AEtiópia (emamárico:ኢትዮጵያ;romaniz.:ʾĪtyōṗṗyā), oficialmenteRepública Democrática Federal da Etiópia (ኢትዮጵያ ፌዴራላዊ ዲሞክራሲያዊ ሪፐብሊክ, transl.ye-Ītyōṗṗyā Fēdēralāwī Dīmōkrāsīyāwī Rīpeblīk) e anteriormente conhecida comoAbissínia, é um paísencravado noChifre da África, sendo um dos mais antigos do mundo. É a segunda nação mais populosa daÁfrica[8] e a décima maior em área. Faz fronteira com oSudão e com oSudão do Sul a oeste, com oDjibuti e aEritreia ao norte, com aSomália ao leste, e oQuênia ao sul. Sua capital é a cidade deAdis Abeba.
Considerando que a maioria dos Estados africanos têm muito menos de um século de idade, a Etiópia foi um país independente continuadamente desde tempos passados. Um Estado monárquico que ocupou a maioria de sua história, a Dinastia Etíope, tem suas raízes noséculo X a.C.[9] Quando o continente africano foi dividido entre as potências europeias naConferência de Berlim, a Etiópia foi um dos dois únicos países que mantiveram sua independência. A nação foi uma dos (apenas) três membros africanos daLiga das Nações, e após um breve período de ocupação italiana, o país tornou-se membro dasNações Unidas. Quando as outras nações africanas receberam sua independência após aSegunda Guerra Mundial, muitas delas adotaram cores dabandeira da Etiópia, e Adis Abeba tornou-se a sede de várias organizações internacionais focadas na África. Em 1974, a dinastia, liderada porHaile Selassie, foi deposta. Desde então, a Etiópia foi um Estado secular com variação nos sistemas governamentais. Hoje, a capital do país ainda é sede daUnião Africana e da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África.
Além de ser um país antigo, a Etiópia é um dos sítios de existência humana mais inveterados conhecidos por cientistas que estudam os traços mais longevos da humanidade;[10] podendo ser potencialmente o lugar em que oHomo sapiens se originou.[11][12][13] A Etiópia divide com aÁfrica do Sul o posto de maior número dePatrimônios Mundiais daUNESCO na África (oito em cada país).[14] O país também tem laços históricos próximos com as três maioresreligiões abraâmicas do mundo, sendo um dos primeiros países cristãos no mundo, tendo oficialmente adotado-o como religião do Estado noséculo IV. A maior parte da população do país é cristã, porém, um terço de seus habitantes sãomuçulmanos. A Etiópia é o sítio do primeiro Hégira na história islâmica e da mais antiga população muçulmana na África, em Negash, e até os anos 1980 uma população significativa de judeus etíopes residiam na nação. Além disso, o país tem, ao todo, cerca de 80 grupos étnicos diferentes, com o maior deles sendo oOromo, seguido pelosAmhara, ambos os quais falamlínguas afro-asiáticas. O país também é famoso pelas suas igrejas talhadas em pedras e como o lugar onde o grão de café se originou.
No período após a queda da monarquia, a Etiópia transformou-se em um dos países mais pobres do globo e sofreu uma série trágica de períodos de fome na década de 1980, resultando em milhões de mortes. Lentamente, no entanto, o país começou a se recuperar, e hoje a economia etíope é uma das que mais crescem na África.
Não é muito certo quão velha é a palavraEtiópia, cujo uso mais antigo aparece naBíblia emGênesis, capítulo 2.[15] E também naIlíada, onde o nome aparece duas vezes, e naOdisseia, onde aparece três vezes.[16] O uso mais antigo atestado na região é um nome cristianizado doReino de Axum noséculo IV, em escrituras de pedra do ReiEzana.[17] O nomege'ez ʾĪtyōṗṗyā e seu cognato português são considerados por alguns estudiosos serem derivados da palavragrega Αἰθιοπία, Aithiopia, de Αἰθίοψ, Aithiops ‘um etíope’, derivado, por sua vez, de palavras gregas que significam "de rosto queimado".[18] No entanto, O Livro de Axum, uma crônica em ge'ez compilada noséculo XV, alega que o nome é derivado de "'Ityopp'is" — um filho (não mencionado na Bíblia) deCuxe, filho deCam, quem, de acordo com a lenda, fundou a cidade deAxum.Plínio, o Velho[19] alega, igualmente, que o nome da nação deriva de alguém cujo nome foiAethiops. Uma terceira etimologia, sugerida por pesquisadores etíopes recentes e o poeta laureadoTsegaye Gabre-Medhin, traça o nome às palavras "egípcias, velhas e negras":Et (Verdade ou Paz),Op (Alto ou Superior) eBia (Terra ou País), sendoEtiópia a "terra de paz superior".
No português e geralmente fora da Etiópia, o país também foi historicamente chamado deAbissínia, derivado deHabesh, uma formaárabe do nomeetíope-semíticoḤabaśāt, atualmenteHabesha, o nome nativo para os habitantes do país (enquanto o país era chamado deItyopp'ya). Em poucas línguas,Etiópia ainda é referido por nomes cognatos comAbissínia, por exemplo, à palavra árabeAl-Ḥabashah, que significaterra do povo Habasha.
