A sua capital é uma das duas únicas capitais de comunidade autónoma que não é sede de uma província de Espanha. Grande parte da sua superfície compreende parte das bacias hidrográficas de dois dos rios mais importantes dapenínsula, que partilha comPortugal — oTejo e oGuadiana, e que são separadas pelosMontes de Toledo. O seu clima é mais quente a sul e temperado no norte.
O seu território, essencialmente rural e de tradição agrícola, faz com que diversos produtos nela produzidos sejam reconhecidos a vários níveis. É o caso dos vinhos (com várias denominações de origem), presunto, queijos, azeite, pimentão, mel, cerejas e vários tipos de carnes. Aazinheira é a árvore típica da região e figura no centro do escudo estremenho, sendo muito característica o sistema dadehesa, conhecida em Portugal comomontado. A Estremadura tem passado histórico partilhado com Portugal, desde a antigaLusitânia até aoreino de Badajoz.
A nível cultural, é uma comunidade linguisticamente diversa que possui, para além docastelhano, oestremenho, afala e oportuguês como línguas próprias. Pretendendo refletir esta diversidade, celebra-se a cada18 de agosto, desde 2018, o Dia das Línguas da Estremadura.
A origem do nome é incerta, tendo sido várias as origens apontadas para este corónimo.
Uma das hipóteses postula que a palavra deriva dolatimExtrema Dorii — extremos doDouro — ou melhor — no outro extremo do Douro, fazendo referência à sua posição a sul deste rio e através do qual eram designados genericamente os territórios a sul dessabacia.[3][4]
Outra, suportada por vários medievalistas, argumenta que o vocábulo «Estremadura» (Extremadura) deriva de «extremo», designando simplesmente o extremo sul de um reino.[5] Este termo era usado durante aReconquista para denominar as terras situadas nosextremos dos reinos cristãos do norte com oAl-Andalus muçulmano, tendo sido registado pela primeira vez no século X para designar a região em torno deViseu.[6] Deste modo, e no caso deCastela, estas eram as terras em volta do que é hoje aprovíncia de Sória (cujo escudo possui a inscrição"Soria pura cabeza de Extremadura" — tratar-se-ia da Estremadura castelhana). No caso doReino de Leão, estes territórios maisextremos, distantes, e na primeira linha de defesa frente ao inimigo, ocupariam inicialmente uma boa parte da actualprovíncia de Cáceres, para depois se alargarem após a conquista doReino de Badajoz — tratar-se-iam da Estremaduraleonesa.[7][8]
Um caso semelhante ocorre também com aGaliza estremeira, termo que designa os territórios fronteiriços das regiões vizinhas onde é falado ogalego.
Não deve confundir-se a Estremadura espanhola com a antiga província portuguesa daEstremadura, embora a etimologia seja a mesma.
ALusitânia foi uma antiga provínciaromana que incluía uma parte do que é hojePortugal (excepto a zona norte), e uma grande porção do que é hoje a Estremadura espanhola. Tinha como capitalEmerita Augusta, a actual Mérida, uma das mais importantes cidades à época.
Aárea da Estremadura é de 41 633 km², o que faz dela a 5ª Comunidade Autónoma de Espanha em área. As suas duas províncias são as maiores em área de Espanha.
Todo o território estremenho pertence à vertente atlântica e a quatrobacias hidrográficas distintas:
Tejo, cujos afluentes principais são, na margem direita (norte), oTiétar e oAlagón, e na margem esquerda (sul), oAlmonte,Ibor, oSalor e oSever (este último fazendo fronteira com Portugal). Os afluentes da margem direita contribuem com maior caudal, dado que se alimentam principalmente das torrentes de montanha doSistema Central, onde as precipitações são muito abundantes e no inverno se acumulam grandes quantidades de neve.
Guadiana, cujos afluentes principais são, na margem direita (norte), oGuadarranque e oRuecas, e na margem esquerda (sul), oZújar — o mais caudaloso — e oMatachel
Em geral, e dado que o clima émediterrânico, caracteriza-se porverões muito quentes, concentrando-se a precipitação nos resto do ano, já que no período estival é muito escassa. Osinvernos são extensos e suavizados pela influência oceânica da relativa proximidade da costaatlânticaportuguesa.[carece de fontes?]
