O nome para o território atual da Galiza deriva da palavra latinaGallaecia (ouCallaecia), que significa literalmente «terra dos galaicos».Callaecia, «a terra dos Callaeci», poderia derivar de kallā- 'madeira',[6] juntamente com o sufixo complexo local -āik. O topónimo transformou-se mais tarde emGallicia, e daí para as formas atuais. Osgalaicos[nota 3] foram o povo mais numeroso do noroeste daPenínsula Ibérica antes da sua integração noImpério Romano no séculoI a.C., apesar de alguns autores[quais?] considerarem que, originalmente, o termo «galaico» era empregue para denominar uma pequenatribo ao norte doDouro. Seja como for, o nome acabou por abarcar todo umgrupo étnico de línguacelta e culturalmente homogéneo, situado entre oMar Cantábrico e oRio Douro.
Mapa da Europa de Estrabão, com a localização dasCassitérides.
A primeira referência histórica dos galaicos remonta-se ao ano136 a.C., quando o generalromanoDécimo Júnio Bruto Galaico regressa aRoma — depois da sua vitoriosa campanha bélica contra dois povos previamente desconhecidos: oslusitanos egalaicos — recebendo do próprioSenado romano o título deGallaecus ou "galaico" em honra pela dura expedição militar contra estes.[8] Após estes primeiros contactos, o mundo grecolatino passa a denominar o seu país comoGallaecia, tal como o fizeramEstrabão,Plínio eApiano, entre outros. Será este nome,Gallaecia, que irá evoluindo durante mais de treze séculos, e que acabará por adotar as formas «Galiza» e «Galicia».
Mais controverso é, porém, o significado original do termoGallaicus (galaico) e consequentemente deGallaecia. O primeiro autor que teorizou sobre isto foiIsidoro de Sevilha, que noséculo VII explicava que o nome "galaico" aludia à pele branca como o leite que tinham os seus habitantes, de jeito semelhante aos habitantes daGália.[9] Serão muitos autores posteriores os que tentem procurar o significado deste nome, tais comoAfonso X o Sábio,Ramón Barros Sivelo ouMurguía, mas hoje tende a ser relacionado com étimos daslínguas celtas, eindo-europeias em geral, de maneira que o significado exato da palavra é, hoje em dia, desconhecido.
O nome oficial da comunidade éGalicia, forma considerada maioritária e preferente pelaReal Academia Galega e também usada emcastelhano.[10] No entanto, a Real Academia Galega e oInstituto da Língua Galega admitiram tantoGaliza comoGalicia na suanormativa de concórdia do verão de 2003. Sobre este assunto, concretamente, as normas ortográficas e morfológicas do idioma galego referem o seguinte:
«Teñen terminación -cia, entre outros, acacia, […] etc. Entre estas palabras está Galicia, voz lexítima galega, denominación oficial do país e maioritaria na expresión oral e escrita moderna. Galiza é tamén unha forma lexitimamente galega, amplamente documentada na época medieval, que foi recuperada no galego contemporáneo.»
Todavia, obras como o Dicionário de Questões Vernáculas, deNapoleão Mendes de Almeida ou «A imprensa e o caos na ortografia», de Marcos de Castro, afirmam, com veemência, a condição debarbarismo que representaria o uso do termoGalícia em detrimento do portuguêsGaliza. Outras obras, como oDicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, deJosé Pedro Machado, nem mesmo registram o referido termo, cujo uso, segundo alguns autores, teria sido disseminado no Brasil como adaptação do topónimo mais comum na Galiza,Galicia, por uma possível influência dos numerosos imigrantes galegos que chegaram ao país, ou, ainda, por influência do inglês ou do espanhol.[11]
As primeiras provas líticas da presença humana na Galiza datam de há cerca de 300 mil anos, no Paleolítico Inferior, durante o Pleistoceno Médio. Deste período, que nesta zona perdura até cerca de 5000 a.C., existem diversos restos dos seus povoadores por todo o litoral, desde Ribadeu até àGuarda, que consistem em instrumentos líticos que demonstram uma indústria acheuliana à base de bifaces, fendedores e triedros feitos sobre uma base de quartzo ou quarcita. São também de destaque as descobertas na parte portuguesa doMinho — deCaminha aMelgaço — e o dacaverna Eirós, emTriacastela, no qual foram preservados restos de animais e líticos dosneandertais até aoPaleolítico Médio, graças ao seu ambientebásico. Também existem outras reservas deste período noBaixo Minho e na depressão de Ourense. Conhecem-se duas culturas, o Paleolítico Inferior Arcaico (ou "cultura dos cantos talhados", com uma técnica mais simples) e o Paleolítico Inferior Clássico. As indústrias são simples e o número de tipos reduzido.