O termoHabesha, a rigor, se refere somente aos povos Amhara e Tigré-Tigrínio, que historicamente dominaram o país politicamente, os quais juntos representam cerca de 36% da população da Etiópia. Algumas vezes, o termo é usado para designar os quase 45% da população etíope que usaramlínguas semíticas desde tempos antigos, como osamáricos (30,1% da população), ostigrés (6,2%), os gurage (4,3%) e outras comunidades menores que falam línguas semíticas, como o povo Harari no sudeste da Etiópia. Desde que alíngua amárica tornou-se o idioma oficial do país, muitos da população daRNNPS e uma porção significante das regiões Oromia e Benishangul-Gumuz usaram-na como segunda língua. Em contraste, na Etiópia contemporânea, a palavraHabesha é frequentemente utilizada para descrever todos os etíopes eeritreus.Abissínia pode estritamente se referir à apenas as províncias do noroeste da Etiópia de Amhara e Tigré, bem como a Eritreia central, enquanto ela historicamente foi utilizada como um outro nome para a Etiópia.[20]
A Etiópia também foi conhecida por ser considerada aterra dos cuxitas. O nome foi originalmente derivado dohebreu, para referir-se às nações da costa leste doMar Vermelho. No entanto, a Bíblia é clara ao alegar que os povos cuxitas são atualmente etíopes. QuandoMoisés referiu-se ao povo de Cuxe, ele se referia a uma nação parente dosegípcios. Por causa das relações políticas próximas do Egito e a Etiópia, ambas as nações, em um ponto da história sob o termo Cuxe, concordaram com os historiadores hebreus. Embora as intenções originais da palavra eram em referência a ambos os lados do Mar Vermelho, ficou demonstrado que partes da costa leste não são pertencem aos etíopes.[21]
A Etiópia é considerada uma das áreas mais antigas de ocupação humana do mundo, senão a maior, de acordo com algumas descobertas científicas.Lucy, descoberta no Vale de Awash da regiãoAfar da Etiópia, é considerado o segundo mais antigo, mais bem preservado e mais completo fóssil adulto deAustralopithecus. A espécie de Lucy é chamada deAustralopithecus afarensis, que significa 'macaco do sul de Afar', região da Etiópia onde a descoberta foi feita. É estimado que Lucy tenha vivido na Etiópia há 3,2 milhões de anos.[22] Houve várias outras descobertas notáveis de fósseis no país, incluindo o fóssil humano mais velho,Ardi.[23]
Por volta doséculo VIII a.C., um reino conhecido comoDʿmt foi estabelecido ao norte da Etiópia e Eritreia, com sua capital emYeha, norte etíope. Muitos historiadores modernos consideram esta civilização nativa da África, embora influenciada pelossabeus, por causa de sua tardia hegemonia doMar Vermelho,[24] enquanto outros consideram os Dʿmt como o resultado de uma mistura dos sabeus e populações nativas.[25] No entanto,ge'ez, a língua semítica mais antiga da Etiópia, é agora considerada não sendo derivada dos sabeus (também semitas do sul). Há evidências da presença de povos semíticos na Etiópia e na Eritreia pelo menos no início de2 000 a.C..[26] A influência sabeia é agora considerada por ter sido menor, limitada a poucas localidades, e desaparecendo após poucas décadas ou um século, talvez representando uma colônia comercial ou militar em algum tipo de simbiose ou aliança militar com a civilização etíope de Dʿmt.[24]
Após a queda dos Dʿmt noséculo IV a.C., o planalto veio a ser dominado por reinos sucessores menores, até a ascensão de um desses reinos durante oséculo I a.C., oImpério Axumita, ancestral da Etiópia moderna e medieval, que era capaz de reunir a área.[27] Eles estabeleceram bases nas terras altas do norte do Planalto Etíope e de lá, expandiram-se em direção ao sul. A figura religiosa persaManiqueu listou Axum junto aRoma,Pérsia, eChina como uma das quatro grandes potências de seu tempo.[28]
OReino Zagué governou algumas partes da região em que atualmente se situam a Etiópia e a Eritreia de, aproximadamente, 1137 a 1270. O nome da dinastia vem dosagaus, que falamlínguas cuchíticas, ao norte da Etiópia. De 1270, durante muitos séculos, adinastia salomônica governou a região.
No início doséculo XV, a Etiópia procurou realizar contatos diplomáticos com reinos europeus pela primeira vez desde os tempos de Axumita. Uma carta do ReiHenrique IV de Inglaterra aoImperador da Abissínia ainda existe.[29] Em 1428, o ImperadorIexaque I, da Etiópia, enviou dois emissários paraAfonso V de Aragão, que enviou emissários retornando, porém estes falharam em completar a viagem de retorno.[30] As primeiras relações contínuas com um país europeu começaram em 1508, com oReino de Portugal, sob o ImperadorLebna Dengel, que havia acabado de herdar o trono de seu pai.[31] Na embaixada enviada em 1515 em resposta ao envio a Portugal do embaixador etíope Mateus, seguiaFrancisco Álvares, que faria um relato, incluindo o testemunho dePêro da Covilhã.[32]
Isto provou ser um passo importante, pois quando o Império Etíope foi submetido aos ataques do GeneralAdal eImame,Amade ibne Ibraim Algazi, Portugal ajudou o Imperador etíope, enviando-lhe armas e quatrocentos homens, que ajudaram seu filhoGelawdewos a derrotar o inimigo e restabelecer seu governo.[33][34]
Em 1624, o ImperadorSusenyos converteu-se aoCatolicismo, ano de revolta e agitação civil, resultando em milhares de mortes.[35] Os missionáriosjesuítas começaram a chegar na Etiópia, até que em 25 de junho de 1632, o ImperadorFasilides, filho de Susenyos, restabeleceu aIgreja Ortodoxa Etíope como a religião do Estado e expulsou os missionários jesuítas e outros europeus.[36][37]
Ilustração da épicaBatalha de Adwa, onde a Etiópia derrotou a Itália e se tornou o único país africano a resistir a colonização europeia de 1890–1930
Tudo isto contribuiu para o isolamento da Etiópia, de 1755 a 1855, período chamado deZemene Mesafint ou "Idade dos Príncipes". Os imperadores tornaram-se figurativos, controlados por senhores de guerra, como Ras Miguel Seul deTigré, e pela dinastia Oromo Yejju, que mais tarde levou ao domínio dos Gondar noséculo XVII, mudando o idioma da corte deamárico paraafaan oromo.[38][39]
O isolacionismo etíope terminou após uma missão britânica que concluiu uma aliança entre as duas nações; no entanto, não foi até 1855 que a Etiópia foi completamente unida e o poder do Imperador foi restaurado, começando com o reinado do ImperadorTeodoro II. Após sua subida ao poder, apesar de ainda haverem grandes forças centrífugas, ele começou modernizando a Etiópia e recentralizando o poder no Imperador, e o país começou a tomar parte dos assuntos externos mais uma vez. Porém, o governo de Teodoro sofreu várias rebeliões. Milícias Oromos do norte etíope, rebeliões tigrínias e as constantes incursões do Império Otomano e forças egípcias próximas aoMar Vermelho, trouxe o enfraquecimento e a consequente queda de Teodoro II, que morreu após sua última batalha com uma força expedicionária britânica. Em 1868, a Etiópia e oEgito entraram em guerra emGura. As forças do norte etíope, lideradas pelo ImperadorJoão IV, derrotaram os egípcios decisivamente.
