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Eric Hobsbawm

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Eric Hobsbawm

Nascimento9 de junho de1917
Alexandria,Sultanato do Egito
Morte1 de outubro de2012 (95 anos)
Londres,Inglaterra
Cônjuge
  • Muriel Seaman
  • Marlene Schwartz
Filho(a)(s)
  • Joshua Bennathan
  • Julia Hobsbawm
  • Andy Hobsbawm
OcupaçãoHistoriador
Principais trabalhosA Era das Revoluções,Era do Capital,A Era dos Impérios eEra dos Extremos

Eric John Ernest Hobsbawm (Alexandria,9 de junho de1917Londres,1 de outubro de2012)[1] foi umhistoriador marxistabritânico reconhecido como um importante nome da intelectualidade doséculo XX. Ao longo de toda a sua vida, Hobsbawm foi membro doPartido Comunista Britânico.

Um de seus interesses foi o desenvolvimento dastradições. Seu trabalho é um estudo da construção dessas tradições no contexto doEstado-nação. Argumentou que muitas vezes as tradições são inventadas porelites nacionais para justificar a existência e importância de suas respectivas nações.

Vida

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Nascido noEgito, ainda sobdominação britânica. Obteve a cidadania britânica por ser filho de pai inglês. Seu sobrenome foi alterado por erro de escrituração: era filho de Leopold Percy Hobsbaum, inglês, e Nelly Grün,austríaca, ambosjudeus. Teve uma irmã, Nancy. Passou os primeiros anos de sua vida emViena eBerlim. Nessa época, tanto aÁustria quanto aAlemanha sofriam com acrise econômica e a convulsão social, consequências diretas daPrimeira Guerra Mundial.

Seu pai morreu em 1929, e sua mãe em 1931. Ele e sua irmã foram adotados pela tia materna, Gretl, e por seu tio paterno, Sydney, que se casaram e tiveram um filho, Peter. A família mudou-se paraLondres em 1933.

Em 1947 passou a lecionar no Birkbeck College, em Londres, mas só foi promovido em 1970. Ele atribuía essa demora às suas posições políticas.

Hobsbawm casou-se duas vezes: a primeira, com Muriel Seaman, em 1943, de quem se divorciou em 1951, e a segunda, com Marlene Schwarz. Com esta última, teve dois filhos, Julia e Andy. Teve também um filho fora do casamento, Joshua Bennathan.[2]

Morreu em 1.° de outubro de 2012, no hospital Free Royal de Londres, depneumonia, entre outras complicações decorrentes daleucemia.[3]

Política, vida acadêmica e obra

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Aos 14 anos de idade, ainda em Berlim, ingressou noSozialistischer Schülerbund (Federação dos Estudantes Socialistas), uma ramificação daKommunistischer Jugendverband Deutschlands (Liga da Juventude Comunista da Alemanha).[4]

Em 1933, quandoAdolf Hitler chegou ao poder, Hobsbawm mudou-se paraLondres. Já havia nesse período iniciado seus estudos das obras deKarl Marx. Fugindo das perseguiçõesnazistas, mas também por ter ganhado uma bolsa para estudar naUniversidade de Cambridge, Hobsbawm formou-se emHistória. Um evento importante para a sua formação intelectual e para o início de sua trajetória como historiador foi a resolução de seu tio de se mudar da Alemanha, levando a família e os negócios para a Inglaterra, assim que Hitler, mesmo ficando em segundo lugar nas eleições de 1933, foi chamado para ser primeiro-ministro, a pedido do presidentePaul von Hindenburg, do Partido Conservador, vencedor das eleições. Essa atitude garantiu a tranquilidade da família, que erajudia, bem como a salvação de suas economias. Hobsbawm vê nesse acontecimento a evidência cabal de que análises históricas bem formuladas podem indicar as tendências futuras com um grau elevado de acerto. Uma de suas preocupações é aprimorar as análises históricas para criar mecanismos mais eficientes de predições econômicas e sociais. Ele mesmo faz algumas em seus livros, como a dificuldade deIsrael se manter noOriente Médio se tiver como apoio apenas a força militar. Tornou-semilitante político deesquerda e, em 1936, ingressou noPartido Comunista da Grã-Bretanha, no qual permaneceu até seu falecimento, em 2012.

Durante aSegunda Guerra Mundial (1939–1945), serviu aoExército Britânico. No início, nos anos de 1939–1940, fez parte de uma divisão que cavavatrincheiras e preparavabunkers no litoral do país, como forma de impedir a "Operação Leão Marinho" (invasão daInglaterra por exércitos anfíbios). Posteriormente, foi responsável por trabalhos deinteligência, pois dominava quatro idiomas. Com o fim da guerra, Hobsbawm retornou àUniversidade de Cambridge para o curso dedoutorado. Também nessa época juntou-se a alguns colegas e formou o Grupo de Historiadores do Partido Comunista.

Nos anos 1960, integrou um grupo de historiadoresmarxistas britânicos, comChristopher Hill,Rodney Hilton eEdward Palmer Thompson, todos desiludidos com oestalinismo e o Partido Comunista. O grupo buscava entender a história da organização das classes populares, suas lutas eideologias, através da chamadaHistória Social. Porém, ao contrário dos outros membros do grupo, que eram contra o Partido Comunista desde 1956 (após ainvasão soviética da Hungria), Hobsbawm continuou sendo membro do partido até o colapso daUnião Soviética.[5][6] "Eu não queria romper com a tradição que era a minha vida e com o que eu pensava quando me envolvi com ela. Ainda acho que era uma grande causa, a causa da emancipação da humanidade. Talvez nós tenhamos ido pelo caminho errado, talvez tenhamos montado o cavalo errado, mas você tem de permanecer na corrida, caso contrário, a vida não vale a pena ser vivida", diria posteriormente aoNew York Times, numa entrevista de 2003.[7]

Para analisar a história dotrabalhismo e os diversos aspectos que a envolvem, como asrevoluções burguesas, o processo deindustrialização, as diferentes manifestações de resistência, luta e revolta daclasse trabalhadora, Hobsbawm dedicou-se à interpretação doséculo XIX.

