AIdade Moderna é um período histórico que é definido como parte ou como imediatamente anterior ao período moderno, com divisões baseadas principalmente na história daEuropa e no conceito mais amplo de modernidade. Não há uma data exata que marque o início ou o fim do período e sua extensão pode variar dependendo da área da história que está sendo estudada. Em geral, considera-se que o início do período moderno durou desde o início doséculo XVI até o início doséculo XIX (cerca de1501-1800). Em um contexto europeu, é definido como o período após aIdade Média e anterior ao advento da modernidade; mas as datas dessas fronteiras estão longe de ser universalmente acordadas. No contexto da história global, o início do período moderno é frequentemente usado mesmo em contextos onde não há um período "medieval" equivalente.
Historiadores nas últimas décadas argumentaram que, do ponto de vista mundial, a característica mais importante do início do período moderno foi seu caráter globalizante de disseminação. Novas economias e instituições surgiram, tornando-se mais sofisticadas e globalmente articuladas ao longo do período. O início do período moderno também incluiu a ascensão do domínio domercantilismo como uma teoria econômica. Outras tendências notáveis do período incluem o desenvolvimento da ciência experimental, o progresso tecnológico cada vez mais rápido, a política cívica secularizada, as viagens aceleradas devido a melhorias no mapeamento e no projeto de navios e o surgimento deestados-nação.
Historiadores à escala mundial nas décadas mais recentes têm argumentado que de uma perspectiva mundial, a característica mais importante que deu início à idade moderna foi aglobalização.[1] Este período da história moderna está caracterizado pela exploração e colonização doContinente Americano e o estabelecimento de contatos sólidos entrecivilizações espalhadas pelo mundo. As potências mundiais envolveram-se umas com as outras através do comércio, à medida que bens, plantas, animais e alimentos viajavam doVelho Mundo para oNovo Mundo e vice-versa.
Novas economias e instituições emergiram, tornando-se mais sofisticadas e globalmente articuladas à medida que o tempo foi passando. Este processo começou nas cidades-estado medievais do norte daItália, particularmenteGénova,Veneza eMilão. Este período da história humana também inclui o estabelecimento de uma teoria econômica dominante, omercantilismo. Acolonização europeia dos continentes americano, asiático e africano ocorreu desde oséculo XV até aoséculo XX, disseminando areligião cristã por todo o mundo.
NaÁsia, noséculo XVI, a economia chinesa sob aDinastia Ming foi estimulada graças às trocas comerciais com osportugueses, osespanhóis e osholandeses, enquanto noJapão começou o período conhecido comoNanban, depois da chegada dos primeiros portugueses ao arquipélago. Outras tendências notáveis deste período incluem o desenvolvimento daciência experimental, as viagens cada vez mais céleres graças aos avanços nacartografia e na produção de mapas, o progresso tecnológico cada vez mais rápido, asecularização das políticas civis e o aparecimento dosestados-nação. O final deste período dahistória humana termina com o aparecimento daIdade Contemporânea, consensualmente definida como tendo começado com aRevolução Francesa.[2]
Ofeudalismo foi um sistema político, econômico e social que predominou durante toda aIdade Média. Mas, já no final da Idade Média, ouso da terra, fundamental para o povo naquele período, foi perdendo a força. Os campos foram abandonados e ocomércio nascia fortalecido.
Depois de longos anos de devastação e desordem, começava certa estabilidade econômica. Ocastelo, centro das atividades econômicas, ia perdendo sua importância. O progresso do comércio artesanal, as feiras medievais, acidadeburguesa incompatível com o feudo ofereciam chances de lucro e atrativos do comércio.
A difusão de alguns inventos que impulsionaram o progresso técnico e os avanços da ciência contribuíram para essa transformação: abússola, invenção dos chineses, começou a se generalizar entre os séculos XIV e XV e permitia a orientação dos navegadores em alto-mar; apólvora, também inventada pelos chineses, introduzida na Europa (século XIV), revolucionou a arte da guerra; a imprensa foi um invento revolucionário devido ao alemãoJohannes Gutenberg (século XV), e com ela se multiplicaram os livros. A vida urbana tem início, aumenta a população das cidades.
No início da Idade Moderna, as cidades se expandem, vão de forma gradual deixando para trás a experiência do feudo. Claro que elas tiveram que lutar para sobreviver, tanto na parte econômica como na social e política.
Ascomunicações iam se tornando mais velozes, estradas iam se abrindo, mudando toda a paisagem de cada localidade.
Uma nova classe social, que reunia banqueiros, artesãos, camponeses, mercadores, aparecia com o nome de burguesia.
O dinheiro adquiriu valor e o comércio superou a terra.
Apassagem econômica daIdade Média para a Moderna se deu com o aparecimento docapitalismo.
Gradativamente, o comércio foi se desenvolvendo, a princípio dentro da própria cidade, depois entre duas ou mais cidades e, por fim, entre países.
Com o sistema capitalista, os trabalhadores começaram a ter um salário. Os produtos foram produzidos em maior quantidade, e nascia assim a passagem dofeudalismo ao capitalismo.
O desenvolvimento dasnavegações vai fortalecer as rotas marítimas e comerciais abertas na Idade Média.
Crescia o comércio por terra e por mar e mudava o quadro político, econômico e social daEuropa.
Grandes associações surgiram (associações livres), formando ashansas. A mais conhecida foi aLiga Hanseática ouHansa Teutônica. Era uma associação que agrupava mais de 160 cidades no comércio com oleste da Europa.
Oprogressocomercial eurbano, a burguesia, o artesanato, as feiras, as rotas terrestres e marítimas deram ao rei a certeza de que, se ele não aceitasse o comércio e se aliasse aos burgueses, certamente não teria sucesso financeiro.
Surgiu a aliançarei-burguesia, e tal fato foi, sem dúvida, a abertura do sistema capitalista.
Ocapitalismo é um sistema político, social e econômico que tem como características:
Na sua fase pré-inicial, recebeu o nome depré-capitalismo, porque nessa fase as relações de produção ainda não foram totalmente assalariadas (séculos XII e XV).
Capitalismocomercial, fase em que começam a existir relações de trabalho e produção assalariadas (séculos XV ao XVIII).
Capitalismoindustrial, que surgiu naInglaterra, com aRevolução Industrial. A acumulação de capital começou a se concentrar em grandes produções e o capital passou a dominar o processo de distribuição e consumo de mercadorias. O trabalho assalariado instalou-se definitivamente (séculos XVIIIa XX).
Capitalismo financeiro é a base do capitalismo em que se vê grande quantidade de concentração financeira. Grandes movimentos e sistemas bancários dominaram o mercado. (É o sistema predominante nos dias atuais para os países que adotam o capitalismo como sistema econômico.)
Aglobalização é um dos processos de aprofundamento da integraçãoeconômica,social,cultural,política, com o barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países do mundo no final doséculo XX e início doséculo XXI.
Portanto, a Idade Moderna surge com novos empreendimentos políticos, econômicos e sociais.
Surgiu aorganizaçãoempresarial e oespírito de lucro, dando início aos tempos modernos. Abre-se um novo contexto sociocultural e econômico naEuropa.
No período de transição daBaixa Idade Média para a Idade Moderna, oMar Mediterrâneo continuou a principal ligação entre os países conhecidos. Esse intercâmbio se fazia através dasrotas das especiarias, que eram monopólio das grandes cidades italianas, comoGênova eVeneza. As mercadorias orientais (sedas,porcelanas e principalmente condimentos, como apimenta e acanela, indispensáveis para a conservação dos alimentos), depois de passarem por muitos portos eintermediários, eram vendidas a preços altíssimos para as naçõeseuropeias, obrigando-as a uma situação de dependência doscomerciantes italianos.
Atomada de Constantinopla pelos turcos, em1453, dificultou ainda mais o tráfico de mercadorias. Dominando a maioria dos portos mediterrâneos, os turcos exigiam elevadas taxas das caravanas comerciais, forçando assim novo aumento nos preços dos produtos.
Era necessário descobrirnovas rotas que livrassem a Europa da supremacia turca e italiana. Os reinos ibéricos (Portugal eEspanha) foram os primeiros a reunir condições técnicas e financeiras para explorar as novas terras.
Portugal foi a primeira nação a financiar expedições marítimas.Vários fatores contribuíram para esse pioneirismo: a existência de bons portos; a familiaridade portuguesa com o mar, devido à grande atividade pesqueira desenvolvida na região; umaburguesia enriquecida e disposta a investir para aumentar seus lucros; a paz interna e a centralização do poder. Portugal foi o primeiro reino a se unificar, formando umestado nacional.