Em 1889 e o início da década de 1890,Sahle Selassie, como rei de Xoa, e após o reinado deMenelique II, com a ajuda da milícia xoana oromo de Ras Gobena, começou a expandir seu reino ao sul e ao leste, expandindo dentro de áreas que ainda não haviam sido exploradas desde a invasão deAhmed Gragn, e outras áreas que nunca estiveram sob seu governo, resultando nas fronteiras da Etiópia de hoje em dia.[40] AGrande Fome da Eritreia que afetou o país de 1888 a 1892 reduziu cerca de um terço da população.[41]
Os anos 1880 foram marcados pelaConferência de Berlim e pelo início da modernização da Etiópia, quando ositalianos começaram a rivalizar com os britânicos por influência na região.Asseb, um porto próximo à entrada do sul doMar Vermelho, foi comprada em março de 1870 por uma companhia italiana ao sultãoafar local, vassalo do Imperador Etíope, o que levou em 1890 à formação da colônia italiana daEritreia. Conflitos entre os dois países resultaram naBatalha de Adwa, em 1896, através da qual os etíopes derrotaram os italianos e permaneceram independentes, sob o governo de Menelique II.[42] A Itália e a Etiópia assinaram oTratado de Adis Abeba, garantindo a independência etíope, em 26 de outubro de 1896.[42]
Haile Selassie chegou ao poder em 1916, apósJosué V ser deposto, quando foi nomeadoRas eRegente (Inderase) pela RainhaZewditu, viúva de Menelique II, de fraca saúde. Após a morte de Zewditu ele foi coroado Imperador em 2 de novembro de 1930. Tendo nascido de pais das três principais etnicidades etíopes (Oromo,Amhara eGurage) e após ter desempenhado um papel preponderante na formação daOrganização da Unidade Africana, Haile Selassie ficou conhecido como uma figura unitária tanto da Etiópia, como docontinente africano. A independência da Etiópia foi interrompida pelaSegunda Guerra Ítalo-Etíope e a ocupação italiana (1936–1941).[43]
Durante a guerra, Haile Selassie apelou àLiga das Nações em 1935, fazendo um discurso que fez dele uma figura mundialmente conhecida, sendo nomeado pela revistaTime como o Homem do Ano em 1935.[44] Após a entrada daItália naSegunda Guerra Mundial, oImpério Britânico, junto a lutadores etíopes patriotas, forçou a libertação da Etiópia no curso daCampanha da África Oriental de 1941, seguida pela soberania em 31 de janeiro de 1941 e o reconhecimento britânico da soberania completa (isto é, sem privilégios especiais britânicos) com a assinatura do Acordo Anglo-Etíope em dezembro de 1944.[45] Durante 1942 e 1943, houve uma guerra da guerrilha italiana na Etiópia. Em agosto de 1942, Haile Selassie emitiu uma proclamação proibindo aescravidão.[46][47]
Em 1952, Haile Selassie orquestrou uma federação com aEritreia, a qual viria a ser dissolvida em 1962. Esta anexação desencadeou aGuerra de Independência da Eritreia. O reinado de Selassie chegou ao fim em 1974, quando movimentos sociais levaram ao poder a FLPT (Frente de Libertação do Povo de Tigré), pondo fim à dinastia salomônica. Entretanto, este momento sem precedentes foi usurpado por uma junta militar autodenominada de Dergue, liderada porMengistu Haile Mariam, estabelecendo um estadounipartidário.
Após o desaparecimento do Estado imperial, o regime desmantelou a estrutura feudal socioeconómico através de uma série de reformas que também afetou o desenvolvimento educacional. No início de 1975, o regime destacou a cerca de 60 000 alunos e professores de áreas rurais para promover o governo da "Campanha de Desenvolvimento através da cooperação". Os efeitos da campanha foram para promover a reforma agrária e melhorar a produção agrícola, saúde, e da administração local. O número de matrículas escolares aumentou de cerca de 957 300 em 1974 para cerca de 2 450 000, em 1986. Houve ainda variações entre as regiões no número de alunos matriculados. No entanto, enquanto a matrícula dos meninos mais do que duplicou, de raparigas mais do que triplicou. A taxa de alfabetização, menos de 10% durante o regime imperial, aumentou para cerca de 35% em 1981.[48]
O regime que se seguiu sofreu vários golpes, rebeliões,secas em grande escala, e um problema de refugiados imenso. Em 1977, houve aGuerra de Ogaden, quando aSomália capturou aregião de Ogaden inteira, porém a Etiópia só foi capaz de recapturar Ogaden após sérios problemas e graças a um afluxo maciço de equipamentos militaressoviéticos e à presença militar deCuba, daAlemanha Oriental e doIémen do Sul no ano seguinte. Centenas de milhares de pessoas foram mortas como resultado doTerror Vermelho, de deportações forçadas, ou da utilização dafome como uma arma contra o governo de Mengistu.[carece de fontes?] OTerror Vermelho foi uma resposta ao que o governo chamou de "Terror Branco" — uma cadeia de eventos violentos e mortes supostamente causados pela oposição.[49] Em 2006, após um longo julgamento, Mengistu foi considerado culpado porgenocídio.[50]
No início da década de 1980, umasérie de períodos de fome atingiu a Etiópia, afetando cerca de 8 milhões de pessoas e levando um milhão à morte. Insurreições contra o governo surgiram, em particular, nas regiões do norte deTigré e naEritreia. Em 1989, aFrente de Libertação dos Povos Tigrínios (FLPT) fundiu-se com outros movimentos de oposição para formar aFrente Democrática Revolucionária Popular da Etiópia (FDRPE). Paralelamente, aUnião Soviética, sob as políticas deglasnost eperestroika, deMikhail Gorbachev, começou a retirar-se do bloco socialista, marcando uma drástica redução na ajuda enviada por países do bloco socialista à Etiópia. Isto resultou em dificuldades econômicas ainda mais intensas e no colapso domilitarismo, em face das investidas das forças dasguerrilhas do norte. O colapso daURSS e dos países socialistas noLeste Europeu, durante asRevoluções de 1989, coincidiram com a paralisação da ajuda soviética à Etiópia em 1990. A visão estratégica de Mengistu rapidamente se deteriorou.
Em maio de 1991, as forças da FDRPE avançaram sobreAdis Abeba, e Mengistu exilou-se noZimbabwe. Foi instituído umgoverno de transição da Etiópia, composto de um Conselho de Representantes de 87 membros e guiado por umaconstituição de transição. Em junho de 1992, a Frente de Libertação deOromo retirou-se do governo. Em março de 1993, membros da Coalização Democrática de Povos do Sul da Etiópia também se retiraram. Em 1994, uma nova constituição foi escrita, formando-se umalegislaturabicameral e um sistema judicial. A primeira eleição multipartidária teve lugar em maio de 1995, quandoMeles Zenawi foi eleitoprimeiro-ministro eNegasso Gidada, presidente.
Sede do Ministério das Finanças e Desenvolvimento Econômico
Em 1993, um referendo foi feito e supervisionado pela missão dasNações Unidas chamada UNOVER, com sufrágio universal feito naEritreia e em comunidades eritreias na diáspora, para saber se os eritreus queriam a independência ou a união com a Etiópia. Quase 99% da população eritreia votou pela independência, que foi declarada em 24 de maio de 1993.
