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Espoleta

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(Redirecionado deEspoleta Boxer)
Alguns exemplares deespoletas à frente de um cartucho e dois estojos (um semespoleta e outro com aespoleta deflagrada).

Aespoleta, no contexto dearma de fogo eartilharia em geral, é formalmente, ocomposto químico e/ou dispositivo responsável por iniciar acombustão dopropelente contido namunição, que impulsiona oprojétil através docano da arma.

Em termos práticos, aespoleta moderna é basicamente uma pequena cápsula metálica, contendo umcomposto químico detonante, que quando estimulado pelo impacto dopercussor e o esmagamento da cápsula, entra emcombustão e dá início à queima dapólvora contida nocartucho, ocasionando odisparo.

Histórico

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Espoletas externas

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Nas primeiras armas de fogo depólvora negra, geralmente armas porantecarga, a função deespoleta era desempenhada essencialmente pelo mesmocomposto químico dopropelente principal (embora geralmente em uma forma de um mais fino), era acondicionado num recipiente externo em forma de uma pequeníssima "panela" ("pan" em inglês), onde erainflamado por uma fonte de ignição como umfecho de mecha ou umapederneira. O recipiente externo com apólvora mais fina era conectado através de uma pequena abertura na parte traseira docano da arma que levava à carga principal, damunição propriamente dita.[1] Como apólvora não queima quando molhada, isso torna difícil (ou mesmo impossível) disparar esse tipo de arma em condições dechuva ouumidade.

  • Detalhe de um mecanismo de pederneira onde se pode ver destacado o rebaixo ao lado do cano para colocar a "espoleta" de pólvora.
    Detalhe de um mecanismo depederneira onde se pode ver destacado o rebaixo ao lado do cano para colocar a"espoleta" de pólvora.
  • Alguns exemplares de espoleta de percussão nos diâmetros 4,5mm e 6,0mm.
    Alguns exemplares deespoleta de percussão nos diâmetros 4,5mm e 6,0mm.

O passo seguinte, foi o surgimento daespoleta de percussão, que introduziu o conceito deespoleta propriamente dito e foi desenvolvido entre1814 e1822 usando ofulminato de mercúrio.[2] Essa alternativa evitava que o pó de ignição inicial ficasse exposto às intempéries chegando a impedir a execução dodisparo.[3]

Espoletas internas

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Logo depois, vieram os cartuchos integrais, comespoletas dentro doestojo, inicialmente com os cartuchos do tipoLefaucheux, onde aespoleta ficava na parede lateral do estojo e era acionada por um pino externo, e mais tarde surgiu ocartucho de fogo circular, com o composto químico ocupando um aro bojudo em sua base, sendo esse aro o elemento atingido pelopercussor da arma.[4]

  • Três exemplares de cartuchos com espoletas internas acionadas por pinos.
    Três exemplares de cartuchos comespoletas internas acionadas por pinos.
  • Diagrama do funcionamento das espoletas internas de pino ou de aro.
    Diagrama do funcionamento dasespoletas internas de pino ou de aro.
  • Dois exemplares de cartuchos de fogo circular com espoletas internas.
    Dois exemplares de cartuchos de fogo circular comespoletas internas.

Com a evolução daespoleta de percussão e doscartuchos metálicos integrais de fogo central, chegamos ao que conhecemos hoje comespoleta com uma série de avanços que incluem o uso decompostos químicos nãocorrosivos e mais estáveis para armazenamento, sendo que as primeirasespoletas realmente não corrosivas e sem mercúrio,"non-corrosive, non-mercuric (NCNM)", foram produzidas nosEstados Unidos entre1935 e1938, mas esse padrão de mercado, só se estabeleceu de fato depois daSegunda Guerra Mundial, principalmente durante as décadas de1950 e1960.[2][4]

  • Alguns exemplares de cartuchos de fogo circular com espoletas internas.
    Alguns exemplares de cartuchos de fogo circular comespoletas internas.
  • Dois cartuchos de fabricantes diferentes no mesmo calibre com espoletas de tamanhos diferentes.
    Dois cartuchos de fabricantes diferentes no mesmo calibre comespoletas de tamanhos diferentes.
  • Conjuntos de espoletas modernas deflagradas nos dois tamanhos mais comuns.
    Conjuntos deespoletas modernas deflagradas nos dois tamanhos mais comuns.

