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Evolução territorial do Brasil

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Evolução territorial do Brasil (1534-1990)

Aevolução territorial do Brasil remonta aoséculo XV, ao início da chamadaEra dos Descobrimentos, quando se impôs a partilha das terras descobertas entre as monarquiasibéricas, pioneiras nasGrandes Navegações. A partir de então, a formação doterritório doBrasil sucede-se em uma série de iniciativas e questões, que culminam no início doséculo XX, com a definição dasfronteiras terrestres, e prosseguem em nossos dias, no tocante à fixação das fronteiras marítimas, na questão denominada pelaMarinha do Brasil como "Amazônia Azul".

Pontos extremos

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Ver também:Geografia do Brasil § Localização, fronteiras e pontos extremos

Os pontos extremos do território brasileiro são:

Fronteiras internacionais

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Ver artigos principais:Lista de estados fronteiriços do Brasil,Lista de municípios fronteiriços do Brasil, eLista de países limítrofes do Brasil

OBrasil limita-se ao norte com aGuiana Francesa, oSuriname, aGuiana e aVenezuela; a noroeste, com aColômbia; a oeste, com oPeru e aBolívia; a sudoeste, com oParaguai e aArgentina; ao sul, com oUruguai e a leste com oOceano Atlântico.

História

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Antecedentes

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Formação do estado brasileiro (em verde escuro) e dos paísessul-americanos desde 1700.
Página doTratado de Tordesilhas.

Considerando-se como marco inicial daexpansão marítima europeia aconquista de Ceuta, nonorte da África, em 1415, a baixa lucratividade daquela conquista levou a que Portugal empreendesse a busca das fontes deouro presumidas ao sul dodeserto do Saara, projeto coordenado peloInfante D. Henrique (1394-1460). As descobertas resultantes, os altos investimentos exigidos e o desejo da exclusividade dos lucros resultantes, diante da disputa comCastela, conduziram à mediação pelaSanta Sé, verdadeira autoridade supranacional reconhecida pelos reinoscristãos. Desse modo, em janeiro de 1450 oPapa Nicolau V confirmou os direitos dePortugal a todas as terras novamente descobertas, concedendo ao Infante D. Henrique omonopólio da exploração até àÍndia. AbulaRomanus pontifex (8 de Janeiro de 1454), do mesmo pontífice, legitimou os objetivos expansionistas portugueses, definindo a conquista colonial como um instrumento da expansão do cristianismo, ao conceder ao rei de Portugal e ao Infante o direito a todas as suas conquistas marítimas, nomeadamente aMadeira, osAçores,Cabo Verde eSão Tomé e Príncipe.[nota 1]

Uma nova etapa iniciou-se após a morte do Infante. Foi marcada pela negociação e assinatura doTratado de Toledo (6 de Março de 1480), entreAfonso V de Portugal e osReis Católicos,Fernando de Aragão eIsabel de Castela. Por este diploma, em troca da posse doarquipélago dasCanárias para aEspanha, estes soberanos deixavam para Portugal todas as terras descobertas ou por descobrir das "Canárias para baixo, contra a Guiné". Este tratado confirmava oTratado de Alcáçovas (ou das "Parcerias do Moura"), que encerrou a guerra dinástica na Península Ibérica (4 de Setembro de 1479) e foi ratificado pela bulaAeterni regis, doPapa Sisto IV (21 de Junho de 1481).

Um terceiro momento é definido após a descoberta deCristóvão Colombo, a serviço dos Reis Católicos, em 1492. As incertezas decorrentes da posse dessas novas terras a Ocidente perturbaram o equilíbrio de poderes noOceano Atlântico. Desse modo, adiplomacia espanhola obteve doPapa Alexandre VI (oaragonêsRodrigo Bórgia) uma série de Bulas:

  • Eximiae devotionis eInter cætera (3 de Maio de 1493), que concediam à Espanha o direito às terras não pertencentes aos príncipes cristãos;
  • a segunda bulaInter cætera (4 de Maio de 1493), que concedia à Espanha as terras, descobertas e a descobrir, a oeste de ummeridiano 100léguas a oeste e ao meio-dia (sul) das ilhas dos Açores e Cabo Verde;
  • Dudum siquidem (26 de Setembro de 1493), que confirma as bulas anteriores.

