Houve duas grandes culturas neolíticas no interior de Fuquiém, as quais eram bem diferentes das culturas costeiras de Fuquiém.[5]
Niubishan, 牛鼻山文化 (c. 3000–2000 a.C.)
Hulushan, 葫芦山文化 (c. 2050–1550 a.C.)
De 334 a 111 a.C., a região foi sede do reino deMinyue. Em 111 a.C., o reino foi anexado aoimpério Han.
No início doséculo IV, houve a primeira onda deimigração denobreshanes para a região, quando adinastia Jin do Oeste entrou em colapso e onorte da China foi invadido portribosnômades e entrou emguerra civil. Esses imigrantes hanes eram predominantemente de oito famílias da China Centralː Lin (林), Huang (黄), Chen (陈), Zheng (郑), Zhan (詹), Qiu (邱), He (何), and Hu (胡). As quatro primeiras continuam a ser, até hoje, os principaissobrenomes de Fuquiém.
Em 1549, o navegador e cronista português Galiote Pereira, estando à guarda dos juncos mercantis deDiogo Pereira, foi obrigado a atracar à margem da costa de Fuquiém, pelas autoridades chinesas. A crónica de Galiote Pereira, «Algumas Cousas Sabidas da China», obra em que dá a conhecer ao povo português as suas vivências e peripécias pela China, começa a narrativa exactamente nesse momento, em que se atracou em Fuquiém.[6] As autoridades chinesas, sob a alçada do vice-rei Chu Huan[7], confundindo os juncos portugueses por embarcações piratas, capturaram os trinta mercadores portugueses e os cerca de noventa tripulantes chineses e malaqueses, levando-os por prisioneiros até à capital provincial em Fuchéu.[8][9] Ficaram aí retidos durante um ano, até que uma sindicância imperial, levada a cabo para esmiuçar processo de judicial de captura, concluiu serem totalmente falsas as acusações de pirataria, o que redundou na ilibação dos mercadores portugueses.[10]
A sindicância imperial foi iniciada na sequência das execuções sumárias aos prisioneiros, dentre os quais, um deles seria um cidadão chinês com familiares com ligações na corte imperial, que se insurgiram contra a situação, alegando que as acusações de pirataria eram falsas e que o vice-rei excedera as suas competências ao decretar pena de morte sumária, sem autorização imperial. No rescaldo da sindicância, o vice-rei Chu Huan suicidou-se, para não ser punido pelo imperador.[11][7]
Fuquiém tem sido um importante centro cultural e comercial na história, fazendo parte da "Estrada marítima da Seda", ponto de partida das viagens deZheng He para a base doislã. Durante aDinastia Song e aDinastia Yuan, a abertura dos portos e o lançamento da Estrada da Seda Marítima permitiram que Fuquiém tivesse mais frequentes comércio e intercâmbio no exterior, permitindo, à província, entrar no seu auge econômico. Durante aDinastia Ming eDinastia Qing, a indústria têxtil de seda, indústria de açúcar, indústria de chá, indústria de construção naval e indústria de papel de Fuquiém foram bem desenvolvidos. No entanto, com a implementação da política introvertida de "banimento do comércio marítimo", a economia de Fuquiém foi seriamente afetada e a China foi degradada em um país semicolonial e semifeudal. Em 1949, Fuquiém era uma das províncias costeiras com menor nível dedesenvolvimento econômico do país.[12]
A partir do final dadécada de 1970, a província se desenvolveu economicamente, beneficiada pela proximidade comTaiwan.
Os costumes folclóricos multiculturais e confluentes de Fuquiém originam-se principalmente dos costumes depovos aborígines antes daDinastia Qing edinastia Hã, dos costumes da nacionalidade Han, do costume das nacionalidades dasminorias e dos costumes estrangeiros. A característica de confluência dos costumes populares de Fuquiém é representada pela confluência de costumes populares de diferentes nacionalidades e diferentes regiões da nacionalidade Han, bem como a confluência de costumes chineses e costumes estrangeiros.
Fuquiém é, também, ohabitat principal da nacionalidade deShe, cujos costumes transformaram-se numa parte importante dos costumes populares de Fuquiém. Além disso, alguns costumes daMongólia (Dinastia Yuan) e daManchúria (Dinastia Qing) também foram integrados nos costumes folclóricos de Fuquiém.[13]
A província possui um estilo dekung fu nativo, oestilo do cachorro. Várias regiões da província possuem seu próprio estilo deópera chinesa. Aópera min é popular na região de Fucheu; Gaoxiaji, na região de Jinjiang eChincheu; Xiangju, na região deZhangzhou; Fuquiém Nanqu, por todo o sul da província; e Puxianxi, na região dePutian e do condado de Xianyou. A "laca sem corpo de Fucheu" usa corpos debarro ougesso para modelar a laca; os corpos de barro/gesso são removidos posteriormente. Fucheu também é famosa pelas "pedras esculpidas de Shoushan".