A primeira grande cultura claramente identificada se caracterizava por sua capacidade construtora e arquitetónica, juntamente com o seu sentido religioso, fundamentado no culto aos mortos como mediadores entre o homem e os deuses.
A sociedade estaria organizada num tipo de estrutura de clãs. Da época domegalítico depõe milhares detúmulos[12] estendidos por todo o território, escondendo no seu interior uma câmara funerária de dimensões maiores ou menores, edificada com brames de pedra, conhecidas comodólmen.
É nesta época que se atinge o desenvolvimento metalúrgico, impulsionado pela riqueza mineira. Devido às mudanças climáticas, vários povos da meseta migraram para o território da Galiza, aumentando a população e os conflitos entre povos. É a época de produção de diversos utensílios e joias de ouro ou de bronze, que foram até levadas além-Pirenéus.
Corresponde ao período de tempo desde a chegada dosceltas e seu assentamento até à fortificação nos seuscastros. Floresceu na segunda metade daIdade do Ferro, resultado da fusão com a cultura daIdade do Bronze e outros contributos posteriores, coexistindo em parte com a épocaromana. Os celtas trouxeram novas variedades degado, ocavalo domesticado e provavelmente ocenteio.
O primeiro povo celta que invade Galiza é o dosSefes, noséculo XI a.C.. Submeterá osEstrímnios, mas este influirá no primeiro sobretudo no terreno da religião, da organização política e das relações marítimas com aBretanha e aInglaterra.[carece de fontes?] SegundoEstrabão, a topografia predominantemente montanhosa da Galiza fez com que osgalaicos fossem o povo mais difícil de vencer daPenínsula Ibérica e tivessem derrotado grande parte dos povos daLusitânia.[13] É preciso dizer que a província romana dos galaicos, a Galécia (emlatim:Gallaecia ouCallaecia), ainda não estava constituída política e administrativamente.
Oscastros são recintos fortificados de forma circular, providos de um ou vários muros concêntricos, precedidos geralmente do seu correspondente fosso e situados, os mais deles, na cimeira de colina e montanhas. Entre os castros de tipo costeiro, destacam-se os deFazouro,Santa Trega,Baronha e Neixão. No interior, podem mencionar-se os deCastromau e Viladonga. Comum a todos eles são o facto de que o homem se adapta ao terreno e não ao contrário.
Quanto aos templos, a única construção encontrada é a de Elvinha. O de Meirãs conserva uma necrópole. Noutros castros existiam pequenas construções em forma de caixa onde eram guardadas as cinzas (cultura sorotápica, dos campos de enterro de furnas —urnenfelder em alemão). Existem também outras parcialmente enterradas, com um depósito para a água, nas quais os vestígios de fogo indicam que deveria ter como propósito a incineração de cadáveres.
A partir dos finais do Megalítico, aparecem inscrições sobre rochas graníticas a céu aberto das quais atualmente se desconhece a sua origem e significado, sendo de nota as do Campo Lameiro.
O Estatuto de Autonomia da Galiza, comparável àconstituição dumLand alemão, estabelece que os poderes da comunidade são executados por via do Parlamento, da Junta e da Presidência.[15]
OParlamento da Galiza é o representante máximo da comunidade, e sobre o qual recai o poder legislativo. É composto por 75 deputados eleitos por sufrágio universal através de representação proporcional por um período de quatro anos, na qual está também garantido o voto da diáspora galega;
AJunta da Galiza (Xunta de Galicia), órgão encarregue do poder executivo e administrativo do governo. Composta pelo presidente, vice-presidente e dez conselheiros. Coordena também as atividades das deputações provinciais;
O Presidente da Junta da Galiza dirige e coordena as suas ações e representa a comunidade autónoma. É membro do Parlamento e eleito pelos seus deputados.
O primeiro reconhecimento internacional da Galiza como nação terá ocorrido em 1933 no IX Congresso das Nacionalidades Europeias da Sociedade das Nações.[18] O dia feriado de festejo da comunidade foi oficializado em 1979 logo nos primórdios da autonomia como "Dia Nacional da Galiza".[19] OEstatuto de Autonomia de Galiza de 1981 define a Galiza como "nacionalidade histórica" em razão de ter aprovado em referendum um estatuto de autonomia em 1936, semanas antes do golpe militar da Guerra da Espanha.
Ainda um documento intitulado "Defesa da Nacionalidade" foi assinado em público (Pacto de Governo), após o acordo de coligação BNG-PSdG em 2005 no governo bipartido (2005–2009).
