Eora |
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População total |
Regiões com população significativa |
Línguas |
Família:pama–nyungan Ramo:yuin–kuric Grupo: yora Dialeto:dharug |
Religiões |
Eora /jʊərɑː/ (ouyura)[1] são um povoaborígene deNova Gales do Sul. Eora foi um nome dado pelos primeiros colonos europeus)[2][nota 1] para um grupo de aborígenes que viviam na costa do que hoje é conhecido como abaía de Sydney, em Nova Gales do Sul, naAustrália. Eles têm a mesma língua do povodarug, cujas terras ancestrais estão mais ao interior, ao oeste dos eoras.
A população foi rapidamente dizimada após o primeiro contato com os colonos, por epidemias devaríola e outras doenças. Seus descendentes sobreviveram, mas sua língua, modo de vida, sistema social e tradições foram perdidas.
Adatação por radiocarbono sugere que a atividade humana em volta de Sydney acontece por ao menos 30 mil anos, tendo início no períodoPaleolítico Superior.[3][4] Mas, muitas das ferramentas de pedra aborígenes encontradas nos subúrbios oeste de Sydney datam de 45 a 50 mil anosA.C., através de análises de sedimentos de cascalho. Isso sugere que os humanos podem ter povoado a região antes do que era pensado.[5][6]
A palavra "Eora" foi usada como umetnônimo por povos não-aborígenes desde 1899, apesar de "não haver evidências de que povos aborígenes tenham usado o termo em 1788 como o nome da língua ou do grupo das pessoas que habitavam a península de Sydney".[7] Desde o final do século XX, a palavra também se tornou um etnônimo entre povos aborígenes. Sua primeira aparição foi na lista de palavras por oficiais daPrimeira Frota, que era principalmente traduzida como "homens" ou "pessoas".[2]
Fonte | Ortografia | Tradução |
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Dawes[8] | Eeōra | Homens ou pessoas |
Collins[9] | Eo-ra | O nome comum para os nativos |
King[10] | Eo-ra | Homens ou pessoas |
King[10] | Yo-ra | Uma série de pessoas |
Southwell[11] | E-ō-rǎh | Pessoas |
Anônimo[12] | Eō-ra (ou) E-ō-rāh | Pessoas |
A lista de palavras de Collins é o único trabalho original que não traduz o termo como "homens" ou "pessoas", mas em um texto de sua autoria, ele usa o termo significando "homens negros", especialmente em contraste com os homens brancos:[2]
“ | Conversando com Bennilong (...) [eu observei] que todos os homens brancos daqui vieram da Inglaterra. Então, eu perguntei de onde os homens negros (ou eora) vieram?[9] | ” |
EmA Língua de Sydney (1994), Troy reescreve a palavra comoyura e a traduz como "pessoas, ou povo aborígene".[13] Além disso, Troy também dá a definição de "pessoa não-aborígene", no qual ele usa os termoswadyiman,djaraba,djibagalung, ebarawalgal.[13] A distinção entre as pessoas aborígenes e não-aborígenes observados por Troy e porfontes primárias também é encontrado em outras línguas aborígenes. Por exemplo, Giacon observou que os falantes dalíngua gamilaraay usamléxicos diferentes:dhayn/yinarr para homens/mulheres aborígenes ewanda/wadjiin para homens/mulheres não-aborígenes.[14]
Além das fontes primárias, Troy e Attenbrow usam a palavraeora como a forma referencialyura e usa a definição clássica como "pessoas" ou "pessoas aborígenes", mas de 1899 em diante, autores não-aborígenes passaram a usar a palavra como etnônimo, como "pessoas aborígenes de Sydney", apesar da falta de evidências do uso. Em dois periódicos publicados em 1899, Wentworth-Bucknell[15] e Thornton[16] definemEa-ora como o nome da tribo que habitavaPort Jackson e o distrito de Sydney respectivamente, mas a definição parece copiada diretamente da lista de palavras de 1908.[2] Attenbrow aponta que nenhum desses autores clarificam a área geográfica que eles descrevem, e não citam as fontes.[2] Apesar da falta de evidência do uso da palavra como etnônimo, a palavra é usada por Tindale (1974), noTribos Aborígenes da Austrália,[17] e Horton (1994),[18] no mapa presente naEnciclopédia da Austrlaía Aborígene,[2] que circulou peloAustralian Institute of Aboriginal and Torres Strait Islander Studies.