Bússolas eastrolábios trazidos daChina, sextantes, mapas feitos pelos melhores cartógrafos da época e, principalmente, acaravela com suas velas triangulares possibilitaram aos navegantes resistir e atravessar o bravio "Mar Tenebroso".
A descoberta dessenovo caminho trouxe lucros fabulosos para os mercadores portugueses e, ao mesmo tempo, estabelecia concorrência com os produtos trazidos através das rotas italianas.
era necessário primeiramente expulsar osmouros (muçulmanos) do território espanhol;
era preciso descobrir um novo caminho para não utilizar a rota portuguesa.
AEspanha não hesitou em dar o empreendimento ao estrangeiroCristóvão Colombo. Sua teoria da esfericidade daTerra (confirmada pouco depois pelo cientistaNicolau Copérnico) não mereceu muito crédito na época.
Acreditando na possibilidade deatingir as índias sempre navegando para oeste, Colombo dirigiu suas três caravelas nessa rota, e teria alcançado as índias caso ocontinente americano não estivesse no caminho.
As naus espanholas desembarcaram na ilha de Guanaani (atual ilhasBahamas) e depois emCuba eSão Domingos. Era o ano de 1492. Certo de que obtivera sucesso, Colombo deu o nome deíndios aos habitantes encontrados na nova terra. Realizou ainda outras viagens, sempre explorando as ilhas americanas.
Adescoberta da América por Colombo provocou disputa entre os reinos ibéricos, interessados na posse de terras.Portugal preocupou-se em firmar um tratado que lhe assegurasse o domínio das terras existentes a leste dooceano Atlântico.
O acordo entre os dois países foi julgado pelopapa Alexandre VI, que confirmou um novo tratado. Partindo-se de uma linha imaginária traçada a partir do pólo (37°), oTratado de Tordesilhas estabeleceu que as terras encontradas a oeste dessa linha pertenceriam àEspanha e aquelas situadas a leste seriam de Portugal.
Por esse motivo, a esquadra dePedro Álvares Cabral, que se dirigia àsÍndias, fez umdesvio proposital para oeste para garantir ao rei português a posse das terras doBrasil.
Os outros países europeus desconsideraram esse tratado, que os excluía, e procuraram se estabelecer e explorar o novocontinente.
As novas conquistas não ofereceram interesse imediato aPortugal. O comércio de especiarias estava no auge: o aumento de consumo e sua falta no mercado europeu faziam com que as cargas dos navios que retomavam das índias fossem disputadas e as mercadorias alcançassem preços elevados na revenda. Por esse motivo, Portugal limitou-se a estabeleceralgumasfeitorias nas novas terras, para desenvolver atividades extrativas. Com a demarcação de terras entre Espanha e Portugal e a posterior ocupação europeia das terras, os indígenas ficaram expostos diante estas duas frentes de expansão como pelas frentes missionárias e deplantations. Tais frentes não eram movimentos pacíficos e pretendiam incorporar o mesmo território e os mesmos indivíduos (SCHMITZ, 1991, p. 49).[3] Utilizava-se damão-de-obra indígena, onde poderia ocorrer oescambo, troca de utensílios europeus por outros materiais, serviços ou mesmo indígenas destinados ao escravismo. No sul do Brasil, por volta de 1600, acontecem as "descidas", escravização sistemática dos índios. Eram promovidas pelos moradores de São Vicente que aportavam em Laguna, Araranguá, Mampituba e Lagoa dos Patos, onde na costa existiam feitorias para negociar os indígenas. Segundo Schmitz (1991, p. 50),[4] este comércio tinha como mentores pajés e mestiços, que quando os navios chegaram à barra, eram enviados emissários ao sertão pelos chefes chamados Tubarões para avisar que havia utensílios para trocar por gente.
Mas a exclusividade da rota marítima durou pouco.Inglaterra,França eHolanda, ignorando propositadamente o tratado que dividia aAmérica entre as duas nações, passaram a utilizar-se dos caminhos recém-descobertos para suas próprias transações comerciais. O aumento da oferta de produtos provocou a queda dos preços e, portanto, dos lucros obtidos. Os reinos ibéricos tentaram, então, nova atividade lucrativa, através do povoamento e exploração colonial.
Fez-se ao longo dolitoralatlântico, insistindo-se no cultivo de produtos raros naEuropa. Um deles, acana-de-açúcar, encontrou condições de solo e clima propícios noNordeste do Brasil, tornando-se a base daeconomia lusitana na época.
A necessidade de homens para a lavoura, homens que trabalhassem paradonatários e não para seu próprio enriquecimento, alterou a relação inicial entrebrancos eíndios. "A legislação portuguesa sempre procurou contrariar ou dificultar a imigração, embora milhares de camponeses europeus não tivessem terras e passassem fome" (Décio Freitas). Livres, com valores culturais e estrutura social e econômica bem diversos dos colonizadores, os índios não se sujeitavam às imposições dos brancos. As lutas entre colonizadores e índios condenaram ao desaparecimento inúmeras nações indígenas, ao mesmo tempo que instituíam a mais abominável exploração humana: oregime escravo.
Os conquistadores espanhóis encontraram impérios indígenas ricos e evoluídos, como os dosmaias,astecas eincas. Esses povos possuíam conhecimentos deastronomia egeometria, cultivavam a terra utilizando o sistema de irrigação, além de terem um artesanato e uma arquitetura evoluídos.
Para dominar esses povos, osespanhóis aproveitaram-se desuas armas ecavalos (desconhecidos para os nativos) e também dasrivalidades entre tribos, aliando-se às menores para conquistar os maiores impérios. Com suas tradições destruídas e cidades arrasadas, foram forçados a aceitar o trabalho obrigatório (encomienda). Cada comunidade indígena estava sob supervisão de brancos (encomenderais), determinando também a (mita), o trabalho forçado dos aldeões na realização das obras públicas e outros serviços ao governo.
Considerar o elemento nativo como inferior foi o traço comum na colonização dos países ibéricos. Desrespeitaram e baniram a cultura local, provocando desaparecimento de muitas nações indígenas em nome da "civilização" que Ocidente trouxe como "legado" que deveria ser incorporado às terras conquistadas. Em menos de cem anos, vitimaram-se três quartos da população americana. Tornou-se imperiosa a vinda deescravos africanos.
O objetivo dacolonização foi primordialmente explorar da forma mais lucrativa possível seus domínios coloniais. Não havia nenhuma intenção depovoamento: trabalhadores livres, em grande número, buscariam seu próprio enriquecimento e dificultariam a fiscalização e taxação de impostos.
Metalismo: acreditava-se que a riqueza de uma nação era medida pela quantia de metais preciosos que possuísse. Ascolôniasespanholas, ricas em minérios, tornaram essa nação a mais poderosa da época;
Pacto Colonial: definia as relações entremetrópole/colônia. A colônia vendia seus produtos exclusivamente para a metrópole e dela comprava tudo de que necessitasse. Essaexclusividade comercial influiu negativamente no desenvolvimento da colônia. Sua margem de lucro era determinada pela metrópole, que reservava para si a revenda dos produtos coloniais a preços bem mais elevados no mercadoeuropeu. Na importação colonial, ametrópole agia como intermediária, comprando os produtos de outros países para vendê-los com lucros de comerciante na colônia.
Essecomércio desvantajoso, aliado à proibição de instalarmanufaturas próprias e produzir artigos semelhantes aos da metrópole, gerou uma situação de total dependência econômica, que posteriormente prejudicou a independência política e financeira dos países dominados.
Balança comercial favorável: países comoInglaterra eFrança, que não puderam contar com o afluxo demetais preciosos, desenvolveram uma política de contenção de importações, enquantoestimulavam asexportações. Dessa forma, o dinheiro arrecadado no comércio externo era bastante superior àquele gasto na compra de produtos estrangeiros, deixando um saldo financeiro favorável ao país. Para isso, os governos tomaram medidasprotecionistas: estimulava-se a produção agrícola e manufatureira do país; impunham-se altas taxas alfandegárias aos produtos importados, forçando a redução de consumo dos mesmos; não se permitia a importação de produtos que concorressem com os de fabricação nacional; proibia-se a exportação de matérias-primas que pudessem desenvolver mercadorias semelhantes às fabricadas pelo país.
Monopólios: a comercialização era permitida a grupos de mercadores escolhidos pelorei. Esses grupos tinham seus locais de compra e venda predeterminados, não podendo operar fora de suas regiões. Os monopólios permitiam ao soberano um eficaz controle dastransações efetuadas nos diversos países.