Insatisfeito com a arbitragem pontifícia,João II de Portugal negocia diretamente com os Reis Católicos e assina, na povoação castelhana deTordesillas, o Tratado denominado oficialmente como "Capitulación de la partición del mar Oceano" (7 de Junho de 1494).[nota 2] Este novo diploma dividia o mundo descoberto e a descobrir, estabelecendo um meridiano a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde entre as Coroas de Portugal (a quem cabia o Este) e da Espanha (a quem cabia o Oeste), preservando os interesses de cada uma das Coroas. Pelo novo Tratado, pertenceriam a Portugal parte das terras do Brasil, que só seriam descobertas seis anos mais tarde, em 1500. Assinado dois anos após o descobrimento da América por Colombo, e seis anos antes da descoberta do Brasil porVicente Yáñez Pinzón, este diploma assegurava os interesses de Portugal no périplo africano e nadescoberta do caminho marítimo para a Índia.

Embora o Tratado tenha sido aprovado peloPapa Júlio II, em 1506, através da bulaEa quae pro bono pacis, os seus termos jamais foram reconhecidos pelas demais potências europeias, por ele excluídas das conquistas e riquezas do Novo Mundo. Adicionalmente, a indeterminação do meridiano[nota 3] e subsequentes conflitos gerados na América (pela posse da bacia dorio da Prata) e noOceano Pacífico (pela posse das ilhasMolucas), levaram à aquisição das Ilhas Molucas (inclusive asFilipinas,Timor eSolor) por Portugal à Espanha através daCapitulação de Saragoça (23 de Abril de 1529).

América portuguesa

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Do início da colonização à Dinastia Filipina
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Veja também :Invasões francesas do Brasil eInvasões holandesas do Brasil
O meridiano mais oriental é definido pela Bula "Inter Coetera"; o mais ocidental pelo Tratado de Tordesilhas; a localização das cidades actuais é meramente indicativa
Mapa de 1602 traduzindo a concepção de "ilha-Brasil"

As oscilações que se observam na linha de Tordesilhas a partir doséculo XVI devem-se não apenas à imprecisão dos meios cartográficos da época, mas também a erros intencionais, de caráter político-ideológico. Da sua análise, percebe-se a existência de um projeto português que pretendia definir os limites do seu território americano pelo controle dos seus dois grandes cursos fluviais: orio Amazonas ao norte e orio da Prata, ao sul. Essa visão foi sustentada pelo historiador e diplomataJaime Cortesão, que demonstrou que a cartografia portuguesa do Brasil refletiu alenda de uma unidade territorial como uma grandeilha, envolvida pelas águas dos dois grandes rios, cujas fontes se situariam em um lago central, unificador. Desta forma, a união das duas grandes bacias hidrográficas possivelmente mostrava o desejo português de que o meridiano de Tordesilhas constituísse também uma fronteira natural. Mesmo que provado que a linha lindeira ficasse mais a leste, não se poderia discutir o fato "inquestionável" dos limites naturais.

A lenda da "Ilha Brasil" foi sendo progressivamente superada, à medida que se registrava a interiorização da colonização e principalmente pelas observações dos padres jesuítasDiogo Soares (1684-1748) eDomenico Capacci (1694-1736) na primeira metade doséculo XVIII.

Ainda com relação aos termos de Tordesilhas, os questionamentos das demais nações europeias no tocante ao domínio dos mares levará à disputa do litoral inicialmente comfranceses, posteriormente comingleses eneerlandeses, que se utilizarão largamente docorso, aliados ao não aosindígenas, como instrumento para obterem acesso às riquezas coloniais.