A cidade mais populosa éA Corunha com 213 418 habitantes,[20] o concelho mais populoso é o deVigo emPonte Vedra com 292 817 habitantes, e o menos povoado o de Negueira de Moniz com 215 habitantes em 2016. O concelho mais extenso é o da Fonsagrada, com uma superfície de 438,4 km², e o menor o de Mondariz-Balneário com 2,3 km². A Corunha é o concelho com maior densidade de população, com 6 449,32 hab./km² e Vilarinho de Conso é o que tem menor densidade de população com 2,92 hab./km² em 2016.
Durante a Idade Moderna e até à divisão territorial de Espanha em 1833, a Galiza esteve dividida em sete províncias:Corunha,Betanços,Lugo,Mondonhedo,Ourense,Santiago eTui. Atualmente, a comunidade estrutura-se em quatro províncias, as da Corunha, Lugo, Ourense ePonte Vedra. Estas, por sua vez, dividem-se emcomarcas (53),concelhos (313), seguindo-se asparóquias (3 792) e, por último, asaldeias elugares. A sua capital política é a cidade deSantiago de Compostela, na província da Corunha.
Os têxteis, a pesca, a pecuária, a silvicultura, a venda a retalho e a indústria automóvel são os setores mais dinâmicos da economia galega.
A cidade deA Corunha e a suaregião metropolitana geram 70% da riqueza de Galiza, sendo o principal agente económico da região.[21]Arteijo, um município industrial da área metropolitana da Corunha, é a sede daInditex, o maior retalhista de moda do mundo. Das suas oito marcas,Zara é a mais conhecida; de facto, é a marca espanhola mais conhecida de qualquer tipo numa base internacional.[22] Para 2007, a Inditex teve 9 435 milhões de euros em vendas para um lucro líquido de 1 250 milhões de euros.[23]
Com uma população estimada (2016) de 2 718 525 habitantes, a Galiza é a quinta comunidade autónoma de Espanha em população.[24] A sua densidade de população, de 92,94 hab./km², é ligeiramente superior à média espanhola e semelhante à europeia.
A população concentra-se na sua maioria nas zonas costeiras, sendo as áreas dasRias Baixas e oGolfo Ártabro (áreas metropolitanas da Corunha e Ferrol) as de maior densidade de população. A Galiza conta com sete localidades consideradas cidades: as quatro capitais:Corunha,Ponte Vedra,Ourense eLugo além de outras três cidades:Santiago de Compostela (capital administrativa) e as cidades industriais deVigo eFerrol.
Assim, o país conta com outros cinco concelhos com mais de 30 mil habitantes, dez concelhos de entre 20 mil e 30 mil habitantes, e trinta e cinco de entre 10 mil e 20 mil.
A cidade mais populosa éA Corunha com 213 418 habitantes e o concelho mais povoado é o deVigo emPonte Vedra, com 292 817 habitantes, enquanto no extremo oposto se encontra o deNegueira de Moniz, com 216 habitantes. O mais extenso é o daFonsagrada, que conta com uma superfície de 438,4 km², e o menor o deMondariz-Balneário com 2,3 km². ACorunha é o concelho com maior densidade populacional (6 449,32 hab./km²) eVilarinho de Conso é o que conta com a menor densidade populacional da Galiza (2,92 hab./km²).
Segundo o censo de 2014, o nível de fertilidade das galegas era de 1,07 filhos por mulher contra os 1,32 estatal e menor que a cifra de 2,1 filhos por mulher necessários para que se produza a substituição geracional da população.[25] Entre as galegas, as ourensãs e as luguesas são as que menos filhos têm, com 0,99 e 1,04, sendo as primeiras das que menos filhos têm em Espanha só acima das asturianas.[26] Em 2013 registaram-se na Galiza um total de 19 727 nascimentos, o que supõe 1 362 a menos que em 2012, segundo o IGE.[27] Efetivamente, nos últimos anos a Galiza vive uma diminuição paulatina do número absoluto de nascimentos desde o ano 2008, no qual houve 23 175 nascimentos,[27] após um breve período de recuperação entre os anos 2002 e 2008.
O crescimento natural, ou seja, a diferença entre o número de pessoas nascidas e as falecidas, é negativo na Galiza desde finais dos anos oitenta.[28] Em 2013 houve um total de 30 433 falecimentos pelo que a diferença entre falecimentos e nascimentos é de 10 706 pessoas.[29]
Quanto àesperança de vida, os galegos tinham em 2013 uma esperança de vida ao nascer de 82,59 anos (79,48 anos para os homens e 85,59 anos para as mulheres).[30] Desde 1981, ano em que a esperança de vida dos galegos era de 75,4 anos, esta cresceu em 7 anos, graças à melhoria da qualidade de vida.[31] O envelhecimento da população também se manifesta no incremento de idosos de idade avançada que regista gradualmente a comunidade em cada período. A Galiza contava em 1996 com 226 pessoas com mais de cem anos. Dezoito anos depois, o número cresceu para 1 281 galegos em 2014.[32]
Em 2014 residiam na Galiza 98 245 estrangeiros, o que supõe 3,57% do total da população. As nacionalidades predominantes são aportuguesa (19,03% do total de estrangeiros), aromena (9,36%) e abrasileira (8,34%).[33]
Densidade de população por províncias.