Apesar de haver tentativas de fomentar a produção deespoletasecologicamente corretas, seus resultados ainda são incertos.[5]

Características

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A mistura detonante contida nasespoletas é umcomposto químico que queima com facilidade, bastando o atrito gerado pelo amassamento daespoleta contra a bigorna provocada pelopercussor da arma para se incendiar. A queima dessa mistura gera calor, que passa para opropelente (pólvora), através de pequenos furos no estojo, chamados "eventos" ("flash hole" em inglês).[6]

Exemplares deespoletas modernas do tipo
Berdan (esquerda) e Boxer (direita).

Fisicamente, as cápsulas deespoletas se assemelham a "tampinhas" diminutas. Na fabricação dasespoletas, essas "tampinhas" são preenchidas com o composto químico usando um processo deatrito, no qual as cápsulas são espalhadas em "bandejas" uma em cada "bolso" apropriado, com a parte aberta voltada para cima. Em seguida, essas placas são enviadas para a "sala de esfrega", uma sala fortemente construída e imaculadamente limpa, onde as placas ficam sobre uma mesa de metal e ocomposto químico úmido é esfregado à mão sobre a superfície para preencher cada uma das "tampinhas".[6]

O cuidado é necessário, pois o composto químico dasespoletas, é umalto explosivo. Quando molhado, esse composto é insensível e seguro de manusear. No entanto, quando seco, torna-se muito sensível e não é seguro manusear a granel. Além disso, umaespoleta inserida em um estojo de cartucho enquanto ainda úmido também é mais consistente do que um primer inserido em um estojo de cartucho quando seco. O composto químico úmido vai secar ao redor da ponta da bigorna envolvendo-a, o que não vai ocorrer se ocomposto químico estiver seco.[6]

Antes de1955, muitasespoletas principalmente as usadas em munições militares, eramcorrosivas. Isso acontecia porque as misturas de preparação de clorato continham sais que permaneciam no cano após odisparo da arma. Aumidade do ar combinada com os sais pode causarcorrosão nocano. A munição militar dosEstados Unidos tem sido carregada exclusivamente comespoletas não corrosivos desde1955. Quem adquire munição militar excedente, precisa ficar atento a esses detalhes.[6]

Asespoletas são preenchidas com uma mistura altamente explosiva, no entanto, cadaespoleta tem apenas uma pequena quantidade dessa mistura na "tampa". Por exemplo, umaespoleta magnum para rifles e fuzis, ou umaespoleta 209 para escopeta, contém apenas 36 miligramas de composto, eespoletas para pequenos rifles, revólveres e pistolas contêm apenas 20 mg de composto.[6]

Variantes

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Aespoleta portanto, tem a função de iniciar aqueima dapólvora, geralmente emcartuchos de fogo central. Existem três tipos diferentes deespoleta:[7]

Alguns exemplares deespoleta do tipo "Bateria".

Aespoleta "Boxer", possui uma espécie de "bigorna" dentro da cápsula que contém a mistura química iniciadora. Quando a cápsula daespoleta é atingida pelo percussor da arma, ela é esmagada, fazendo com que a mistura atinja a "bigorna" e entre emcombustão cujachama passa pelo furo (chamado de "evento"), do estojo da munição, dando início à queima dapólvora. O estojo para esse tipo deespoleta, não possui "bigorna".[7][8] Foi inventada porEdward Mounier Boxer

Aespoleta "Bateria" se caracteriza por agregar: cápsula e "bigorna" num estojo próprio com "evento", e geralmente é utilizada em cartuchos decaça, portanto aespoleta tipo "Bateria" é montada no "bolso" de cartuchos específicos de caça (para espingardas e escopetas).[7]

Aespoleta "Berdan" é constituída por uma cápsula com a mistura química iniciadora. Ela é montada no "bolso" de estojos do tipo "Berdan", que possuem uma "bigorna" central e dois furos ("eventos") am sua base. Nesse caso, quando aespoleta é atingida pelopercussor da arma, ela é esmagada de encontro à "bigorna", que nesse caso, faz parte do estojo.[7][8] Foi inventada porHiram Berdan

Tamanhos

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Asespoletas modernas, são comercializadas em cinco tamanhos diferentes:[9]

  1. Large rifle
  2. Small rifle
  3. Large pistol
  4. Small pistol
  5. Shotgun
  • Nota1: a terminologia nalíngua inglesa, é amplamente utilizada, com eventuais adaptações. NoBrasil por exemplo, o tamanho "Shotgun" é referenciado como "espoleta para cartucho de caça" ou simplesmente "espoleta de caça".[10]
  • Nota2: o sufixo "Magnum" eventualmente utilizado em relação àsespoletas,não tem a ver com o tamanho, e sim com o poder de detonação das mesmas.[11]

