AFrente Popular para a Libertação da Palestina (emárabe:الجبهة الشعبية لتحرير فلسطين,translit.al-jabhah al-sha`biyyah li-tahrīr filastīn; eminglês:Popular Front for the Liberation of Palestine,PFLP) ouFPLP é uma organização política e militar palestiniana de orientaçãomarxista-leninista fundada em1967. Outrora uma importante organização, a Frente Popular para a Libertação da Palestina perdeu importância nosanos 90, tendo ressurgido durante a Segunda Intifada, iniciada em Setembro de2000. AUnião Europeia e osEstados Unidos classificam a organização deterrorista.[4]
A FPLP considera atualmente ilegais tanto o governo liderado pelaFatah naCisjordânia como o governo doHamas naFaixa de Gaza porque não se realizam eleições para aAutoridade Nacional Palestiniana desde 2006.[5] A FPLP tem geralmente adoptado uma linha dura em relação às aspirações nacionais palestinianas, opondo-se à posição mais moderada da Fatah, e também opõe-se à posição Hamas de criar umestado islâmico na Palestina, ainda que frequentemente coopere com o Hamas contra Israel.[6]
Opõe-se também à existência de Israel comoEstado judeu e defende a substituição de Israel por umestado secular palestino.[7] Promove, portanto, asolução de Estado único para oconflito israelo-palestiniano, mediante o estabelecimento de um "Estado árabe democrático naPalestina, onde os direitos culturais e religiosos das comunidades não árabes, incluindo a comunidade judia, seriam preservados."[8][9]
A FPLP tem seu próprio braço armado, conhecido como asBrigadas de Abu Ali Mustafa (emárabe:كتائب أبو علي مصطفى,translit.Katāʾib Abū ʿAlī Muṣṭafā), conhecidas até 2001 como a Brigada da Águia Vermelha, que participa da luta armada contra oEstado de Israel desde 1967.[10] A FPLP é bem conhecida por ser pioneira nosequestro armado de aeronaves no final da década de 1960 e início da década de 1970. Um dos episódios mais emblemáticos foi o sequestro do voo 139Air France, onde a FPLP levou o voo paraUganda, e subsequentemente Israel organizou uma operação de resgate complexa e bem-sucedida, conhecida como aOperação Entebbe.[11] A FPLP e a Brigada Abu Ali Mustafa recebem apoio militar e financeiro doIrã, e a organização se declara-se aliadas do Irã, daSíria e doEixo da Resistência.[12][13]
A organização foi fundada a11 de Dezembro de1967 porGeorge Habash, um médico palestiniano de família decristãortodoxa. Em 1948, Habash, de 19 anos, um estudante de medicina, foi para sua cidade natal,Lida, durante aGuerra Árabe-Israelense de 1948, para ajudar sua família. Enquanto ele estava lá, as Forças de Defesa de Israel atacaram a cidade e, como resultado, a maior parte da população civil foi forçada a sair no que ficou conhecido como aMarcha da Morte de Lida, que levou à morte de sua irmã. Marcharam durante três dias sem comida nem água até chegarem às linhas de frente dos exércitos árabes. Habash terminou sua educação médica noLíbano, naUniversidade Americana de Beirute, graduando-se em 1951.[14]
A sua primeira acção ocorreu a22 de Julho1968, com a captura de um avião da companhia área israelitaEl Al que fazia um viagem deRoma paraTel Aviv.
No mesmo ano a organização uniu-se àOrganização para a Libertação da Palestina (OLP), principal organização do movimento nacionalista palestiniano, liderada porYasser Arafat, que na época admitia o uso da violência para alcançar objectivos políticos. A FPLP tornou-se a segunda maior facção da OLP, após aFatah de Arafat. Em1970 a organização desviou três aviões com passageiros, que levou para aJordânia, onde a OLP se encontrava instalada. Após retirarem todos os passageiros dos aviões, os membros do grupo explodiram-nos. Em resposta a este acto, o então rei,Hussein da Jordânia, ordenou a expulsão da OLP do seu país.
As primeiras cisões no grupo ocorreram em 1968 quando Ahmed Jibril separou-se do grupo para formar aFrente Popular para a Libertação da Palestina - Comando Geral, com base em alegações de que a FPLP estava produzindo intelectuais impotentes e não estava a fazer nenhum progresso significativo em termos de luta armada para libertar a Palestina.
A decadência daUnião Soviética no final dadécada de 1980 teria consequências negativas para a organização, já que representou a perda de um importante apoio. Ao mesmo tempo, a ascensão doHamas faria com que o grupo perdesse adeptos e simpatizantes nos Territórios Ocupados.
Em1993, a FPLP opôs-se aosAcordos de Oslo, assinados entre a OLP e Israel, tendo boicotado as eleições para aAutoridade Nacional Palestiniana, organizadas em1996. Contudo, o grupo aceitou a formação do governo palestiniano, no qual procurou integrar-se.
Em2000Abu Ali Mustafa substituiu George Habash como líder do grupo. Mustafa seria assassinado por Israel num ataque ao seu escritório em Ramallah a27 de Agosto de 2001. Ahmed Sadat passaria a ser o novo líder, mas dado que este foi detido pela Autoridade Palestiniana, sob pressão de Israel e dos Estados Unidos por alegado envolvimento no assassinato de um ministro israelita, o grupo passaria a ser liderado por Ahmed Jibril, antigo líder da Frente Popular para a Libertação da Palestina - Comando Geral.
A primeira acção cometida pelo grupo após o começo da Segunda Intifada (ou Intifada de Al-Aqsa) foi a morte de um civil israelita, Meir Lixenberg, morto enquanto viajava de carro pela Cisjordânia. Segundo a organização o acto foi realizado em retaliação pelo assassinato de Abu Ali Mustafa.
A17 de Outubro de2001, membros do grupo assassinaram a tiro o ministro do turismo de Israel,Rehavam Zeevi, num hotel deJerusalém, alegando novamente que a morte foi uma forma de retaliação pela morte de palestinianos.
A organização reivindicou também um ataque suicida numa pizzaria em Karnei Shomron a16 de Fevereiro de 2002, acto do qual resultou a morte de três civis israelitas, bem como um atentado suicida num mercado de Netanya a19 de Maio de 2002, que provocou também três mortes de civis israelitas.
Em 2006 a organização participou nas eleições legislativas palestinianas como "Lista Abu Ali Mustafa", tendo alcançado 4,2% dos votos, o que se traduziu em três lugares no Conselho Legislativo Palestiniano. A sua melhor votação foi alcançada em Belém (9,4%).
↑Ver também "A Strategy for the Liberation of Palestine" (Amman: PFLP Information Department, 1969), p. 80:"The aim of the Palestinian liberation movement is to establish a democratic state in Palestine in which both Arabs and Jews will live as citizens with equal rights and obligations...",apud Glass, Charles.Jews Against Zion : Israeli Jewish Anti-Zionism.Journal of Palestine Studies, vol.5, nº 1, 1976.