Dado o relativo insucesso das chamadas "expedições guarda-costas" deCristóvão Jaques, aCoroa Portuguesa investe na colonização, recorrendo à fórmula já ensaiada com sucesso nas suas ilhas atlânticas: a implantação do sistema deCapitanias hereditárias com a introdução dacana-de-açúcar como gênero capaz de garantir suporte econômico à ocupação. O sistema, porém, malogrou, uma vez que somente as capitanias dePernambuco eSão Vicente prosperaram. Em 1549 é estabelecido oGoverno Geral, com a criação deSalvador no ponto central da costa brasileira, um local que oferecia favoráveis condições de assentamento e defesa (relevo acidentado às margens de uma baía).

Durante aDinastia Filipina (1580-1640), se por um lado cessam as disputas sobre as fronteiras terrestres, estas são dilatadas com a conquista do litoral daregião Nordeste do Brasil em direção à foz dorio Amazonas, concluída com o estabelecimento doForte do Presépio (1616) e em seguida, com a conquista da própria foz do Amazonas, campanha que se estenderá por cerca de uma década, entre 1625 e 1635. Em 1636 tem lugar a épica viagem dePedro Teixeira que partindo de Belém do Pará sobe o curso do Amazonas alcançandoQuito, noEquador. Ao mesmo tempo, registram-se:

Da Dinastia de Bragança ao Tratado de Madrid
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No contexto daRestauração da Independência Portuguesa, novas questões se colocam quanto às fronteiras do Brasil Colonial. Inicialmente é necessário fazer face à chamada "Insurreição Pernambucana". Para esse fim, foi assinado oTratado de paz entre os Países Baixos e Portugal (Haia, 6 de Agosto de 1661). Por ele, os neerlandeses reconheceram formalmente a perda de suas possessões no Nordeste do Brasil e na costa ocidental africana (São Tomé e Príncipe eLuanda), em troca de uma indenização de quatro milhões decruzados, da devolução da suaartilharia, da cessão de algumas colônias no Oriente e de vantagens comerciais.

Em 1668 estabelecia-se a paz com a Espanha, encerrando-se aGuerra da Restauração na Península. Uma década mais tarde, em 1678, a Coroa Portuguesa determina a ocupação da margem esquerda do Rio de Prata, que se materializa com o estabelecimento daColónia do Sacramento (22 de Janeiro de 1680), reabrindo as disputas territoriais com a Espanha no sul da colónia. Com a sua conquista por tropas espanholas oriundas deBuenos Aires (7 de Agosto de 1680), oTratado Provisional de Lisboa (7 de Maio de 1681) devolvia a Portugal a Colônia.

Poucos anos mais tarde, no extremo oposto da colónia, em Maio de 1697, tropas francesas sob o comando domarquês de Ferroles, governador daGuiana Francesa, invadiram a região do Amapá, conquistando osfortes de Macapá e doAraguari. No desenvolvimento do conflito, são assinados dois diplomas:

  • Tratado Provisional e Suspensivo de Lisboa (4 de Março de 1700) - firmado entre Portugal e a França, declarou indefinida a posse das terras entre o Forte de Macapá e o rio Oiapoque (ou Vicente Pinzón), estipulando a demolição do Forte de Macapá e a do Forte do Araguari, e a retirada de tudo o que neles houvesse. Esse tratado jamais foi cumprido formalmente pela Coroa Portuguesa, em virtude de instruções secretas em contrário, transmitidas ao Governador e Capitão General do Pará,Fernão Carrilho.
  • 1º Tratado de Utrecht (11 de Abril de 1713) - firmado entre a Grande Aliança (Inglaterra,Países Baixos eÁustria) e aFrança deLuís XIV, derrotada no contexto daGuerra da Sucessão Espanhola (1701-1713). Este diploma pretendeu estabelecer um sistema político europeu estável, baseado no equilíbrio de poder entre aquelas potências. Com o apoio da Inglaterra,João V de Portugal obteve, pelo artigo VIII do Tratado, que a França desistisse das suas pretensões às terras doCabo Norte, e que orio Oiapoque (ou Vicente Pinzón) passasse a ser a fronteira entre a Guiana Francesa e o Brasil.

A partir deste Tratado estreitou-se a relação entre Portugal e a Inglaterra, em processo idêntico ao que se registou entre a Espanha e a França. Deste modo, as nações ibéricas conseguirão manter os respectivos domínios coloniais face à rivalidade anglo-francesa durante todo oséculo XVIII, até aoCongresso de Viena (1815).

