no trabalho doméstico ou na agricultura, sendo que muitas meninas não frequentam a escola devido aocasamento, eis que a Guiné tem uma das taxas mais altas decasamento infantil do mundo.[33][34]