Sob essa égide, o empirismo surgiu na Idade Moderna, como fruto de uma tendência filosófica que se desenvolvia, principalmente no Reino Unido, desde aIdade Média. Inclusive, verifica-se, com certa frequência, além de notória oposição ao chamado racionalismo, a presenca de características relacionadas àFilosofia continental.
Contemporaneamente, a oposição entre empirismo eracionalismo - tal qual a distinção analítico-sintética - é geralmente compreendida de forma absolutamente contundente, conforme ocorria nos tempos antigos.
Entretanto, é possível lançar mão de uma ou outra posição em contrário, sobretudo, devido à existência dequestões metodológicasheurísticas, ou, ainda, à presença de atitudesvitais,[5]desconsiderando-se osprincípios filosóficos fundamentais propriamente ditos.
Com relação à problemática dos Universais, os empiristas são, em maioria, simpatizantes de críticas construtivas, de maneira que a adoção do termo "nominalista" remontaria somente ao final da Idade Média.
Durante a Antiguidade Clássica (Classicismo), o conhecimento empírico referia-se especialmente a arquitetos, artesãos, artistas e médicos, em geral, devendo ser obtido por meio de sua experiência, frente ao técnico e útil, em contraste ao conhecimento teórico, concebido como mera contemplação da verdade, além de qualquer utilitário.
Por ter causado granderevolução na ciência, graças à progressiva valorização doconhecimento científico, aliado à valorização das experiências, o homem passou a buscar resultados práticos, almejando o domínio danatureza. Em suma, foi a partir do desenvolvimento do empirismo que se estabeleceram asbases fundamentais dametodologia científica moderna.
Antigas formas de empirismo incluem otrabalho epistemológico de Buda no Oriente. No entanto, aqui nós consideramos a evolução das atitudes filosóficas ocidentais. Segundo oPapa Francisco, a empiria não explica todos os aspectos da vida em que ateologia participa e por isso é limitada.[9]
Na antiguidade clássica havia uma separação clara entre:
Conhecimento para a experiência e o resultado: a técnica de trabalho e produtiva. O que tem sido historicamente entendida como "artes" e "artesanato".
O ideal de conhecimento teórico que compreende duas áreas:
A ciência: entendida como um conhecimento universal e necessário. Experimente o mais recente conhecimento de causas e dos primeiros princípios, o que é agora entendida como fundamento da realidade, a metafísica.
A práxis: Tão perfeito conhecimento prático ação direcionada para o bem e felicidade, que por sua vez opera em duas áreas:
A consecução de um bom indivíduo, a felicidade e Ética;
Alcançar o bem social comum, a política.
Na antiguidade clássica o conhecimento teórico e prático, como saber universal e necessário ideal de "conhecer" é independente da experiência, e é a sabedoria. A última expressão da verdade e do conhecimento, como a ciência, é a Metafísica e o mais próximo possível do modelo ideal de vida a felicidade, como ética, constituem o ideal do sábio.
Esta separação de conhecimento e ação prática na produção de bens materiais responde a uma tradição guerreira aristocrática da classe nobreza ou decisão. As artes e ofícios eram os de escravos e comerciantes, mas a "sabedoria" (filosofia) foi adequada para a nobreza e os homens livres.
Em Atenas clássica e apareceu uma dupla atitude de pensar que será mantida ao longo de toda a história da filosofia no Ocidente e hoje são conhecidos principalmente como racionalismo e empirismo. Na verdade, eles têm duas atitudes e formas de entender a função do pensamento e do sentido da vida.
O primeiro a manter uma atitude claramente empirista foram os sofistas racionalistas que negavam a especulação sobre o mundo natural compartilhado seus antecessores, pré-socráticos e, acima de tudo, Platão; pelo contrário preocupado "em tais entidades relacionadas como homem e da sociedade." O valor da verdade é restrita ao valor específico da experiência e do exercício do poder, quer individualmente (moral) ou social (política).
Este empirismo está interessada em retórica no domínio da linguagem como um instrumento essencial para a vida política ateniense e do exercício do poder.
O método empírico de Francis Bacon e de Thomas Hobbes influenciou toda uma geração de filósofos noReino Unido a partir doséculo XVII.John Locke é considerado o fundador ("pai") dessa tradição, que ficou conhecida como empirismo britânico, em oposição ao racionalismo que predominava na maior parte daEuropa continental.
Em seu livroEnsaio Sobre o Entendimento Humano, Locke descreve a mente humana como umatabula rasa (literalmente, uma "ardósia em branco"), onde, por meio da experiência, vão sendo gravadas as ideias.[10] A partir dessa análise empirista daepistemologia, Locke diferencia dois tipos de ideias: as ideias simples, sobre as quais não se poderia estabelecer distinções, como a deamarelo,duro, etc., e as ideias complexas, que seriam associações de ideias simples (por exemploouro — que é uma substância dura e de cor amarelada). Com isso, formar-se-ia um conceito abstrato da substância material.