Sobre esse período, que, segundo ele, vai de 1789 (ano daRevolução Francesa) a 1914 (início da Primeira Guerra Mundial), publicou estudos importantes, comoEra das Revoluções (1789–1848),A Era do Capital (1848–1875) eA Era dos Impérios (1875–1914). Hobsbawm foi também responsável por análises aprofundadas sobre o que chama de "o breve século XX". Seu livroEra dos Extremos, lançado em 1994, na Inglaterra, tornou-se uma das obras mais lidas e indicadas sobre a história recente da humanidade, como um testemunho pessoal da perspectiva de um historiador que presenciou como espectador os principais acontecimentos. Nela, o historiador analisa o período que vai de 1917 — fim da Primeira Guerra Mundial e ano daRevolução Russa — até 1991, com o colapso daUnião Soviética e o fim dos regimes socialistas noLeste Europeu. Logo no início da Obra, Hobsbawm diz: "Meu tempo de vida coincide com a maior parte da época de que trata este livro". Percebe-se em Hobsbawm o esforço de fazer uma História Total, para isso ele busca fundamentos para sua tese nos campos da política, economia e da cultura. Ele chega ainda mais longe, fala da poluição e deterioração ecológica do século XX, mostrando que as as emissões de dióxido de carbono que aqueciam a atmosfera quase triplicaram entre 1950 e 1973, quer dizer, a concentração desse gás na atmosfera é quase 1% ao ano.

Em 1966, publicou o livroBandidos, onde argumentava queLampião praticava o banditismo social. Ele seria um defensor do povo e vingador dos oprimidos.[8]

Também importante no conjunto de sua obra é seu livro mais recente,Tempos Interessantes, publicado em 2002, no qual discorre novamente sobre o século XX e relaciona fatos históricos com sua trajetória de vida, sendo por isso considerado como uma obraautobiográfica.

Em 2003, Hobsbawm ganhou oPrêmio Balzan para a História da Europa desde 1900.

Considerado um dos mais importantes historiadores contemporâneos, Hobsbawm utilizou-se dométodo marxista de análise histórica, sempre partindo do conceito deluta de classes. Foi membro da Academia Britânica e da Academia Americana de Artes e Ciências. Foi também professor de História noBirkbeck College (Universidade de Londres) e daNew School for Social Research deNova Iorque.

Entre seus livros, destacam-se estudos sobre as classes dominadas, comoTrabalhadores,Bandidos eHistória Social do Jazz. Escreveu também sobre a história dasideologias políticas e sociais, emNações e Nacionalismos eA Invenção das Tradições, além da autobiografiaTempos Interessantes.

Livros publicados

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  • A Era das Revoluções
  • Era do Capital
  • A Era dos Impérios
  • Era dos Extremos - o breve século XX
  • Sobre História
  • Globalização, Democracia e Terrorismo
  • Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1979 (Segunda Edição)
  • História Social do Jazz
  • Pessoas Extraordinárias: Resistência, Rebelião e Jazz
  • Nações e Nacionalismo desde 1780
  • Tempos Interessantes (autobiografia)
  • Os Trabalhadores: Estudos Sobre a História do Operariado
  • Mundos do Trabalho: Novos Estudos Sobre a História Operária
  • Revolucionários: Ensaios Contemporâneos
  • Estratégias para uma Esquerda Racional
  • Ecos da Marselhesa : dois séculos revêem a Revolução Francesa. São Paulo:Companhia das Letras, 1996.
  • As Origens da Revolução Industrial. São Paulo: Global Editora, 1979.
  • Bandidos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976.
  • "Tempos fraturados: cultura e sociedade no século XX". Tradução: Berilo Vargas. Companhia das Letras, 2013.

Coedição ou organização

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  • A Invenção das Tradições
  • História do Marxismo (12 volumes)

Ver também

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Referências

  1. «Morre aos 95 anos o historiador britânico Eric Hobsbawm». 01/10/2012. Consultado em 1 de outubro de 2012 
  2. Interview: Joss Bennathan. The son of the famous left-wing historian Eric Hobsbawm is using theatre to bridge cultural divides. Por John Nathan, 14 de janeiro de 2010.
  3. Eric Hobsbawm dies at 95; British historian was longtime communist.LA Times /Associated Press, 2 de outubro de 2012.
  4. Profile: The age of Hobsbawm: The people's historian is turning his long gaze to a short century, says Neal Ascherson.The Independent, 2 de outubro de 1994.
  5. Eric the Red, por Christopher Hitchens.NY Times, 24 de agosto de 2003.
  6. A question of faith. Por Maya Jaggi, sobre a trajetória de Hobsbawm.The Guardian, 14 de setembro de 2002.
  7. A imperdoável cegueira ideológica de Eric Hobsbawm.Veja, 4 de outubro de 2012.
  8. Pâmela Carbonari (27 de janeiro de 2024).«Lampião chamado de 'criminoso': por que filha de cangaceiro está processando autor?».Folha de S.Paulo. Consultado em 28 de janeiro de 2024.Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2024 – viaBBC News Brasil 

Ligações externas

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OWikiquote tem citações relacionadas aEric Hobsbawm.
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