As temperaturas médias anuais oscilam ente 16 e 17 °C. No norte a temperatura média é de 13 °C, mais baixa que os 18 °C do sul — os valores sobem à medida que se avança para sul, até chegar às imediações daSerra Morena, onde voltam a diminuir com a altitude.
Durante overão a temperatura média do mês de julho ultrapassa os 26 °C, alcançando máximas acima dos 41 °C, acima do que se esperaria em teoria tendo em conta a relativa proximidade doAtlântico. Alatitude da região determina que o grau de insolação seja elevado, o que, aliado à influência doanticiclone dos Açores e à reduzida altitude média da região, que oscila entre 200 e 400 m, determina a elevada temperatura média da região.
A distribuição é muitosazonal, concentrando-se noinverno. Predomina achuvade rajada, com ocorrências breves e bruscas, mais frequentes que a chuva contínua ou oschuviscos. Há períodos de vários anos em que a precipitação é maior (La Niña) e em que são menores (El Niño), que se sucedem alternadamente.
A população da Estremadura é de 1 097 744 habitantes,[9] o que representa 2,38% da população espanhola (46 157 822[9]).
A densidade populacional é de 26,37 hab./km², muito baixa em comparação com a espanhola (89,54 hab./km²).
A província com mais população é a deBadajoz, com 685 246 habitantes,[9] com densidade populacional de 31,48 hab./km² e 21 766 km² de área, o que faz dela a mais extensa de Espanha.
Aprovíncia de Cáceres tem 412 498 habitantes[9] e (19 868 km² de área, o que faz dela a segunda mais extensa de Espanha.
Os núcleos urbanos mais importantes em termos de população sãoBadajoz (146 832[9]),Cáceres (92 187[9]) eMérida (55 568[9]).
Entre os naturais daÁfrica subsahariana que vivem na Estremadura, a comunidade mais numerosa é a doSenegal, com 88 membros. No que respeita a pessoas originárias daÁsia, a maior comunidade é achinesa, com 631 pessoas.
Segundo o censo de 1591, a população da Estremadura era de 540 000 habitantes, 8% do total da Espanha. No censo fidedigno seguinte, que só se realizou em 1717, já só contava com 326 358.
Desde essa época a população verificou-se um aumento de população mais ou menos constante até aos anos 1960 (1 379 072 em 1960).[11] A partir daí assistiu-se a uma descida acentuada da população devido àemigração para outros países e para outras regiões mais prósperas de Espanha.
Na Estremadura estão presentes numerosas confissões religiosas. A maior parte dos estremenhos sãocristãos,católicos romanos na sua grande maioria, mas tambémevangélicos eanglicanos. AsTestemunhas de Jeová emórmons também têm alguns seguidores. Além disso, existem fiéis doJudaísmo eIslão, estes últimos com uma presença notável, que se estima em 25 800 fiéis.[12]
Todos os municípios se encontram agrupados emcomarcas. Além da divisão por comarcas, todos os municípios à excepção deBadajoz,Cáceres,Mérida,Plasencia eNavalmoral de la Mata pertencem a uma das mancomunidades em que a região foi dividida.
Na Estremadura a única língua reconhecida como oficial é oespanhol, falada numa variante conhecida comocastúo. Não obstante, também são faladas outras línguas:
Estremenho, faz parte, como omirandês, do grupoasturo-leonês; é a língua mais falada a seguir ao castelhano. Apesar disso, de ser reconhecida por organismos internacionais e de estar em sério perigo de desaparecimento, é a que tem menor protecção,[parcial?] carecendo por completo de normalização ou da mínima cobertura em termos de ensino, quer privado quer público.[parcial?]
Placas toponímica em castelhano e português na Rua das Flores, emOlivença.
Painel rodoviário em língua portuguesa, à entrada da comunidade autónoma.
Os foros próprios vigentes na Estremadura são oForo de Bailio (século XII), reconhecido no seu Estatuto de Autonomia.