A cozinha de Fuquiém, com sua ênfase emfrutos do mar, é uma das oito grandes tradições daculinária da China. É composta por tradições de várias regiões, incluindo a cozinha de Fucheu e a cozinha Min Nan. O prato mais famoso é o Fotiaoqiang (literalmente, "Buda salta sobre a muralha"), um prato complexo com muitos ingredientes, comobarbatana detubarão,pepino-do-mar,abalone evinho de Shaoxing.
Por causa de sua naturezamontanhosa e das numerosas ondasmigratórias com origem na China central ao longo de sua história, Fuquiém é uma das regiões mais linguisticamente diversas da áreahan chinesa.Dialetos locais podem se tornar ininteligíveis em dez quilômetros. Isso se reflete na expressãoː "se você andar cincomilhas em Fuquiém, a cultura muda; se você andar dez milhas, a língua muda".[14] A maior parte das variedades faladas em Fuquiém faz parte daslínguas min. Antigas classificações, como as de Li Fang-Kuei em 1937 e Yuan Jiahua em 1960, dividiram as línguas min em "do norte" e "do sul". Classificações mais recentes dividem as línguas min emː[15][16]
A sétima subdivisão das línguas min, oHainanês, não é falada em Fuquiém. Alíngua hacá, uma outra subdivisão do chinês, é falada na região deLongyan peloshacás que aí vivem.
A produção industrial, seguindo o rápido crescimento, é capaz de fornecer avanços no estímulo ao crescimento daeconomia nacional. Em 2005, o valor da produção industrial bruta de Fuquiém atingiu 1 bilhão deiuanes (um aumento de 16,2% em relação ao ano anterior), enquanto ovalor agregado industrial atingiu 279,8 bilhões deiuanes (um aumento de 13,5%). O valor agregado das três principais indústrias de Fuquiém, a saber,indústria eletroeletrônica,indústria do petróleo-indústria química eindústria de maquinaria, atingiu 78 bilhões deiuanes em 2005 (um aumento de 15,2%), enquanto que indústrias tradicionais comoindústria têxtil,indústria metalúrgica e indústria dematerial de construção atingiram 45 bilhões deiuanes (um aumento de 26,3%). O crescimento da produção de energia proporcionou uma forte garantia para o desenvolvimento industrial. A produção de energia aumentou 18%, o consumo de energia aumentou 14%, e o consumo de energia industrial aumentou 14%.[18]
A produção bruta da agricultura, silvicultura, pecuária e indústria pesqueira atingiu 131,728 bilhões em 2005, um aumento de 5,1% em relação ao ano anterior. Foi a maior taxa de crescimento em cinco anos. O valor de saída de nove principais produtos, nomeadamente animais, produtos aquáticos, vegetais, frutas, fungos domésticos, chá, flores e tabaco curado, representa 77% do valor total da produção agrícola. A cooperação agrícola entre Fuquiém eTaiwan apresenta efeitos distintivos. Aproveitando um bom potencial de crescimento, o valor das exportações de produtos agrícolas em Fuquiém chega a 2,6 bilhões de dólares estadunidenses. A receita em moeda estrangeira criada pela exportação de madeira,enlatados, laranja,cogumelos e ovo ocupa o primeiro lugar na China, as fileiras de produtos hortícolas o terceiro lugar e os produtos aquáticos ocupam o quinto lugar.[18]
A decisão estratégica de construir a "costa oeste verde doEstreito de Taiwan" foi proposta na conferência provincial de trabalho florestal. A produção florestal tem se mantido estável desde 2005. A área total de reflorestação ereflorestamento ao longo de todo o ano atingiu 69 600hectares, onde a área de reflorestamento atingiu 17 900hectares e a área de reflorestação atingiu 51 700hectares. Entres as áreas de reflorestamento, a proporção de setoresprivados passou de 40,% do ano anterior para 52,8%. A taxa de cobertura florestal de toda a província representa 62,96%, enquanto a produção total de madeiras comerciáveis atinge 5 823 400 metros cúbicos, uma taxa de crescimento de 12,3%.[18]
Em 2005, a produção bruta da economia dapesca em Fuquiém atingiu 86,566 bilhões deiuanes, apresentando um aumento de 10,56% em relação ao ano anterior e representando 31,35% da produção agrícola total de Fuquiém. Ovalor acrescentado da economia da pesca atingiu 48,384 mil milhões de iuanes, com um aumento de 9,66% e representando 7,99% doproduto interno bruto provincial. A produção total de produtos aquáticos atingiu 5 912 100 toneladas (um aumento de 3,22%), enquanto o consumoper capita de produtos aquáticos atingiu 168,39 quilogramas (um crescimento de 2,45% em relação ao ano anterior). Areceitacambial gerada pela exportação de produtos aquáticos atingiu 0,85 bilhão dedólares estadunidenses (aumento de 57,7%) e o valor de saída do processamento de produtos aquáticos atingiu 16,19 bilhões de iuanes, um aumento de 21,22%.[18]
↑abJiao, Tianlong. 2013. "The Neolithic Archaeology of Southeast China." In Underhill, Anne P., et al. A Companion to Chinese Archaeology, 599-611. Wiley-Blackwell.