Ainda no contexto das negociações diplomáticas emUtrecht, é assinado um segundo diploma, entre Portugal e a Espanha, a 6 de Fevereiro de 1715, encerrando o conflito luso-espanhol. Por ele a Espanha devolveu a Portugal a Colônia do Sacramento (reconquistada pela Espanha em 1705).

Tendo o conflito se reacendido no sul da Colónia Brasileira, com o sítio Espanhol da Colónia do Sacramento desde 3 de Outubro de 1735, foi assinado um armistício, a 2 de Setembro de 1737, entre as duas Coroas.

Entretanto, o momento culminante da diplomacia envolvendo as fronteiras do Brasil Colônia, que lhe assegurou a atual configuração foi oTratado de Madrid (13 de Janeiro de 1750). Firmado entreJoão V de Portugal eFernando VI da Espanha para definir os limites entre as respectivas colônias sul-americanas, sucedeu a Bula "Inter Coetera" (1493), oTratado de Tordesilhas (1494), aCapitulação de Saragoça (1529), oTratado Provisional de Lisboa (1681), e o2º Tratado de Utrecht (1715). Foi defendido por um diplomata português, porém nascido no Brasil, chamadoAlexandre de Gusmão. Suas ideias influenciaram o Barão do Rio Branco, o "pai da diplomacia brasileira"; sendo Gusmão considerado o "avô dos diplomatas brasileiros". Partia das seguintes premissas:

  • o Tratado de Tordesilhas jamais havia sido demarcado;
  • as bandeiras de apresamento, especialmente durante a Dinastia Filipina (1580-1640), e as de prospecção mineral, alargaram o território brasileiro além do meridiano de Tordesilhas;
  • a presença portuguesa na bacia do rio da Prata tornou-se ostensiva, a partir do estabelecimento da Colônia do Sacramento (1680).
  • baseava-se no chamadoMapa das Cortes, privilegiando a utilização de acidentes naturais (rios e montanhas) para demarcação dos limites;
  • consagrava o princípio do direito privado romano do "uti possidetis, ita possideatis" ("quem possui de fato, deve possuir de direito"), delineando os contornos aproximados do Brasil atual.

Pelos seus termos, Portugal entregava a Colônia do Sacramento à Espanha (art. XIII), recebendo os territórios do Sul, pela linha de [Monte] Castilhos Grande, às nascentes dorio Ibicuí, asMissões, a margem direita dorio Guaporé e cedendo o território ocidental dorio Japurá aorio Amazonas e a navegação dorio Içá (Rio Putumayo) (art. XIV); complementarmente, em caso de guerra entre as Coroas de Portugal e da Espanha, naEuropa, os seus vassalos naAmérica do Sul permaneceriam em paz (art. XXI).

Do Tratado de Madrid à Independência
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Na prática, as demarcações que deveriam ter tido lugar em virtude da assinatura do Tratado de Madrid jamais tiveram lugar. Por essa razão, uma série de diplomas se sucedeu, com variadas disposições:

O primeiro deles foi oTratado de El Pardo (12 de Fevereiro de 1761), assinado entreJosé I de Portugal eCarlos III de Espanha no contexto do chamadoPacto de Família (15 de Agosto de 1761) que uniu osBourbon da França, da Espanha, deNápoles e deParma e acirrou a tensão entre Portugal e a Espanha. Face às dificuldades nos trabalhos de demarcação de limites - a norte, naAmazônia, e a sul, com a eclosão da chamadaGuerra Guaranítica (1753-1756) -, Portugal se recusou a tomar posse do território conflagrado dosSete Povos das Missões, e se negou a devolver a Colônia do Sacramento à Espanha. O tratado anulou as disposições do Tratado de Madrid (1750), e deixou em suspenso as questões de limites na Colónia Brasileira.