Composição química

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A mistura detonante contida nasespoletas, vem evoluindo significativamente desde o seu surgimento:[12]

Espoleta não tóxica

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O composto "Catalyst" foi criado para atender uma demanda do governo dosEstados Unidos para um composto sem chumbo ou qualquer outro material potencialmente tóxico. A fórmula básica inclui oalumínio, que desempenha duas funções principais: torna anitrocelulose explosiva mais sensível e ajuda a aquecer o outro componente, obismuto, que é ooxidante e cujo óxido gerado, gera combustíveis, aglutinantes e sensibilizantes.[12]

Ver também

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Referências

  1. WaffenlandTV (20 de julho de 2017).How to shoot a black powder rifle/muzzleloader (em inglês). YouTube. Em cena em 2:11. Consultado em 17 de agosto de 2020 
  2. abBev Fitchett (6 de agosto de 2020).«Priming Compounds and Primers Introduction» (em inglês). Bev Fitchett's Guns. Consultado em 17 de agosto de 2020 
  3. Muzzle-Loaders.com (3 de outubro de 2016).Loading & Firing a Percussion Muzzleloader Rifle (em inglês). YouTube. Em cena em 5:02. Consultado em 17 de agosto de 2020 
  4. ab«Back to Basics: Primers» (em inglês). American Rifleman. Consultado em 17 de agosto de 2020 
  5. German Salazar (6 de outubro de 2011).«Surprising Results in Dept. of Defense Lead-Free Primer Tests» (em inglês). Accurate Shooter. Consultado em 17 de agosto de 2020 
  6. abcde«Ammunition Science: All About Primers» (em inglês). NRA FAMILY. Consultado em 17 de agosto de 2020 
  7. abcd«Espoletas». Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC). Consultado em 17 de agosto de 2020 
  8. abDavid Lewis (1 de fevereiro de 2018).«Boxer vs. Berdan Primers – What's the Difference?» (em inglês). Ammotogo.com. Consultado em 17 de agosto de 2020 
  9. «The Basics of Firearms and Ammunition» (em inglês). firearmsbasics. Consultado em 17 de agosto de 2020 
  10. «About the CMP» (em inglês). CMP. Consultado em 17 de agosto de 2020 
  11. Joseph von Benedikt (23 de maio de 2016).«Magnum Primers for Non-Magnum Loads» (em inglês). Rifle Shooter Magazine. Consultado em 17 de agosto de 2020 
  12. abc«Everything You Never Knew About Primers, and the New Technology That's Revolutionizing Them» (em inglês). Outdoor Life. Consultado em 17 de agosto de 2020 
  13. ab«Leading Industrial Components»(PDF) (em inglês).RUAG. Consultado em 17 de agosto de 2020 

Leitura adicional

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  • Siekman, Mark W.; Anderson, David A.; Boyce, Allan S. (Setembro de 2010),«Small-Arms Ammunition Production and Acquisition: Too Many Eggs in One Basket?», U.S. Army,Professional Bulletin of United States Army Sustainment,42 (5), PB 700-10-05 . Thirteen chemicals used in U.S. Army small arms cartridges; 7 chemicals are not available within the U.S.
  • U.S. Army (Setembro de 1984),Military Explosives, Technical Manual, Department of the Army, TM 9-1300-214 , p. 2-3 stating "1602–1604. Fulminating gold, later used as a priming explosive, was invented by Johann Tholden, a Dutch chemist in the employ of the British Navy." Later, on same page, "1628. Gold fulminate priming explosives for torpedoes were invented by J. Thollen for the British Navy."
  • Urbański, Tadeusz; Jurecki, Marian (translator) (1967), Laverton, Sylvia, ed.,Chemistry and Technology of Explosives,III First English ed. , Pergammon,LCCN 63-10077  c.f. p. 129. Basilius Valentinus described "explosive gold" in first half of 17th century. In 1630, Van Drebbel (Cornelis Drebbel?) investigated fulminate of mercury and "explosive gold". In 1690, Johann von Löwenstern-Kunckel's bookLaboratorium Chymicum described how to make fulminate of mercury. In 1805, Alexander John Forsyth used potassium chlorate to make pellets, but these were not safe. "The first ignition caps were invented in the early nineteenth century. In these caps the ignitable composition was enclosed in a casing of brass or copper. This invention cannot be traced with any certainty to any individual. The literature on the subject names several chemists including Bellot and Egg in 1815. The first application of mercury fulminate in ignition caps is attributed to Wright in 1823."

Ligações externas

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Projétil
Propelente
Cartucho
Espoleta
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