↑Loureiro, Rui (1992).Algumas Cousas Sabidas da China - Galiote Pereira. Coimbra: Imprensa de Coimbra. p. 13-14. 68 páginas «E porque foi o princípio dos nossos trabalhos e de virmos a saber desta terra esta comarca de Foquiem, por aqui começarei.» «(Nota. 3) Província de Fukien. Os dois juncos pertencentes a Diogo Pereira, nos quais viajava Galiote Pereira e os seus companheiros foram capturados pelas autoridades marítimas chinesas, ao largo de Fukien em 1549.»
↑Loureiro, Rui (1992).Algumas Cousas Sabidas da China - Galiote Pereira. Coimbra: Imprensa de Coimbra. p. 8. 68 páginas «(...) a situação no Sul da China alterara-se profundamente, e os dois juncos foram capturados pelas autoridades marítimas chinesas, que os tomaram erradamente por embarcações dedicadas à pirataria»
↑Loureiro, Rui (1992).Algumas Cousas Sabidas da China - Galiote Pereira. Coimbra: Imprensa de Coimbra. p. 9. 68 páginas «<Os prisioneiros portugueses, juntamente com os tripulantes chineses e malaqueses foram conduzidos a Chüan-chow e depois a Fuchou, capital da província de Fukien»
↑Loureiro, Rui (1992).Algumas Cousas Sabidas da China - Galiote Pereira. Coimbra: Imprensa de Coimbra. p. 9. 68 páginas «Aí ficaram mais de um ano. Logo após a captura, alguns portugueses, assim como cerca de noventa tripulantes chineses, foram sumariamente executados, sem julgamento. Foi graças a esta execução, contudo, que foi possível a ulterior libertação dos portugueses. As autoridades chinesas locais haviam excedido as suas competências judiciais ao executar os prisioneiros sem qualquer ratificação imperial da sentença, o que constituía uma ofensa extremamente grave na China da época Ming (1368-1644).»
↑Loureiro, Rui (1992).Algumas Cousas Sabidas da China - Galiote Pereira. Coimbra: Imprensa de Coimbra. p. 10. 68 páginas «Alegando abuso de poderes, especialmente depois de se ter descoberto que dentre os executados se encontrava um fidalgo chinês, com familiares na corte imperial, os inimigos do vice-rei Chu Huan conseguiram que a corte imperial nomeasse uma comissão de inquérito para investigar os acontecimentos ligados ao apresamento dos juncos (...) O relatório que resultou da dessava foi completamente desfavorável às autoridades provinciais chinesas, reconhecendo a falsidade das acusações de pirataria feitas aos portugueses, bem como um total desleixo na tramitação judicial, ao ponto de terem sido ordenadas execuções sumárias dos prisioneiros, sem que os mesmos tivessem sido identificados ou qualquer processo judicial tivesse sido aberto sequer. (...) Antecipando-se ao castigo imperial, Chu Huan suicidou-se. (...) as fontes chinesas da época citadas por alguns historiadores confirmam que a comissão de inquérito, ao condenar Chu Huan, estava necessariamente a ilibar os prisioneiros portugueses de qualquer culpa.»
↑French, Howard W. "Uniting China to Speak Mandarin, the One Official Language: Easier Said Than Done." The New York Times. July 10, 2005.
↑Kurpaska, Maria (2010). Chinese Language(s): A Look Through the Prism of "The Great Dictionary of Modern Chinese Dialects". Walter de Gruyter. pp. 49, 52, 71.ISBN 978-3-11-021914-2.
↑Norman, Jerry (1988). Chinese. Cambridge: Cambridge University Press. p. 233.ISBN 978-0-521-29653-3.