No início doséculo XVII, a prática provou que o equilíbrio dabalança comercial e os monopólios contribuíram decisivamente para a supremaciaanglo-francesa no conjunto das nações europeias. O ouro em quantidade, sem aplicação sólida, não garantia o progresso de umEstado. AEspanha, que não aplicou seus lucros na melhoria das técnicas agrícolas e tampouco na instalação de manufaturas, perdeu sua posição para os países que desenvolveram a produção interna e fortaleceram o comércio nos dois níveis:externo einterno.
Os homens daIdade Média consideravam os aspectos e fatos da vida e da história de acordo com os ideais religiosos. Para eles, a vida terrena e os acontecimentos históricos se explicavam pela vontade deDeus, um ser superior. Toda a ciência, a literatura e a arte daquela época dependiam do pensamento religioso.
Todavia, no decorrer doséculo XIII, aItália e o resto daEuropa começaram a modificar seu modo de pensar, voltando suas atenções para uma vida concreta e terrena,onde o homem passou a ter importância como o grande protagonista de acontecimentos e determinando, ele mesmo, a sua vontade.
NoRenascimento, o mundo aparece como cenário das ações humanas, e não como expressão da vontade divina. A natureza também atrai as atenções e se torna objeto de observações e estudos por parte dos renascentistas.
A palavraRenascimento indica, em todos os seus aspetos, o prosseguimento da vida econômica, social e cultural que aconteceu na Itália e depois no resto da Europa.
O termo Renascimento vem de renascer da Idade Média, isto é, renascer ou reviver os valores daAntiguidade clássicagreco-romana.
ORenascimento começou naItália, com o desenvolvimento das cidades e do comércio.
As cidades italianas abrigavam nobres senhores, como osLourenço de Médici, da cidade deFlorença; osGonzaga, da cidade deMantova; osSforza, da cidade deMilão, e tantos outros nobres senhores que, gozando de prosperidade econômica, resolveram financiar e proteger artistas, cientistas e literatos.
Esses protetores de artistas eram chamadosmecenas.
Ohumanismo: Durante toda aIdade Média, o homem foi uma criatura frágil e submissa à vontade deDeus. Com o humanismo, ele acaba por se tornar responsável por si mesmo e não mais subordinado àvontade divina.
Racionalismo: O uso da razão, mais do que dos sentimentos.
Hedonismo: Os prazeres de viver a vida no dia-a-dia foram valorizados.
Neoplatonismo: Alguns valores da Igreja foram criticados e abandonados.
Chamamos dehumanismo o movimento literário e cultural que fez reviver os estudos daliteratura clássicagrega eromana, indispensáveis para a formação do homem e para levá-lo a viver com sabedoria e harmonia em sociedade.
O interesse dos humanistas era fazer reviver e valorizar diferentes culturas, enfatizando ohomem, a ponto desse movimento ser chamado deantropocentrismo, colocando o homem como centro dos interesses e atenções.
Os humanistas desprezaram alguns valores cristãos, embora fossemcristãos, e apenas desejavam dar uma nova interpretação às mensagens doEvangelho.
Os humanistas queriam a todo custo criar uma nova cultura: introduziram métodos críticos na leitura e interpretação de fontes, reconstruindo textos originais, eliminando deformações e omissões dos copistas medievais.
Muitasuniversidades foram fundadas, porém o ensino era ainda medíocre. Muitos príncipes, nobres e humanistas reuniram importantes obras manuscritas daAntiguidade, a preço de ouro, e juntos começam a formar grandesbibliotecas. Surgiram, também, associações culturais chamadasacademias.
Opapa Nicolau (1447-1455) reuniu no seu palácio mais de 5 mil manuscritos, que mais tarde viriam a formar abiblioteca do Vaticano, hoje uma das mais ricas do mundo.
A invenção daimprensa, em 1450, peloalemãoJohannes Gutenberg, foi responsável pela impressão daBíblia e, daí por diante, surgiram muitos livros, facilitando o conta(c)to dos leitores com a cultura. Nesse meio tempo, os artistas italianos se entusiasmaram pela arte greco-romana e tentaram fazê-la reviver.
Grandes humanistas apareceram em toda aEuropa e deram força ao movimento literário.
Dante Alighieri (1265-1321), escritoritaliano. Participou da vida política da cidade deFlorença, mas por motivos políticos foi exilado. EscreveuDivina Comédia, que já foi traduzida em 50 idiomas. É uma das maiores obras da literatura universal. NaDivina Comédia, Dante Alighieri descreve uma viagem ao além, narrando oinferno, oparaíso e opurgatório.
Francesco Petrarca (1304-1374), italiano, considerado o pai do humanismo. EstudouDireito naUniversidade de Bolonha. Suas principais obras sãoCanzonieri, coletânea de poesias líricas,Epístolas (escritas emlatim),A vida solitária e outras.
Nicolau Maquiavel (1469-1527),escritor epolítico italiano. Sua grande obra éO Príncipe; nela ele expõe sua doutrina política, conhecida pelo nome demaquiavelismo. Para ele, a arte de governar está na astúcia e na força; ochefe de Estado deve ser um "senhor absoluto" e utilizar todos os recursos e meios para atingir seus objetivos políticos.
François Rabelais (1494-1553), autor que pretendeu satirizar os costumes educacionais da época. Sua obra-prima,Gargântua ePantagruel, é uma narrativa baseada em lendas populares francesas e nelaRabelais satiriza os costumes da época.
Michel Montaigne (1533-1592),escritorfrancês. EstudouDireito e sua principal obra éEnsaios. Nela, ele comenta e analisa o comportamento, as reações do homem e os problemas do seu tempo, tomando por base suas próprias experiências.
Thomas Morus (1478-1535), estadista e religiosoinglês. Foi político e homem de moral admirável. Sua obra-prima éUtopia. Com essa obra ele ficou conhecido em toda aEuropa. É um romance político e social, no qual ele aconselha os homens a seguirem oEstado. O Estado é o bem comum e dele virá proteção e segurança para todos.
Luís de Camões (1524-1580), filho defidalgos. Viajou para as Índias, onde ficou muitos anos a serviço do rei dePortugal. Sua grande obra éOs Lusíadas, publicada em 1572, dedicada ao reiDom Sebastião. Deixou muitos sonetos e poemas líricos, além de algumas peças de teatro. Camões morreu mendigando para sobreviver, pobre e esquecido.
A principal característica da pintura renascentista é alibertação. Os homens doRenascimento se sentiam o centro doUniverso, expondo sua própria personalidade aomundo que os circundava, procurando leis de equilíbrio e de harmonia para imitá-la na vida e na arte.
A renovação dohumanismo e do Renascimento transforma convenções, ideias, ambientes e cria a base cultural que se irá manifestar na Idade Moderna.
Leonardo da Vinci (1452-1519),italiano. Foi um famosopintor,escultor,arquiteto,matemático,cientista,músico einventor. Famosos são seus estudos sobre plantas, pássaros eanatomia docorpo humano, mesmo porque a Bíblia ensina que o homem foi criado à semelhança deDeus; por isso, para ele, as proporções humanas serviriam de modelo aos artistas. Leonardo foi um gênio e um grande inventor: inventou atecelagemmecânica, a força motriz dovapor, oparaquedas e técnicas paraaviação. Napintura, introduziu oesfumaçado na coloração. Delicado e gradual, ele partiu do claro ao escuro, da luz à sombra, como podemos observar nos retratos deGioconda, daVirgem das Rocas e daAnunciação. Suas obras mais famosas sãoSanta Ceia e Gioconda (ouMona Lisa). Leonardo da Vinci não entendia aarte separada daciência. A arte deve ter clareza, retratar as coisas belas da natureza e também revelar a mais intima e secreta das leis da ciência. Foi considerado uma das principais figuras daRenascença.
Rafael Sanzio (1483-1520),pintoritaliano. Sua arte girou em torno de várias madonas com meninos. Este estilo o acompanhou por toda a sua trajetória artística. Rafael e muitos outros artistas renascentistas tiveram o fundamento religioso nas suas obras. Ele foi autor de várias obras e muitos (a)frescos pintados em vários quartos doVaticano.
Tiziano Vercelli (1490-1576),pintoritaliano. Em 1516, foi nomeado pintor oficial da corte veneziana e, em 1548, foi nomeado conde palatino porCarlos V. Suas obras mais importantes são:Retrato equestre de Carlos V,Adão e Eva,São João Batista no deserto e tantas outras.