As primeiras instituições próprias das que se tem registo são a Capitania Geral e Real Exército da Estremadura, de princípios do século XVII, formada no seio da antiga província da Estremadura, que atinge a independência jurídica em 1653, embora já existisse previamente uma conceção geográfica e cultural da mesma. Formalmente, apenas em 1785 é conformada e o seu reconhecimentode facto surge com a criação da Real Audiência da Estremadura em 1790, cujas origens mais remotas se encontram no século XII na Estremadura leonesa enquanto entidade territorial dentro daCoroa de Leão (alargando-se até Badajoz), mais tarde também no seio daCoroacastelhano-leonesa e posteriormente integrada naMonarquia Hispânica.As Estremaduras obtiveram a sua independência administrativa nasCortes de Segóvia, em 1390.
Mais tarde, quando o reiFernando VII abandona o poder a favor deJosé Bonaparte, surgem em toda a Espanha instituições liberais (as Juntas) que assumem o poder, sob a coordenação da Junta Suprema Central constituída emAranjuez. A Junta Suprema da Extremadura foi organizada em junho de 1808, assumindo o poder em nome do rei. Os membros desta Junta eram pessoas de relevância social ligadas à igreja (como o bispo de Badajoz e o próprio decano da catedral, Francisco Romero de Castilla), membros da nobreza e do exército (Marquês de Monsalud), bem como funcionários do governo.
Composição da XI legislatura da Assembleia da Estremadura: Governo (29) PP (28) Independenteex-VOX (1) Oposição (36): PSOE-E (28) VOX (4) Unidas pela Estremadura (4)
Juan Carlos Rodríguez Ibarra foi presidente daJunta da Estremadura entre 1983 e 2007; anteriormente, a 20 de dezembro de 1982, tinha sido eleito presidente da Junta Regional da Estremadura, tendo oEstatuto de Autonomia da Estremadura sido aprovado sob o seu mandato a 25 de fevereiro de 1983. Sucederam-lhe no cargo, entre 2007 e 2011,Guillermo Fernández Vara, também socialista, e, entre 2011 e 2015,José Antonio Monago, membro doPartido Popular. Após as eleições regionais de 2015, Fernández Vara regressou à presidência do governo estremenho, numa coligação formada peloPartido Socialista Operário Espanhol e pelosSocialistas Independentes da Estremadura, graças ao apoio doPodemos.[13] Ao conseguir este apoio, e com a abstenção do PP e doCidadãos, o candidato socialista foi empossado presidente da Junta. Após as eleições regionais de 2019, a Assembleia da Extremadura reconduziu Guillermo Fernández Vara como presidente, com o voto a favor dos membros do seu partido, que tinha obtido a maioria absoluta nas eleições.[14] Atualmente, após as eleições de 28 de maio de 2023, a Junta da Estremadura é controlada pelo Partido Popular graças a um acordo de coligação com oVOX, fazendo deMaría Guardiola a primeira mulher presidente da Extremadura.
A Delegação do Governo Espanhol na Estremadura está situada na cidade deBadajoz.
O sector com maior peso naeconomia da Estremadura é o deserviços (57%). Aconstrução e as pequenas e médiasempresas são a base de uma economia que está a desenvolver umcomércio incipiente com as terras vizinhas dePortugal e que mantém um elevado grau de terciarização. Esse efeito sente-se inclusivamente nos espaços rurais, tradicionalmenteagrícolas, devido ao apogeu doturismo cultural eecoturismo.
Ocrescimento económico da região é superior à média espanhola, sem dúvida partindo de um atraso económico histórico, mas descobrindo e desenvolvendo novas possibilidades demercado, principalmente nos sectores doturismo, comércio e agro-alimentar. O projecto para a instalação de umarefinaria depetróleo no sul da região originou forte polémica a nível regional, tanto emEspanha como em Portugal.
Estão classificados como festas de interesse turístico aproximadamente 40 eventos periódicos da Estremadura.[19] Esta classificação é atribuída pelaConsejería de Medio Ambiente, Urbanismo y Turismo da Junta da Estremadura, segundo os critérios definidos por lei:[20]
A Estremadura é uma das regiõeseuropeias cujos sistemas naturais estão menos degradados, apesar do número de nível de protecção destes espaços ser claramente insuficiente.[parcial?]