Em 1994, uma constituição foi adotada, o que levou às primeiras eleições pluripartidárias da Etiópia no ano seguinte. Em maio de 1998, uma disputa fronteiriça com a Eritreia levou-os a uma guerra que durou até junho de 2000. Este conflito prejudicou a economia da nação, porém fortaleceu a coalizão governista. Em 15 de maio de 2005, a Etiópia realizou outras eleições pluripartidárias, que foram altamente disputadas, com um dos grupos de oposição alegando fraude. Embora oCarter Center tenha aprovado as condições de pré-eleição, foi expresso sua insatisfação com as questões pós-eleitorais.
Observadores continuaram a acusar o partido do governo de manipulação de votos. Muitos da comunidade internacional foram divididos sobre o assunto, com oficiaisirlandeses acusando os observadores da eleição decorrupção de "vazamentos imprecisos da monitoração das eleições de 2005, o que levou a oposição à erroneamente crer que eles teriam forjado a vitória".[51] Em geral, os partidos de oposição ganharam mais de 200 assentos parlamentares, comparado a apenas 12 nas eleições de 2000. Apesar de muitos representantes da oposição entrarem no parlamento, alguns líderes do partido CUD foram indevidamente presos após a violência pós-eleitoral. AAnistia Internacional considerou-os "prisioneiros de consciência" e eles foram posteriormente soltos.
A maior parte da Etiópia se situa noChifre da África, que é a parte mais oriental doContinente Africano. A nação faz fronteira com oSudão e com oSudão do Sul a oeste,Djibuti eEritreia a norte,Somália a leste, eQuênia a sul. O país tem um alto planalto central que varia de 1 290 a 3 000 m de altitude, com a maior montanha alcançando 4 533 m. A altitude é geralmente mais elevada pouco antes do ponto de descida doVale do Rift que divide o planalto diagonalmente. Inúmeros rios cortam o planalto — notavelmente oNilo Azul, que sobe oLago Tana. O planalto gradualmente obliqua-se às planícies do Sudão e do Sudão do Sul no oeste e nos planaltos inabitados da Somália ao sudeste.[52][53]
Entre o vale doNilo Azul e a fronteira da Etiópia com aEritreia, há uma região de elevados planaltos, onde se localizam várias cadeias de montanhas. Estes planaltos e montanhas constituem as Terras Altas da Etiópia. Em quase todos os lugares, as paredes dos planaltos têm subidas abruptas, constituindo em cadeias montanhosas. As terras altas são assim uma divisão claramente orográfica. Na Eritreia, a parede do leste deste planalto corre paralelamente deRas Kasar (18° N) aoMar Vermelho para aBaía de Annesley (também conhecida como Baía de Zula) (15° N). Em seguida, vira para sul na Etiópia e segue perto doMeridiano 40 E por quase 600 km. Perto doparalelo 9 N há uma ruptura na parede, por onde oRio Awash flui em direção a leste. A cadeia neste ponto tende a seguir na direção sudoeste, enquanto ao sul do Vale Awash, que tem cerca de 1 000 m (abaixo do nível das montanhas), outro maciço nasce em uma linha direta para o sul. Neste segundo intervalo, há uma cadeia (as montanhas Ahmar) ao leste, em direção aoGolfo de Aden. As duas principais gamas orientais mantêm um curso paralelo sul-leste, com um largo vale de montanhas no meio a quase noparalelo 3 N; no exterior (a leste), as esporas do planalto ainda se mantêm ao longo do meridiano 40 E. Aescarpa do sul do planalto é altamente irregular, porém tem uma direção geral a nordeste e sudeste do paralelo 6° N ao 3° N. Ele passa próximo da depressão onde fica oLago Turkana e — a leste desse lago — a Zona Debub Omo ao sul (parte da largaRegião das Nações, Nacionalidades e Povos do Sul). A parede ocidental do planalto, de 6° N a 11° N, é alvo deprecipitação. Ao norte do paralelo 11° N as colinas viram-se mais para o leste e diminuem de tamanho mais gradualmente nas planícies da savana do Leste do Sudão. Em sua face norte, o planalto diminui de tamanho em terraços ao nível do leste doSudão eSudão do Sul.[53][54]
O escarpamento oriental é o melhor definido das outras cadeias. Ele tem uma altitude média de 2 100 m a 2400 m, e em muitos lugares, a altura baixa quase perpendicularmente à planície. Fissuras estreitas e profundas, por onde descem as torrentes de montanhas que se perdem no solo arenoso da costa da Eritreia, proporcionam meios de encontrar o planalto, ou a rota mais fácil através do Vale Awash pode ser encontrada. Acima desta barreira rochosa, encontra-se subidas de paredes pouco mais altas que o planalto. Este aspecto físico das terras altas é impressionante. A porção norte, situada entre o10° e o15° N, consiste em uma enorme massa de rochasarqueanas com uma altitude média de 2 000 m a 2 200 m, e é inundada numa profunda depressão central pelas águas doLago Tana. Acima do nível dos planaltos, sobem várias cadeias de montanhas irregulares e geralmente mal-definidas com altitudes médias entre 3 700 m e 4 600 m. Uma das características do país são as enormes fissuras que dividem-na, formadas com o passar do tempo pelaação erosiva da água. Elas são, de fato, os vales dos rios que, elevando-se sobre a terra firme ou nos lados das montanhas, tiveram cortados os seus caminhos em volta das planícies. Alguns dos vales são de largura considerável; em outros casos as paredes opostas dos desfiladeiros têm apenas duzentos ou trezentos metros de distância, e descem quase verticalmente milhares de metros, representando uma erosão de muitas centenas de milhares de metros cúbicos de rocha dura. Um resultado da ação da água foi a formação de inúmeras colinas isoladas achatadas ou pequenos planaltos, conhecidos comoambas, com lados quase perpendiculares.[53][55][56]
Os picos mais altos são encontrados nas serras de Semien e Bale. As Montanhas Semien situam-se a nordeste dolago Tana e tem seu cume no pico coberto de neveRas Dejen, que tem uma altitude de 4 550 m. Poucos quilômetros a leste a norte, respectivamente, de Ras Dejen (ou Ras Dashan), situam-se os de Montes Biuat e Abba Yared, cujos cumes têm menos de 100 m abaixo do cume de Ras Dejen. As Montanhas Bale são separadas pela maior parte das terras altas etíopes peloVale do Rift, um dos maiores e mais profundos abismos da Etiópia. Os picos mais altos desta serra incluem Tullu Demtu, a segunda montanha mais alta do país (4 377 m), Batu (4 307 m), Chilalo (4 036 m) e o Monte Kaka (3 820 m). Paralelamente à escarpa oriental, existem as montanhas de: Biala, 3 810 m,Monte Abuna Yosef, 4 190 m, e Kollo, 4 300 m, o último situando-se a sudoeste deMagdala. Entre o Lago Tana e as colinas do leste, há os Montes Guna, 4 210 m, e Uara Sahia, 3960 m. Nas Montanhas Choqa deMisraq Gojjam, o Monte Choqa (também conhecido como Monte Birã) tem uma altitude de 4 154 m. Abaixo doparalelo 10 N, a porção sul das terras altas tem os planaltos mais abertos que a porção norte e picos menos elevados. Embora existam altitudes entre 3 000 m e 4 000 m, a maioria não excede aos 2 400 m. Uma característica geral das regiões do sul que é comum às do norte são os planaltos montanhosos muito quebrados.[53][57][56]
O clima é temperado no planalto e quente na planície. EmAdis Abeba, que chega a altitudes de 2200 a 2 600 m, a temperatura máxima é de 26 ℃ e a mínima 4 ℃. O clima é geralmente seco e ensolarado, porém háchuvas, que ocorrem de modo mais ameno (belg) nos meses de fevereiro e abril e de modo mais intenso (meher) de meados de junho a meados de setembro.