Noséculo XVIII,George Berkeley desenvolve o empirismo deJohn Locke, mas não admite a passagem dos conhecimentos fornecidos pelos dados da experiência para o conceito abstrato de substância material. Por isso, Berkeley afirma que uma substância material não pode ser conhecida em si mesma. O que se conhece, na verdade, resume-se às qualidades reveladas durante o processo perceptivo. Assim, o que existe realmente nada mais é que um feixe de sensações. Daí sua famosa frase:ser é ser percebido.[11]
Entretanto, para fugir do subjetivismo individualista (pois tudo que existe somente existiria para a mente individual de cada observador), Berkeley postula a existência de uma mente cósmica, que seria universal e superior à mente dos homens individuais.Deus é essa mente e tudo o mais seria percebido por Ele, de modo que a existência do mundo exterior à mente individual estaria garantida. No entanto, apesar de existir, o mundo seria impossível de ser conhecido verdadeiramente pelo homem, pois esse conhecimento só é acessível a Deus. Ao assumir esse empirismo radical,George Berkeley cria a corrente conhecida comoidealismo subjetivo.
Levando ainda mais adiante o pensamento de Berkeley, o escocêsDavid Hume identifica dois tipos de conhecimento:matérias de fato erelação de ideias. O primeiro está relacionado com a percepção imediata e seria a única forma verdadeira de conhecimento. A relação de ideias é uma inferência de outras ideias, ou seja ao relacionar duas ideias que temos na nossa mente provenientes da experiência concluímos outra ideia. Esta nova ideia, é logicamente verdadeira e necessária, pois é inferida através de um raciocínio demonstrativo (regras da lógica formal). Mas este conhecimento é tautológico, pois não acrescenta nada de novo, é apenas uma relação de ideias que já possuíamos.
Ao afirmar que só podemos conhecer aquilo que percebemos imediatamente, David Hume rejeitou a ideia de causalidade
Baseado nisso, Hume refuta a própriacausalidade, a noção de causa e efeito, fundamental para aciência. Ao observarmos, por exemplo, um pedaço de metal, podemos chegar a um conceito demetal, que corresponde à realidade concreta, perceptível. Se aproximamos nossas mãos do fogo, temos uma ideia decalor, que também corresponde à realidade. Mas quando aproximamos um metal do fogo e observamos que ele se dilata com o calor, não podemos concluir que "o corpo se dilata porque esquenta". As ideias "o corpo esquenta" e "o corpo se dilata" teriam como origem duas impressões dos sentidos, provenientes, respectivamente, dotato e davisão. O problema está na expressãopor que. Que impressão sensível origina a ideia de porquê? Como concluímos que um fenômeno é a causa de outro?
Para Hume, o simples motivo de umfenômeno ser sempre seguido de outro faz com que eles se relacionem entre si de tal forma que um é encarado como causa do outro. Causa e efeito, enquanto impressões sensíveis, não seriam mais do que um evento seguido de outro. A noção de causalidade-necessária a partir da simples observação, sem aplicação dos "raciocínios demonstrativos" (nesse caso, a matemática. Ou, nos dias atuais, podemos aplicar esse conceito de Hume como sendo a área que concerne atualmente à Física, à Química, ou a toda ciência que use de cálculos para provar realidades empíricas). Para ele, portanto, sem o uso desses "raciocínios demonstrativos" para comprovar a existência de causas necessárias ("leis gerais"), tudo o que se baseia apenas na simples experiência para a conclusão dessas causas é somente uma dedução humana, que de forma alguma constitui um conhecimento verdadeiro, é apenas um costume, hábito. Exemplo que Hume nos dá dessa sua tese é o nascimento do Sol: "O Sol nascerá amanhã!" nada mais é que uma crença que nos temos a partir da observação dos dias que se passaram. Mas só a experiência de ver o Sol sempre nascer todos os dias não prova, necessariamente, que ele nascerá amanhã; o que nos faz acreditar que ele nascerá é meramente nosso hábito, nosso costume de vê-lo nascer todos os dias.
↑Sober, Elliott.«Empiricism»(PDF) (em inglês). philosophy.wisc.edu. Consultado em 22 de dezembro de 2018
↑«Aristóteles e a Educação».O dia a dia da educação, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar) / Secretaria da Educação do Paraná. Consultado em 4 de abril de 2023
↑Chalmers, Alan.O que é ciência afinal?. [S.l.]: editora brasiliense
↑Baird, Forrest E.; Walter Kaufmann (2008).From Plato to Derrida (em inglês). Upper Saddle River, Nova Jérsei: Pearson Prentice Hall.ISBN0-13-158591-6A referência emprega parâmetros obsoletos|coautor= (ajuda)