Sandro Botticelli (1444-1510),pintoritaliano. Decorou aCapela Sistina, onde pintou as 24 figuras dos profetas,Cristo, atentado pelo demônio, o inferno dantesco. Pintou cenas mitológicas, sendo famosas as obras:O nascimento de Vênus eAlegoria da Primavera.
Rubens, nascidoPeter Paul Rubens (1577), o maior dos pintoresflamengos. Demonstra euforia da vida, as formas são livres, as pinturas femininas (as mulheres) são pesadas e as pinturas masculinas (os homens) são sólidas, bem constituídas. Principais telas:Rapto das filhas de Leucipo,Rapto de Europa,Coração de Maria de Médicis e outras.
Nicolau Copérnico (1473-1543),polonês. Seu trabalho girou em torno da revolução da órbita celeste. Ele contestava que aTerra fosse o centro doUniverso e dava a ideia dateoria heliocêntrica. Segundo Copérnico, o mundo material não possuía centro. Dessa forma, ele mostrou aos homens que as mesmas leis que regiam os fenômenos da Terra podiam ser aplicadas ao Universo. Copérnico colocou oSol, e não a Terra, como centro do Universo. Essa teoria se chamouheliocentrismo.
Ambroise Paré (1509-1590),francês. Fez notáveis trabalhos namedicina, em torno dacirurgia, e eles se tornaram importantes nos progressos médicos. Seus grandes trabalhos foram em torno de fazer estancarhemorragias e ligação deartérias.
ORenascimento foi um fenômeno histórico que fez reviver valores, criar outros novos e trouxe o despertar de novos momentos naliteratura, naarte e naciência.
A sociedade da época aproveitou muito dacultura renascentista, que até hoje chega para nós. Foi o Renascimento, sem dúvida, o alvorecer da Idade Moderna.
AReforma foi um movimento que surgiu dentro daIgreja Católica como resposta às dúvidas dos fiéis e às discussões religiosas. As ideias renascentistas valorizaram ohomem e suas realizações, a expansão comercial permitiu o confronto de valores e culturas diversas e provocou um "repensar" crítico domundo, até então dominado pelo clero romano. As alterações político-econômicas da época exigiam umareformulação na estrutura social, mas a Igreja retardou sua ação, permitindo o aparecimento da crise nas ideias católicas.
Noplanopolítico, a autoridadepapal (supranacional) interferia no poder dorei. A obrigatoriedade do consentimento do papa na administração dos soberanos ia enfraquecendo o poder deles sobre oEstado. A teoria do Estado independente deMaquiavel começava a frutificar.
Noplanoeconômico, aIgreja continuava proibindo ausura (juros altos) e pregando a venda das mercadorias por um preço justo. Essa teoria era incompatível com o enriquecimento e a ascensão daburguesia comercial. Osnegociantes queriam liberdade de preços para garantir a expansão de seus negócios e aumentar seus lucros.
Oscamponeses, sem esperanças dentro de suas vidas miseráveis, queriamlivrar-se das taxas impostas pelos grandes senhores e também dodízimo obrigatório cobrado pela Igreja.
Essa insatisfação era alimentada pelacorrupção que se verificava nas ordens clericais. Como representantes deDeus, investidos de poder supremo sobre os homens,suas preocupações se restringiam à política, àguerra eàsartes, ignorando a necessidade das almas que lhes cabia conduzir. A riqueza e o conforto em que viviam desagradava aos fiéis, que desejavam uma religião mais próxima dos ensinamentos e exemplos deCristo.
Adecadência moral dos sacerdotes favoreceu o aparecimento denumerosasseitas, que contestavam alguns dogmas católicos epropunham uma vida de desapego aosbens materiais. Entre estes, destacaram-se osvaldenses (seguidores dePedro Valdo) e osalbigenses (da cidade francesa deAlbi), que pregavam maior fraternidade entre os homens, uma vida mais humilde, com a divisão dos bens entre os membros de suas comunidades. Essas atitudes foram consideradas "heresias" e a Igreja, através dostribunais daInquisição, perseguiu e matou aqueles que se obstinavam em seguir essas seitas.
Outros pregadores, como oinglêsJohn Wycliffe (professor emOxford) e o estudantetchecoJohn Huss, condenaram o poderio da Igreja, propuseram a secularização de seus bens e o acesso dos fiéis às escrituras. A morte de John Huss e domongeflorentinoSavonarola, líder político que criticou o humanismo renascentista e a corrupção dopapa Alexandre VI, aumentou o conflito que se instalava entre os poderes dominantes na época.
Outro fator que desmoralizou a autoridade daIgreja Católica foi acrise dopapado, que foi o controle que os reis franceses exerceram sobre o papa durante oséculo XIV, com a transferência da sede doVaticano deRoma paraAvinhão (França). Os demais países contestaram e a Igreja chegou a possuir dois pontífices: um em Roma e outro na França.
Contestação veemente sobretudo a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser adquirido pelo comércio das indulgências. Essa discordância inicial resultou na publicação das famosas 95 Teses de Lutero em 1517, em um contexto de conflito aberto contra o vendedor de indulgências Johann Tetzel, escritos, a pedido do Papa Leão X, e que resultou na excomunhão de Lutero da Igreja Romana e em sua condenação como um fora-da-lei pelo imperador do Sacro Império Romano Germânico.
os conflitos políticos entre autoridades da Igreja Católica e governantes das monarquias europeias, tais governantes desejavam para si o poder espiritual e religioso da Igreja e doPapa,[8][9] muitas vezes para assegurar odireito divino dos reis;
Práticas como ausura eram condenadas pelaética católica, assim aburguesiacapitalista que desejava altos lucros econômicos sentiram-se mais "confortáveis" se pudessem seguir uma nova ética religiosa, adequada ao espírito capitalista, necessidade que foi atendida pela ética protestante e conceito de Lutero de que a fé sem as obras justifica (Sola fide);[9][8][10][11][12][13]
Algumas causas econômicas para a aceitação da Reforma foram o desejo da nobreza e dos príncipes de se apossar das riquezas da igreja católica e de se ver livre da tributação papal.[14] Também na Alemanha, a pequena nobreza estava ameaçada de extinção em vista do colapso da economia senhorial. Muitos desses pequenos nobres desejavam às terras da igreja. Somente com a Reforma, estas classes puderam expropriar as terras;[15][16][17]
Durante a Reforma na Alemanha, autoridades de várias regiões doSacro Império Romano-Germânico pressionadas pela população e pelos luteranos, expulsavam e mesmo assassinavam sacerdotes católicos das igrejas,[18] substituindo-os por religiosos com formação luterana.[19]
Era bastante ruim a situação daAlemanha, noséculo XV. Sem um poder centralizado, dividida entre vários senhores feudais e praticando uma economia agrária, custava a desenvolver-se economicamente. O povo estava esmagado pelos tributos feudais e o dizimo. AIgreja recolhia ali inúmeros impostos e era proprietária de grandes extensões de terras.
A única consolação do povo era a fé. Mas como acreditar numaIgreja que vendia os cargos eclesiásticos a quem pagasse mais e que não escondia os filhos ilegítimos dos "celibatários"sacerdotes? E, pior do que tudo: oferecia o perdãodos pecados através do pagamento de bulas que comprovavam a absolvição do papa (indulgência).
A indignação aumentou quando o mongeTetzel foi à Alemanha para a venda debulas, no intuito de arrecadar mais dinheiro para a construção daBasílica de São Pedro.Martinho Lutero, monge alemão, criticou os abusos de Tetzel e começou a denunciar publicamente a corrupção daIgreja Romana.
A preocupação deLutero era com a salvação da alma, mas, perseguido e ameaçado de excomunhão, não recuou e expôs suas ideias naCatedral deWittenberg (as95 Teses de Lutero).
Lutero, contrariando a doutrina adotada pela Igreja Romana de que o homem se salva pelas boas obras, adotou as ideias deSanto Agostinho, "O homem se salva pela fé". Propôs uma igreja mais simples, onde oEvangelho fosse discutido pelos fiéis, que teriam aBíblia traduzida no seu próprio idioma (O próprioLutero traduziu a Bíblia para oalemão). Também era contrário ao celibato clerical e favorável a que as terras da igreja passassem a pertencer aoEstado.
Martinho Lutero era radicalmente contra o corpo doutrinário e o movimento anabatista que originou-se na Reforma, que foi liderado porThomas Münzer.[19] Münzer inicialmente era adepto de Lutero, porém ao defender juntamente com seu movimento uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres, e sempropriedade privada,[19] este foi fortemente atacado por Lutero, e eles romperam.[14] Lutero argumentou para Münzer que a existência de"senhores e servos era vontade divina",[19] legitimando assim o poder político.