Em seguida, foi importante para as fronteiras do Brasil oTratado de Paris (10 de Fevereiro de 1763). Firmado entre a Inglaterra e a França, este diploma colocava fim àGuerra dos Sete Anos (1756-1763). Pelos seus termos, a França cedeu à Inglaterra as terras doCanadá, o vale dorio Ohio, e a margem esquerda dorio Mississipi, abdicando de qualquer pretensão naÍndia, e a Espanha cedeu à Inglaterra a região daFlórida. Em virtude deste diploma, Portugal recebeu de volta a Colônia do Sacramento, conquistada pelos espanhóis desde 30 de Outubro de 1762, que, entretanto, permaneceram em posse de outras áreas na região doRio Grande do Sul. Este tratado consolidou a supremacia inglesa nasrelações internacionais.

A região da bacia do Prata, que na banda espanhola se mantivera como uma dependência doVice-Reino do Peru, a partir de 1776 foi elevada aVice-Reino do Rio da Prata. Com isso, até então dependente economicamente da rota de abastecimento do Pacífico (a partir da Espanha viaistmo do Panamá,Oceano Pacífico eChile), passou a utilizar a rota doOceano Atlântico para o escoamento dos seus produtos (couros echarque). Nesse contexto ocorreu, em 1777, uma nova invasão espanhola que, sob o comando de D.Pedro de Cevallos, destruiu as fortificações da Colônia do Sacramento, obstruindo o seu porto, e conquistou ailha de Santa Catarina (3 de Junho). Estas ações conduziram à assinatura doTratado de Santo Ildefonso (1777), entreMaria I de Portugal e a Espanha. Pelos seus termos, restabeleceram-se as linhas gerais do Tratado de Madrid (1750) para a região Norte do Brasil e, na região Sul, onde a presença militar espanhola era mais forte, a Colônia do Sacramento, o território das Missões e parte do atual Rio Grande do Sul foram cedidos à Espanha, em troca da restituição da ilha de Santa Catarina a Portugal.

Posteriormente, no contexto dasGuerras Napoleônicas, Portugal foi invadido por um exército franco-espanhol, no episódio conhecido comoGuerra das Laranjas. Para encerrá-la, foi assinado oTratado de Badajoz (5 de Junho de 1801) entre Portugal e a Espanha. Por este diploma, acordava-se a paz entre ambas as Coroas: a Espanha mantinha a praça-forte conquistada deOlivença (1801), naPenínsula Ibérica (verQuestão de Olivença). NaAmérica do Sul, Portugal permaneceu em poder dos territórios conquistados (asMissões e parte do atual Rio Grande do Sul), fixando a fronteira sul do Brasil na linha Quaraí-Jaguarão-Chuí. A Espanha continuou na posse da Colônia do Sacramento. Note-se que este tratado não ratificou o Tratado de Santo Ildefonso (1777), nem determinou restabelecer o "statu quo ante bellum".

Ainda no contexto das Guerras Napoleónicas, após a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, deliberou-se a conquista daGuiana Francesa (1808, ocupada militarmente até 1817, após anos de negociação, já que os portugueses se recusaram em desocupar o território sem que se definisse previamente os limites definitivos. Nas negociações do tratado de Viena em 1815, ficou posteriormente estabelecido que Portugal deveria devolver o território conquistado à França. A diplomacia portuguesa contestou, no entanto, tal solução, principalmente pelo fato de parte da representação dos interesses lusitanos ter sido exercido pela Inglaterra. Portugal exigia uma indenização referente ao esforço militar de ocupação e definições precisas das fronteiras na região. O principal objetivo da Coroa Portuguesa era o de estabelecer limites territoriais seguros para a posse da foz dorio Amazonas.