Concelhos com maior densidade populacional da Galiza.
Densidade de população por freguesias.
Concelhos que ganharam ou mantiveram a sua população em 2009.
Mapacronológico mostrando o desenvolvimento do galego (Galician)
A língua galega é a língua própria da Galiza, e assim foi reconhecida legalmente no seuEstatuto de Autonomia, tornando-se uma das suaslínguas oficiais. É usada maioritariamente pelopovo galego, o 90% afirma usá-lo sempre ou frequentemente. A outra língua oficial é ocastelhano, também muito utilizada, que mais do 96% afirma conhecer. Além disso, em váriascomarcas deLeão eAstúrias, que limitam com o oriente da Galiza, comarcas, separadas da Galiza administrativa noséculo XVIII, fala-se também galego. Estas comarcas são reivindicadas por uma parte donacionalismo galego como pertencente à nação galega.
A postura oficial na Galiza afirma a total distinção entre ambas línguas, não havendo nenhuma menção da sua semelhança noEstatuto Autonómico, ainda que se alude ao português, de facto, nas primeirasNormas ortográficas e morfolóxicas do galego[35](1982) quando se estabelece que:
"As escollas normativas deben ser harmónicas coas das outras linguas, especialmente coas romances en xeral e coa portuguesa en particular, evitando que o galego adopte solucións insolidarias e unilaterais naqueles aspectos comúns a todas elas. Para o arrequecemento do léxico culto, nomeadamente no referido aos ámbitos científico e técnico, o portugués será considerado recurso fundamental"
O Estatuto de Autonomia[36] atribui apenas àReal Academia Galega competência para determinar a normativa da "língua própria" da Galiza.
A atual bandeira galega foi criada em finais do século XIX pelos galeguistas históricos do Ressurgimento como insígnia nacional, e hasteia desde, pelo menos, 1891.[39] Possui fundo branco e uma faixa azul entre os cantos superior esquerdo e inferior direito. A antiga bandeira possuía com fundo azul e cruzes douradas, com um cálice no centro. Durante a ditadura franquista, criou-se uma nova bandeira sem o cálice mas com uma estrela vermelha.
O cálice é a figura heráldica que representa a Galiza. Foi documentado pela primeira vez no escudo dos reis da Galiza doArmorial Segar da Inglaterra em 1282. Sofreu várias alterações ao longo da história. O atual escudo está descrito no artigo 3.º da Lei de Símbolos da Galiza:
O Escudo de Galicia trae, en campo de azur, un cáliz de ouro sumado dunha hostia de prata, e acompañado de sete cruces recortadas do mesmo metal, tres a cada lado e unha no centro do xefe. O timbre coroa real, cerrada, que é un círculo de ouro, engastado de pedras preciosas, composto de oito floróns de follas de acanto, visibles cinco, interpoladas de pérolas e das súas follas saen cadansúas diademas sumadas de pérolas, que converxen nun mundo de azur, co semimeridiano e o ecuador de ouro, sumado de cruz de ouro. A coroa, forrada de gules, ou vermello.
O hino galego,Os Pinos, é o símbolo acústico mais solene da Galiza. O texto consiste nas duas primeiras estrofes do poemaQueixumes dos pinos deEduardo Pondal, e a música foi composta porPascual Veiga. A letra refere-se à Galiza como a nação deBreogão, um herói míticocelta. Foi interpretado pela primeira vez emHavana,Cuba, a 20 de dezembro de 1907.[40]
Odomínio deinternet proposto para a língua e cultura galegas é o ".gal". A proposta foi aprovada em Junho de 2013 pelaCorporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números. O novo domínio é utilizado parawebsites com conteúdo majoritário em idioma galego, tal como está determinado nas normas da "Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números".[41]
↑traduzido dolatim, significa: "Eis aqui o mistério da fé que com firmeza professamos". Era o lema do antigoReino da Galiza e é o lema do brasão atual da cidade deLugo[1]
↑«galego».Dicionário Caldas Aulete da Língua Portuguesa. www.aulete.com.br. Lexikon Editora Digital
↑«Título Preliminar».Ley Orgánica 1/1981, de 6 de abril, modificada por la Ley 18/2002.Galicia, nacionalidade histórica, constitúese en Comunidade Autónoma para acceder ó seu autogoberno, de conformidade coa Constitución Española e co presente Estatuto, que é a súa norma institucional básica.