Em 1524 Münzer iniciou uma revolta camponesa comandada pelos anabatistas,[19] que provocou aGuerra dos Camponeses, comandando massas camponesas contra a nobreza imperial. Nesse conflito Lutero escreveu aos príncipes contra Munzer, afirmando: "Contras as hordas de camponeses (...), quem puder que bata, mate ou fira, secreta ou abertamente, relembrando que não há nada mais peçonhento, prejudicial e demoníaco que um rebelde".[19]
Após a derrota dos Camponeses na guerra, osanabatistas continuaram sendo perseguidos e executados em países protestantes,[5] por exemplo, aHolanda eFrísia, que massacraram aproximadamente 30.000 anabatistas nos dez anos que se seguiram a 1535.[5]
Filipe I de Hesse, cujabigamia provocou grande escândalo e prejudicou a imagem de Lutero e os reformadores alemães, que aconselharam Filipe a se casar secretamente e negar o caso quando viesse a público.[20] Pintura de Filipe I no Museu deWartburg.
Em dezembro de 1539, Filipe I de Hesse, que já era casado, queria se casar novamente com uma das damas-de-espera de sua esposa e assim, praticar abigamia. Filipe solicitou a aprovação dos principais reformadores alemães; Lutero,Melanchthon eBucer, e se justificou citando como precedente a poligamia dos patriarcas. Lutero e os demais teólogos não tomaram uma decisão geral, e informaram a Filipe que, se ele de fato, estava determinado, deveria se casar secretamente e manter silêncio sobre o assunto.[21][22]
Como resultado, em 4 de março de 1540, Filipe casou com uma segunda esposa, Margarethe von der Saal, com Melanchthon e Bucer entre as testemunhas. No entanto, Felipe não conseguiu manter em segredo o casamento, e ele ameaçou tornar público o conselho de Lutero. Lutero disse-lhe para "dizer uma boa e grossa mentira" e negar o casamento completamente, o que Filipe fez durante a controvérsia pública subsequente.[20] Na opinião do biógrafo de Lutero, Martin Brecht, "dar conselhos confessionais para Filipe de Hesse foi um dos piores erros que Lutero cometeu, e (...) a história considera Lutero como principal responsável".[20] Brecht defende que o erro de Lutero não era seus conselhos pastorais particulares, mas que ele calculou mal as consequências políticas..[20] O caso causou danos duradouros à reputação de Lutero.[23]
Adoutrina luteranaprovocou uma divisão entre os nobres alemães, muitos deles ansiosos por se apoderar dos bens do clero, para aumentar seus domínios. O apoio dessesnobres foi decisivo para que as ideias de Lutero prosperassem. Reunidos pelo imperadorCarlos V (doSacro Império Romano-Germânico) para que voltassem a fé católica,muitos nobres protestaram (daí o nomeprotestantes dado àqueles que aderiram à nova religião). Sem conseguir um acordo, o rei deu consentimento para que cada nobre escolhesse livremente sua religião. Os camponeses eram obrigados a adotar a religião de seu senhor.
Ospequenos nobres, animados com a perspetiva de mudanças e melhor divisão de riquezas, disputaram com os grandes senhores as terras anteriormente pertencentes aIgreja. Essa revolta dos pequenos cavaleiros foi rapidamente vencida pelos príncipes.
Ao mesmo tempo,surgiram líderes entre os camponeses. Baseados nas escrituras, queriam o fim dos privilégios feudais, o não pagamento de taxas consideradas abusivas e um tratamento digno. Os camponeses afirmavam que essa nova ordem era agradável e compatível com a justiça divina. As revoltas camponesas foram duramente criticadas por Lutero, que autorizou os nobres a combatê-las com rigor e violência, pois "não há nada mais daninho que um homem revoltado…".
Essa defesa dos interesses feudais fez com que o luteranismo fosse a religião dos grandes senhores, que passaram a ser os líderes espirituais da nova Igreja. Adoutrina luterana espalhou-se pelaAlemanha,Suécia,Noruega eDinamarca.
As ideias protestantes foram adotadas também naSuíça. EmGenebra, com a pregação deJoão Calvino, o protestantismo sofreu uma reformulação e maior radicalização.
Calvino desenvolveu ateoria da predestinação:Deus escolhe oseleitos segundo seu critério, para nós desconhecido, mas justo e infalível, ou seja, o homem nasce salvo ou não, e ocupar um alto posto ou enriquecer pelo trabalho eram sinais da escolha divina.
Para a cidade de Genebra, com um comércio desenvolvido e uma poderosaburguesia,essa doutrina significava o reconhecimento da riqueza e do trabalho dos negociantes como situação abençoada aos olhos de Deus.
Calvino tornou-se um autênticolíder político e estabeleceu, de maneira rígida, as regras a serem seguidas pelos calvinistas:
Em resumo: a condutacalvinista estimulava a poupança e reduzia os gastos desnecessários. Essa teoria estava de acordo com a filosofia de vida dos burgueses que, enfim, possuíam uma religião que os valorizava.
A peça fundamental da doutrina deJoão Calvino é apredestinação, atualmente considerada controversa por muitos setores da sociedade e grupos religiosos.[5]
Calvino creditava todo o centro da história, bem como de sua teologia à ideia da Soberania de Deus. De forma que este havia planejado, por meio de Decretos Eternos, o destino final de cada ser humano. E por consequência o ser humano estava predestinado desde antes de seu nascimento aocéu ou oinferno. Segundo sua crença, alguns (dentre toda humanidade já caída e destinada ao inferno) foram eleitos por Deus para serem salvos, isto é, para serem iluminados pelo Espírito Santo que os levariam a um genuíno arrependimento de seus pecados e serem, desta forma, salvos pela Graça Divina, ao passo que outros foram eleitos a permanecer como estavam: perdidos em seus pecados e não arrependidos, herdando consequentemente à justa maldição eterna - recompensa direta do pecado - independentemente dos atos que estas pessoas cometassem em vida. Calvino, como todos os demaisprotestantes em suas diversas formulaçõessoterológicas afirmava que a salvação não se dá pelas obras e sim pela Graça divina. Calvino considerava também o trabalho e a prosperidade financeira um sinal das bênçãos de Deus, legitimando o lucro.[5][24][25] Assim ocalvinismo ganhou popularidade e força entre os burgueses.[8]
Miguel Servet, cientista e reformador protestante, sentenciado à morte a fogueira por suas ideias teológicas pelo Conselho de Genebra presidido por João Calvino.[26]
João Calvino, juntamente com seus seguidores, instalaria emGenebra um governo de caráterteocrático,[27][28] e quem descumprisse as normas e doutrinas oficiais do estado era punido. Centenas de pessoas[29] seriam sentenciadas à morte.[8] O caso mais famoso é o docientista e reformadorMiguel Servet, primeiro a descrever acirculação pulmonar,[30] condenado a morrer na fogueira por suas ideias teológicas pelo Conselho de Genebra presidido por Calvino,[26] que havia inclusive consultado outros reformadores sobre o assunto, como os seguidores deMartinho Lutero,[31] que concordaram universalmente com sua execução.[31] Servert, por exemplo defendia oAntitrinitarismo[26] (motivo pelo qual foi condenado em países católicos e protestantes.[32]) Após o ocorrido Calvino escreveu:
Quem sustenta que é errado punirhereges eblasfemadores, pois nos tornamos cúmplices de seus crimes (…). Não se trata aqui da autoridade do homem, é Deus que fala (…). Portanto se Ele exigir de nós algo de tão extrema gravidade, para que mostremos que lhe pagamos a honra devida, estabelecendo o seu serviço acima de toda consideração humana, que não poupamos parentes, nem de qualquer sangue, e esquecemos toda a humanidade, quando o assunto é o combate pela Sua glória.[33]
Destruição de patrimônio artístico e cultural na Holanda
Durante a Reforma nosPaíses Baixos iniciada em 1560, a partir de agosto de 1566, uma multidão de calvinistas invadiu a Igreja deHondschoote naFlandres (atualmente norte daFrança) com a finalidade de destruir imagens, ícones, esculturas e obras de arte católicas.[34][35][36] Esse incidente provocou outros semelhantes nas províncias do norte e sul, conhecido como"Beeldenstorm", em que calvinistas invadiram igrejas e outros edifícios católicos, para destruir estátuas e imagens de santos em toda aHolanda, o que provocou uma enorme perda de patrimônio histórico e cultural daquela época.[34]
AReforma Inglesa foi promovida pelas necessidades políticas deHenrique VIII. Sendo este casado comCatarina de Aragão, que não lhe havia dado filho homem, Henrique solicitou aopapa Clemente VII a anulação do casamento.[37] Perante a recusa do Papa, por razões pessoais Henrique fez-se proclamar, em 1531, chefe absoluto da igreja inglesa. O "Ato de Supremacia", votado no Parlamento em novembro de 1534, colocou Henrique e os seus sucessores na liderança da igreja. Os súditos deveriam submeter-se ou então seriam excomungados, perseguidos[38] e executados, tribunais religiosos foram instaurados e católicos foram obrigados à assistir cultos protestantes,[39] muitos importantes opositores foram mortos, tais comoThomas More, o bispoJohn Fischer, bem comosacerdotes, fradesfranciscanos emongescartuchos.