Império do Brasil

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Com a proclamação daIndependência do Brasil (1822), a unidade territorial foi assegurada, internamente, no desenvolvimento da chamadaGuerra da Independência (1823-1824). No plano externo, as fronteiras do novo país ficaram definidas pelo diploma que a reconheceu, oTratado do Rio de Janeiro. Este diploma foi firmado entre o Brasil e Portugal, com a interveniência da Inglaterra. Pelos seus termos:

  • João VI de Portugal cedeu a soberania ao Brasil, e tomou para si o título de Imperador, ao quePedro I do Brasil, seu filho, anuiu;
  • O soberano brasileiro prometeu não aceitar proposições de quaisquer colônias portuguesas para se unirem ao Império do Brasil;
  • Estabeleceu a paz e a mais perfeita amizade (art. IV), definindo direitos dos súditos no outro país, e a restituição ou indenização de todos os bens confiscados ou destruídos durante aGuerra da Independência;
  • Restabeleceu ocomércio bilateral, taxado à base de 15% "ad valorem" sobre todas as mercadorias;

O diploma foi acompanhado pela chamadaConvenção Pecuniária (ou Adicional), firmada na mesma data como se fosse um anexo ao Tratado, mas mantida em segredo para o público até à abertura daAssembleia Legislativa de 1826. Ela estabelecia um pagamento de dois milhões delibras esterlinas a título de indenização de reclamações do governo português (art. I).

Ambos os diplomas tiveram o mérito de restabelecer a paz e o comércio entre Brasil e Portugal, garantindo os interesses financeiros da Inglaterra e os interesses coloniais de Portugal naÁfrica. Por outro lado, àopinião pública brasileira desagradou o uso, por D. João VI de Portugal, do título de "Imperador do Brasil", e, sobretudo a partir de 1826, a divulgação dos termos da Convenção Pecuniária. Os limites territoriais do Brasil eram mantidos implicitamente, o que era ratificado pelaConstituição brasileira de 1824.

Província Cisplatina, atual Uruguai

Ainda no contexto da Guerra da Independência, no tocante àprovíncia Cisplatina, o Tenente-generalCarlos Frederico Lecor,barão da Laguna, entrou com as suas forças emMontevidéu (1824), obtendo que ocabildo da cidade jurasse a Constituição do Império, obtendo desse modo a sua anexação oficial ao Império do Brasil. Esta ocupação foi efêmera, uma vez que, tendo os seus interesses prejudicados localmente, muitos cisplatinos, com o apoio dasProvíncias Unidas do Rio da Prata (que também desejavam incorporar a Cisplatina) iniciaram conflitos (inclusive a guerra de corso) contra as forças brasileiras. Após diversos choques desfavoráveis ao Brasil, em 1828, com a intermediação doReino Unido, umaConvenção Preliminar de Paz, ratificada nos anos seguintes, tratava do comum acordo de desistência das duas partes do controle da região e a independência daRepública Oriental do Uruguai.

À época doSegundo Reinado foi assinado o Tratado de limites entre o Brasil e o Uruguai (1851), acordando-os praticamente como o são hoje, sendo modificadas posteriormente apenas algumas disposições do mesmo.

Com relação às fronteiras com oParaguai, estas foram estabelecidas ao final daGuerra da Tríplice Aliança (1864-1870) quando, em 1872, foi firmado um Tratado de Paz, no qual constavam os respectivos limites com o Brasil. Segundo o historiador brasileiroHélio Vianna, este diploma respeitava os convênios da época colonial e reivindicava para o Brasil apenas as terras já ocupadas ou exploradas por portugueses e brasileiros.

No contexto da Guerra da Tríplice Aliança, com a assinatura doTratado de Ayacucho (23 de Novembro de 1867), o Império do Brasil reconheceu a região do atualestado doAcre como pertencente àBolívia e em troca, recebeu desta o sudoeste doAmazonas.

Período republicano

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Após aProclamação da República Brasileira (1889), os seus governantes defrontaram-se com a questão dos seus limites territoriais que, embora definidos pelaConstituição brasileira de 1891, não se encontravam delimitados. Por essa razão, a chamadaRepública Velha vê-se envolvida numa série de questões de limites, tendo o seu máximo expoente na figura deJosé Maria da Silva Paranhos Júnior,barão do Rio Branco. Foram essas questões:

  • Questão da Zona de Palmas (ou das Missões) (1890-1895) — aArgentina reivindicava a região Oeste dos atuais estados de Santa Catarina foi entregue a países da região sul da América, mediante ordem do Congresso Nacional em 1888,doParaná e deSanta Catarina, pretendendo as fronteiras pelosrios Chapecó eChopim, supostamente com base noTratado de Madrid (1750). Pouco antes da proclamação da República, ambos os países haviam acordado que o litígio seria solucionado porarbitramento. Nesse contexto,Quintino Bocaiúva, então Ministro das Relações Exteriores do Governo Provisório, assinou oTratado de Montevidéu (25 de Janeiro de 1890), que dividia a região entre ambos. OCongresso Nacional Brasileiro não ratificou o Tratado (1891), e a questão foi submetida ao arbitramento do presidenteestadunidenseGrover Cleveland (1893-1897), cujo laudo foi inteiramente favorável ao Brasil (5 de Fevereiro de 1895), definindo-se as fronteiras pelosrio Peperiguaçu eSanto Antônio. Nesta questão, estreou como advogado do Brasil, a partir de 1893, o barão do Rio Branco, escolhido pelo presidente marechalFloriano Peixoto (1891-1894) para substituir obarão Aguiar de Andrade, falecido no desempenho da Questão. Rio Branco apresentou ao presidente Cleveland uma exposição, acompanhada de valiosa documentação, reunida em seis volumes:A questão de limites entre o Brasil e a República Argentina (1894).
  • Questão do Amapá (1894-1900) — embora o 1º Tratado de Utrecht (1713) houvesse estabelecido os limites entre o Brasil e a Guiana Francesa pelorio Oiapoque ou de Vicente Pinzón, esse limite havia sido contestado após aRevolução Francesa, sucessivamente pelo Diretório, pelo Consulado, e pelos impérios deNapoleão I eNapoleão III de França, sendo questionada a identidade daquele rio. A expansão colonialista europeia do final doséculo XIX suscitou novos conflitos na região, com o surgimento daRepública de Cunani e choques armados norio Calçoene (1894). O Tratado de 10 de Abril de 1897 escolheu para árbitro da Questão o presidente doConselho Federal Suíço,Walter Hauser. Os argumentos brasileiros foram expostos pelo barão do Rio Branco, encarregado em 1898 da Questão. A mesma já vinha sendo estudada informalmente pelo barão desde 1895 que, ao chegar aBerna, apresentou uma memória de sete volumes:A questão de limites entre o Brasil e a Guiana Francesa (1899-1900). A sentença arbitral, datada de 1 de Dezembro de 1900, foi favorável ao Brasil, mantendo-se a fronteira pelo rio Oiapoque. A popularidade de Rio Branco atingiu uma dimensão nacional, e ele assumiu a Pasta das Relações Exteriores (1902-1912).
  • Questão da ilha da Trindade (janeiro de 1895–agosto de 1896) — ailha da Trindade foi ocupada por forças doAlmirantado britânico. Diante da reclamação diplomática brasileira, o "Foreign Office" informou que a ilha fora tida como abandonada, e que se pretendia a instalação de um cabo telegráfico submarino paraBuenos Aires, naArgentina. O Brasil recusou oarbitramento do litígio, previsto inclusive pela Constituição de 1891, considerando que não havia o que contestar sobre a soberania brasileira da ilha. Diante do impasse aceitou, entretanto, a mediação diplomática de Portugal, uma vez que este país dispunha de documentação histórica sobre o descobrimento e posse da ilha, além de fortes relações com o Executivo britânico. A Grã-Bretanha desistiu de sua pretensão (3 de Agosto de 1896), desocupando a ilha.
  • Questão do Acre (1899-1903) — o povoamento da região, no contexto doCiclo da Borracha, foi feito por seringueiros com o apoio de seringalistas doAmazonas. O governo daBolívia determinou a ocupação da região, levando à proclamação doEstado Independente do Acre pela população brasileira (1899), também com o apoio de seringalistas amazonenses. O processo foi liderado pelo jornalista espanholLuis Gálvez Rodríguez de Arias, e o regime instaurado uma república, com capital emPuerto Alonso, atualPorto Acre. A questão agravou-se em 1901 com o arrendamento da região a um consórcioestadunidense: o "Bolivian Syndicate", com amplos poderes. O brasileiroJosé Plácido de Castro liderou uma nova reação, registrando-se choques armados que culminaram com a derrota das forças bolivianas (1902). Em função dos mesmos, tropas doExército brasileiro concentraram-se emCorumbá. Na iminência de um conflito armado internacional, o Chanceler brasileiro, barão do Rio Branco, iniciou negociações com a Bolívia, tendo previamente indenizado a Companhia estadunidense em 110 millibras esterlinas pelo abandono de suas pretensões. OTratado de Petrópolis (17 de Novembro de 1903) encerrou a questão: mediante a retificação de pequenos trechos da linha de fronteira, o Brasil ficava com a região, mediante o pagamento de dois milhões de libras esterlinas e da construção daEstrada de Ferro Madeira-Mamoré. OTratado do Rio de Janeiro (1909) incorporava o restante da região acriana ao Brasil, mediante a permuta de terras com oPeru.
  • Questão do Pirara (1904) — noséculo XIX acentuou-se a presença inglesa na fronteira comRoraima, a pretexto da indefinição de fronteiras, e de proteção aos missionários britânicos nacatequese de populaçõesindígenas. Submetida ao arbitramento do reiVítor Emanuel III da Itália, este dividiu a área pleiteada entre as partes (1904), cabendo a parte maior àGrã-Bretanha. Atuou como advogado pelo Brasil,Joaquim Nabuco.
  • Limites com a Guiana Holandesa (1906) — os limites com aGuiana Holandesa foram fixados diretamente entre o barão do Rio Branco e o representante dosPaíses Baixos,Frederico Palm.
  • Limites com a Colômbia (1907) — os limites com aColômbia foram fixados através doTratado de Limites e Navegação Fluvial em 1907.
  • Limites com o Uruguai (1908) — por iniciativa do barão do Rio Branco, foi concedido aoUruguai ocondomínio dalagoa Mirim e dorio Jaguarão.
  • Limites com o Peru (1909) — os limites com oPeru foram fixados através doTratado do Rio de Janeiro (1909), baseado no princípio douti possidetis.