A altitude e localização geográfica produzem três zonas climáticas: a zona fria, acima dos 2 400 m, onde as temperaturas variam de 0°C a 16 °C; a zona temperada, nas altitudes de 1 500 m a 2 400 m, com temperaturas de 16 °C a 30 °C; e a zona quente, abaixo dos 1 500 m, com condições tropicais e áridas e temperaturas diurnas de 27 °C a 50 °C. Aorografia da Etiópia varia desde diversas cadeias de montanhas altas (as Montanhas Semien e as Montanhas Bale) a uma das regiões mais baixas da África, aDepressão de Danakil. A estação chuvosa normal é em meados de junho e meados de setembro (sendo maior nos planaltos do sul), precedido por chuvas intermitentes de fevereiro a março; o restante do ano é, geralmente, seco.
A Etiópia é um país ecologicamente diversificado, que vai desde desertos ao longo da fronteira oriental às florestas tropicais no sul e ao extensoAfromontane nas partes norte e sudoeste. OLago Tana, ao norte, é a fonte doNilo Azul. O país tem um grande número deespécies endêmicas, notavelmente obabuíno-gelada e olobo-etíope. A planta docafé é originária das terras altas do país.[58] A ampla gama de diversidade de altitudes deu, ao país, uma variedade de áreas distintas ecologicamente, ajudando a estimular a evolução de espécies endêmicas por isolamento ecológico.
A maioria dos planaltos da Etiópia têm uma inclinação que desce na direção noroeste, de modo que quase todos os rios fluam nesta direção aorio Nilo, compreendendo cerca de 85% da água do país. Tais como oRio Tekezé ao norte, oAbay no centro, e oSobat ao sul, cerca de quatro quintos de todo o esgoto do país é descarregado nestas três artérias. O restante é levado peloAwash, que corre no distrito de salinas lacustres ao longo da fronteira comDjibuti; pelorio Shebelle eJubba, que fluem a sudeste através daSomália (embora o Shebelle não consiga chegar aoOceano Índico; e peloOmo, o principal distribuidor de águas dabacia endorreica doLago Turkana.
O Rio Tekezé, que é, na verdade, o curso superior doRio Atbarah, tem suas nascentes no planalto central, e quedas de cerca de 2 100 m a 750 m. A enorme fenda através da qual ele flui para o oeste e norte, forma parte da fronteira com aEritreia, e percorre seu caminho a oeste novamente aos terraços ocidentais, onde ele passa peloSudão. Durante as chuvas, o Tekezé (i.e."Terrível") aumenta cerca de 5 m acima do seu nível habitual, e nesta época, forma uma barreira intransponível entre as regiões do norte e central. No seu baixo curso, o rio é conhecido pelo nomeárabe Setite. No Sudão, o Setite é unido (nas coordenadas 14°20′N 35°51′E, 14,333°N 35,85°E) ao Atbarah, um rio formado por várias correntes que sobem as montanhas a oeste e noroeste dolago Tana. ORio Marebe, que forma parte da fronteira com a Eritreia, é o mais setentrional dos rios de planalto que fluem em direção ao vale do Nilo. Sua nascente flui em direção ao escarpamento do leste por 80 km dabaía Annesley nomar Vermelho. Ele atinge as planícies do Sudão próximas aCassala, além de suas águas serem dissipadas no solo arenoso. O Marebe é drenado por grande parte do ano, porém como oTakazze, está sujeito a cheias repentinas durante a temporada chuvosa. Apenas a margem esquerda no curso superior do rio é território etíope.
O Abay — que é o curso superior doNilo Azul — tem sua fonte próxima ao Monte Denguiza nas montanhas Choqa (localizadas a cerca de 11°0′N 37°0′E), e flui primeiramente por 110 km (68,4 mi) próximo ao monte devido à margem norte e sul do Lago Tana. Tana, que mede de 750 m a 1 000 m abaixo do nível normal do planalto, tem o aspecto físico de uma cratera inundada. Ele tem uma área de cerca de 2 800 km², e uma profundidade, em algumas partes, de 75 m. No canto sudeste, a borda da cratera é aberta por uma fenda profunda através da qual o Abay escapa, e lá faz uma grande curva semicircular, similar à do Tekezé, porém na direção inversa — leste, sul e noroeste — até as planícies deSennar, onde recebe o nome deBahr-el-Azrak ou Nilo Azul. O Abay tem muitos afluentes. Destes, oBashilo nasce próximo a Magdala e seca a leste de Amhara; oJamma nasce próximo a Ankober e seca ao norte deXoa; o Muger nasce próximo aAddis Ababa e seca a sudoeste de Shoa; o Didessa, o maior afluente de Abay, nasce nas colinas de Cafa e tem um curso sul-norte; o Dabus nasce próximo à borda ocidental do escarpamento do planalto. Todos eles sãorios perenes. Os afluentes da margem direita fluem, principalmente, no lado ocidental do planalto, tem declives acentuados e são geralmente de caráter torrencial. O Belassa, no entanto, é perene, e o Rahad e Dinder são rios importantes em épocas de cheia.
Nas montanhas e planaltos deGambela e Cafa, situadas à sudoeste da Etiópia, nascem os rios Baro, Gelo, Akobo e outros afluentes do afluente Sobat do rio Nilo. Akobo, localizado em cerca das coordenadas 7°47′N 33°3′E / 7,783°N 33,05°E / 7,783; 33,05, junta-se ao Pibor que, localizado em cerca de 8°30′N 33°20′E / 8,5°N 33,333°E / 8,5; 33,333, une-se ao rio Baro, o rio abaixo da confluência, que recebe o nome de Sobat. Estes rios descendem de grandes quedas da água de montanhas e, assim como outras correntes etíopes, são navegáveis em seus cursos superiores. O Baro, ao alcançar a planície torna-se, no entanto, uma corrente navegável, proporcionando uma via marítima aberta para o Nilo. Baro, Pibor e Akobo formam por 400 km (249 mi) as fronteiras do oeste e sudoeste da Etiópia.