Quando Henrique foi sucedido pelo seu filhoEduardo VI em 1547, implantou ocalvinismo como doutrina oficial da Igreja Anglicana, doutrina religiosa mais conveniente à nova nobreza e burguesia.[40][41]
Os católicos também tiveram diversos direitos institucionais negados noReino Unido, do século XVI até o final doséculo XIX, um deles, foi o direito de possuirarmas de fogo, considerado um dever para protestantes, e terminantemente proibido para católicos. Quando em 1780, oParlamento inglês tentou outorgar o mesmo direito aos católicos, 120.000 protestantes assinaram uma petição contrária a decisão, e depois provocaram uma revolta emLondres, que resultou na morte de centenas de católicos e incêndio e saque de capelas e casas católicas.[42]
Essas igrejas aboliram a obrigatoriedade dolatim nos ofícios religiosos,desconsideraram a autoridade papal, adotaram como válidosapenas dois sacramentos: obatismo e aeucaristia,acabaram com ocelibato para os sacerdotes e permitiram alivre interpretação daBíblia, aumentando a participação dos fiéis no culto (reuniões de oração e leitura). Criaramuma religião mais individual, em que os santos e os padres passaram a ser dispensáveis.
Com a invenção da máquina tipográfica deJohannes Gutenberg, as Igrejas Protestantes, ao mesmo tempo em que propagavam a bíblia e suas ideias,[8] também tornaram proibidos uma série de livros católicos e outros que contrariavam suas doutrinas.[49] Tais como a Igreja Luterana e a Igreja Anglicana.
Os movimentos protestantes diminuíram consideravelmente a influência daIgreja Romana em vários países e provocaram a perda de suas terras nesses domínios.
A expansão rápida do protestantismo e a pressão dos católicos para a moralização de sua religião fizeram surgir umareação para afirmar o credo católico. Esse movimento foi liderado pela ordem dosCapuchinhos, que viviam na austeridade tradicional, e pelo cardeal Ximenes, daUniversidade de Salamanca. Mas a Igreja só conseguiu reafirmar-se definitivamente após a promulgação das resoluções doConcílio de Trento (reunido entre 1545 e 1563 na cidade deTrento, naItália), que estabeleceu:
Restauração dos tribunais da SantaInquisição para julgamento de atos e ideias contrárias ao pensamento católico.
Reafirmação da doutrina de Boas Obras: ohomem se salva pelafé epela caridade que pratica.
Criação da Congregação doÍndex, que censuravalivros e espetáculos (determinando o que não devia ser lido ou visto pelos católicos).
Criação daCompanhia de Jesus, fundada porInácio de Loyola. Tinha por lema "lutar por Deus e pela cruz". Os jesuítas, formados dentro de rígida disciplina moral, atuaram decisivamente, combatendo o avanço doprotestantismo. Através do ensino e pregação, destacaram-se também na evangelização das civilizações recém-descobertas nocontinente americano.
A reabilitação moral daIgreja deteve o avanço do protestantismo, mas não impediu a divisão de doutrinas. A partir daReforma, o mundo não estava mais submetido à supremacia daIgreja Romana.
Foi na parte política que houve as maiores transformações dos tempos modernos. Se observarmos bem, foi sempre a figura dorei que ficou em destaque em todo o curso daHistória, desde as velhasmonarquias ocidentais e orientais até hoje. O rei sempre foi a autoridade máxima.
Ainda hoje, temos países em que o rei é o governante, como, por exemplo, naInglaterra e naSuécia, que são sistemas monárquicos modernos, constitucionais.
A ampliação do domínio real poralianças de famílias ou por conquistas.
Tudo isso levou àcentralização monárquica, constituindo-se o novoabsolutismo, desta vezesclarecido e progressista, fundado numa ordem política expressa na constituição doEstado moderno e na existência de uma nova entidade coletiva que, a partir de agora, ia formar anação.
O rei passa a ser senhor absoluto,símbolo nacional. Ele é quem faz as leis, aplica a justiça, cuida das finanças e estabelece hierarquia de funcionários; enfim, ele é afonte de todos os poderes.
Era um domínio imenso para um jovem soberano, que tinha um auto-conceito da própria autoridade real. Ele mostrou, desde os primeiros atos de seu governo, a firme decisão de concentrar em suas mãos o poder.
Filipe II, por trinta anos, reinou nesse vasto império, controlando pessoas e afazeres, até aqueles de menor importância. Tudo isso por umambicioso programa de reconduzir a unidade do mundo católico sob o domínio da Espanha.
Na parte interna, sufocou revoltas regionais e perseguiuhereges,mouros ehebreus.
Na política externa, empenhou-se emdefender aSanta Sé, levantar abandeira docatolicismo em todos ospaíses que estavam envolvidos em guerras de religião e lutar sem trégua para impedir o avanço dosturcos nomar Mediterrâneo.
Com a morte de Filipe II, no ano de 1598, pode-se constatar que bem pouco dos objetivos políticos por ele implantados durante anos, com profunda obstinação, tiveram efeitos satisfatórios. A Espanha, nessa época, acumuloumetais preciosos, sua indústria ficou quase que paralisada e, assim, seus domínios foram ficando arruinados.
AEspanha estava esgotada pelas guerras, as quais foi submetida durante anos. Suas finanças fundamentavam-se na terra, na agricultura e na indústria, em plena decadência.
Enquanto isso, aHolanda e aInglaterra se tornavam duas grandes potências navais. Nesse mesmo tempo, a França superava a crise de umaguerra civil e implantava suas bases para uma futura supremacia naEuropa.
ABélgica e aHolanda foram os primeirosPaíses Baixos a experimentar o peso da política autoritária deFilipe II e também os primeiros a opor forte e tenaz resistência a ele.
As inimizades, que já há tempos punham em choque arica burguesia flamenga contra os exageros do fiscalismo espanhol, explodiram em uma revolta em 1566, quando Filipe II pretendia introduzir nosFlandres oTribunal daInquisição. Nobres, burgueses, populares, calvinistas e católicos se uniram em luta, que assumiu as características de uma guerra de libertação nacional.
No ano de1648, aEspanha se decidiu a reconhecer a independência dessa novaRepública.
A Holanda, em pouco tempo, havia se tornado umagrande potência marítima. Com uma frota de 20 mil embarcações, dominava o oceano e concentrava enorme quantidade de capital em seus bancos,tornando-se o maior centro monetário daEuropa.
Porém, as lutas entre a Holanda e a Espanha ainda perduraram até 1648, quando chegou ao fim aGuerra dos Trinta Anos, que envolveu, no início doséculo XVII, a maioria das nações europeias, por motivospolíticos,econômicos ereligiosos.
No ano de 1526, com ofensivas fulminantes, os turcos haviam conquistado grande parte daHungria e chegaram quase às portas deViena.
NaÁfrica, tornaram-se donos daSíria e doEgito e controlavam aArgélia, de onde partiam as frotas de piratas bárbaros paradominar os cristãos e escravizá-los.
Em agosto de 1571, uma frota veneziana caía prisioneira dos turcos otomanos, na ilha deChipre. Os turcosameaçavam tomar oMar Mediterrâneo.
Filipe II havia iniciado uma luta contra eles. As lutas eram sem tréguas, feitas com armas brancas e sempre com represálias sanguinárias.
Foi no ano de 1571 que aspotências cristãs resolveram se reunir sob a proteção dopapa Pio V, naLiga Santa, e conseguiram defrontar-se com os turcos em uma grande batalha naval, no coração de seus domínios. No dia 5 de outubro de 1571, afrota cristã, composta de 208 navios, sob o comando deJoão da Áustria (irmão de Filipe II), se confrontou nas águas deLepanto (naGrécia) com a frota turca, formada de 230 navios. A vitória dos cristãos foi triunfante.
ABatalha de Lepanto foi o maior evento militar doséculo XVI epôs fim ao domínio turco noMediterrâneo, que passou ao domínio espanhol.