Kohen propõe que Eora é derivada de "e", que significa "sim", e "ora", que significa "país".[19] Dado que não há evidências primárias da origem da palavra, a hipótese é considerada especulação. Análises contemporâneas de linguística das fontes primárias também não dão suporte para a hipótese. A única fonte primária da palavra "país" é um vocabulário anônimo (ca. 1790-1792), que registra a palavra três vezes: duas comoconsoante nasal (no-rār,we-ree norar) e apenas uma vez como vogal inicial (warr-be-rongorah),[12] apesar que neste caso ocorra imediatamente após a consoante nasal, e provavelmente é uma inconsistência na transcrição. Troy usa a consoante nasal emnura como "lugar ou país", assim como os outros,[20] observando que "línguas australianas normalmente não utilizamvogais iniciais".[13]
Apesar da falta de evidência para o uso de "eora" como etnônimo, os aborígenes de Sydney passaram a usar a palavra neste contexto.[21] Por exemplo, o "Protocols for welcome to country and acknowledgement" doConselho Metropolitano da Terra Aborígene Local, trás um exemplo de reconhecimento do país:
“ | O Conselho Metropolitano da Terra Aborígene Local e seus membros gostariam de reconhecer os donos tradicionais das terras e suas fronteiras, os 29 clãs da nação eora [...][22] | ” |
O dilema do uso dos termos, que foi "inventado pelos antropólogos do século XIX (e.g. Daruk) ou modificado de seu significado original (e.g. Eora)", foi discutido pelo Escritório da Herança Aborígene:
“ | Há um movimento de afastamento dos termos Eora, Dharug, Guringai, entre outras, mas com um senso de que elas representam parte da cultura aborígene no século XXI. Parece claro que com cada análise o tópico se torna ainda mais confuso pelas camadas de interpretação baseadas na falta de fontes primárias. Isso piorou quando escritores inventaram nomes por conveniência para resolver certos problemas. Na falta de evidência factual, parece que a tentação de preencher o vazio com alguma coisa se torna forte e que isso foi feito em a consulta dos povos aborígenes que herdaram o problema.[23] | ” |
A língua falada pelos Eora foi chamada de dharug desdeR. H. Mattews, era usada para distinguir a falada no interior com a falada na costa, oiyora (ou eora).[24] Ela foi descrita porDavid Collins como "extremamente prazerosa ao ouvido, sendo em muitas instâncias expressiva e sonora".[25] Ela foi extinta em duas gerações, mas foi parcialmente reconstruida a partir de muitas notas feitas pelos colonos originais, como as anotações deWilliam Dawes,[26] que registrou palavras faladas por sua companheira,Patyegarang.[27]
Algumas das palavras são usadas até hoje na língua dharuk (e possivelmentetharawal), incluindo:dingo=dingu;woomera=wamara;bumerangue=combinação dewamarang combumarit, dois bastões de luta que se assemelham a espadas;corroboree=garabara;[28]wallaby,wombat,waratah, eboobook (coruja).[29] O termobogey (banhar-se) vem da raíz dharuk dePort JacksonBuugi-.[30][31]
Em dezembro de 2020, Olivia Fox cantou uma versão dohino nacional australiano em eora na partida entre a Austrália eArgentina no 2020 Tri Nations Series.[32]
O território eora era composto de cumes e cordilheiras arenosas, cavernas,manguezais, riachos e lagos de maré, e sua extensão foi estimada porNorman Tindale como cerca de 1.800 km2, indo desde a costa norte de Port Jackson até oplatô dorio Hawkesbury, em volta dePittwater. Em sua fronteira sul, o território ia até Botany Bay e orio Georges.[37] A fronteira oeste ia atéParramata.[38] Eles faziam fronteira com oskuringgai ao norte, com osdharug ao oeste, e ao sul com osgweagal, um clã dostharawal, aos arredores deKundul.[39] De acordo com ogovernador Phillip, a classificação dos eora como clã disperso em grupos de cerca de 50 membros ocultou suas relações de lealdade mais gerais. O fenômeno foi percebido pela primeira vez porDavid Collins[2][nota 2] e décadas depois, em 1814, por um oficial da marinha russo, Aleksey Rossiysky, que escreveu o seguinte:
“ | Cada um deles acha que sua comunidade é a melhor. Sempre que encontra outro conterrâneo de outra comunidade, se alguém elogiar o outro homem, ele invariavalmente tentará abusá-lo, dizendo que o outro tem reputação como canibal, ladrão, um grande covarde, e assim por diante.[40] | ” |
O termo eora era usado para se referir às pessoas que viviam aos arredores das colônias brancas em Sydney.[41] O termo genérico foi usado para se referir a cerca de 29 clãs.[carece de fontes?] O tamanho dos clãs variavam entre 20 e 60 pessoas, tendo em média 50 membros.-gal denomina os clãs que são extensões de um núcleo familiar,[1] quando é seguido do nome do local.[42]
Os Wangal, Wallumettagal e Burramattagal constituiam os três povos de água salgada de Parramatta.[1] Foi sugerido que eles possuiam uma herança culturalmatrilinear.[46]