O principal rio da Etiópia que flui na direção leste é orio Awash (por vezes chamado deAwasi), que nasce nas terras altas xoanas e perfaz uma curva semicircular a sudeste e a nordeste. Ele alcança aDepressão de Afar através de uma grande fenda na escarpa oriental do planalto, além do qual ele é unido na sua margem esquerda por seu principal afluente, o Germama (ou Kasam), e depois, volta em direção ao Golfo de Tadjoura. Lá, o Awash segue um fluxo de 60 km de comprimento e 1,2 m de largura, mesmo na época de seca; durante as cheias, o rio alcança uma altitude de 15 m a 20 m, inundando assim as planícies por muitos quilômetros ao longo de ambas as margens. Ele ainda não alcança o litoral, e após um curso sinuoso de cerca de 800 km, passa (em sua parte inferior) através de uma série debadds (lagoas) até o Lago Abhe Bad (ouAbhe Bid) na fronteira com oDjibouti e cerca de 100 km a 110 km da parte superior do Golfo de Tadjoura. Neste lago, o rio se perde. Este fenômeno notável é explicado pela posição do Abhe Bad no centro de uma depressão com salinas lacustres a vários metros abaixo do nível do mar. Enquanto a maioria das outras lagoas são altamente salinizadas, com incrustações de sal rodeando suas margens, Abhe Bad permanece fresco durante todo o ano, devido à grande massa de água lançada pelo Awash.
A população da Etiópia cresceu de 33,5 milhões em 1983 para 87,9 milhões em 2014.[59] A população do país era apenas cerca de 9 milhões noséculo XIX.[60] Os resultados do Censo de População e Habitação de 2007 mostram que a população etíope cresceu a uma taxa média anual de 2,6% entre 1994 e 2007, ante 2,8% no período de 1983 a 1994. Atualmente, a taxa de crescimento da população está entre as dez maiores do mundo. Prevê-se que a população cresça para mais de 210 milhões até 2060, o que seria um aumento em relação às estimativas de 2011 por um fator de cerca de 2,5.[61]
A população do país é altamente diversificada, contendo mais de 80grupos étnicos diferentes. De acordo com o censo nacional etíope de 2007, osoromos são o maior grupo étnico da Etiópia, com 34,4% da população do país. Osamaras representa 27,0% dos habitantes do país, enquantosomalis etigrínios representam 6,22% e 6,08% da população, respectivamente. Outros grupos étnicos proeminentes são os seguintes:sidamas 4,00%,gurages 2,52%,welaytas 2,27%,afares 1,73%,hadiyas 1,72%,gamos 1,49% e outros 12,6%.[62] As comunidades de falantes delínguas afro-asiáticas compõem a maioria da população. Entre estes, os falantes semíticos geralmente se referem coletivamente como ospovos habesha. A forma árabe deste termo (al-Ḥabasha) é a base etimológica de "Abissínia", o antigo nome da Etiópia em várias línguas europeias.[63]
Em 2009, a Etiópia acolheu uma população derefugiados e requerentes de asilo com aproximadamente 135 200. A maioria dessa população veio daSomália (aproximadamente 64 300 pessoas),Eritréia (41 700) eSudão (25 900). O governo etíope exigiu que quase todos os refugiados vivessem em campos de refugiados.[64]
De acordo com oEthnologue, existem noventa línguas individuais faladas na Etiópia.[65] A maioria das pessoas no país falalínguas afro-asiáticas dos ramoscuchítica ousemítica. O primeiro inclui alíngua oromo, falado pelosoromas, e osomali, falado pelossomalis; o último incluiamárico, falado pelos amaras, e otigrínio, falado pelostigrínios. Juntos, esses quatro grupos representam cerca de três quartos da população da Etiópia. Outras línguas afro-asiáticas com um número significativo de falantes incluem as línguas cuxíticassidamo,afar,hadia eagau, bem como as línguas semíticasgurage,harari,silt'e eargobba.[62] Oárabe, que também pertence à família afro-asiática, também é falado em algumas áreas.[66]
Oinglês é a língua estrangeira mais falada e é o meio de ensino nasescolas secundárias. O amárico era o idioma da instrução doensino primário, mas foi substituído em muitas áreas por línguas regionais como oromifa, somali ou tigrínio.[67] Embora todas as línguas gozem de reconhecimento oficial na Constituição de Etiópia de 1995, o amárico é reconhecido como a língua de trabalho oficial do Governo Federal.[68] As várias regiões da Etiópia e as cidades fretadas são livres para determinar as suas próprias línguas de trabalho.[67]
A Etiópia tem laços históricos próximos com as três principaisreligiões abraâmicas do mundo. Noséculo IV, a região foi uma das primeiras no mundo a adotar ocristianismo como areligião oficial. Como resultado das resoluções doConcílio de Calcedônia, em 451, osmiafisistas,[69] que incluíam a grande maioria dos cristãos noEgito e na Etiópia, foram acusados demonofisismo e designados como hereges sob o nome comum docristianismo copta (verOrtodoxia Oriental). Apesar de não ser uma religião oficial, aIgreja Ortodoxa Etíope continua a ser a maiordenominação cristã. Há também um número substancial demuçulmanos, representando cerca de um terço da população. Além disso, a Etiópia é o local da primeirahégira, uma grande emigração na história islâmica. Uma cidade na região deTigré,Negash, é o assentamento muçulmano mais antigo daÁfrica. Até a década de 1980, uma população substancial deBeta Israel (judeus etíopes) residia na Etiópia.[70][71]
De acordo com o Censo Nacional de 2007, os cristãos representam 62,8% da população do país (43,5% de ortodoxos etíopes, 19,3% de outras denominações), muçulmanos são 33,9%, praticantes de religiões tradicionais são 2,6% e outras religiões representam 0,6%.[62] Isto está de acordo com oCIA World Factbook, que afirma que o cristianismo é a religião mais praticada na Etiópia.[72] A proporção entre a população cristã e a população muçulmana manteve-se em grande parte estável quando comparada aos censos anteriores realizados há décadas.[73] Ossunitas formam a maioria dos muçulmanos, sendo que os muçulmanos não denominacionais são o segundo maior grupo de islâmicos, e osxiitas e osahmaditas são uma minoria. Os sunitas são em grande partechafeíta ousalafistas. Também há muitos muçulmanossufistas no país.[74] A grande população muçulmana na região do norte deAfar resultou em ummovimento separatista muçulmano chamado "Estado Islâmico da Afaria", que busca uma constituição compatível com acharia.[75]
O sistema de governo baseia-se na repartição do poder entredez regiões administrativas, delimitadas segundo critérios étnicos, e umParlamento forte, integrado por uma câmara baixa com 548 representantes (Conselho de Representantes do Povo) e peloSenado com 108 assentos (Conselho Federal). Os representantes do povo são eleitos por voto popular direto, enquanto os senadores são designados pelas regiões administrativas.