Poucos anos depois, Filipe II obteve outro sucesso na política colonial. Em1580, a dinastia portuguesa entregava, por falta de herdeiros diretos, a coroa dePortugal para a Espanha, e Filipe II ficou governando colônias portuguesas naÍndia Oriental e naAmérica do Sul. Foi a época do domínio espanhol no Brasil (1580-1640).
Os domínios espanhóis eram tão vastos que se dizia que neles "o Sol nunca se punha", pois se estendia doOriente aoOcidente.
AFrança também sofreu a intervenção política e religiosa deFilipe II.
Esse país, cansado de longas lutas contraCarlos V, era palco de agitações e grandes contrastes sociais. A monarquia, aproveitando-se da crise, queria restabelecer seus privilégios. Nesse clima de aguda tensão, ocalvinismo renascia e ganhava força entre os artesãos, entre alguns elementos da pequena burguesia urbana e até das nobres famílias feudais. Porém, entre os camponeses, uma grande massa não aderiu ao calvinismo e continuou fiel ao catolicismo.
Iniciou-se, assim, umasérie de intermináveis guerras religiosas, que ameaçavam destruir a unidade política da França. Os católicos encontraram no Duque de Guise um capitão hábil e decidido. Oshuguenotes (assim eram chamados os calvinistas franceses) insistiam para que os Bourbons, importante família da França, lutassem a seu lado.
Naturalmente Filipe II apoiou os católicos. Os huguenotes foram apoiados pela anglicanaIsabel I da Inglaterra; eles faziam arruaças, invadiam igreja, destruíam imagens e matavam católicos.
Por mais de trinta anos (1562-1598), aFrança foi teatro de uma violenta guerra civil. O episódio mais trágico foi aNoite de São Bartolomeu (24 de agosto de 1572), quando milhares dehuguenotes foram aParis, convidados para o casamento do seu comandante, o capitãoHenrique de Bourbon, comMargarida de Valois, irmã do reiCarlos IX.
Os huguenotes, atraídos ao palácio para a festa, foram massacrados enquanto dormiam. Outros milhares foram assassinados em praça pública, por ordem da rainha mãe,Catarina de Médicis. Ela estava convencida de que só liquidando os huguenotes poderia ser restabelecida a paz no reino.
A rainha convenceu seu filho Carlos IX a fechar os olhos diante desse plano de massacre, e Henrique de Guise preparou tudo para realizar o plano.
Na manhã de 24 de agosto de 1572, umdomingo, a guarda real tomou posição diante doLouvre. Oscalvinistas foram para lá saber do que se tratava, e bastou o primeiro tiro para dar início ao tumulto. A ordem do rei e da rainha era de matar só os chefes calvinistas, mas a população, fanática, juntou-se a eles, e a matança foi geral. Só pela manhã foram mortos mais de 2 mil huguenotes. Parece que o rei e a rainha, assustados com tudo aquilo, quiseram conter o massacre, mas a luta continuou até o dia 26 de agosto.
Foi o mais vergonhoso massacre religioso da história.
Os chefesprotestantes que conseguiram salvar-se foram refugiar-se nos subúrbios de Paris.
Dois partidos surgiram: aSanta Liga do Duque de Guise e aUnião Protestante de Henrique de Navarra.
Havia entre os nobres franceses,Henrique III (rei da França na época) e o Conde de Guise, divergências religiosas. O rei Henrique III mandou assassinar o Conde de Guise e, em 1589, foi vítima do punhal de um fanático. Como não deixava herdeiros nem descendentes, foi sucedido porHenrique de Navarra, chefe dopartido protestante, Rue subiu ao trono com o título deHenrique IV.
Henrique IV assumiu o trono e tornou-se católico, inaugurando aDinastia dos Bourbons, que governou a França até 1792.
Para pôr fim às lutas religiosas internas, ele concedeu oÉdito de Nantes (1598), um documento queconcedeu a liberdade religiosa.
Com a paz interna, cresceu o comércio e a indústria na França.
O rei ganhou prestígio e o absolutismo consolidou-se. Ele morreu em 1610, assassinado por um fanático católico.
Isabel I de Inglaterra, a grande adversária deFilipe II de Espanha, subiu ao trono após a morte de sua irmã,Maria, a Católica, que tinha deixado uma triste recordação a seu povo, pela crueldade de seu governo e pela perseguição aos protestantes ingleses.
A jovem rainha Isabel I esforçou-se para assegurar a paz religiosa e preservar seu país do fanatismo religioso que explodia em todo o continente europeu. Sob seu reinado, foi dada continuidade às obras deHenrique VIII.
Nos campos, surgiu uma nova classe de ricos proprietários, que investiam grandes capitais para ajustar a agricultura às novas exigências da indústria. Eles não se contentavam em produzir só para o próprio consumo; queriam produzir também para vender.
Com o grande consumo delã, as terras e os campos foram usados para pastagem de ovelhas.
AInglaterra abrianovos mercados para os produtos de sua indústria e teve, desta forma, que aumentar a sua frota, formada de navios ligeiros e bem armados, que começaram a fazer a rota atlântica paraquebrar o monopólio espanhol naAmérica e dominar o comércio mundial.
Comércio e pirataria caminhavam passo a passo. Surgiramcompanhias de navegação, que trocavam produtos como a lã inglesa com cereais daPolônia e sedas doOriente. A pirataria saqueava quem estivesse por perto.
Uma esquadra foi preparada por Filipe II, da Espanha, em 1587, para invadir e conquistar a Inglaterra.
As duas potências estavam em luta desde meados doséculo XVI, com a pilhagem sistemática de colônias e navios espanhóis por corsários ingleses.
Divergências religiosas separavam a Espanha da Inglaterra. Além dessas divergências, explodiu uma guerra e, desde 1584, as relações diplomáticas entre esses dois países ficaram cortadas.
Para quebrar o poderio inglês, Filipe II montou aInvencível Armada, formada de 135 navios, 2 000 canhões, 10 000 marinheiros e quase 50 000 soldados, sendo que a maior parte, os mais poderosos e maiores navios eram de origem portuguesa. Era comandada peloDuque de Medina-Sidonia. Em 1588, foi atacada por navios ingleses, antes de penetrar em águas britânicas. Após refugiar-se durante algum tempo emCalais, rumou para a Inglaterra, mas um violento temporal destruiu mais da metade de seus navios, e a esquadra voltou para a Espanha sem combater e quase sem embarcações.
Com isso,a Inglaterra passou à frente da Espanha no poderio marítimo.
O desejo de ordem e de unidade desenvolvido durante oséculo XVI levou o povo a aceitar o espírito doabsolutismo, noséculo XVII.
As pessoas julgavam que a concentração de poderes nas mãos de um só homem,orei, seria o melhor caminho.
Asmultidões queriam ver no rei a imagem deDeus. O rei, para elas, deveria ser umherói, amante da glória, protetor dasletras, mas semesquecer a predileção pelasarmas (visto que a qualidade de conquistador era estimada como a mais nobre e o mais elevado dos títulos por todos os contemporâneos).
AGuerra dos Trinta Anos reforçou enormemente o prestígio internacional daFrança. O povo vinha reclamando, questionando mudanças políticas.
O absolutismo francês compreendeu desde os reinados deFrancisco I, em 1515, até o reinado deLuís XVI, em 1792.
A DinastiaValois-Orléans-Angoulême compreendeu os seguintes rei Francisco I, Henrique II, Francisco II, Carlos IX e a regência da rainha mãe Catarina de Médicis e Henrique III.
Napolítica, envolveu a França em várias guerras e não pensou duas vezes quando teve que aliar-se aos protestantes contra acasa dos católicos de Habsburgo, que dominava grande parte daEuropa.
A França lutou contra aÁustria e teve alguns sucessos no início, mas depois foi ameaçada pelos espanhóis. AEspanha, aliada à Áustria, procurava conquistar a França.
O cardeal Richelieu reprimia quem não concordasse com sua política.
Foi um lutador incansável pela melhoria dos portos e pela criação decompanhias decomércio.
Ana da Áustria era esposa deLuís XIII. Eles tiveram um filho,Luís XIV. Com a morte do rei Luís XIII e do cardeal Richelieu, ela resistiu às pretensões da nobreza e nomeou como ministro o cardealJules Mazzarino, que ajudou a governar a França até amaioridade deLuís XIV.
Nesse período, aFrança esteve no auge do seu esplendor absolutista.
Esse soberano fez por merecer o apelido de Rei-Sol. Ficou célebre por sua frase:L'État c'est moi ("O Estado sou eu").