Limites internos

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Ver artigos principais:Litígio de limites entre Ceará e Piauí,Fronteiras do Paraná, eFronteira Pará-Mato Grosso

Evolução territorial do Brasil em mapas (1534–atual)

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  • 1889 - Início da República
    1889 - Início daRepública
  • 1943 - Territórios de fronteira
    1943 - Territórios de fronteira
  • 1988 - Configuração atual desde a promulgação da Constituição de 1988.
    1988 - Configuração atual desde a promulgação da Constituição de 1988.

Ver também

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Notas

  1. (…)concedemos ao dito reiAfonso a plena e livre faculdade, entre outras, de invadir, conquistar, subjugar quaisquersarracenos e pagãos, inimigos de Cristo, suas terras e bens, a todos reduzir à servidão e tudo aplicar em utilidade própria e dos seus descendentes.
    (…)Determinamos e declaramos que o mesmo rei Afonso, seus sucessores, e o Infante, poderão livre e licitamente estabelecer naqueles, tal como nos outros seus domínios, proibições, estatutos e leis, mesmo penais, assim como tributações, tanto nas terras já adquiridas como nas que venham a adquirir.
    (…)Poderão fundar nessas terras igrejas ou mosteiros, para lá enviar eclesiásticos seculares e, com autorização dos superiores, regulares das ordens mendicantes, sendo lícito a tais eclesiásticos aí exercer suas funções e jurisdição própria.
    (…)E também que, sem especial licença do mesmo rei Afonso, e seus sucessores, e o Infante, ninguém, direta ou indiretamente, se intrometa na atividade do tráfego ou navegação destas partes, ou por qualquer forma tente impedir a sua pacífica posse.
  2. O seu original encontra-se depositado no Arquivo Nacional daTorre do Tombo emLisboa, maço 4, gaveta 17.
  3. O meridiano mais aceito passava, ao norte, porBelém (fundada em 1616), e, ao sul, porLaguna (fundada em 1683).

Referências

  1. [1]
  2. [2]

Bibliografia

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  • VIANA, Hélio.História da República e História diplomática do Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 1957.
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Ligações externas

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