OPresidente da República exerce funções mais protocolares, sendo designado por ambas as casas do Parlamento. O atual ocupante do cargo éSahle-Work Zewde, a primeira mulher presidente do país. OChefe de Governo e mandatário de fato, igualmente designado pelo Parlamento, é oPrimeiro-Ministro, atualmenteAbiy Ahmed. O Governo é dominado pela Frente Democrática Revolucionária Popular da Etiópia (EPRDF), coalizão de grupos rebeldes que assumiu o poder em 1991, após longo período de conflitos internos.
A Constituição, promulgada em agosto de 1995, formalizou o atual sistema de "federalismo étnico", concedendo, em teoria, ampla autonomia às regiões administrativas, inclusive o direito de votar pela secessão. Na prática, as regiões estão fortemente submetidas ao controle financeiro do governo central. A importância da Etiópia no contexto daÁfrica cresce em razão de sua capital constituir a sede daUnião Africana, órgão regional que sucedeu, em 2001, àOrganização da Unidade Africana, igualmente instalada emAdis Abeba, em 1961. Na capital etíope, também se encontra a Comissão Econômica para a África e estão instaladas mais de 70 representações diplomáticas de países de todos os continentes. A Etiópia integra oCOMESA – Mercado Comum da África Austral e Oriental, bem como a IGAD – Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento.
Secas periódicas assolam o país, mas dois terços das terras são férteis e a região tem muitos lagos. Cereais e café são as culturas predominantes. Ainda hoje o país sofre as consequências da longa guerra civil iniciada na década de 1960. Na década de 1980, o país é assolado por uma grandefome, provocada pela seca e pela guerrilha da província separatista daEritreia (ex-província etíope), que conquista sua independência nosanos 1990, fechando o acesso da Etiópia aoMar Vermelho. Em julho de 1977, a Etiópia é invadida pelaSomália, que defende o separatismo de comunidades somalis noDeserto de Ogaden ou Ogadén.
Antes de 1996, a Etiópia era dividida em 13 províncias, muitas derivadas de regiões históricas. O país agora tem um sistema de governo que consiste em um governo federal dividido conforme a etnicidade das regiões em: estados, zonas, distritos (woredas), e bairros (kebele).
A Etiópia é dividida em dez estados administrativos baseados etnicamente (kililoch, sing.kilil) e subdividido em 68 zonas e duas cidades com status especial (astedader akababiwoch, sing.astedader akababi):Adis Abeba eDire Dawa. A nação ainda é subdividida em 550woredas e váriasworedas especiais. A Constituição atribui poder extensivo aos estados regionais, dando-lhes o direito de estabelecer seus próprios governos e democracias. As dez regiões e duas cidades com status especial são:
Aproximadamente 80% da população sobrevive daagricultura, que é a espinha dorsal da economia etíope, respondendo por cerca de 90% doPIB. Em 2019, o país era um dos 10 maiores produtores do mundo decafé,gergelim,grão-de-bico,linho,sorgo,batata-doce einhame, além de ter grandes produções demilho,trigo,cevada,cana de açúcar,ervilha elentilha, entre outros produtos.[80] As maiores exportações de produtos agropecuários processados do país em termos de valor, em 2019, foram: café (U$ 750 milhões), gergelim (U$ 307 milhões), carne decabra (U$ 144 milhões),feijão (U$ 80 milhões),amendoim (U$ 56 milhões),soja (U$ 56 milhões), sementes oleaginosas (U$ 28 milhões), grão-de-bico (U$ 18 milhões) ecarne bovina (U$ 14 milhões), entre outros.[81] Outros produtos agrícolas importantes são: flores,cana-de-açúcar, forragem para animais, e uma planta conhecida porkhat, que possui propriedadespsicotrópicas quando mascada. Outros produtos agrícolas importantes sãocereais: trigo, milho, sorgo, cevada e oteff, cereal nativo que constitui a base da alimentação no país. As condições naturais são favoráveis à agricultura, mas as técnicas agrícolas são arcaicas e, portanto, a produção se limita ao nível desubsistência.
A economia etíope é eminentemente agrícola e encontra-se entre as mais atrasadas do mundo. Como ocorre com a maior parte dos países africanos, a Etiópia tem, no subdesenvolvimento e na fome, seus maiores problemas. Assecas periódicas, aerosão e o esgotamento dosolo, odesmatamento, a altadensidade populacional e a infraestrutura precária tornam difícil o abastecimento satisfatório dos mercados. Os camponeses foram reunidos nas cooperativas e granjas do Estado, mas essas medidas oficiais, destinadas a melhorar a produção agrícola, tiveram pouco êxito. A pesca, apecuária e as atividades extrativas também apresentam problemas relacionados com métodos ainda rudimentares de produção. Em 2019, a pecuária do país tinha como destaques a produção de 391 000 toneladas de carne bovina, 96 000 toneladas de carne de cabra e 3,3 bilhão de litros deleite de vaca, entre outros.[82] Namineração, o país é um dos 6 maiores produtores do mundo decarbonato de sódio[83] etântalo,[84] além de produziropala eouro.[85] Naindústria, a Etiópia tinha a 87ª mais valiosa do mundo (US$ 5,3 bilhões) em 2019, de acordo com oBanco Mundial.[86] O país produziu 1,4 bilhão de litros decerveja em 2018, estando entre os 40 maiores produtores mundiais.[87] O setor industrial (alimentos,couro, calçados, produtos têxteis,metalúrgicos e químicos) é incipiente. O governo incentivou também oturismo. Para isso melhorou os parques nacionais e a infraestrutura hoteleira. Metade da população sofre desubnutrição crônica.