A suacorte era organizada segundo as regras de umcerimonial complicado, que tinha seucentro na pessoa dorei, que era quase divinizado.
Tudo isso foi feita de maneira a afirmar o poder absolutista deLuís XIV. De fato, para ele, o rei era o único dono doEstado e sua autoridade não devia ser discutida por nenhumamagistratura, ou por seus súditos.
Os aristocratas foram privados por Luís XIV de ocupar cargos administrativos. Os cargos de administração do Estado foram distribuídos diretamente e controlados por ele.
Anobreza foi, portanto, afastada dopoder político, mas isso não fez melhorar a condição doscamponeses que trabalhavam em suas terras.
Os nobres não pagavam taxas e continuavam a impor seustributos e prestações, que vinham daépoca feudal.
Apolítica do rei, mediante o desenvolvimento dasmanufaturas e das atividadescomerciais, iafavorecendo essencialmente os burgueses, isto é, os grandes empresários (de tecidos, de construção naval) e os comerciantes de grande porte (exportadores eimportadores dematérias-primas, de comestíveis, etc.), que eram os únicos capazes de investir grandes capitais.
Profundamente renovado era seuexército, armado de fuzis novíssimos e debaionetas, com uma potente artilharia. O exército francês só foi vencido nomar, durante uma invasão aosPaíses Baixos (1672-1678), quando romper osdiques e alagar o próprioterritórios a render-se aos invasores.
Foi ele quem mandou construir oPalácio de Versalhes, onde morou e no qual trabalhavam mais de 4 mil funcionários. Seu exército uniformizado servia orei e guardava opalácio.
Entre os ministros que formavam o conselho, destacaram-se, o ministro da Guerra (Louvois), o ministro da Fazenda (Colbert) e Vauban, que auxiliava o rei nas técnicas de defesa militares.
Ocolbertismo foi uma política adotada peloministro daFazenda, que aperfeiçoou o sistema de cobranças deimpostos e exerceu um rígido controle sobre a receita e a despesa doEstado.
Organizou umsistema decontabilidade pública e procurou conter osgastos excessivos, conseguindo o milagre de equilibrar oorçamento tradicionalmente deficitário dopaís.
O colbertismo trouxe para aFrança indiscutíveis benefícios. Porém, a intervenção exagerada dos poderes públicos na economia provocou a diminuição da produção. Após a morte de Colbert, não tendo sido encontrado um ministro que o substituísse a altura, a França entrou em decadência e o governo deLuís XIV sofreu reveses.
Ao final de tãolongo reinado (54 anos), aFrança haviaaumentado seuterritório e se sobressaindo diante das nações europeias, porém suaeconomia estava nabancarrota. Os gastos excessivos haviam arruinado opaís.
Bisneto deLuís XIV, herdou acoroa em 1715. Durante a primeira parte de seugoverno, o reinado foi exercido por seu tio, oDuque Felipe de Orléans. A regência terminou em 1723, data em que foi chamado o cardeal Fleury, que orientou na vida política.
Oabsolutismo naInglaterra teve início comHenrique VII, primeiro rei daDinastia Tudor. Essesoberano encontrou um país enfraquecido pelas lutas internas, que aceitou sem resistência a centralização do poder. Mais tarde, asubmissão da Igreja inglesa ao poder real (anglicanismo), comHenrique VIII, e a prosperidade econômica do reinado deIsabel I, mais a habilidade desses reis de "controlar" oParlamento, permitiu-lhes umdomínio total sobre seu país.
Amorte de Isabel I (1603), que não deixou herdeiros, fez com que o trono passasse a seus parentesescoceses,osStuarts.
Jaime VI & I,rei daEscócia e da Inglaterra, era favorável àsideias absolutistas. Para fortalecer seu poder, lançou novos impostos sem autorização do Parlamento e tentou reforçar aIgreja Anglicana (da qual era chefe supremo), perseguindocatólicos eprotestantes. Sua falta de habilidade política colocou o Parlamento contra seu governo e sua intolerância religiosa desagradou principalmente aosburgueses e aopovo. Foi durante o seu governo que se iniciou opovoamento daAmérica do Norte. Muitos. colonos fugiam das perseguições religiosas provocadas por ele.
Seu filho,Carlos I, adotou apolítica paterna, aumentando as divergências entre o poder real e os membros doParlamento, que, agora, raramente eram convocados.
Durante seu reinado,Escócia eIrlanda revoltaram-se por causa dos altos impostos cobrados.
Para esmagar a rebelião, Carlos I foi forçado a convocar o Parlamento: precisava de dinheiro para pagar oExército. Depois de conseguir seu objetivo, o rei procurou dissolver o Parlamento.Aburguesia, cansada de tantoautoritarismo, não aceitou essa atitude e iniciou umarebelião para depor orei. AInglaterra se dividiu em dois partidos opostos:
Oscabeças-redondas venceram e condenaram àmorte o reiCarlos I. Nas lutas, destacou-se a liderança deOliver Cromwell, membro da pequena nobreza que, apoiado pelospuritanos, assumiu o poder com a tarefa de reorganizar oEstado.
Ogoverno deCromwell (1649-1658) se caracterizou por medidas centralizadoras. Reagiu comviolência e sufocou todos os movimentos contrários à suapolítica, quer por parte danobrezaescocesa, quer por parte dosprotestantes, membros do partido doscabeças-redondas. Rapidamenteesqueceu os ideais republicanos daRevolução, tornando-se um autêntico monarca absolutista, fazendo-se nomear "Lorde Protetor" daInglaterra, com poderes hereditários.
Arebelião irlandesa, iniciada no governo deCarlos I, foiduramente esmagada: matou inúmerospadres, apossou-se dasterras doscatólicosirlandeses, distribuindo-as entre os protestantes. Pretendia com isso acabar definitivamente com essasrevoltas. (O tempo encarregou-se de mostrar seu erro: as disputas que se verificaram entre católicos e protestantes naIrlanda, iniciadas nessa época, duram até nossos dias.)
No planoadministrativo, sua realização mais importante foram osAtos de Navegação, que obrigavam ospaíses importadores a transportar suas mercadorias unicamente emnavios ingleses ou, então, de seu próprio país.
Com amorte de Cromwell, em 1658, a Inglaterra voltou a viver um breve período de agitação. Seu filho,Ricardo, não foi capaz de manter-se no governo e começou nova disputa pelo poder. Para evitar novaguerra civil, que poria a perder os avanços econômicos conquistados, a burguesia aceitou a restauração damonarquia,desde que orei se submetesse às leis do Parlamento, isto é, a restauração daMonarquia Parlamentarista.
Carlos II, herdeiro deCarlos I, que estava exilado naFrança, assumiu o trono inglês, jurando obediência àConstituição. No entanto, apoiado pelo rei absolutistaLuís XIV,procurou concentrar o poder em suas mãos e, ao mesmo tempo, reabilitar aIgreja Católica. Seu governo foi marcado por protestos dosparlamentares, que conseguiram uma única vitória: alei dohabeas-corpus, que garantia ao indivíduo proteção contra prisões sem comprovação decrime.
Seuirmão e sucessor,Jaime II, eracatólico declarado (é preciso lembrar que um retorno ao catolicismo implicaria a devolução das terras que os anglicanos haviam tomado da Igreja Católica). Para evitar que, novamente, areligião católica se tornasse a religião oficial naInglaterra,nobres eburgueses se uniram para depor orei, entregando o poder à sua filhaMaria Stuart (protestante).
Maria Stuart e seu marido,Guilherme de Orange (neerlandês) aceitaram otronoinglês. Ao desembarcar com seuexército na Inglaterra, Guilherme recebeu apoio das cidades inglesas. Pressionado pela situação, Jaime II renunciou e a revolução se fez sem lutas.
Essa revolução, que afirmou definitivamente asuperioridade do Parlamento sobre o poder real, determinou maiordesenvolvimentoinglês e, por isso, recebeu o nome de "Revolução Gloriosa".
O rompimento definitivo com oabsolutismo favoreceu o desenvolvimento denovapolítica econômica, adequada aos interesses da crescente burguesia: optou-se pelolivre comércio, dandofim aosmonopólios. Qualquer pessoa que tivesse recursos suficientes poderia iniciar uma atividade produtiva e comerciar livremente em qualquer região de sua escolha. Isso estimulou grandemente a produção agrícola e manufatureira e fez com que a Inglaterra conseguisse reunircondições favoráveis para ser a pioneira naRevolução Industrial.
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↑«Saber História». Consultado em 13 de outubro de 2008. Arquivado dooriginal em 22 de janeiro de 2009