O povo eora tradicionalmente vivia perto da costa, e se mantinha principalmente com produtos vindos do mar. Eles eram peritos em navegação próximo da costa, pesca, culinária, e em comer nas baías e enseadas dentro de suas canoas. Eles não desenvolveram o cultivo, apesar de que as mulheres colhiam ervas que eram usadas emremédios. Eles se abrigavam em coberturas de pedra, que foram destruídas pelos colonos, pois elas eram ricas emfosfato, que era usado como adubo.[47] O manuseio correto das áreas de pesca era importante:Queenscliff,Curl Curl eDee Why eram abundantes em comida, que era retirada sazonalmente. No verão, a alimentação era a base deostras etainhas, que eram capturadas com o uso de redes, onde um peixe que era pescado anteriormente era usado como isca para pegar peixes maiores, que eram mortos com com lanças nas formações rochosas. No final do verão, festejavam comendotartarugas. No inverno, recolhiam alimentos em terra firme, e caçavam porgambás,echidna,morcego-da-fruta,wallaby ecangurus.[48]
Os eora colocavam um limite de tempo para lutas que serviam para resolver problemas entre as tribos. Elas começavam no entardecer e iam até o amanhecer.[49]
Quando a primeira colônia foi estabelecida na Cova de Sydney, os eora ficaram perplexos com os colonos destruindo suas árvores e território. Eles achavam que os visitantes eram fantasmas de sexo indefinido, até que, para sua surpresa, um marinheiro retirou suas calças para clarificar a questão.[50] Houve dezessete encontros no primeiro mês, onde os eora tentaram defender seus direitos sobre a terra e a pesca. Mal-entendidos eram frequentes. Ogovernador Phillip pensou erroneamente que a mutilação na têmpora das mulheres era evidência de abuso por parte dos homens, mas eram traços de luto.[51] Desde o começo, os colonos sequestraram os eora para para treiná-los a serem intermediários entre eles e a população local. O primeiro a ser sequestrado foi oguringaiArabanoo, que morreu logo depois de varíola em 1789.[52][nota 4] Vários meses depois,Bennelong eColebee foram capturados com um propósito similar. Colebee escapou, mas Bennelong se tornou cativo por muitos meses, aprendendo sobre as necessidades alimentícias britânicas, etiqueta, armas, hierarquia e tudo mais que os britânicos achavam necessário para conversar com ele.[54] Eventualmente, Phillip construiu uma casa de tijolos para Bennelong onde hoje está aÓpera de Sydney, noTubowgulle (lugar do Bennelong). A casa fo demolida cinco anos depois.[52][55]
Quando aPrimeira Frota chegou com os 13 mil convictos, guardas e administradores em janeiro de 1788, o número dos eora era de 1500.[39] No início de 1789, foram feitas diversas notas sobre grandes números de corpos em decomposição de eoras que foram encontrados pelos colonos e marinheiros em costas, covas e baías. As canoas, que eram comumente vistas na costa de Port Jackson, sumiram.[56][57] A doença que dizimou os nativos de Sydney, que mais tarde foi diagnosticado em abril de 1789 como uma epidemia de varíola, era chamada degai-galla.[57] Robert King escreve que dos cerca de 2 mil eora, metade deles (de acordo com as estimativas de Bennelong)[1] foram dizimados pelo contágio. Além da varíola, outras doenças que foram introduzidas no país e a fome causada pela escassez de recursos písceos levaram de 30 a 50 clãs cadigal da península (kattai), que ia da Cova de Sydney ao South Head, à quase extinção.[58] J. L. Kohen estima que de 50 a 90 por cento dos membros das tribos locais morreram nos três primeiros anos de colonização. Nenhuma criança colona sentiu os efeitos da varíola. Os ingleses negaram qualquer responsabilidade pela epidemia.[nota 5] Foi sugerido que convictos/colonos isolados ou o governo espalhou a varíola quando a munição se tornou escassa, e os mosquetes, quando não falhavam, se provavam ineficientes para defender o local.[60] Sabe-se que diversos oficiais da frota tinham experiência em guerras na América do Norte, onde a varíola foi usada para destruir tribos desde 1763.[61]
Diversas fontes estrangeiras, que eram independentes dos ingleses, comoAlessandro Malaspina, em 1793, eLouis de Freycinet, em 1802, dão a impressão que as relações entre os colonos e os eoras que sobreviveram à epidemia eram no geral passivas. O governador Phillip escolheu não retaliar quando foi atingido por uma lança porWillemering emKayemai (Cova de Manly) em 7 de setembro de 1790, na presença de Bennelong, que na época havia "voltado a ser selvagem".[62][63] O governadorWilliam Bligh escreveu o seguinte em 1806: "Muito foi dito sobre a propriedade deles a serem compelidos ao trabalho escravo, mas como eu os considerava como os verdadeiros proprietários do solo, nunca sofri resistência alguma desse tipo, ou sofri qualquer golpe a ser feito contra as pessoas ou propriedades".[64]
O governadorLachlan Macquarie estabeleceu aInstituição Nativa para hospedar e civilizar crianças aborígenes emaori, na condição que elespoderiam apenas ser visitados por seus parentes um dia por ano, em 28 de dezembro. A experiência foi um desastre, e muitas crianças morreram.[65] Os aborígenes continuaram a acampar no centro de Sydney até que foram expulsos, como emCircular Quay em 1880.[52]
Uma canção eora sobreviveu. Ela foi cantada por Bennelong e Yemmerrawanne em um concerto emLondres em 1793. As palavras e melodia foram transcritas porEdward Jones e publicada em 1811.[66] Uma versão moderna da canção foi feita por Clarence Slockee e Matthew Doyle em agosto de 2010 na Livraria do Estado de Nova Gales do Sul e disponiblizada online.[67]