Segundo oFundo Monetário Internacional (FMI), a Etiópia é um dos países que apresenta mais rápido crescimento econômico no mundo, registrando mais de 10% de crescimento entre 2004 e 2009.[88] Em 2012, entretanto, o crescimento desacelerou moderadamente, registrando 7% de crescimento.[89] Projeta-se que sua economia deverá crescer em média, 6,5% nos próximos anos, refletindo o enfraquecimento da procura externa e um ambiente cada vez mais restrito para investimentos do setor privado no país.[88] O desempenho econômico e o considerável desenvolvimento da Etiópia enfrentaram ameaças entre 2008 e 2011, com o surgimento de desafios macroeconômicos e a alta inflação, gerando um difícil equilíbrio financeiro no país. A inflação atingiu 40% em agosto de 2011, por causa da política monetária frágil, aumento de salários de cargos públicos, e elevados preços dos alimentos.[90] Em 2012, a inflação foi registrada em 22%.[89]
No geral, a área de transportes etíope desenvolveu-se rapidamente. A Etiópia reserva para o setor cerca de 10% de seu PIB, o que é uma das maiores ações do PIB destinada ao desenvolvimento de infraestruturas na África.[91] A construção de uma rede de transportes está concentrada nas proximidades deAdis Abeba.[92] O país tem 4 100 km de estradas pavimentadas, que fazem a ligação entre seus importantes centros urbanos, além de uma boa rede de estradas que dão acesso à fronteira do país com o Djibouti e Quênia.[92] Outros 19 000 km de estradas são de terra ou cascalho, sem nunca terem sido pavimentadas, estando estas situadas principalmente no interior do país. A única linha de estrada de ferro existente possui 781 km de extensão, e é responsável por ligar a capital da nação, Adis Ababa, à Dire Dawa e ao Djibouti, cujo tráfego é possibilitado devido a uma série de acordos bilaterais entre os dois países. Em 2006, a concessão da ferrovia foi vendida para a empresa ferroviária Comazar, sediada na África do Sul. A reconstrução planejada da ligação ferroviária existente, e a ampliação de sua extensão para 5 000 km, foi anunciada em setembro de 2010, com a ajuda de investimentos chineses.[93][94]
O transporte aéreo é fornecido principalmente pela companhia aéreaEthiopian Airlines, uma das principais empresas de transporte aéreo na África.[95] Há voos regulares de Adis Abeba para outros países africanos, nações árabes, a Europa, a Índia e as cidades deNova Iorque,Pequim eXangai, além de voos não muito frequentes paraWashington, D.C. (Estados Unidos),Rio de Janeiro eSão Paulo (Brasil),Toronto (Canadá),Cantão eHangzhou (China) eKarachi,Tóquio eBangkok, noPaquistão,Japão eTailândia, respectivamente.[96] O principal terminal aéreo do país é oAeroporto Internacional Bole, também na capital, Adis Abeba. O Aeroporto Internacional Bole é um dos três principais do continente, e o quinto com maior movimentação de passageiros na África.[95] O país possui um total de 57 aeroportos, conforme dados de 2013,[97] 30 dos quais são usados regularmente, e na maioria dos casos para o serviço doméstico.[96] O transporte marítimo no país é pouco desenvolvido, já que este não possui costa marítima. Até 1993, uma parte de seu território tinha acesso ao mar, mas com a declaração de independência da Eritreia, seu litoral passou a ser administrado pelo país vizinho. Depois da guerra entre Etiópia e a Eritreia, o governo etíope passou a utilizar o porto de Djibouti para ter acesso ao mar, como parte de um acordo entre os dois países.[98] A Etiópia tem atualmente uma frota de nove navios usados para o comércio.
A fonte de energia é de 97% deusinas hidrelétricas[98] que, assim como a agricultura, depende das chuvas.[98] O acesso à eletricidade é garantido em cerca de 86% das áreas urbanas, mas a eletrificação em áreas rurais é praticamente mínima.[99] O país não é autossuficiente empetróleo, tendo este que ser importado. São planejadas a exploração do petróleo e gás natural existentes no país.[100] Outra opção é a utilização deenergia geotérmica. Boa parte da população continua dependente da madeira como a principal substância para aquecimento e construção, o que leva a um aprofundamento do desmatamento do país.[100]
No setor das telecomunicações, aCorporação de Telecomunicações Etíope detém o monopólio na área.[98] Em 1999, apenas 5% da população tinha acesso ao telefone, com o governo fazendo alguns investimentos na rede móvel terrestre a partir de então. Ainternet também passou a receber fortes investimentos governamentais no início do século.[98]
A educação na Etiópia foi dominada pela Igreja Tewahedo por muitos séculos, até que a educação secular foi adotada no início do século XX. O sistema atual segue esquemas de expansão escolar que são muito semelhantes ao sistema nas áreas rurais durante a década de 1980, com um acréscimo de uma regionalização mais profunda, fornecendo educação rural nas próprias línguas dos alunos a partir do nível fundamental, e com mais recursos orçamentários alocados para setor de educação. A sequência da educação geral na Etiópia é de seis anos de escola primária, quatro anos de escola secundária inferior e dois anos de escola secundária superior.[101]
O acesso à educação na Etiópia melhorou significativamente. Aproximadamente 3,1 milhões de pessoas estavam na escola primária em 1995 e, em 2009, as matrículas no ensino fundamental aumentaram para 15,5 milhões — um aumento de mais de 500%.[102] Em 2013, o país testemunhou um aumento significativo na matrícula bruta em todas as regiões.[103] O aumento nacional no número de matrículas, neste ano, foi de 104,8% para meninos, 97,8% para meninas e 101,3% em ambos os sexos.[104]
A taxa de alfabetização aumentou nos últimos anos: de acordo com o censo de 1994, a taxa de alfabetização na Etiópia era de 23,4%.[105] Em 2007 foi estimado em 39%.[106] Um relatório do PNUD em 2011 mostrou que a taxa de alfabetização na Etiópia era de 46,7%. O mesmo relatório também indicou que a taxa de alfabetização feminina aumentou de 27 para 39% de 2004 a 2011, e a taxa de alfabetização masculina aumentou de 49 para 59% no mesmo período para pessoas de 10 anos ou mais.[107] Em 2015, a taxa de alfabetização aumentou ainda mais, para 49,1% (57,2% do sexo masculino e 41,1% do sexo feminino).[108] Os dados mais recentes, datados de 2017, indicam que a Etiópia possui atualmente uma taxa de alfabetização de 51,8%, o que demonstra um crescimento, mas ainda modesto em comparação com outros países do mundo.
A Etiópia tem uma cultura predominantemente marcada pelas religiões professadas pelos seus vários povos (pelo que é designada frequentemente como "Museu de Povos"). Local onde se cruzaram tendências religiosasjudaicas,cristãs (coptas) emuçulmanas, a religião é quase sempre o ponto de referência para a produção cultural, da qual se destaca a música que recebeu influências das tribos circundantes e doEgito — como o uso desistros etambores deixa perceber.
↑Falando após sua assinatura do controverso tratado entre a Etiópia e a Itália em 1889, o imperador Menelique II deixou clara sua posição:"Não podemos permitir que nossa integridade como uma nação cristã e civilizada seja questionada, nem o direito de governar nosso império em absoluta independência. O Imperador da Etiópia é um descendente de uma dinastia que tem 3.016 anos — uma dinastia que durante todo este tempo jamais se submeteu a um estrangeiro. A Etiópia nunca foi conquistada, e jamais será conquistada por alguém."Ethiopia Unbound: Studies In Race Emancipation - p. xxv by Joseph Ephraim Casely Hayford
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