A zona do Parque Nacional de Monfragüe, foi declaradaParque Nacional a 3 de março de 2007, convertendo-se no 14º parque nacional da Espanha.39° 50' 27" N6° 1' 48" O
O parque está situado numa zona muito pitoresca de 18 396 ha nos vales doTejo eTiétar, a aproximadamente 20 km a sul dePlasencia, é atravessado pela estrada que liga esta cidade aTrujillo. É conhecido especialmente pelas colónias deaves de rapina, mas a sua fauna terrestre e aquática é também importante. É considerado um dos refúgios mais importantes da fauna e flora mediterrânica. O seu interesse geológico também é relevante, nomeadamente osafloramentosquartzíticos que dão origem a relevo do tipo apalachiano.[23][24][25][26]
A área tem vários vestígios de ocupação humana muito antiga, remontando a2 500 a.C. Existempinturas rupestres em abrigos e grutas, e o lugar de Monfragüe propriamente dito, um morro na confluência dos rios Tejo e Tiétar foi umcastro entre no 1º milénio a.C. Acredita-se que aí existiria um forteromano, que foi posteriormente reconstruído em 811 d.C. pelosmuçulmanos que ocupavam a área desde 713. A primeira reconquista cristã desse castelo foi levada a cabo pelo portuguêsGeraldo Sem Pavor em 1169, mas a posse definitiva da região só se daria em 1180, porAfonso VIII de Castela.
Reserva Natural Garganta de los Infiernos, noVale do Jerte, com uma área de 6 927 ha. Ocupa o vale de uma riacho de montanha (em castelhano: garganta), em que a altitude varia entre os 600 e os 2 000 m em apenas algunsquilómetros, pelo que apresenta uma extraordinária diversidade de fauna e flora. São especialmente interessantes os efeitos da erosão da água nas formações graníticas dos leitos dos cursos de água, nomeadamente asmarmitas de gigante.
Los Barruecos, emMalpartida de Cáceres. A principal atracção deste local são as formações graníticas cujas formas fazem lembrar autênticas esculturas. A área é atravessada pelorio Salor, umafluente do Tejo, onde foram construídos váriosaçudes que originam váriascharcas. Há vestígios arqueológicos importantes, desde aPré-história até ao século XVIII, com destaque para anecrópolemegalítica daHijadilla, vários núcleos dearte rupestre e aestação arqueológica dasPeñas del Tesoro, mais conhecida porLos Barruecos, a qual foi habitada desde oNeolítico até àIdade do Bronze e onde foram encontrados os vestígios mais antigos de agricultura da Estremadura, de há 7 000 anos.[27] Outra atracção da zona é oMuseu Vostell Malpartida, instalado numa fábrica de lãs do século XVIII, junto a uma das velhas barragens dorio Salor.
Grutas deFuentes de León, no município do mesmo nome. Conjuntokárstico com mais de 1000 ha, as grutas apresentam grande quantidade deestalactite eestalagmites de várias formas e albergam várias colónias demorcegos. Nalgumas existem minas que foram exploradas desde épocaspré-romanas, que foram célebres pela abundância de ouro. Estudos recentes (2009) apontam para a existência de grutas importantes ainda por descobrir.[28]
Barragem de Orellana y Sierra de Pela, a única zona húmida da Estremadura que pertence à lista das "Zonas Húmidas de Importância Internacional" estabelecida naConvenção de Ramsar. É Zona de Protecção Especial de Aves (ZPE).
Serra deTentudía, Zona de Protecção Especial (ZPE) de Aves incluída naRede Natura 2000 como Zona Especial de Conservação (ZEC) no sul daprovíncia de Badajoz, junto àSerra Morena.
Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia emcastelhano cujo título é «Extremadura», especificamentedesta versão.
↑Oconcelho aberto (emcastelhano:concejo abierto) é uma forma de administraçãoautárquica adoptada nosmunicípios com muito pouca população (tipicamente inferior a cem, se bem haja excepções). Nestes municípios a administração local resume-se a umalcaide e à assembleia constituída por todos os cidadãos do município.
↑abDiputación (deputação) é ao nome dado em Espanha ao conjunto de entidades responsável pela administração de umaprovíncia.