Umeremita ouermitão é um indivíduo que, usualmente porpenitência,religiosidade,misantropia ou simples amor à natureza, vive em um lugar deserto, isolado. O local de sua morada é designado eremitério. Na história daIgreja Católica há um capítulo importante sobre os eremitas e o desenvolvimento davida monástica, com destaque paraSanto Antão do Deserto.
O eremitismo apresenta dois momentos fortes de expansão: o primeiro na Antiguidade, nos séculos III e IV e o segundo na Idade Média, nos séculos XII e XIII.
O primeiro período, entre os séculos III e IV, assiste o surgimento da espiritualidade dosPadres do Deserto, que buscavam através de um estilo de vida austero econtemplativo a união com Deus no deserto doEgito. Eles atraíam muitos seguidores para seus retiros, direção espiritual e conselhos. Estão na raiz domonaquismo oriental.Santo Antão do Deserto tornou-se um modelo destes Padres.
"O eremitismo dos séculos XII e XIII foi permeado pelo retorno às fontes, o ideal da vida apostólica e da Igreja Primitiva. Ou seja, os eremitas desejavam imitar rigorosamente os preceitos espirituais presentes no projeto de vida religiosa de Jesus.
Noséculo XII, o eremitismo teria se desenvolvido em três vertentes principais. A primeira consistia na prática daascese antecedendo a pregação, geralmente, dirigida aos grupos mais necessitados espiritualmente, como os leprosos e as mulheres, ressaltando a questão da pobreza. A segunda propunha que os eremitas estabelecessem vínculos com ummosteiro. E, a última, seria exemplificada através daOrdem dos Cartuxos, que requeria uma vida depenitência e isolamento rigoroso.Bruno de Colônia, o seu fundador, procurou combinar o ideal eremítico, "expresso na busca de Deus através dacontemplação", com ocenobitismo, ressaltando, a busca pessoal de Deus.
Por causa da ausência de desertos naEuropa Ocidental, os eremitas buscariam refúgios em locais remotos e desabitados, como cimos de montanhas e florestas. A descrição da aparência destes homens era terrível, assim como, as suas habitações. Vestiam-se muito pobres, as pernas apareciam semidescobertas, usavam barba comprida, pés descalços e, levavam consigo ocilício. A austeridade de suas habitações pode ser constatada através da escolha dos locais, pois viviam em covas, gargantas, ilhas selvagens, bosques funestos e terras não desbravadas.
Podemos dizer que naEuropaMedieval nos séculos XII e XIII ser eremita estava intrinsecamente articulado a religiosidade. O eremitismo era um fenômeno religioso marcado essencialmente pela contemplação, ou seja, as orações emretiro, apenitência, a busca pelo isolamento e a mortificação da carne. Através destas práticas culturais específicas da espiritualidade eremítica, estes indivíduos buscavam manter contato com Deus."[2]
O período áureo do eremitismo noBrasil foi durante ociclo do ouro, ao final doséculo XVII. Eramleigos que buscavam uma vida ascética, vivendo em geral ao lado de umaermida construída por eles. As autoridades eclesiais mantinham uma atitude de respeito em relação a este estilo de vida religioso durante o período colonial. Após a romanização do catolicismo brasileiro, o eremitismo leigo caiu no esquecimento.
Há documentação histórica sobre os seguintes eremitas no Brasil colonial:
Joaquim do Livramento, mais conhecido comoIrmão Joaquim (Nossa Senhora do Desterro, atualFlorianópolis,20 de março de1761 –Marselha,1829) empreendeu viagens à Europa em busca de recursos para financiar suas obras. Edificou em diversas capitais do Império, estruturas que se distingue por várias obras sociais, comoorfanatos,hospitais eseminários.
Dois exemplos de eremitas são, na literatura o escritor americanoHenry David Thoreau, e nas esculturas o alemãoManfred Gnädinger, que expôs suas obras ao ar livre naGaliza até serem destruídas por um derramamento depetróleo.
Azzi, Riolando (1983): "A instituição eclesiástica durante a primeira época colonial", em: História da Igreja no Brasil, (3a edição), Edições Paulinas/Vozes, Petrópolis, Brasil.